• Nenhum resultado encontrado

DINÂMICA DO NITROGÊNIO EM LARANJEIRAS JOVENS CULTIVADAS EM SOLUÇÃO NUTRITIVA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "DINÂMICA DO NITROGÊNIO EM LARANJEIRAS JOVENS CULTIVADAS EM SOLUÇÃO NUTRITIVA"

Copied!
12
0
0

Texto

(1)

DINÂMICA DO NITROGÊNIO

EM LARANJEIRAS JOVENS

CULTIVADAS EM SOLUÇÃO NUTRITIVA

TATIELE ANETE BERGAMO FENILLI,2,*, ANTONIO ENEDI BOARETTO1,5, JOSÉ ALBERTINO BENDASSOLLI3,5, PAULO CÉSAR OCHEUZE TRIVELIN3,5

e TAKASHI MURAOKA4,5

RESUMO

O objetivo do trabalho foi estudar a absorção do nitro-gênio da solução nutritiva por laranjeiras jovens e a translocação e redistribuição do N absorvido. Para estudar a dinâmica do nitrogênio, transplantaram-se mudas de laranjeiras para solu-ção nutritiva completa. Os tratamentos foram constituídos por quatro períodos de marcação com 15N (primavera, verão,

outo-no e inverouto-no) e cinco repetições. No primeiro tratamento, colocaram-se laranjeiras jovens em solução nutritiva contendo nitrato de amônio enriquecido no 15N, onde permaneceram

durante toda a primavera e, no final desse período, colheram--se cinco plantas. A parte nova, constituída pelos órgãos que se desenvolveram durante o período de marcação com 15N, foi

separada da parte velha da planta, em ramos e folhas e, ainda, em flores e frutos, quando havia. A parte velha foi separada em folhas, caule e raiz. Adotou-se o mesmo procedimento nos de-mais tratamentos, sendo o delineamento experimental inteira-mente casualizado. O N total e a razão isotópica foram deter-minados por espectrometria de massas. Na primavera e no verão, a maior parte do N absorvido da solução nutritiva foi translocado para as partes novas (folhas e ramos) e diluído com o N das reservas prévias das plantas. No outono e no inverno, a

1USP/CENA, Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas, Caixa Postal 96, 13400-970 Piracicaba (SP). 2Bolsista da FAPESP. *Autor correspondente. E-mail: tatiele@cena.usp.br

3USP/CENA, Laboratório de Isótopos Estáveis.

(2)

maior parte do N da solução nutritiva foi translocado para as partes velhas das plantas (folhas, ramos e raízes) e diluído nas reservas de N existente nesses órgãos. A redistribuição do N absorvido foi mais intensa no outono e no inverno.

Termos de indexação: 15N, citros, absorção de nitrogênio,

translocação de nitrogênio.

SUMMARY

NITROGEN DYNAMICS IN YOUNG ORANGE TREES GROWN IN NUTRIENT SOLUTION

The objective of this study was to evaluate the absorp-tion of 15N from nutrient solution by young orange trees and

the translocation and the redistribution of the absorbed N. To study the dynamics of the nitrogen, young orange trees were transplanted to a complete nutrient solution. The treatments were constituted by four periodsof 15N labeling (spring,

sum-mer, autumn and winter) and five replicates. In the first treat-ment, the young orange trees were grown during the spring in the nutrient solution containing ammonium nitrate labeled with

15N. Five plants were picked at the end of the period. The new

part, which was developed during the 15N labeling period, was

separated from the other part (old part) in branch and leaf, and also in flower and fruit whenever they existed. The old part was separated in leaf, stem and root. This same procedure was followed in the other treatments. The experimental design was completely randomized. The total N and the isotope ratios 15N/ 14N were determined by mass spectrometry. It was verified that

in the spring and summer periods most of the N absorbed from the nutrient solution was translocated to the new parts (leaves and branches) and it was diluted with N of the previous re-serves of the plants. In the autumn and winter periods the larger part of N of the nutrient solution was translocated to the old parts of the plants (leaves, branches and root) and was diluted with existing N reserves of these organs. The redistribution of absorbed N was more intense in the autumn and in the winter. Index terms: 15N, citrus, nitrogen uptake, N translocation.

