• Nenhum resultado encontrado

MULTIPLICANDO OLHARES SOBRE A DANÇA NA ESCOLA: CONSTRUÇÃO DE SABERES E EXPERIÊNCIAS EM UM CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "MULTIPLICANDO OLHARES SOBRE A DANÇA NA ESCOLA: CONSTRUÇÃO DE SABERES E EXPERIÊNCIAS EM UM CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES"

Copied!
18
0
0

Texto

(1)

MULTIPLICANDO OLHARES SOBRE A DANÇA NA ESCOLA: CONSTRUÇÃO DE SABERES E EXPERIÊNCIAS EM UM CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA PARA

PROFESSORES

Kathya Maria Ayres de Godoy, Carolina Romano de Andrade, Fernanda Sgarbi, Fernanda de Souza Almeida, Flavia Teodoro Alves, Roberto de Mello Júnior, Rosana Aparecida Pimenta (UNESP)

Kathya Maria Ayres de Godoy, Doutora em Educação (PUC/SP, 2003), Mestre em Psicologia da

Educação (PUC/SP, 1995), Docente da Universidade Estadual Paulista no Programa de Pós-Graduação em Artes e nos Cursos de Graduação (UNESP/IA). Líder do Grupo de Pesquisa Dança: Estética e Educação (GPDEE). Autora e organizadora do livro Movimento e Cultura na Escola: Dança (Ed. Instituto de Artes da Unesp/2010) e Oficinas de Dança e Expressão Corporal para o Ensino Fundamental (Cortez Editorial/2009). Autora e organizadora do livro Dança Criança na Vida Real (Ed. Instituto de Artes da Unesp/2008). E-mail: kathya.ivo@terra.com.br.

Carolina Romano de Andrade, Doutoranda em Artes e Educação (IA/Unesp), Mestre em Artes

(IA/Unicamp, 2009), Graduada em Dança (Unicamp) – Bacharelado (2003) e Licenciatura (2006). Membro do Grupo de Pesquisa Dança: Estética e Educação. Tem experiência como docente na área de Artes/Dança na Educação Infantil e no Ensino Superior. E-mail: carolromano@hotmail.com

Fernanda Sgarbi. Mestre em Artes (Instituto de Artes da UNESP/SP, 2009) e pós-graduada em

Pedagogia do Movimento (UNICAMP, 2001). É também membro pesquisador do Grupo de Pesquisa Dança: Estética e Educação – GPDEE vinculado ao Programa de Pós-Graduação do IA/UNESP, no campus de São Paulo. Docente na Rede Pública Municipal de São Paulo e em projetos de formação continuada de professores na área de Pedagogia, Artes e Educação Física. E-mail: sgarbi.fernanda@gmail.com

Fernanda de Souza Almeida, Mestranda em Artes e Educação pelo Instituto de Artes da UNESP com

bolsa CAPES 2011/2012. Especialista em Psicomotricidade e em Dança e Consciência Corporal e graduada com Licenciatura Plena em Educação Física e em Pedagogia. Membro do Grupo de Pesquisa Dança: Estética e Educação. Docente do curso de especialização em Psicomotricidade na FMU e de Dança na UGF. Professora de Dança Criativa do Colégio Marista Arquidiocesano de São Paulo e do Colégio Assunção. E-mail: fefalmeida@gmail.com

Flávia Teodoro Alves, Licenciada em Artes Cênicas pela Faculdade Mozarteum de São Paulo (2006) e

docente da disciplina Arte no Ensino Fundamental nas Redes Estadual e Municipal de Ensino na cidade de São Paulo (SP), desde 2006 e 2008, respectivamente. Participa do Grupo de Pesquisa Dança: Estética e Educação (GPDEE) no Instituto de Artes (IA) da UNESP desde 2011. E-mail: flaviastrogildo@gmail.com

Roberto de Mello Júnior Graduando em Licenciatura em Arte - Teatro (Instituto de Artes da

UNESP/SP). É ator profissional, revisor do editorial jurídico da Editora Saraiva e membro integrante do Grupo de Pesquisa Dança: Estética e Educação – GPDEE vinculado ao Programa de Pós-Graduação do IA/UNESP, no campus de São Paulo. E-mail robertodemellojr@gmail.com

Rosana Aparecida Pimenta, Doutoranda em Artes e Educação (IA/Unesp), Mestre em Artes (IA/Unesp,

2008), Graduada em Educação Artística com habilitação em Artes Cênicas (IA/Unesp, 2001). É integrante do Grupo de Pesquisa Dança: Estética e Educação (GPDEE), com textos publicados nos livros Movimento e Cultura na Escola: Dança (2010) e Dança Criança na Vida Real (2008). Diretora teatral com destaque para O Santo Inquérito, de Dias Gomes, com estreia no Grande Auditório do MASP e temporada no Teatro Santo Agostinho, em São Paulo (2010). E-mail: rosana-pimenta@hotmail.com

(2)

