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(a) O ap.e discorda da absolvição do pedido de despejo. (b) Da sentença recorrida:

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______________________________________________________________________ PN 309.05-5; Ap.: TC Matosinhos 1.º J ( ) Ap.e ______________________________________________________________________

Acordam no Tribunal da Relação do Porto

I- Introdução

(a) O ap.e discorda da absolvição do pedido de despejo. (b) Da sentença recorrida:

(1) O A. criou intencionalmente a invocada necessidade de habitação, situação essa que exclui o direito de denuncia que o mesmo pretende exercer, art. 109 RAU.

(2) Por outro lado, e tendo até em conta o critério que deverá ser considerado para preenchimento do requisito necessidade para sua habitação, forçoso será concluir, pelas características mesmas dos imóveis em causa, ao passo que fracção N melhores condições de habitabilidade garante, não necessitar o A. do prédio despejando.

(3) … é inelutável a condução do A. por litigância de má-fé…: 8 UC de multa e €560,00 de indemnização a favor dos RR.

II- Matéria Assente

1 Adv. Dr.: 2 Adv. Dr.:

(2)

(1) Mostra-se registada a favor do A …. a aquisição do prédio urbano destinado a habitação, com dois pavimentos na Rua Silva Brinco, 334/338, São Mamede de Infesta, Matosinhos, insc. mat. art. 196.

(2) O A. adquiriu o prédio através de compra e venda a , outorgada a escritura publica em 72.02.08…

(3) Desde 1972 que o A. é proprietário legítimo, tendo a posse e domínio do referido prédio, com conhecimento de toda a gente, sem lesar direitos alheios: posse publica, pacifica e titulada de há quase 30 anos.

(4) O A. emigrou par a o Canadá, onde já se encontra desde 1967.

(5) Por contrato verbal, 73.07.10 o A. deu de arrendamento a um andar no prédio referido pelo período de um ano.

(6) Por contrato escrito, com efeitos a partir de 05.74, e também pelo prazo de um ano cedeu o uso e fruição do R/C desse mesmo prédio ao R marido, para habitação: renda então fixada de PTE 1900$00 mensais.

(7) O arrendado era composto por dois quartos, cozinha, sala e casa-de- banho.

(8) A mulher do A, , faleceu em 99.02.06. (9) O A. vendeu a residência que possuía no Canadá, em 28.03pp.

(10) O 1.º andar do prédio do A. está locado a há mais tempo que soa RR.

(11) O R/C do dito prédio satisfaz as necessidades de habitação do A.

(12) Em 93.11.08, o A. ainda casado com , intentou contra os RR e contra e mulher acção de desp ejo em que pediu a denúncia dos contratos de arrendamento celebrados com os dois casais.

(13) Tal acção de despejo teve o n.º 378/93, do 3.º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Matosinhos.

(14) Foi julgada improcedente no saneador por falta do requisito do art. 71/1 b. RAU.

(15) A renda actual do R/C habitado pelos RR encontra-se fixada actualmente em € 35,58 mensais.

(16) O R. vive e reside, actualmente, na Rua Almirante Reis, 22 3.º Dto., São Mamede de Infesta, Matosinhos.

(3)

(17) Foi dono do prédio onde reside até 92.12.113, data em que foi transmitido em favor de.

(18) Antes de emigrar par a o Canadá, em 1967, o A. esteve emigrado em França.

(19) O A. regressou definitivamente a Portu gal acerca de 4 anos, aqui pretendendo acabar os seus dias.

(20) A filha do A. adquiriu por escritura pública à irmã a casa onde vive o A., 96.08.26.

(21) O A. não tem, n a área da Comarca de Matosinhos, casa próp ria ou arrendada p ara além do prédio onde se situa o andar dado de arrendamento aos

RR.

(22) O A. continua a r esidir na Rua Almirante Reis, 22 3.º Dto., São Mamede de Infesta, Matosinhos.

(23) Residência que também foi da sua falecida mulher desde 90.07.31, data em que a adquiriram, até 1998, e quando se deslocavam a Portugal em gozo de

férias.

(24) Em 92.12.17, o A. e outor garam em escritura de compra venda da mesma em favor da filha e genro.