(3)

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, o Brasil é o maior produtor mundial de laranja, com mais de 18 milhões de toneladas métricas, seguido pelos Estados Unidos e pelo México. No Brasil, o líder na produção de laranja é o Estado de São Paulo, que detém cerca de 73% da área total colhida e 83% da produção que é des-tinada, na sua maior parte, à industrialização de suco, do qual mais de 95% é exportado (FNP Consultoria & Comércio, 2002).

A adubação nitrogenada é de grande importância para a cultura de citros, pois é importante fator no aumento da produtividade de frutos (BOARETTO et al., 1999). A exigência de N pela laranjeira é grande, apresentando, contudo, grande capacidade para armazenamento e posterior redistribuição do N dos ór-gãos mais velhos para os mais novos (TOMÁS et al., 2001).

Uma característica a observar na nutrição de plantas perenes é a ca-pacidade de armazenagem de compostos nitrogenados em determinados órgãos e sua redistribuição de acordo com o ciclo de crescimento (MORE-NO & GARCÍA MARTÍNEZ, 1984). Geralmente, o N é absorvido durante o crescimento vegetativo, e redistribuído durante o desenvolvimento dos ór-gãos no estádio de crescimento reprodutivo (FEIGENBAUM et al., 1987).

Estudos sobre ciclagem do N em sistemas agrícolas são importantes para melhorar a eficiência da adubação nitrogenada e minimizar suas perdas. O uso de fertilizante enriquecido em 15N permite estudar a ciclagem

do N na planta. Pesquisas sobre absorção, transporte e redistribuição de N por laranjeiras, utilizando fertilizante enriquecido em 15N, mostraram que o

N encontrado em órgãos novos (folhas, flores e frutos) era proveniente principalmente das reservas de N das folhas velhas, dos ramos, do caule e da raiz (CALOT et al., 1984; LEGAZ & PRIMO-MILLO, 1984; DASBERG, 1987; FEIGENBAUM et al., 1987).

Experiências com 15N mostraram que aproximadamente 70% do

nitro-gênio acumulado nos ovários e nos frutos em desenvolvimento provém do N das reservas, principalmente das folhas e raízes, de acordo com CALOT et al. (1984). Segundo esses autores, órgãos novos em desenvolvimento preci-sam de maior quantidade de N em conseqüência da divisão celular e síntese de proteínas.

(4)

Segundo DASBERG (1987), mesmo em plantas que receberam altas doses de N, mais de 80% do N contido nas partes mais novas era proveniente das reservas da planta (raízes, tronco e folhas mais velhas), ou seja, somente em torno de 20% do N contido nas partes novas era oriundo do fertilizante. O objetivo deste trabalho foi caracterizar a absorção, a translocação e a redistribuição do nitrogênio em laranjeiras jovens, variedade ‘Pêra’, duran-te o primeiro ano após o transplantio das plantas para solução nutritiva.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido em casa de vegetação no Centro de Energia Nuclear na Agricultura, da Universidade de São Paulo (CENA/USP), no Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas. Utilizaram-se mudas de laranjeira da variedade ‘Pêra’ [Citrus sinensis (L.) Osbeck] sobre limoeiro ‘Cravo’ (C. limonia Osbeck) cultivadas em solução nutritiva.

Os tratamentos foram constituídos por quatro períodos de marcação com 15N (primavera, verão, outono e inverno) e cinco repetições, sendo o

delineamento experimental inteiramente casualizado. Antes do início da marcação com 15N, cinco plantas foram colhidas e separadas em raiz, caule e

folhas, para servirem de testemunhas. Nas demais plantas, a parte aérea, já existente nas laranjeiras antes de iniciar o período de marcação das plantas com o 15N, foi identificada com barbante para possibilitar a sua separação da

parte que cresceu a partir da aplicação da solução com 15N até a colheita das

plantas.