Resumo

Este artigo discute a inserção e difusão da linguagem da dança na escola. Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9394/96), o ensino de Arte deixa de ser uma atividade para se tornar um componente curricular obrigatório do ensino básico, e com isso, a linguagem da dança passa a ser introduzida no currículo formal das escolas (BRASIL, 2000). Porém, há mais de uma década enfrentamos desafios para que a Dança realmente consiga sua inserção no sistema de ensino formal. O aumento da oferta de cursos de Licenciatura em Dança e da produção bibliográfica dos últimos anos, não atende à demanda do país e a maioria dos profissionais formados que se encontra em exercício docente – pedagogos, educadores físicos e arte educadores - não tiveram em sua formação inicial os conhecimentos em Dança. A partir de tais questões e no intuito de minimizar a lacuna existente entre a formação inicial e as práticas de dança na escola, o Grupo de Pesquisa Dança: Estética e Educação (GPDEE), vinculado ao Programa de Pós-Graduação do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista – IA/UNESP, elaborou o Projeto Poéticas da Dança na Educação Básica. Passamos a apresentar, então, a primeira etapa do projeto, que se constituiu na seleção de participantes e na construção/aplicação de um curso de formação continuada em Dança. Tal curso objetivou fornecer subsídios para a reflexão/ação em dança no espaço escolar aos participantes do projeto nomeados como orientadoras/formadoras. Para tanto, o GPDEE optou por trabalhar com a linguagem da dança integrada às outras linguagens artísticas e com aprofundamentos em aspectos da área de Arte e do seu ensino. Assim, neste texto relatamos o processo seletivo destes profissionais para a participação no projeto, os pressupostos do GPDEE para a organização do curso e o feedback das orientadoras/formadoras diante das discussões realizadas. Por fim, a relevância da atuação nesse tipo de projeto, reside no compromisso político de colaborar com a qualidade do ensino e, principalmente de inserir a Dança de fato no currículo do ensino formal.

Palavras-chave: Dança na Escola, Formação de Professores, Projetos.

THE MULTIPLEPERSPECTIVES ABOUT THE DANCE IN THE SCHOOL: CONSTRUCTION OF THE KNOWLEDGE AND EXPERIENCES IN ONE COURSE OF

THE CONTINUING EDUCATION FOR TEACHERS Abstract

This article discusses the introduction and diffusion of the dance language in school. With the law was promulgated in Directives and National Education (9394/96), the teaching of Art is no more one activity and become one obligatory curriculum of basic education, and with it the language of dance has become part of the formal curriculum of schools (BRASIL, 2000). However, for more than one decade we confront serious challenges, so that the dance may have really entering them into the formal education system. The increase of the degree courses in dance and bibliographies of recent years does not meet the demand of the country and the majority of qualified professionals found in teaching exercise (pedagogues, physical education teachers and art teachers) did not have, in their initial formation, knowledge in dance. In view of these questions and, in order to minimize the gap between initial training and practices of the dance into school, the Dance Research Group: esthetics and Education (GPDEE), linked to the Post-Graduate Institute of the Arts, University Estadual Paulista - IA / UNESP, prepared

(3)

the Project "Poetics of Dance in Basic Education". At this moment, we present the first stage of the project, which was the selection of participants and the construction / implementation of a continuing education course in Dance. Are presented below, the first stage of the project, which was the selection of participants and the construction / implementation of a continuing education course in Dance. This course aimed to provide subsidies for reflection/action in dance in the school space the participants in the project (guiding/formers). Thus, the GPDEE chose to work with the language of the dance integrated in the other languages artistic and insights into aspects of the area of Arts and its teaching. Therefore, in this paper, we report the selection process of these professionals to participate in the project, the assumptions of GPDEE to organize the course and feedback from guide / formers starting from discussions realized. Finally, the importance of working in this type of project, resides in the political commitment to collaborate with the quality of education and, especially, to really put the dance in formal educational curriculum.

Keywords: Dance in the school, Formation of teachers, Projects.

Multiplicando olhares

Como sabem, estamos agora no meio de um dos processos cíclicos de reforma educativa. Mais uma vez, tomamos consciência das inadequações da educação na América. Como é habito, atribuímos a culpa às escolas e aos professores, o que equivale a culpar as vítimas. Alguns legisladores iniciaram um processo tendente a instituir um controle regulador das escolas, procurando legislar sobre o que deve ser ensinado, quando e por quem, contemplando ainda os modos de testar o que foi aprendido e se os professores são competentes para o ensinar. (SCHÖN In NÓVOA, 1997, p. 79)

Essas palavras ilustram um modelo já conhecido de reforma educativa que implica em uma regulação do centro para a periferia, em que uma orientação política emanada de um governo central para uma periferia de instituições locais é reforçada por meio de um sistema de prêmios e punições.

Tais intervenções induzem as instituições periféricas a tornear os regulamentos, a “arranjar” os relatórios de modo a sincronizá-los com a política central e a fazer uma interpretação literal das medidas em detrimento das intenções que lhe são subjacentes. (IDEM, p. 79)

Seria algo como as crianças aprenderem a obter boas notas, ao invés de compreenderem os conceitos que são ensinados.

Embora esta discussão esteja em pauta nos Estados Unidos, em muitos aspectos se aproxima do sistema educacional brasileiro, pois também vivemos um momento de implantação de uma nova política educacional. Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9394/96), o ensino de Arte deixa de ser uma atividade para se tornar um componente curricular obrigatório do ensino básico. E com isso, a linguagem da dança passa a ser introduzida no currículo formal das

(4)

escolas (BRASIL, 2000). Documentos como os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998); Referenciais Nacionais da Educação Infantil (1998); Proposta Curricular do Estado de São Paulo (2008), indicam caminhos para que o professor possa desenvolver a reflexão em dança na escola com os alunos. Esta situação fez com que emergisse a necessidade de maior atuação e comprometimento das universidades e dos órgãos governamentais no que se diz respeito à pesquisa e formação inicial e continuada de professores em Dança e do ensino e aprendizado dessa linguagem artística no contexto escolar.

Porém, há mais de uma década enfrentamos desafios para que a Dança esteja inserida no sistema de ensino formal. O aumento da oferta de cursos de Licenciatura em Dança e da produção bibliográfica dos últimos anos não atende a demanda do país, e a maioria dos profissionais formados que se encontra em exercício docente – pedagogos, educadores físicos e arte educadores - não tiveram o conhecimento da Dança em sua formação inicial.

