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A Eficiência do Método EWA na Avaliação do Risco de Acidentes em Mobiliário Escolar: Um estudo de caso

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A Eficiência do Método EWA na Avaliação do Risco de Acidentes em

Mobiliário Escolar: Um estudo de caso

Mariana Falcão Bormio (FAAC / UNESP) marianabormio@uol.com.br

Sileide Aparecida de Oliveira Paccola (FAAC / UNESP) sileidepaccola@yahoo.com.br José Carlos Plácido da Silva (FAAC / UNESP) placido@faac.unesp.br

Resumo

O presente trabalho apresenta a metodologia EWA - Ergonomic Workplace Analysis (Análise Ergonômica do Local de Trabalho), a partir de seus antecedentes, com o objetivo de analisar, por meio de um estudo de caso realizado na Escola Estadual Professor “Rubens Pietraróia”, sua eficiência, no que diz respeito ao item avaliativo Risco de Acidente. A análise revelou que este método permite apurar e identificar, de forma satisfatória, os aspetos de risco de acidente acerca do posto avaliado.

Palavras-chave: Ergonomia; Metodologia de avaliação; Método EWA.

1. Introdução

A experimentação dos diferentes métodos de avaliação ergonômica, no âmbito do posto de trabalho, tem cumprido um papel importante, no que se refere às contribuições para a consolidação das pesquisas nesta área.

A caracterização feita por Paccola et al. (2006), na qual a carteira escolar é categorizada como posto de trabalho, explicitando as necessidades intrínsecas do usuário na sua relação com seu posto, oferece o embasamento necessário para a aplicação de uma metodologia de avaliação ergonômica, no sentido de identificar não só os pontos críticos desse posto, mas também de analisar a eficiência da metodologia em questão, no que se refere a abrangência e qualidade de seus resultados. Nesse sentido, a aplicação da Ergonomic Workplace Analysis – EWA (Análise Ergonômica do Local de Trabalho), no posto de trabalho carteira escolar, foi realizada com o intuito de observar o seu desempenho, com relação aos itens de avaliação e suas eficiências.

A partir dos resultados obtidos nesta aplicação, o presente artigo, analisa a eficiência dos resultados apontados no item Risco de Acidentes, presente no protocolo de avaliação deste método. O objetivo desta análise consiste em, através de um detalhamento da sua forma de abordagem, identificar sua relevância, critérios e eficiência dos dados obtidos. Dessa forma, aumentar o conjunto de informações pertinentes a esse assunto, contribuindo para o aprimoramento ou desenvolvimento de metodologias futuras.

2. Ergonomic Workplace Analysis – EWA (Análise Ergonômica do Local de Trabalho) Descrição da Metodologia

O EWA é uma metodologia utilizada para identificar os riscos ergonômicos do local de trabalho – Ambiente e posto. Sua base teórica corresponde à fisiologia do trabalho, biomecânica ocupacional, aspectos psicológicos, higiene ocupacional e em um modelo participativo da organização do trabalho, fatores que constituem recomendações gerais e objetivas para o trabalho sadio e seguro. Este método caracteriza-se pelo caráter global, com relação a sua abrangência avaliatória, tanto dos objetos de estudo quanto dos avaliadores.

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Etapas iniciais para a aplicação da metodologia, segundo o Ahonem et. al (1984):

― O avaliador define e delimita a tarefa a ser analisada. A análise deve ser a respeito da tarefa ou do local do trabalho. Geralmente a tarefa é dividida em sub-tarefas, que são analisadas separadamente. São necessárias análises em separado para cada uma das sub-tarefas caso estas sejam muito diferentes.

― A tarefa é descrita. Para isto, o avaliador faz uma lista de operações e desenha um esboço do posto de trabalho.

― O avaliador apresenta ao operador a descrição das tarefas e, em conjunto, redefinem a lista de tarefas, aproximando-a do trabalho real.

― Com um desenho claro das tarefas e das atividades do operador, o avaliador pode prosseguir com a análise ergonômica item por item, usando o manual como guia.

Com relação às formas de avaliação, este método atua sob dois focos do avaliador e do trabalhador. Essa medida permite ao avaliador contrapor seus resultados a opinião do usuário. A opinião do trabalhador tem um valor de importância elevado, visto que traz o peso da experiência prática de utilização de seu posto.