Para fazer a marcação das plantas iniciais (tratamento 1) com o 15N,

transplantaram-nas para solução nutritiva de SARRUGE (1975), cuja con-centração dos nutrientes era, em mg L-1: 224 N, 31 P, 117 K, 200 Ca, 48 Mg,

64 S, 0,5 B, 0,5 Mn, 0,05 Zn, 0,02 Cu, 0,01 Mo, 5,0 Fe e 533,2 Cl. Do início até o final da estação, as plantas receberam a solução nutritiva completa, adicionando-se 224 mg L-1 de nitrogênio na forma de 15NH

4 15NO

3 marcado

nas duas fontes de N, igualmente, com enriquecimento de 15N de 4,285 de

átomos em excesso. Às plantas que receberam 15N nas outras estações do

(5)

Após o período de marcação das plantas com 15N, colheram-se as

cinco repetições de cada tratamento. A parte nova, ou seja, aquela que se desenvolveu durante o período de marcação com 15N, foi separada do

restan-te da planta, sendo dividida em ramos e folhas, e também em flores e frutos, quando havia. O restante da planta, já existente antes do período de marca-ção com 15N, foi separado em folhas, partes lenhosas e raízes. Pesaram-se e

secaram-se as diferentes partes em estufa a 65 ºC até peso constante. A se-guir, as amostras foram devidamente moídas e analisadas. Nessas, determi-naram-se a concentração de N e a razão isotópica 15N/14N em espectrômetro

de massas da Europa Scientific, modelo ANCA-SL descrito por Mulvaney (1993) e Barrie & Prosser (1996), no Laboratório de Isótopos Estáveis, CENA/ USP. Na solução nutritiva, determinou-se o teor de nitrogênio na forma de amônio e nitrato, de acordo como o método descrito por TEDESCO et al. (1995).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 encontram-se os resultados de produção da massa de material seco (MS) das diferentes partes das plantas testemunhas (colhidas antes de iniciar os tratamentos) e das plantas dos tratamentos correspon-dentes às quatro estações do ano.

FR – –000 –000 12,8 ± 6,8 9,5 ± 3,30 FL – –000 –000 5,1 ± 6,7 7,3 ± 4,80 FN – 24,9 ± 8,428,7 ± 9,3 7,9 ± 6,9 17,5 ± 6,00 RN – 5,4 ± 1,3 5,2 ± 1,7 2,1 ± 0,0 2,9 ± 1,10 FV 12,4 ± 1,3 15,5 ± 1,7 24,0 ± 4,6 46,8 ± 4,7 62,3 ± 20,8 RVC 10,7 ± 2,6 21,7 ± 1,2 30,8 ± 2,3 43,3 ± 2,8 88,5 ± 29,8 R 28,0 ± 2,1 38,9 ± 4,0 42,4 ± 4,2 53,0’± 3,6 92,8 ± 25,7

Tabela 1. Massa de material seco (MS) das plantas testemunhas e das plantas dos períodos correspondentes à primavera, ao verão, ao outono e ao inverno

1FR - frutos; FL - flores; FN - folhas novas; RN - ramos novos; FV - folhas velhas; RVC - ramos velhos e caule; R - raízes.

2Média de cinco repetições ± desvio padrão.

Massa de material seco 2

Testemunha Primavera Verão Outono Inverno

g Órgão da

(6)

Em relação à distribuição do peso de MS nas diferentes partes da plan-ta, observou-se que, em média, na primavera e no verão, 40% da MS era constituída por folhas, 35% por raízes e 25% pelas partes lenhosas (caule e ramos). No outono e no inverno, aproximadamente 33% de MS era cons-tituída pelas raízes, 33% pelas partes lenhosas e 33% pelas folhas, flores e frutos. LEGAZ & PRIMO-MILLO (1984) relataram, em experimento com laranjeiras de quatro anos, valores de MS de 35, 42 e 23% para raízes, tronco e folhas respectivamente.

A MS acumulada em cada período foi calculada, subtraindo-se o valor de massa seca de cada parte no início do período (final do período anterior) do valor no fim do período considerado – Figura 1.

Figura 1. Acúmulo estacional de massa seca (g planta-1) das diferentes partes das

plantas: raízes (R); ramos velhos e caule (RV e C); folhas velhas (FV); ramos novos (RN); folhas novas (FN); flores (FL) e frutos (FR).