Essa é uma questão polêmica porque sabemos que hoje, nas escolas do estado de São Paulo, encontramos poucos profissionais que possuem graduação em Dança. Isso se deve ao fato de que no estado possuímos poucos cursos de formação inicial na área. Podemos citar duas IES – Universidade Anhembi Morumbi e Universidade Estadual de Campinas que possuem cursos de Licenciatura em Dança e a Faculdade Paulista de Artes. O curso oferecido pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, de excelente qualidade, não forma licenciados e sim bacharéis.

Portanto, a maioria dos professores que atuam no contexto escolar com essa linguagem vieram de outros cursos como Educação Física, Pedagogia, Educação Artística com diferentes Habilitações – Artes Cênicas e Artes Visuais e até mesmo Música. Frente a este quadro nos deparamos por um lado com o direito da criança de acesso a esta linguagem e por outro, com a preocupação em como esse aprendizado se dá ou não na escola.

Nesse contexto, é que pensamos o papel da universidade como formadora de profissionais que promovem a produção e reflexão do conhecimento. Ela é uma instituição cujas finalidades e estruturas refletem o momento de desenvolvimento de uma sociedade, nas suas coerências e contradições, e por isso, não pode se furtar em pensar também sobre a formação continuada. Por ser uma agência que pode desencadear transformações na sociedade, por meio da socialização do conhecimento

(5)

científico e pela elaboração de valores em uma perspectiva crítica e independente tanto quanto possível, se coloca como agente da preparação profissional para a atuação do aluno no mercado de trabalho, ou seja, proporciona a formação de formadores. Nesse sentido, é que o termo formação continuada passou a ser utilizado para englobar a maneira pela qual os profissionais da educação podem se atualizar após sua formação inicial, realizada em cursos técnicos de magistério, centros de formação e universidades (GODOY & SÁ, 2010). Desta maneira a formação contínua apresenta-se como uma condição importante para o desenvolvimento das competências, habilidades e saberes adquiridos durante a formação inicial, mas também representa um espaço de construção e reconstrução de novos conhecimentos e práticas pedagógicas, implicando em alterações na organização, nos conteúdos, nas estratégias, recursos, refletindo-se positivamente nas relações sociais estabelecidas entre alunos e docentes (SILVA in GODOY & Sá, 2010).

Essa ideia de processo permanente considera o estabelecimento de um fio condutor que vá produzindo sentidos e explicitando significados ao longo da prática profissional, criando ligações entre a formação inicial e continuada e as experiências vividas pela pessoa (MIZUKAMI in SGARBI, 2009).

Por relevar tais questões e no intuito de minimizar a lacuna existente entre a formação inicial e as práticas pedagógicas de dança na escola, o Grupo de Pesquisa “Dança: Estética e Educação” (GPDEE), vinculado ao Programa de Pós-Graduação do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista – IA/UNESP, atua no campo da efetivação da articulação entre ensino, pesquisa e extensão por meio de projetos de formação continuada de professores. O GPDEE situa-se na área de concentração Artes e Educação, na linha de pesquisa Processos artísticos, experiências educacionais e mediações culturais. Uma das sublinhas de pesquisa do grupo, “Formação, ensino e aprendizagem em Dança”, se preocupa em investigar as relações entre o ensino e o aprendizado em Dança, o que abrange entre outros aspectos, pesquisas sobre formação inicial e continuada de professores, metodologias de ensino e produção de material didático. Estes estudos muitas vezes se articulam aos projetos desenvolvidos pelo grupo, que promovem inserção dessa linguagem artística no ambiente escolar.

Por meio desses projetos, oferecidos para professores das redes públicas (municipal e estadual) e privada da Educação Básica do Estado de São Paulo, o GPDEE reflete sobre a dança na escola tendo em vista um professor crítico e

(6)

transformador da sua realidade, que conheça e aprofunde seus conhecimentos em relação ao corpo, ao movimento e a Dança, para que possa mediar e problematizar as percepções corporais de seus alunos. Esses projetos de formação continuada de professores compartilham das ideias de Donald Schön (2000) no que se refere ao professor reflexivo, em busca de um novo saber docente, que se constrói em contato direto com a ação, reflexão e volta à ação. Um saber sentido, vivido e experienciado. Sem contudo esquecer que o professor está imerso no universo escolar e é preciso estar consciente deste meio para que possa desenvolver o practicum. Esse conceito posto em ação habilita o professor a trabalhar no terreno das incertezas, em situações singulares, instáveis, conflituosas, e oportuniza a caracterização do ensino como uma prática social transformadora (GODOY, 2003).

Esse percurso construiu algumas premissas de trabalho do grupo de pesquisa no que se refere à formação de professores. São elas: valorizar o saber docente; partir da prática e estabelecer uma relação de unidade com a teoria; adotar procedimentos participativos e de diálogo; submeter os professores às mesmas atividades e jogos e aos mesmos procedimentos que utilizamos com os alunos; explorar o potencial criativo e expressivo do professor; tratar do tema central situado em um contexto mais amplo da educação, da realidade local e da sociedade; explorar a integração das linguagens artísticas (SGARBI in GODOY & ANTUNES, 2010).

Nessa medida, desde 2006 os projetos desenvolvidos pelo GPDEE, intensificam a discussão sobre o ensino de Arte e particularmente, de Dança no espaço escolar, além corroborarem com a inserção de projetos artísticos na escola e o trabalho com as linguagens de maneira integrada, interdisciplinar e contemporânea. Este grupo aglutina estudantes e pesquisadores da área de Dança e afins. Esses profissionais se inserem no cenário da dança de diferentes maneiras. São professores da educação básica, do ensino superior, bailarinos, diretores e coreógrafos que tem em comum a busca da reflexão sobre sua prática artística e educativa.