Avaliação Objetiva – Feita pelo avaliador

Esta avaliação obedece a uma escala que varia de 1 a 5, na qual as condições de trabalho, o arranjo do posto de trabalho, e o ambiente são comparados com as recomendações da literatura, o que possibilita determinar o desvio entre o ocorrido e o recomendável. Assim, uma classificação de 4 ou 5 aponta para condições inadequadas, ou perigosas, de trabalho ou ambientais para a saúde do trabalhador. Nessa ordem, condições adequadas serão classificadas em 1 ou 2.

Avaliação Subjetiva – Feita pelo trabalhador.

A avaliação do trabalhador atua como um fator comparativo e complementar, que contribui para os resultados da análise, considerando o fato de que a visão do trabalhador, referente ao seu local de trabalho, tem uma conotação prática, portanto real. Esta avaliação obedece a uma escala com a seguinte variação: “Bom” (++), “Regular” (+), “Ruim” (−), “Muito Ruim” (−−). Este registro é realizado através de entrevista, conduzida pelo avaliador ao trabalhador, onde cada item é devidamente exposto e, posteriormente avaliado pelo trabalhador.

Itens de Avaliação de Acordo com o Manual de Aplicação

Área de trabalho - Área horizontal; Alturas de trabalho; Visão; Espaço para as pernas; Assento; Ferramentas Manuais; outros equipamentos e utensílios.

Atividade física geral Levantamento de cargas

Posturas de trabalho e movimentos

Risco de acidente - Extensão do risco; Severidade; Tipo de risco. Conteúdo do trabalho

Restrições no trabalho

Comunicação entre trabalhadores e contatos pessoais Tomada de decisão

Repetitividade do trabalho Atenção

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Temperatura ambiente Ruído ambiental

Considerando a extensão do número de itens de avaliação deste método, além de suas complexidades, presente artigo abordará para análise resultados pertinentes ao item Risco de Acidente.

3.0 – Risco de Acidente

Segundo Ahonem et al. (1989), risco de acidente se refere a qualquer possibilidade de lesão aguda ou intoxicação causada pela exposição ao trabalho durante uma jornada, e é determinado por meio da possibilidade do acidente ocorrer e sua severidade. Bormio (2007), aponta que toda medida de segurança origina-se da necessidade de se intervir em um processo e/ou ambiente que apresente algum tipo de desarmonia, onde possa identificar a possibilidade de ocorrência de acidentes, situações de risco, condições ou atos inseguros, que já tenham ou possam gerar algum dano ao trabalhador.

Para Zocchio (2002), as causas de acidentes do trabalho são identificadas no ato da ocorrência, e que antes configuram-se situações que apresentam riscos ou perigos de acidente, e a existência dos riscos de acidentes, assim como doenças ocupacionais no ambiente de trabalho, torna indispensável saber identificar e avaliar as características agressivas, latentes em máquinas, equipamentos, energias, matérias-primas etc., empregados nas atividades do homem, com possibilidade de causar acidente ou doença ocupacional. Por conta disso, os riscos existem como algo inerente a todos esses fatores, e portanto são caracterizados pela probabilidade de causar acidente ou doença ocupacional. A tabela 01 relaciona os parâmetros para registrar a avaliação do risco de acidente.

Fonte: Ahonem et al. (1989).

Tabela 01: Tabela de parâmetros para avaliar a risco de acidente. 3.1 - Critérios

Os critérios de avaliação do risco de acidente estão relacionados com um questionamento sobre o posto e o ambiente de trabalho, sub-dividido Riscos mecânicos, Riscos causados por falha de design, Riscos relacionados à atividade do trabalhador, Riscos relacionados à energia e utilidades. Constata-se a presença de um risco de acidente se uma ou mais das questões seguintes forem respondidas positivamente:

Riscos mecânicos

― Pode uma superfície, estrutura ou parte móvel da máquina, uma parte da mobília ou um equipamento causar explosão, ferida ou queda?

― Podem os movimentos de deslocamento horizontal ou vertical, e de rotação de máquinas, materiais ou outros equipamentos causar acidente?

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― Pode a ausência de corrimão, para-peitos, pisos escorregadios ou desarrumação causar quedas?

Riscos causados por falha de design

― Podem os controles ou visores causar acidentes por terem sido mal projetados e não atenderem as características humanas?