(7)

Pela Figura 1, observa-se que o crescimento maior das raízes se deu no inverno, sendo quatro vezes maior em relação à média de acúmulo de massa seca das raízes nas outras estações. O caule e os ramos tiveram também maior desenvolvimento no inverno, quase cinco vezes maior em relação às demais estações. Nas folhas velhas, já existentes no início de cada estação, houve pouco acúmulo de massa seca nas estações posteriores. As folhas novas se desenvolveram, principalmente, na primavera e no verão, quase o dobro do acúmulo de MS do que no outono e no inverno, pois nessas estações os órgãos reprodutivos (flores e frutos) eram o dreno principal.

A Tabela 2 mostra o acúmulo de N nos diferentes órgãos da laranjeira e, através dela, pode-se observar que nos finais dos períodos estudados as maiores reservas de N estavam nas raízes e folhas velhas. LEGAZ & PRI-MO- -MILLO (1984) observaram que folhas de laranjeiras com quatro anos continham a maior quantidade de N, seguidas pelas raízes e pelo tronco. Folhas velhas e raízes também foram as maiores reservas de N encontradas por LEGAZ et al. (1995).

Ainda pela Tabela 2, pode-se verificar que maior quantidade de N total foi acumulada em folhas, sendo que na primavera e no verão, maior acumulação ocorreu em folhas novas e, no outono e no inverno, em folhas velhas. De forma geral, aproximadamente 57% do N foi encontrado nas folhas, flores e frutos, 28% nas raízes e 15% nos ramos.

FR –0 –0 –0 0,38 0,33 FL –0 –0 –0 0,23 0,27 FN –0 1,141,13 0,39 0,79 RN –0 0,13 0,10 0,06 0,07 FV 0,27 0,540,66 2,18 2,79 RVC 0,15 0,240,29 0,73 1,36 R 0,19 0,91 0,75 1,40 2,20

Tabela 2. Acúmulo de N nos órgãos da planta, no início da primavera (testemunha) e no fim de cada período estacional

1FR - frutos; FL - flores; FN - folhas novas; RN - ramos novos; FV - folhas velhas; RVC - ramos velhos e caule; R - raízes.

2 Média de 5 repetições.

Testemunha Primavera Verão Outono Inverno

g planta-1

N 2

Órgão da planta1

(8)

Na Figura 2, verifica-se que o N-nitrato de amônio da solução nutri-tiva absorvido pelas raízes foi translocado na primavera e no verão para órgãos novos (FN principalmente) e no outono e no inverno, para os ór-gãos velhos (FV sobretudo), o que sugere aumento de N nas duas reservas nesses períodos.

Figura 2. Quantidade do N da solução nutritiva (%) recuperado nas diferentes partes das plantas: raízes (R); ramos velhos e caule (RV e C); folhas velhas (FV); ramos novos (RN); folhas novas (FN); flores (FL) e fruto (FR) ao fim de cada período estacional.

A recuperação pela planta do N da solução nutritiva para primavera, verão, outono e inverno foi de 81, 81, 96 e 98% respectivamente. Pode-se afirmar que as laranjeiras, em todas as estações, tiveram suprimento adequa-do de N, pois o menor teor de N encontraadequa-do nas folhas foi de 27,6 g kg-1, e a

faixa de teor adequado na folha, de 23 a 27 g kg-1, embora sejam padrões

estabelecidos para laranjeiras em produção (RAIJ et al., 1996). Desse total, durante a primavera e o verão, as folhas novas acumularam maior

(9)

quantida-de quantida-de N da solução nutritiva, cerca quantida-de 37 e 38% respectivamente, e no outono e no inverno, a recuperação foi maior em folhas velhas, que acumularam cerca de 30% do N da solução nutritiva. MATTOS JUNIOR et al (2003), estudando a absorção e translocação do 15N em laranjeira ‘Hamlin’ com

cinco anos durante a primavera, encontrou recuperação do 15N do fertilizante

em folhas novas ao redor de 22 a 38%, comparado com folhas velhas, que acumularam 7 a 12%. LEGAZ et al. (1995) também encontraram maior quan-tidade de 15N acumulado em folhas, aproximadamente 42% do total de 15N

absorvido. Segundo os autores, o N é acumulado nas folhas velhas durante o outono e o inverno, sendo a principal fonte de N na primavera.