Destacamos nosso empenho no oferecimento de cursos de formação continuada em Artes, Dança e Música. Desenvolvemos o Projeto Formação continuada para professores do município de Jundiaí (2006-2007); o Projeto Teia do Saber em Araraquara, Presidente Prudente e São José dos Campos (2006 - 2007); o Projeto Pedagogia Cidadã em Itaquaquecetuba (2006-2009) e produção de pesquisas científicas apresentadas nos principais fóruns regionais, estaduais, nacionais e internacionais (X Congresso Estadual Paulista de Formação de Educadores, II

(7)

Congresso Brasileiro de Educação, 5º Congresso de Extensão Universitária, II Fórum Cultural de Presidente Prudente, IX Colóquio sobre Questões Curriculares/V Colóquio Luso-Brasileiro em Portugal e ICED 2010 em Barcelona).

Elaboramos materiais didáticos que auxiliam o professor a criar novas alternativas para trabalhar na prática com seus alunos e depois refletir sobre sua construção e praxis pedagógica. Participamos da construção do Caderno de Formação em Artes do Projeto Pedagogia Cidadã que apresenta artigos sobre Artes Visuais, Dança, Música e Teatro. O caderno inicia com textos de caráter mais geral, que trata da Arte do ponto de vista filosófico e prossegue com outros nos domínios mais específicos, combinando o estímulo à reflexão com sugestões de atividades possíveis de serem realizadas pelo futuro docente não especialista (KERR, 2007). O mesmo se deu em relação à produção do Caderno de formação de professores: conteúdos e didática de artes (2011), no qual abordamos a introdução da dança no espaço escolar por meio dos textos: “A Criança, a Dança e a Educação Infantil” e, “O Trabalho com Projetos em Dança na Escola: Possibilidades e Desafios para a Formação Docente Inicial e Continuada”. Este livro integra o Programa de Educação Continuada – UNIVESP – gerado na parceria entre a UNESP e a Universidade Virtual do Estado de São Paulo por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Governo do Estado de São Paulo.

Produzimos o Dança Criança na Vida Real (GODOY & ANTUNES, 2008) - livro digital didático ilustrado, oriundo de projeto de mesmo nome, composto por um DVD ROM, no qual há o registro textual e imagético da proposta artística educativa, e um DVD Documentário, que retrata videograficamente nosso percurso. Em 2010 organizamos o livro digital Movimento e Cultura na Escola: Dança, também fruto de projeto desenvolvido em 2009/2010, que se tornou referencia para cursos de formação inicial e continuada no estado de São Paulo. Este livro foi apresentado em 2011 no XI Congresso Estadual Paulista de Formação de Educadores e I Congresso Nacional de Formação de Professores; no III ENGRUPEdança – Dilemas e desafios; no 2º Encontro ANDA e em palestras no Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, na XXII Semana de Estudos da Pedagogia do Curso de Pedagogia da Unesp de Rio Claro, no Encontro Teatro, Dança e Educação - Pesquisas, Rumos e Perspectivas, junto a Profª Ingrid Koudela no Centro da Cultura Judaica.

(8)

Essas mídias integram o conjunto de ações que empreendemos; nossa contrapartida social. Todos esses materiais foram entregues nas escolas e comunidades participantes e encontram-se disponíveis em acervos, bibliotecas de escolas e de universidades de norte a sul do país para difusão do trabalho feito e para ser utilizado como subsídio em cursos de formação de professores.

Assim a experiência acumulada pela vivência com projetos de formação continuada e com produção de material didático sobre dança na escola, consolidou no grupo a necessidade de ampliar e atender um maior número de professores.

Por isso resolvemos apresentar à Pró-Reitoria de Graduação da Universidade Estadual Paulista o Projeto Poéticas da Dança na Educação Básica. Tal projeto visa desenvolver, registrar e refletir sobre uma proposta de educação continuada com a linguagem da dança integrada as linguagens artísticas (teatro, música e visuais) para professores da educação básica.

A primeira etapa, realizada em 2011, objetivou a formação de orientadores/formadores e a segunda (fevereiro a junho de 2012), visa a formação em serviço de professores cursistas na aquisição de elementos que possibilitem a introdução da Dança no espaço escolar dialogando com as outras linguagens artísticas por meio da construção e aplicação de projetos interdisciplinares propiciando reflexão em um determinado contexto sociocultural. A terceira etapa (agosto a dezembro de 2012) prevê o acompanhamento no desenvolvimento de projetos de dança no ambiente escolar feito pelos professores cursistas.

Neste momento, relataremos a primeira etapa do projeto desenvolvida ao longo de 2011.

Multiplicando saberes

Cabe explicitar inicialmente que a equipe propositora do projeto é formada por Kathya Godoy e Carminda Mendes André (coordenadoras), Carolina Romano de Andrade e Rosana Aparecida Pimenta (doutorandas), Fernanda de Souza Almeida (mestranda), Roberto de Mello Júnior (graduando) e Fernanda Sgarbi (pesquisadora). Todos possuem experiência na elaboração e implementação de projetos com essa finalidade e atuaram nos últimos anos na rede pública de ensino (estadual e municipal) como professores e coordenadores pedagógicos. Portanto conhecem essa realidade.

(9)

A possibilidade de manutenção e de novas parcerias entre as Instituições de Ensino Superior (IES), no caso, o Instituto de Artes da Unesp e os sistemas de ensino, composto pelas diretorias de ensino e coordenadorias de estudos e normas pedagógicas, inclusive no que se refere à participação dos docentes da educação básica no planejamento, desenvolvimento e execução do projeto de formação continuada, tornou viável esse projeto porque todos assumem a autoria e comprometimento com o fazer pedagógico e artístico.

