• Nenhum resultado encontrado

NECESSIDADE DE INSTRUMENTO JURÍDICO PARA FORTALECER A POPULAÇÃO E AMPLIAR A DEMOCRACIA ATRAVÉS DO EXERCÍCIO DIRETO DO SEU PODER.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "NECESSIDADE DE INSTRUMENTO JURÍDICO PARA FORTALECER A POPULAÇÃO E AMPLIAR A DEMOCRACIA ATRAVÉS DO EXERCÍCIO DIRETO DO SEU PODER."

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

NECESSIDADE DE INSTRUMENTO JURÍDICO PARA FORTALECER A POPULAÇÃO E AMPLIAR A DEMOCRACIA ATRAVÉS DO EXERCÍCIO

DIRETO DO SEU PODER.

SANTOS, D. H. B. dos

Universidade Estadual de Londrina e Centro Universitário Filadélfia danilosantos@uel.br

Estranhamente em muitos paises pelo mundo já se observou autoritarismos, ditaduras, golpes militares, leis ou ações impopulares ou de interesse de uma minoria política ou econômica, as dificuldades em reverter leis ou em modificar as estruturas e as pessoas que estão no poder, assim como guerras civis e declarações de guerra entre países que se diziam democracias ou regimes democráticos.

O Brasil que se diz uma democracia também enfrentou e enfrenta algumas destas situações, sendo que algumas ocorrem há vários anos e a população não consiga modificá-las por maior que seja a sua indignação, por mais que exista um desejo de mudança, mesmo que haja manifestações, haja a criação de novos partidos políticos e haja a participação em eleições diretas através do voto do povo, ainda assim isto nos remete a pensar que algo está errado e que precisamos de mudança na estrutura de poder existente. Ao estudar a legislação e a estrutura de poder criada há vários anos no Brasil, observei que ambas impedem ou dificultam qualquer mudança que não esteja em acordo com as pessoas que detenham o poder político, mesmo se estas forem uma minoria. Verifiquei que a Legislação e a maioria dos juristas e advogados primam pela idéia de que uma pessoa eleita por uma população tem mais força e poder do que a população que o elegeu. Para a Legislação e estas pessoas mesmo que 90% da população deseje retirá-los do poder ou anular alguns de seus atos isto será impossível sob o ponto de vista legal, mas possível sob o ponto de vista emocional, caso os eleitos se sintam sensibilizados a querer atender aos anseios da população. O que considero como incoerência e irracionalidade num regime democrático.

Sob o ponto de vista lógico numa democracia se a maioria da população (50%+1) deseja e se manifesta sobre alguma coisa esta coisa deve passar a vigorar como regra para todos. Se

(2)

uma pessoa representa outra pessoa, a pessoa representada tem que ter mais poder do que a pessoa que o representa.

Esta realidade jurídica atual pode ser uma das responsáveis pelo fato de os políticos terem tão pouco interesse: a) na população e no que ela realmente deseja, b) por não cumprirem promessas de campanha, c) de não haver idealismo político real, d) de haver cabides de empregos, e) de taxar uma carga tributária abusiva, f) de existir corporativismo entre eles, g) de elaborarem grandes esquemas com desvios de dinheiro público h) persiste ainda uma possível oligocracia aberta no Brasil.

O parágrafo único do artigo primeiro da Constituição diz que todo o poder emana do povo, mas a nossa legislação e os cientistas políticos focalizam quase que têm demonstrado exclusivamente a situação em que este poder pertencente à população é exercido por meio de representantes eleitos.