― Pode um dispositivo de acionamento, a falta de um dispositivo de segurança ou um travamento causar acidente?

Riscos relacionados à atividade do trabalhador

― Pode uma situação de trabalho que ocorre com uma realização de grande esforço ou postura e movimentos inadequados causar acidente?

― Pode a sobrecarga nas habilidades de percepção e atenção causar acidente (prestar especial atenção em fatores como o uso de equipamento de proteção pessoal, ruído, iluminação, temperatura, dentre outros, que podem afetar a percepção do trabalhador)? Riscos relacionados à energia e utilidades

― A carga ou fluxo de eletricidade, ar comprimido ou gás, podem causar acidente? ― A temperatura pode causar incêndio ou explosão?

― Os agentes químicos podem causar acidente? 3.2 - Estratégia de Avaliação

A estratégia utilizada para coletar os dados referentes ao risco de acidente, consiste das etapas de identificação da extensão do risco e da determinação de sua severidade. Esta avaliação é feita apoiada no questionamento descrito anteriormente, onde os critérios estão intrínsecos. Extensão do Risco

Pequeno - Se o trabalhador pode evitar acidentes empregando procedimentos normais de segurança. Ocorre não mais de um acidente a cada cinco anos.

Médio - Se o trabalhador evita o acidente seguindo instruções especiais e sendo mais cuidadoso e vigilante que o usual. Pode ocorrer um acidente por ano.

Grande - Se o trabalhador evita o acidente sendo extremamente cuidadoso e seguindo exatamente os regulamentos de segurança. O risco é aparente, e um acidente pode ocorrer a cada três meses.

Muito grande - Se o trabalhador somente pode evitar o acidente seguindo estritamente e precisamente os regulamentos de segurança. Pode ocorrer um acidente por mês.

A severidade do acidente é:

Leve - Se causa não mais de um dia de afastamento Pequena - Se causa menos de uma semana de afastamento Grave - Se causa um mês de afastamento

Gravíssima - Se causa pelo menos seis meses de afastamento ou incapacidade permanente. 4.0 - Aplicação da Metodologia

Este estudo foi realizado na Escola Estadual Profº “Rubens Pietraróia”, da cidade de Lençóis Paulista/SP, situada na Rua da Imprensa 431, Núcleo Habitacional Luiz Zillo. Nesta escola houve a participação de 36 alunos, do 1º ano do Ensino Médio - período matutino, devidamente autorizados por seus responsáveis.

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A aplicação do protocolo ocorreu numa entrevista coletiva, com preenchimento individual e simultâneo. Cada aluno recebeu um protocolo de avaliação, impresso em papel formato A4, com 14 questões objetivas, com campos para respostas diretas, descrição ou observações, de acordo com o manual de Ahonem et al. (1989). A avaliação ocorreu em 3 etapas:

Avaliação dos alunos

Esta etapa ocorreu com base na orientação para avaliação do trabalhador, no que se refere a utilização dos campos e sinais, já mencionados na descrição da metodologia. Através de entrevista coletiva, os alunos realizaram o preenchimento individual e simultâneo do protocolo, segundo com a ordem da entrevista. Nesta fase, um dos avaliadores conduziu a entrevista, lendo cada item em voz alta, mostrando as alternativas de respostas, ocorrendo em seguida o registro da resposta pelos entrevistados.

Análise dos Avaliadores

Constitui as percepções dos avaliadores sobre as condições encontradas no local de trabalho - carteira escolar. Para auxiliar nesta avaliação, as fotos da carteira e seu ocupante, foram impressas nos respectivos protocolos individuais. Esta análise foi realizada usando como critério, as indicações do protocolo para resposta, enquadrando-as nas normas brasileiras NRs e ABNT.

Medições técnicas

Utilizando aparelhos adequados, foram avaliados os fatores físico-ambientais: ruído, iluminação e temperatura.