Outro dado importante é que o projeto como dito anteriormente, foi apresentado à PROGRAD - Pró-Reitoria de Graduação por meio do Núcleo de Ensino do Instituto de Artes da Unesp, mas também se articula à PROEX – Pró-Reitoria de Extensão Universitária da Unesp - na medida em que estabelece ações integradas à Proposta de Curso de Formação Continuada de Professores em Atendimento ao Edital do Ministério da Educação, por meio das Secretarias de Educação Básica, de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade e de Educação Especial (publicado no Diário Oficial da União nº 25 – Seção 3, de 5 de fevereiro de 2010, pág. 24), que foi aprovado pelo SEB/MEC em maio de 2010.

Nos projetos que temos atuado nos últimos anos, percebemos claramente que a população das regiões periféricas e do entorno à cidade de São Paulo tem dificuldade de acesso à Arte. A escola representa um espaço no qual o desenvolvimento de ações artísticas educativas pode contribuir para a ampliação do universo cultural das pessoas. Citamos os Projetos: Dançando na Escola (NE - PROGRAD – 2007); Dança Criança na Vida Real (Proex – 2008); Movimento e Cultura na Escola: Dança (NE- PROGRAD - 2009 e 2010) como alguns exemplos.

Vale dizer que a coordenação já atua em parceria com esses órgãos (nos projetos citados acima) o que facilitou na implantação da primeira etapa de execução do mesmo. A escolha desta região deve-se à localização do Instituto de Artes da Unesp, que fica na zona oeste da cidade de São Paulo. O IA (local onde acontecem as ações) situa-se ao lado do terminal rodoviário, atrás da Estação de Metrô Barra Funda, linha laranja. No mesmo quarteirão do campus universitário, temos o Memorial da América Latina. Portanto um local de fácil acesso e com características culturais. O campus é novo, foi inaugurado em 2009, e suas instalações contam com tecnologia avançada e especificações técnicas para a área artística, pois temos uma galeria de arte, vários laboratórios (corpo, dança, maquiagem, figurino, circo, som, imagem, fotografia, música, cerâmica, marcenaria, informática). Como todo campus

(10)

universitário, temos biblioteca, setores administrativos, cantina, pós-graduação, graduação, enfim, toda a organização técnica e administrativa para que este projeto seja desenvolvido adequadamente.

Isto posto, passamos ao relato da primeira etapa do Projeto Poéticas da Dança na Educação Básica. Ela constituiu-se em dois momentos: o primeiro ocorreu por meio de um processo de seleção de profissionais que estivessem diretamente ligados à educação básica (professores, coordenadores, diretores, gestores de projetos, etc.). Esta escolha também foi feita em função do contato destes profissionais com a Dança, ou seja, adotamos como pré-requisito a “Dança no corpo” dessas pessoas. Para isso, todos preencheram uma ficha de inscrição e participaram de uma vivência corporal em dança.

As questões apresentadas na ficha procuraram identificar dados pessoais, formação, experiência e conhecimento sobre Dança, concepções de Educação, Arte e Dança, local de atuação e relações entre Dança, Educação, Cultura e Escola e o interesse em participar do curso. Porém, antes da análise das fichas, definimos alguns critérios para a seleção dos profissionais, tais como: a) curso superior completo – trata-se de um curso de formação continuada; b) formação que o possibilite atuar com a dança na escola – pois o objetivo do projeto envolve a formação continuada de professores para o trabalho com a dança na escola por meio da construção e aplicação de projetos arte educativos. Dessa maneira, a formação em cursos superiores como Pedagogia, Educação Física e Artes também possibilita este trabalho na escola; c) atuar na educação básica – este critério se justifica pela intencionalidade do projeto Poéticas da Dança na Educação Básica.

Em seguida houve uma entrevista, na qual todos puderam esclarecer dúvidas sobre o projeto. A vivência corporal foi feita em dois subgrupos com registro imagético (vídeo e fotos). Em ambos houve um aquecimento articular, alongamento, jogos cênicos inspirados nos fichários de Viola Spolin (JESUS in GODOY & ANTUNES, 2008), jogos rítmicos e percussão corporal baseados em Dalcroze e Fonterrada (NUNES in GODOY & ANTUNES, 2008), jogos de improvisação em dança com uso de Contact improvisation (STEVE PAXTON in FARIA, 2011); jogos em dança por meio de adaptações feitas por Sá e Godoy (2009) para elementos da Dança Criativa de Rudolf Laban. As atividades e jogos propostos na vivência ilustram os elementos com os quais a equipe do GPDEE trabalha com a linguagem da dança. Desta forma, pudemos apresentar no processo seletivo, premissas de nosso fazer/pensar/experienciar a

(11)

Dança. As respostas das fichas e as imagens foram analisadas pela equipe do GPDEE para escolha final dos participantes.

Assim, o processo de seleção como um todo implicou no contato com as diretorias de ensino da zona oeste da cidade de São Paulo, em resgate das inscrições feitas na Plataforma Freire (integrada ao Projeto aprovado SEB/MEC/Proex), na divulgação na internet por meio das redes sociais (facebook e twiter), no portal da Unesp e página do IA. Do total de 223 contatos, 48 participaram dos dois momentos do processo seletivo. Destes, a equipe do GPDEE selecionou 15 pessoas com perfil indicado para participar da primeira etapa do projeto. Curiosamente foram selecionadas apenas mulheres, aqui nomeadas de orientadoras/formadoras. Este processo se deu entre janeiro e julho de 2011.