(25) encontram-se radicados no Canadá há mais de 20 anos, onde constituíram família, nasceram os seus filhos: ai têm uma vida familiar e profissional completamente estabelecida.

(26) O A. e venderam aquela casa onde residiam à filha

e ao genro com intenção de criar relativamente às suas pessoas, a necessidade do arrendado.

(27) Aqueles, sua filha e genro, nenhum intuito têm de regressar definitivamente a Portugal.

(28) De igual modo, quanto a outra filha do A. cc e filha destes de 9 anos de idade.

(4)

(29) A filha tem relações amistosas como A.: este vive naquele andar referido, com a área coberta de 120 m2 e descoberta de 150 m2: habitação plenamente satisfatória para as suas necessidades habitacionais.

(30) Os RR efectuaram no início de 08.01 diversas obras de conservação e beneficiação R/C arrendado.

(31) Obras essas consistentes na colocação de tijoleira em todas as divisões, no arranjo e pintura das paredes interiores e respectivos tectos e na

substituição da canalização da cozinha e da casa-de-banho.

(32) Tais obras, orçadas na quantia de PTE 700 000$00 +IVA, foram aceites pelos RR e totalmente custeadas por estes.

III- Cls/alegações

(a) Devem ter-se por não escritas as respostas ao s quesitos que versam matéria de direito ou são conclusivas: é de factos que se provem que se extrai a

conclusão de o A ter criado ou não intencionalmente a necessidad e da casa para habitação.

(b) E não se pode dizer, nem concluir que foi criada intencionalmente a necessidade de habitação, quando alguém vende um andar em 1992 e só intenta esta acção de despejo passados 10 anos, em 2002.

(c) Diferente de não ter provado que não possui casa própria ou arrendad a há mais de um ano e ter ficado provado o dolo da necessidade de casa própria.

(d) De qualquer modo, o recorrente n ão pode residir com estabilidade numa habitação que pertence ás filhas, logo se dê como se deu como prov ado ter sido emigrante no Canadá, onde já se en contrav a desde 1967 e que regressou definitivamente ao país há 4 anos, tudo sobre o ponto de vista da data da sentença, 04.06.05.

(e) Um emigrante, quando regressa ao país natal tem que viver nalgum lugar

e, se vive sempre no mesmo enquanto decorre esta acção, não é por isso que beneficia de estabilidade residencial: continua anão ter casa própria ou

arrendada; não cria intencionalmente o facto de necessitar da casa.

(f) Com efeito, depois de ter vendido a casa da Rua Almirante Reis e ter perdido a acção de despejo, regressou ao Canadá onde sempre estev e emigrado

(5)

(g) Logo demonstrou intenção de não ficar no Canadá ao vender a casa própria que lá possuía.

(h) Ora, tudo isto são circunstâncias supervenientes que não se coaduna com

a venda que fez daquela em 1992: ninguém de bom senso vende uma casa, para, passados 10 anos, pedir casa própria para ele; nem sequer é razoável que se criem intencionalmente factos para serem utilizados a 10 anos de vista.

(i) Falta-lhes sim, a mediação e previsibilidade notória, enquanto não é verdadeiramente possível dar como provados factos a que depõ em

testemunhas que nunca tiverem qualquer contacto com as pessoas visadas, como sucedeu neste caso.

(j) Para além de tudo, não é possível considerar de má-fé quem tudo esclareceu quanto à situação f actual em termos p atrimoniais não só na PI como na resposta à contestação.

(k) Enfim, a interpretação das normas jurídicas cabe aos mandatários e não às partes, e mesmo uma interpretação mais ousada não é geradora de má-fé quando, pelo menos, não entorpeceu a acção da justiça, como neste caso em que o visado é o A.

(l) Para haver má-fé é necessário dolo intencional e grave com adulteração de factos e negação da verdade conhecida: não é o caso.

(m) Deve portanto, ser a sentença recorrida revogada e substituída por outra que julgue a acção procedente, mal interpretados os art. 456, 511/1, 646/4 CC

e art.s. 71, 109 RAU, podendo e devendo as respostas aos quesitos alteradas ao abrigo do art. 714/1 b. CPC.