O poder exercido por meio de representantes eleitos tem demonstrado muitas falhas ao longo destes anos e parece-me, uma vez que não tive interesse e porque não pude estudar este assunto exaustivamente até o momento, que os partidos políticos são os principais agentes promotores da possível oligocracia aberta, e também os corruptores da perpetuação da estrutura e da Legislação existente, por mais que digam que exista uma ideologia e mesmo que tenham sido, inicialmente, idealizados ou criados para mudar isto. Percebe-se que esses partidos políticos são o grande problema do sistema democrático de votação e eleição direta no Brasil e por isto verifica-se a grande falha no poder exercido por meio de representantes eleitos. Digo isto por observar a forma de escolha das pessoas que irão concorrer às eleições, que aparentemente é o da pessoa já conhecida, porque já se candidatou ou trabalha ou trabalhou na mídia, e que possui dinheiro ou meios de obtê-lo para bancar os custos da campanha eleitoral. E se os partidos não sabem escolher as pessoas que irão concorrer aos cargos eletivos, só resta à população votar no candidato que considera o “menos pior”.

Colabora, ainda, contra os partidos políticos o fato de que há tempos deixaram de ter importância e credibilidade no cenário político brasileiro, e que a população brasileira vota em pessoas e não em partidos políticos, além de que quando os partidos políticos vencedores estão no poder, agem exatamente da mesma forma lamentável que seus antecessores, o fato de que somente as pessoas que se filiaram a algum partido tenham ou tiveram acesso a uma possível ideologia ou proposta dos partidos que se filiaram.

(3)

Sabe-se, pela mídia, que a população brasileira vota em pessoas e que as pessoas que ocupam ou ocuparam os cargos eletivos têm pouca credibilidade perante a população. Pouco se discute sobre a população exercer seu poder de forma direta, muitos simplesmente nem a cogitam, mas analisando que nos tempos atuais podemos utilizar a votação por urna eletrônica e que a internet pode ser utilizada para divulgar e até para recolher assinaturas digitais, parece-me ser possível em casos de grande importância, impacto, urgência, necessidade ou comoção nacional que a população possa se interessar em exercer seu poder de forma direta.

Analisando as formas jurídicas que a população tem para exercer seu poder diretamente e que estão identificadas no art. 14 da Constituição Federal, vemos que as possibilidades são: o voto para eleger os representantes, o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Como apresentado anteriormente o “voto” não têm surtido efeito e enquanto não for modificado o sistema de escolha dos candidatos aos cargos eletivos, continuará não surtindo efeito. O plebiscito e o referendo devem ser propostos para votação pelas casas legislativas, o que continuaria sendo o exercício do poder do povo por meio de representantes eleitos, que não têm a credibilidade e a confiança da população. Desta forma, só resta a iniciativa popular como possibilidade de a população exercer seu poder de forma direta, mas a iniciativa popular é fraca e não permite que a população possa realmente exercer todo o seu poder. A solução é fortalecer o instrumento jurídico da iniciativa popular para que a população possa realmente exercer todo o seu poder de forma direta. Neste sentido busquei analisar a Constituição Federal e as principais indignações e desejos da população para propor alterações na mesma e que resultaram nas propostas apresentadas abaixo:

01) Ao art.2º deve ser acrescido um parágrafo único deixando claro que todos os Poderes da União são subordinados à vontade do povo, nos termos da Constituição.

02) Ao art.15 deve ser acrescido um inciso (VI) permitindo que por solicitação de 20% do eleitorado estadual, ao qual o político eleito possui domicílio eleitoral, possa ocorrer a cassação, perda ou suspensão de direitos políticos.

03) O art.17 deve ter modificado o inciso terceiro, acrescentando a permissão para que qualquer eleitor brasileiro possa solicitar a prestação de contas à Justiça Eleitoral de qualquer partido político e de qualquer candidato.

04) O caput do art.22 deve ser modificado para permitir que a população possa legislar diretamente sobre os importantes assuntos abordados por este artigo, mas deve haver uma

(4)

restrição razoável de eleitores para que não ocorra excessos, sugiro que 45% do eleitorado nacional através de projetos de iniciativa popular possam fazê-lo.