O segundo momento foi o oferecimento de um curso de formação continuada em Dança para essas orientadoras/formadoras. Tal curso foi organizado no intuito de trabalhar com elas aspectos da educação integral para alunos dos anos iniciais e finais do ensino fundamental. Tratou-se de uma proposta interdisciplinar, na qual a Dança dialoga com a Arte como veículo expressivo de autoconhecimento do corpo e de possibilidades de comunicação com o contexto educativo. A ideia central foi apresentar a elas, elementos que as levem a instigar o potencial criativo da criança por meio do lúdico, possibilitando uma visão abrangente das linguagens artísticas. E assim, aproximar a escola da Dança, sem a imposição de restrições técnicas ou de estilo; tendo em vista que qualquer criança pode dançar e se expressar com o corpo (GODOY, 2007).

Sabemos que para que isso de fato aconteça é necessário aproximar os profissionais do magistério dessa linguagem como forma de conhecimento que pode desenvolver na criança a compreensão de sua capacidade de movimento, levando-a a entender melhor como seu corpo funciona, de modo que possa expressar-se com inteligência, autonomia, responsabilidade e sensibilidade. Essa linguagem é uma forma de integração e expressão individual e coletiva, em que o aluno exercita a atenção, a percepção, a colaboração e a solidariedade. Como atividade lúdica permite a experimentação e criação no exercício da espontaneidade; portanto, é importante que a linguagem da dança na escola seja vista com espírito de investigação. Assim, a criança poderá adquirir consciência de que o gesto e o movimento são manifestações pessoais e culturais que possuem qualidades estéticas (GODOY, 2007).

(12)

Considerando tais pressupostos, o curso foi desenvolvido em 60 horas, aos sábados, no segundo semestre de 2011. Optamos por abordar o ensino e apropriação da Arte e as transformações sociais; a integração entre as linguagens artísticas e os conteúdos de dança, com questionamentos acerca de que Dança se ensina ou não no espaço escolar.

Para isto apresentamos textos de autores como Lenira Rengel (2003), Isabel Marques (2003), Kathya Godoy (2007), além de outros que as próprias orientadoras/formadoras trouxeram para discussão. Todos os encontros foram teóricos práticos, ou seja, discutidos, refletidos e experienciados. Desse modo, foram abordadas as temáticas: o corpo e o movimento expressivo; fatores do movimento: peso, espaço, tempo e fluência; jogos. Para contextualização da integração das demais linguagens artísticas com a Dança foi traçado um panorama histórico da Dança e relações com as artes. Também vivenciamos oficinas de construção de bonecos e apresentações dança contemporânea, dança teatro e música feitas pelo IAdança; PIAP – Grupo de Percussão e Grupo de Choro da Unesp (todos grupos extensionistas do IA).

Houve o aprofundamento em temas ligados a formação continuada de professores, apreciação estética, estrutura formal de apresentação cênica em Dança e Teatro. Assistimos palestras com Profª Ana Mae Barbosa e com Profª Carmem Soares, participamos de eventos científicos – III Encontro Núcleo de Ensino do IA; Jornada de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação do IA e XXIII Congresso de Iniciação Científica da Unesp.

Discutimos a implantação de um projeto artístico cultural na escola: da reflexão sobre a ação cultural e educativa; A escola e os bens culturais; o espaço da Arte como bem cultural na escola; as linguagens artísticas na escola; os itens que compõem um projeto: sondagem sobre as necessidades da escola e alunos, elaboração e concepção, aplicação e desenvolvimento e avaliação; os espaços culturais e casas de espetáculos da cidade. Distribuímos para todos o livro digital Movimento e Cultura na Escola: Dança (GODOY & ANTUNES, 2010) a fim de subsidiar e exemplificar o tema. Dessa forma, concluímos a primeira etapa de formação das orientadoras/formadoras.

As ações que desenharam todo esse percurso, depois de realizadas foram recriadas na própria ação, ou seja, a equipe propositora do GPDEE, reunia-se após cada encontro para refletir, avaliar e replanejar o próximo momento. Esse trabalho

(13)

exigiu uma reflexão constante do GPDEE para avaliar todos os passos planejados e já realizados, para dar sequência as ações e optar pelo melhor caminho. Isso retrata a ação, reflexão e volta à ação de uma maneira diferenciada (SCHÖN, 2000). Essas avaliações contínuas indicaram alterações de rumo estendidas por todo o percurso, pois as problematizações surgidas em cada encontro delineava o ritmo do andamento do programa do curso, bem como a construção/desconstrução de conceitos das orientadoras/formadoras.

Essa dinâmica de trabalho permitiu transformar nossa ação, como grupo de formadores (propositores do projeto), a partir da nossa prática, refletida, analisada e pensada. Dessa maneira, usamos a ação, reflexão, ação como procedimento, no qual uma prática é analisada, refletida, pensada e gera uma nova prática (CANDAU, 1997). Isso permite a construção de novos conhecimentos, tornando o trabalho mais eficaz e contribuindo para uma maior compreensão da nossa prática.

Multiplicando experiências

Ao final da primeira etapa do projeto Poéticas da Dança na Educação Básica as orientadoras/formadoras responderam a um questionário (elaborado pela equipe propositora), o qual teve por objetivo avaliar o curso e trazer indicativos para a próxima fase, visto que, elas serão as formadoras, em conjunto com a equipe do GPDEE, de um novo grupo de professores.

Uma das questões a serem respondidas foi: o que eu “previ”, “vi” e “revi”. As respostas indicaram que as orientadoras/formadoras “previam” estudar outras possibilidades de inserção da Dança no ambiente escolar; repensar a prática delas a partir do curso; obter um aprofundamento na teoria de Rudolf Laban. E também enxergaram a necessidade de possuir uma formação em Dança ou alguns esclarecimentos sobre esta linguagem artística para a realização dessa fase do curso.