Sabendo-se quanto do N da solução nutritiva foi recuperado nas plan-tas, e a quantidade de N-total acumulada nas planplan-tas, pode-se determinar o N-endógeno (N já existente na planta, ou N de reserva), e o N-exógeno, que é o absorvido no período (N absorvido da solução nutritiva). Sendo o N endógeno aquele já existente na planta (que diluiu o N exógeno), o N-endógeno que aparece nas partes novas é o N que foi redistribuído das outras partes da planta. A Tabela 3 apresenta o N-endógeno e o N-exógeno nos órgãos da laranjeira nos períodos estudados.

FR –0 –0 –0 –0 0,17 0,21 0,22 0,11 FL –0 –0 –0 –0 0,10 0,13 0,16 0,11 FN 0,23 0,91 0,20 0,93 0,13 0,26 0,41 0,38 RN 0,03 0,10 0,02 0,08 0,02 0,040,040,03 FV 0,27 0,27 0,33 0,33 1,42 0,76 2,05 0,74 RV e C 0,10 0,140,12 0,17 0,45 0,28 1,01 0,35 R 0,34 0,57 0,27 0,48 0,71 0,69 1,49 0,71 Total 0,97 1,99 0,941,99 3,03 2,35 5,39 2,42

1FR - frutos; FL - flores; FN - folhas novas; RN - ramos novos; FV - folhas velhas; RVC - ramos velhos e caule; R - raízes.

2N

en = N-endógeno e Nex = N-exógeno; 3Média de 5 repetições.

Tabela 3. Quantidade de N-endógeno e N-exógeno nos órgãos da laranjeira no final dos períodos estacionais

Conteúdo de nitrogênio2

Primavera Verão Outono Inverno

Órgão da planta1 Nen3 N ex 3 g planta-1 3 Nen3 N ex 3 N en 3 N ex 3 N en 3 N ex 3

(10)

Pela Tabela 3, constata-se, novamente, que as maiores reservas de N em todos os períodos foram nas folhas velhas; durante a primavera e o verão, porém, observa-se maior acúmulo do N da solução nutritiva em folhas novas. Já no outono e no inverno, verifica-se que pouca quantidade de N absorvido da solução nutritiva foi translocado para órgãos novos, e que folhas velhas nesses períodos acumularam N e, ao mesmo tempo, o redistribuíram para os outros órgãos.

Na primavera e no verão, cerca de 80% do N presente nos órgãos no-vos provinha da solução nutritiva e, o restante, das demais partes da planta, principalmente folhas velhas. No outono e no inverno, houve maior distri-buição do N da solução nutritiva entre os órgãos. No final do inverno, órgãos novos receberam cerca de 40% de N da solução nutritiva e cerca de 50-60% do N veio redistribuído dos demais.

Na Tabela 4, encontram-se os resultados de nitrogênio determinado na forma de amônio e nitrato na solução nutritiva utilizada para o cultivo da laranjeira nos diferentes períodos estacionais.

N-NH4+ (mg vaso-1) 9,86 9,55 5,23 6,16

N-NO3- (mg vaso-1) 135,30 32,03 130,16 38,30

N-NH4+ + N-NO 3

- (mg vaso-1) 145,16 41,58 135,38 44,46

N absorvido pelas plantas, % 81,00 81,00 96,00 98,00

N restante nos vasos*, % 5,89 1,69 5,49 1,81

Tabela 4. Quantidade de N-NH4+ e N-NO 3

- na solução nutritiva ao término de cada

período estacional (média de cinco repetições)

Obs: Quantidade de N aplicado: 2.464 mg vaso-1.

* Porcentagem de N restante nos vasos = (média amônio + nitrato x 100)/N aplicado na solução nutritiva.