IV- Contra-alegações

(1) O ape., em depoimento de parte confessou: (i) a habitação da Rua Almirante Reis constitui a residência actual que têm; (ii) desde 90.07.31, data em que a adquiriu foi utilizada por ele e pela mulher, falecid a, sempre que se deslocavam a Portugal, nas férias; (iii) em 92.12.17, o casal transmitiu-a à filha , mas que se encontrava e encontra radicada no Canadá

com o marido e filhos; (iv) e o genro do A. nunca tiveram o intuito de regressar definitivamente a Portugal e tem relações amistosas com

(6)

descoberto, habitação que naturalmente satisfaz todas as suas necessidades de habitação.

(2) Em suma: é inquestionável que o ap.e vive de há vários anos a esta parte e com carácter de estabilid ade numa casa com 3 quartos, sala comum, cozinha,

3 casa-de-banho, dispensa, para além de um terraço e dois lugares de garagem, como se vê do documento de registo predial junto aos autos.

(3) E comparando tal situação com as condições de habitabilidade do arr endado, vê-se bem a disparidade entre uma e outra casa: é improvável a necessidade, requisito da procedência do pedido.

(4) Por fim, actuação do ap.e desde fins de 1992 até hoje, demonstra inequivocamente que, não tendo obtido vencimento na acção de desp ejo inicial, se colocou de propósito numa situação de falsa necessidade, vendendo a r esidência que tem, primeiro à filha que depois a transmitiu a , ambas radicadas no Canadá.

(5) E de qualquer modo, nem sequer alegou quaisqu er factos de onde se pudesse concluir pela exigência da proprietária da fracção no sentido de a desocupar.

(6) Foi justamente condenado como litigante de má-fé, apenas pecando por defeito a decisão recorrida.

(7) Portanto, deve ser inteiramente confirmada a decisão de 1.ª instância.

V- Recurso: pronto para julgamento nos termos do art. 705 CPC

VI- Sequência

(a) O recorrente critica n as respostas aos quesitos matéria de direito ou conclusiva que há-de dar lugar a serem consideradas as respostas como não escritas: porventura tem razão em múltiplos aspectos, mas que não têm de ser pormenorizados.

(b) Com efeito, existe no provado uma sólida estrutura meramente factual de apoio à decisão recorrida, independentemente desses juízos e, por assim dizer,

dessa contaminação normativa: a residência que o A. mantem, ainda que na casa de uma das filhas, ausente e radicada no estrangeiro, sobretudo

considerados os seus 120m2 e terraço de 150m2, elide de todo uma possibilidade séria, encarada, de necessidade habitacional.

(7)

(c) E de qualquer modo, a simples cedência gratuita tão estável e natural deve, sem dúvida, ser tida aqui como igual, pelo menos, a ter casa de arrendamento… mas a situação vive, na realidade, paredes-meias com o artifício enganoso.

(d) Por tudo isto, é de confirmar a sentença de 1.ª instância no que diz respeito à negação do despejo. Outro problema, diferente, será determinar se o A. tem de ser condenado como litigante de má-fé.

(e) Ora, é aqui que a prudência manda examinar o caso do ponto de vista das

representações subjectivas dos mais velhos, chegada a idade da reforma e a angústia dos últimos tempos: nem sequer já as casas das filhas são seguras!

(f) Não podendo nem devendo, de um ponto de vista objectivo, ser aceite a crueza deste quadro, não pode deixar também de se lhe fazer concessão no âmbito e alcance das decisões e sua justificação peculiar, onde aqueles fantasmas estão efectivamente presentes, segund o a ex periência dos casos da vida.

(g) Portanto, parece não poder dizer-se tão simplesmente que houve litigância de má-fé, visível a contradição dos acontecimentos, vincada numa posição processual holística em contra ponto com o depoimento de parte cooperativo.

(h) Assim sendo, vistas as disposições legais citad as na decisão recorrida, art. 69/1 a. e 71/1 a. e 109 RAU vai esta sustentada, excepto quanto à condenação do A. como litigante de má-fé, revogada.

VII- Custas: pelo ap.e, sucumbente.

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