5.2 - Instrumentos e Materiais

Os instrumentos e materiais utilizados nesta pesquisa foram os seguintes: Câmera Digital. Sony - Modelo: CyberShot DSC W55 – 7,2 megapixels

Decibelímetro - Medidor de nível de pressão sonora digital – Datalogger. Instrutherm Instrumentos de Medição Ltda. - Modelo DEC-5010 - Cód.03051

Luxímetro - Medidor de Intensidade de Lux digital. Instrutherm Instrumentos de Medição Ltda. - Modelo Ld-209 - Cód. 02034. Calibração: 06/05 - Certificação: 11724-V-06.06 Termo-higrômetro Digital. Minipa Indústria Eletrônica LTDA - Modelo MTH-1360 6.0 - Resultados

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Conforme a figura 01, foi verificado 01 modelo de carteira, que se apresenta em boas condições de uso e estado de conservação. De acordo com as avaliações realizadas nesta escola, ocorreram os seguintes resultados:

Avaliação Objetiva Avaliação Subjetiva

Categoria Avaliador Categoria Aluno

Item Sigla

I1 I2 I3 I4 I5 I++ I+ I- I--

Espaço de trabalho ET 100% 14% 61% 25%

Atividade física em geral AFG 94% 6% 25% 58% 8% 8%

Posturas de trabalho e movimentos PTM 50% 50% 2% 42% 50% 6%

Risco de acidentes RA 53% 47% 11% 75% 14%

Satisfação com o trabalho ST 100% 3% 83% 14%

Restrições no trabalho RT 100% 36% 58% 6%

Comunicação - Trabalhad. e contatos pessoais COM 100% 53% 42% 6%

Tomada de decisões TD 100% 8% 44% 25% 22% Repetitividade do trabalho RT 100% 53% 47% Atenção AT 97% 3% 14% 78% 6% 3% Iluminação IL 100% 3% 31% 53% 14% Temperatura TE 100% 3% 36% 50% 11% Ruído ambiental RA 67% 28% 19% 42% 39%

Tabela 02: Tabela de resultados – EE Rubens Pietraróia.

6.1 - Avaliação positiva concordante entre as categorias - Itens não críticos.

A tabela 02 mostra que as categorias avaliadoras concordam que os itens Atividade física em geral, Satisfação com o trabalho, Comunicação e Atenção não representam fatores críticos neste posto de trabalho. Esses itens alcançaram índices positivos de avaliação, I1, I2, I++ e I+, muito superiores a 50%.

Com relação ao item Risco de acidente, a soma dos índices positivos I++ e I+ mostra valor elevado, o que corresponde à ausência de risco, na opinião dos alunos. Entretanto os índices I2 e I3 possuem valores muito próximos, 53% e 47% respectivamente, esse fator mostra que, na opinião do avaliador, há um sinal da presença de risco neste posto.

6.2 - Avaliação negativa concordante entre as categorias - Itens críticos.

A tabela 02 mostra que as categorias avaliadoras concordam que o item Posturas de trabalho e movimentos, representa um fator crítico neste posto de trabalho. Esse item alcançou índices negativos de avaliação, I3, I4, I- e I--, superiores a 50%. Entretanto, a diferença entre os valores de avaliação da categoria Avaliadores para a categoria Alunos é de 44%. Esse valor é resultado da comparação entre a soma dos valores das colunas I3 e I4, e a soma dos valores das colunas I- e I--, na tabela 02.

Esses dados comprovam uma concordância muito sensível entre as duas categorias, porém, comprova de fato a condição crítica desta carteira no que se refere a este item.

6.3 - Avaliações discordantes entre as categorias.

Na avaliação dos itens Espaço de trabalho, Restrições no trabalho, Tomada de decisões, Repetitividade do trabalho, Iluminação, Temperatura e Ruído ambiental, ocorreu discordância, com valores extremos de avaliação, de uma categoria para outra.

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decisões e Repetitividade do trabalho, foram avaliados com valores negativos de 100%, e apontados como fatores muito críticos neste posto. Na categoria Aluno, esses itens foram avaliados como fatores não críticos, com valores positivos entre 52% a 94%.

Em ordem inversa, os itens Iluminação, Temperatura e Ruído ambiental, foram apontados, com valores positivos acima entre 67% e 100%, pela categoria Avaliador como fatores não críticos deste posto. Enquanto que a categoria Aluno avaliou esses itens como sendo fatores críticos, com valores entre 61% a 81%.

6.4 – Detalhamento dos resultados do item Risco de Acidente.

Pequeno Médio Grande Muito Grande

Extensão do Risco

39% 61% 0% 0%

Tabela 03: Resultados do campo extensão do risco– EE Rubens Pietraróia.