Apareceram nestas respostas a ideia de mudança pós formação, um repensar a prática pós curso. Nóvoa (1995) citado por Sgarbi (2009) afirma que a formação não ocorre antes da mudança, ocorre durante. Assim, em um curso de formação continuada não se deve esperar a solução de todos os problemas, pois novos dilemas sempre surgirão. A contribuição está em torná-los mais claros para que sejam trabalhados, possibilitando maneiras diferentes de pensar e agir.

(14)

Diante do que as orientadoras/formadoras “vivenciaram”, os destaques foram para: uma proposta diferenciada de dança na escola; a dança integrada às outras linguagens artísticas; práticas reflexivas e valorização das trocas de experiências no processo de formação; diferentes produções artísticas que nos possibilitam refletir sobre a abordagem desses conteúdos em sala de aula; e, um material didático (DVD ROM) interessante sobre o projeto “Movimento e Cultura na Escola: Dança”.

Esse outro modo de entender a dança na escola se dá devido à inserção do GPDEE em um Instituto de Artes, onde todos os projetos desenvolvidos pressupõem a integração entre as quatro linguagens artísticas: teatro, música, artes visuais e dança, pois o grupo defende a compreensão da Arte como um todo. Esse é um movimento em que a Dança, em primeira instância, dialoga com as outras linguagens para educar os sentidos e despertar um novo olhar para si, para o outro e para o mundo (GODOY & ANTUNES, 2010). O material didático ao qual elas se referiram, como já foi dito, foi uma produção realizada pelo grupo de pesquisa em 2010, resultado das ações do projeto acima mencionado, realizado em uma escola pública de São Paulo com pais, professores e alunos.

Quanto ao que as orientadoras/formadoras “revêem”, houve destaque para a falta de tempo e compromisso delas com as leituras e escritas de textos solicitados e, um repensar as práticas cotidianas e as concepções de Educação, Dança e dança na escola.

Em seguida a essas respostas, as orientadoras/formadoras escreveram seus elogios, críticas e sugestões sobre o curso.

Em sua maior parte, as orientadoras/formadoras enfatizaram a integração de linguagens, as experiências práticas entrelaçadas com as discussões teóricas e, principalmente a dinâmica de trabalho da equipe do GPDEE, a qual segundo elas permitiu uma construção coletiva por meio de uma prática dialógica, reflexiva e acolhedora.

Nas palavras de Candau (1997) uma formação continuada tem como características: teorizar apenas o que tem sentido e origem na prática; adotar procedimentos participativos e de diálogo; criar ambiente no qual os professores se sintam confiantes para se expor; adotar uma pedagogia da pergunta (FREIRE in CANDAU, 1997); e, desenvolver o potencial criativo e expressivo do professor e seu autoconhecimento.

(15)

De modo geral, elas também assinalaram algumas defasagens do curso, tais como: pouco tempo de formação para a realização das propostas surgidas durante os encontros; falta de aprofundamento de alguns conceitos estudados; e, apesar da sugestão acatada na criação de um blog para registrar as discussões realizadas, ainda sentiram falta de registro dos conteúdos do curso.

A falta de tempo mencionada se deu devido à alteração de rumo do programa do curso para contemplar as demandas advindas das orientadoras/formadoras; a necessidade de aprofundamento em alguns teóricos trabalhados no curso ocorreu porque nos parece que as orientadoras/formadoras não consideraram que o processo de formação continuará por mais um ano, uma vez que elas participarão da segunda e a terceira etapas. No início do curso a equipe do GPDEE discutiu com as orientadoras/formadoras como seria feito o registro das atividades. Chegamos ao entendimento que as orientadoras/formadoras criariam um blog, o qual em cada encontro, haveria uma postagem sobre o realizado. O grupo entendeu que o blog atenderia essa necessidade porque traria as discussões dos encontros, mas este registro se mostrou ineficiente para suprir tal demanda.

Diante desses apontamentos, a equipe propositora do GPDEE repensará a segunda etapa do projeto que prevê o desdobramento da primeira, ou seja, aplicação do segundo curso, acompanhamento nas escolas e reflexão/avaliação do projeto como um todo.

Multiplicando ações

O segundo curso (janeiro a julho de 2012), está sendo planejado a partir do que foi trabalhado no curso oferecido na primeira etapa, mas a construção é novamente coletiva. A equipe do GPDEE e as orientadoras/formadoras são os responsáveis pela elaboração do curso.

Para tanto, definimos um cronograma de reuniões entre a equipe do GPDEE e as orientadoras/formadoras. Durante o processo de elaboração e aplicação do novo curso ministrado aos professores cursistas, será feito o acompanhamento constante junto às orientadoras/formadoras. Trata-se de colocar em ação as premissas que adotamos na formação continuada como a valorização do saber docente por meio do diálogo na integração entre a teoria e prática.

(16)

As orientadoras/formadoras estiveram na condição de alunas e agora essa vivência influenciará na sua atuação como professoras. Portanto esperamos que algumas atividades, jogos e procedimentos que foram utilizados sejam repensados e transpostos de outra maneira para os professores cursistas. Isto exigirá apropriação da linguagem da dança e da metodologia de ensino, assim como a localização deste conhecimento em um contexto mais amplo da educação, da realidade local e da sociedade.

Existe outro aspecto que será evidenciado ao longo deste percurso. Falamos das relações interpessoais. Já na primeira etapa identificamos lideranças, articulações, cumplicidades entre as orientadoras/formadoras. Obviamente na segunda etapa, esses aspectos emergirão trazendo uma nova configuração no grupo. O trabalho coletivo pressupõe estabelecimento de relações intra, entre e extra grupo.