05) O art.27 deve ter modificado os parágrafos segundo e terceiro acrescentando que 20% do eleitorado estadual, através de projetos de iniciativa popular com eleitores de no mínimo 20% dos municípios deste estado federado possam fixar o subsídio dos Deputados Estaduais e dispor sobre seu regimento interno, polícia e serviços administrativos de sua secretaria, principalmente sobre o provimento dos cargos.

06) O art.28 deve ser modificado o parágrafo segundo acrescentando que 20% do eleitorado estadual, através de projetos de iniciativa popular com eleitores de no mínimo 20% dos municípios deste estado federado possam fixar os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos Secretários de Estado. E acrescentar um parágrafo terceiro permitindo que 35% do eleitorado estadual possam ter o poder de retirar os eleitos para os cargos de Governador e Vice-Governador e para os ocupantes dos cargos de Secretários de Estado quando a população protocolar esta solicitação na Assembléia Legislativa do Estado.

07) O art.29 deve ter modificado o caput, os incisos V e VI. No caput deve ser acrescentado que 20% do eleitorado municipal, através de projetos de iniciativa popular, possam modificar a lei orgânica do município que votam. Nos incisos quinto e sexto deve ser acrescentado que 20% do eleitorado municipal, através de projetos de iniciativa popular, possam fixar os subsídios do Prefeito, do Vice- Prefeito, dos Secretários Municipais e dos Vereadores.

08) O art.31 deve ser modificado o caput acrescentando que qualquer cidadão residente no município possa fazer o controle externo e a fiscalização do Município.

09) Ao art.41 deve ter acrescido um inciso (IV) permitindo que 20% da população possam suspender e exonerar (demitir) qualquer servidor que tenha passado em concurso público e sido nomeado para cargo de provimento efetivo, mesmo tendo passado os três anos que lhe dão a estabilidade. Como há servidores nas esferas municipal, estadual e federal, deve ser considerado os 20% da população da esfera ao qual está vinculado o cargo, ou seja, se o cargo for municipal será necessário a assinatura de 20% da população municipal, se o cargo for estadual será necessário a assinatura de 20% da população estadual e se o cargo for federal será necessário a assinatura de 20% da população federal. Devendo deixar claro, também, que o servidor não terá direito a ampla defesa.

(5)

10) O art.44 deve ter o caput modificado, acrescentando que a população faz parte do Poder Legislativo.

11) O art.53 deve ser acrescido ao parágrafo primeiro que 10% do eleitorado nacional possam conceder licença ao poder judiciário para prender, investigar e processar criminalmente qualquer pessoa eleita e diplomada como Deputado ou Senador.

12) Ao art.60 deve ser acrescido um inciso (IV) permitindo que 20% do eleitorado nacional possam emendar a Constituição Federal através de projeto de iniciativa popular. 13) Ao art.61 deve ser modificado o parágrafo primeiro e acrescido um parágrafo terceiro. Ao parágrafo primeiro deve ser acrescentado que 40% do eleitorado nacional, com assinatura de eleitores de no mínimo 4 estados federados, tenham direito à iniciativa de quaisquer leis complementares e ordinárias mesmo as que na Constituição vigente considera como privativa do Presidente da República. Deve ser acrescido um parágrafo terceiro deixando claro que os Poderes da União são subordinados à vontade do povo e que a população pode exercer este poder de forma direta. E que se o projeto de iniciativa popular manifestar a vontade da maioria do eleitorado nacional (50%+1), terá aprovação automática, transformando-se em lei e que entrará em vigor no prazo máximo de 30 dias após o protocolo de recebimento do projeto na casa legislativa sem que seus representantes na casa legislativa ou executiva possam rejeitar, modificar ou vetar. Devendo esta regra ser válida para as esferas federal, estadual e municipal.

14) O art.62 deve ter o caput modificado, acrescentando que 30% do eleitorado nacional, com eleitores de no mínimo 4 estados federados, possam propor medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

As propostas acima permitirão que a população adquira um instrumento jurídico que a permita exercer o seu poder de forma direta, por alterar a estrutura de poder existente hoje e que é fortemente centrado nos representantes eleitos.