Leve Pequena Grave Gravíssima

Severidade do Risco

36% 61% 3% 0%

Tabela 04: Resultados do campo severidade do risco– EE Rubens Pietraróia.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Tipo de

Risco 100% 100% 100% Tabela 05: Resultados do campo tipo do risco– EE Rubens Pietraróia.

Este item avaliação considera o posto de trabalho sob três aspectos, como já foi mencionado anteriormente. O cruzamento dos dados coletados nesses campos, oferece condições de identificar de forma muito eficiente de que tipo é o risco, qual a sua extensão e gravidade. Nesse caso, a partir do cruzamento dos resultados mostrados nas tabelas 03, 04 e 05, é possível constatar que a carteira avaliada possui um risco considerável de baixa severidade, por atribuir resposta positiva nos seguintes tipos:

Riscos mecânicos

1 - Pode uma superfície, estrutura ou parte móvel da máquina, uma parte da mobília ou um equipamento causar explosão, ferida ou queda?

2 - Podem os movimentos de deslocamento horizontal ou vertical, e de rotação de máquinas, materiais ou outros equipamentos causar acidente?

Riscos relacionados à atividade do trabalhador

7 - Pode uma situação de trabalho que ocorre com uma realização de grande esforço ou postura e movimentos inadequados causar acidente?

7.0 - Conclusões

A evolução de uma área científica está intimamente ligada ao volume de conhecimentos gerados pela mesma. No caso da ergonomia, o conhecimento referente a metodologias de avaliação tem valor de peso elevado, visto que a intervenção ergonômica apóia-se a princípio na avaliação do posto de trabalho. Nesse sentido, ao se obter uma gama vasta de opções, torna-se possível adequar, de forma cada vez mais acertada, uma metodologia ao seu propósito.

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O Método EWA, como já dito, tem uma formulação bastante ampla, de forma a abranger o máximo de aspectos, não só do posto, como também do ambiente de trababalho. Porém, diante de um método tão abrangente, cria-se uma questão com relação à força de cada questão. Visto que o sucesso da avaliação corresponde à relevância dos dados coletados, para a ação de intervenção seqüencialmente proposta. A análise do item Risco de Acidente, elemento do método EWA, evidenciou sua eficiência no papel de identificar as informações sobre o tipo de risco, e portanto sua causa, sua extensão e gravidade. Essas informações é que vão permitir a execução de uma intervenção correta, no sentido de se evitar equívocos e alterações irrelevantes no posto em questão.

Esta conclusão baseia-se no fato de na comparação entre os resultados, mostrados nas tabelas 06, e a foto da figura 01, observa-se que a carteira em questão possui um acabamento da superfície com fórmica colada. Esse tipo de acabamento pode provocar arranhões, pela existência dos cantos vivos, e ferimentos por conta de pontas quebradiças, que se formam com o tempo, devido ao ressecamento da cola e da própria fórmica, uma característica desses materiais. Outro componente de acabamento presente é o rebite, material usado para fixação do assento e encosto da cadeira na estrutura tubular. O rebite é um elemento que, quando não aplicado adequadamente, possibilita a ocorrência de ferimentos no aluno. A estrutura tubular possui uma peça de travamento das pernas, posicionada na altura da canela do usuário, o que provoca além de constantes choques, também induz o aluno a exercer uma alteração postural inadequada. Outro fator importante é a altura da superfície de trabalho, que por ser fixa, compeli o aluno a inclinar o tronco para frente, assumindo uma postura que favorece a formação de constrangimentos.

Esses riscos analisados foram classificados nos resultados das tabelas 04 e 05 como sendo de extensão considerável, mas de gravidade menor. Uma caracterização correta, visto que a possibilidade de ocorrências como arranhões, batidas e ascensão postural inadequada, são riscos que não comprometem a vida do usuário de forma efetivamente grave, porém trazem-lhe conseqüências prejudiciais.

8.0 – Referências

AHONEM, Mauno; ILMARINEN, Raija; KUORINKA, Ilkka; LAUNIS, Martin; LEHTELÄ, timo; LUOPAJÄRVI, Tuulikki; SAARI, Jorma; SEPPÄLÄ, Pentti; STÄLHAMMAR, Hannur. Ergonomic Workplace

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