Outra ação importante é o registro de todo o projeto, ou seja, processo de seleção, elaboração e aplicação da primeira etapa de formação, acompanhamento junto as orientadoras/formadoras na reorganização das ações da segunda etapa, aplicação do segundo curso, acompanhamento nas escolas e reflexão/avaliação do projeto como um todo (terceira etapa). Esse registro permitirá a reflexão sobre o processo e se transformará em um vídeo documentário que poderá ser usado como material para pesquisa acadêmica e apresentação do projeto em congressos e eventos científicos.

O GPDEE espera que as orientadores/formadoras consigam fazer a transposição didática reflexiva desta proposta para os professores cursistas de modo que ambos se tornem agentes multiplicadores da introdução da linguagem da dança na escola e projetos artísticos que ampliem o universo cultural do espaço educativo. Esta investigação é o nosso próximo passo.

Por fim, a importância da atuação do grupo de pesquisa nesse tipo de projeto, reside no compromisso político de colaborar com a qualidade do ensino e, principalmente de inserir a Dança de fato no currículo do ensino formal.

(17)

Referências

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:

arte. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2000.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Referencial curricular nacional para

a Educação Infantil. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Lei no 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 1996.

CANDAU, V. M. (org). Magistério: construção cotidiana. Rio de Janeiro: Vozes, 1997. FARIA, I. R. Entrando na dança: reflexos de um curso de formação continuada para professores de Educação Infantil. São Paulo: UNESP, 2011. Dissertação (Mestrado em Artes), Instituto de Artes, Universidade Estadual Paulista, 2011.

JESUS, N. C. O Jogo teatral e a dança. In: GODOY, K. M. G. & ANTUNES, R. C. F. S. (orgs.). Dança Criança na Vida Real. São Paulo. Instituto de Artes da Unesp, 2008. GODOY, K. M. A. Dançando na Escola: o movimento da formação do professor de arte. São Paulo: PUC/SP, 2003. Tese (Doutorado em Educação), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2003.

GODOY, K. M. A. O espaço da dança na escola. In: KERR, D. M. (org). Pedagogia

cidadã: caderno de formação: Artes. 2ed. São Paulo: Páginas & Letras Editora e

Gráfica, Unesp. Pró-Reitoria de Graduação, 2007, p. 57-70.

________________ & ANTUNES, R. C. F. S. (orgs.). Dança Criança na Vida Real. São Paulo. Instituto de Artes da Unesp, 2008.

________________ & ANTUNES, R. C. F. S. (orgs.). Movimento e Cultura na

Escola: Dança. São Paulo. Instituto de Artes da Unesp, 2010.

GODOY, K. M. A. & SÁ, I. R. A formação continuada de profissionais oriundos do Programa

de Pós-Graduação em Artes da Unesp: Transformação para Ação? In: IX COLÓQUIO

SOBRE QUESTÕES CURRICULARES e V COLÓQUIO LUSO BRASILEIRO, 2010, Cidade do Porto. Livro de trabalhos. Portugal: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, 2010.

(18)

MARQUES, I. A. Dançando na Escola. São Paulo: Cortez, 2003.

NÓVOA, A. Formação de professores e profissão docente. In: _____. Os professores

e a sua formação. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1995. p. 15-33.

NUNES, J. A. Movimento Ritmo Dança. In: GODOY, K. M. G. & ANTUNES, R. C. F. S. (orgs.). Dança Criança na Vida Real. São Paulo. Instituto de Artes da Unesp, 2008. PIMENTA, R. A. Dança: difusão e discussão – Um projeto social na cidade de São

Paulo. São Paulo: UNESP, 2008. Dissertação (Mestrado em Artes) Instituto de Artes,

Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2008.

RENGEL, L. Dicionário Laban. São Paulo: Annablumme, 2003.

SÁ, I.R; GODOY, K. M. A. Oficinas de Dança e Expressão Corporal para o Ensino

Fundamental. São Paulo. Cortez Editora, 2009.

SÃO PAULO, Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Proposta Curricular

do Estado de São Paulo. Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. São

Paulo: SEE, 2008.

SCHON, D. A. Educando um profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

SCHON, D. A. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA, A. Os

professores e a sua formação. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1997.

SGARBI, F. Entrando na dança: reflexos de um curso de formação continuada para professores de Educação Infantil. São Paulo: UNESP, 2009. Dissertação (Mestrado em Artes), Instituto de Artes, Universidade Estadual Paulista, 2009.

Referências

Documentos relacionados

Pela sociedade do nosso tempo: para que as pessoas não se deixem vencer pela tentação do ateísmo, do consumismo e do hedonismo, mas se esforcem por construir a vida de

Ninguém quer essa vida assim não Zambi.. Eu não quero as crianças

Atualmente os currículos em ensino de ciências sinalizam que os conteúdos difundidos em sala de aula devem proporcionar ao educando o desenvolvimento de competências e habilidades

a) AHP Priority Calculator: disponível de forma gratuita na web no endereço https://bpmsg.com/ahp/ahp-calc.php. Será utilizado para os cálculos do método AHP

ITIL, biblioteca de infraestrutura de tecnologia da informação, é um framework que surgiu na década de mil novecentos e oitenta pela necessidade do governo

Assim sendo, o objetivo geral deste trabalho é propor um modelo de predição precoce que mapeie o desempenho dos alunos em cursos de nível superior, na modalidade de ensino a

Durante a experiência docente/pesquisadora, ministrando a disciplina Pesquisa, na realização de estudos monográficos, foi-se delineando um método de trabalho inspirado no estudo

Este estudo, que tem como objetivo a investigação do imaginário de estudantes de Psicologia sobre o primeiro atendimento clínico, insere-se num