Para defender a inclusão das propostas acima no texto constitucional, posso apontar que elas permitirão: 1) Que aumente a discussão de vários assuntos; 2) Que aumente a cidadania; 3) Que aumente a democracia; 4) O fortalecimento dos movimentos sociais; 5) Que os políticos prestem mais atenção nos interesses da população; 6) Que aflore ou se apresente o idealismo que os partidos políticos dizem ter; 7) Uma maior cobrança sobre as promessas de campanha; 8) A redução de cabides de emprego e nepotismo; 9) A redução da carga tributária; 10) A redução do corporativismo político; 11) A redução ou bloqueio

(6)

da oligocracia atual; 12) A redução da sensação que a população tem de impotência, 13) A redução da sensação que a população tem de impunidade.

Concluo o artigo afirmando que caso o Brasil e os demais paises latino-americanos incluam um instrumento jurídico que permita a população agir e exercer seu poder de forma direta, será possível haver uma outra América, porque a mudança no texto constitucional conforme apresentado permitirá que as lutas sociais migrem de uma ideologia qualquer para posicionamentos sobre propostas e assuntos de interesse coletivo e social, ficando claro, desta forma, para a população o que cada grupo entende e pretende.

BIBLIOGRAFIA:

1) Brasil, Câmara dos Deputados. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www2.camara.gov.br/legislacao/constituicaofederal.html> Acesso em 5/9/2005.

2) Associação Nacional de Jornais (2005). Campeões de credibilidade. Disponível em: <http://www.anj.org.br/jornalanj/index.php?q=node/635>. Acesso em 5/9/2005. 3) BERABA, Marcelo. A confiança dos leitores. Disponível em:

<http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=332VOZ001>. Acesso em 5/9/2005.

4) BRASILINO, Luís. Os partidos são muito fracos no Brasil. Disponível em:

<http://www.brasildefato.com.br/nacional/130os%20partidos.php>. Acesso em 5/9/2005. 5) CONTATO. Dúvidas jurídicas. [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por: <danilosantos@uel.br> em 20 de fevereiro de 2005.

6) MARQUES, Nailor. A lei de zeca pagodinho. [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por: <danilosantos@uel.br> em 20 de junho de 2004.

7) SANTOS, Célia Maria Retz Godoy dos. Os desafios do profissional de relações públicas na gestão da participação política. Disponível em: <http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual/projetosdepesquisa/0101.htm>. Acesso em 5/9/2005.

Referências

Documentos relacionados

Considerando o objetivo da pesquisa, que foi a elaboração da carta de dissecação do relevo para a folha topográfica de São Pedro do Sul, em uma escala grande

Enfim, está claro que a discussão entre Ghiselin e De Queiroz diz res- peito ao critério de identidade para táxons. Para Ghiselin, um indivíduo é algo que não apresenta

• O participante do curso “Educando Educadores” expressa sua ciência e anuência quanto a ser integralmente do IGS Brasil a gestão do curso e a definição de todos os aspectos

O que representa, a variável histórico – cultural, intrínseca à todas propriedades abertas ao turismo, em termos de atratividade, uma vez que outros empreendimentos rurais, que

Volatilidade anualizada: uma medida que indica o nível de variação do retorno de um fundo ou índice comparativo de mercado relativamente à sua média histórica (também designada

F I G U R E 1   Schematic representation of the experiment undertaken to test different routes of oestradiol benzoate administration for cervical dilation prior to

1 Depois de selecionar AUX como a fonte, pressione FUNCTION e segure até vi- sualizar TITLE IN no display. 2 Pressione a ou b para selecionar uma letra

A inclusão de levedura não é recomendada nas rações de frangos de corte na fase pré-inicial, de um a sete dias, pois impactou negativamente no desempenho dos pintainhos,