Primavera Verão Outono Inverno

Pelas médias dos resultados de N-NH4+ e N-NO 3

-, apresentados na

Tabela 4, e, considerando as quantidades de N absorvido pelas plantas nos diferentes períodos estacionais, verifica-se que na primavera e no verão, parte do N não foi encontrado. Provavelmente, as plantas dos tratamentos primavera e verão absorveram mais N da solução nutritiva do que foi encon-trado, e que esse N possivelmente, tenha sido perdido por volatilização na

(11)

forma de NH3 pela parte aérea da cultura, na proporção de 13% e 17% respectivamente. As plantas em crescimento podem perder N na forma de amônia, pelas folhas, como já é sabido desde o início do século 20 (MENGEL & KIRKBY, 1987). A perda ocorre quando a concentração de NH3 na atmos-fera está abaixo do ponto de compensação de amônia da planta, fazendo com que ocorra a emissão de amônia pela folhagem.

4. CONCLUSÕES

1. A maior parte do N absorvido na primavera e no verão foi translocado para a parte nova (folhas e ramos), mas no outono e no inverno o N absor-vido concentrou-se na parte velha da planta.

2. A redistribuição do N absorvido foi mais intensa no outono e no inverno.

AGRADECIMENTOS

Ao CENA pela infra-estrutura, ao Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas, pelo apoio na execução deste estudo, ao Laboratório de Isótopos Estáveis, pelas análises de 15N, e à FAPESP, pelos recursos financeiros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRIE, A. & PROSSER, S.J. Automated analysis of light-element stable isotope ratio mass spectrometry. In: BOUTTON, T.W.; YAMASAKI, S. (Ed.) Mass spectrometry of soils. New York: Marcel Dekker, 1996. p.1-46.

BOARETTO, A.E.; SHIAVINATTO-NETO, P.; MURAOKA, T.; OLIVEIRA, M.W. & TRIVELIN, P.C.O. Fertilização foliar de nitrogênio para laranjeira em está-gio de formação. Scientia Agricola, v.56, n.3, p.621-626, 1999.

CALOT, M.C.; GUERRI, J.; LEGAZ, F.; CULIÁÑEZ, F.; TADEO, J.L. & PRIMO-MILLO, E. Seasonal changes in nitrogen and protein content in organs of Va-lencia Late (C. sinensis (L.) Osbeck), young trees. Proceedings of the International Society of Citriculture, v.1, p.233-240, 1984.

DASBERG, S. Nitrogen fertilization in citrus orchards. Plant and Soil, v.100, p.1-9, 1987.

(12)

FEIGENBAUM, S.; BIELORAI, H.; ERNER, Y. & DASBERG, S. The fate of 15N

labeled nitrogen applied to mature citrus trees. Plant and Soil, v.97, p.179-187, 1987.

FNP CONSULTORIA & COMÉRCIO. Agrianual 2001: Anuário estatístico da agri-cultura brasileira. - São Paulo, 2002.

LEGAZ, F. & PRIMO-MILLO, E. Influence of flowering, summer and autumn flushes on the absorption and distribution of nitrogen compounds in citrus. Proceedings of the International Society of Citriculture, v.1, p.224-233, 1984.

LEGAZ, F.; PRIMO-MILLO, E.; PRIMO-YUFERA, E.; GIL, C. & RUBIO, J.L. Nitrogen fertilization in citrus.ÄI. Absorption and distribution of nitrogen in calamondin trees (Citrus mitis Bl.) during flowering, fruit set and initial fruit development periods. Plant and Soil, v.66, n.3, p.339-351, 1982.

LEGAZ, F.; SERNA, M.D. & PRIMO-MILLO, E. Mobilization of the reserve N in citrus. Plant and Soil, v.173, p.205-210, 1995.

MENGEL, K. & KIRKBY, E.A. Principles of plant nutrition. 4 .ed. Bern: International Potash Institute, 1987. 687p.

MATTOS JUNIOR, D.; GRAETZ, D.A. & ALVA, A.K. Biomass distribution and 15-nitrogen partitioning in citrus trees on a sandy Entisol. Soil Science Society of American Journal, v.67, p.555-563, 2003.

MORENO, J. & GARCÍA-MARTÍNEZ, J.L. Nitrogen accumulation and mobilization in Citrus leaves throughout the annual cycle. Physiologia Plantarum, v.61, p.429-434, 1984.

MULVANEY, R.L. Mass spectrometry. In: KNOWLES, R.; BLACKBURN, T.H. Nitrogen isotope techniques. San Diego: Academic Press, 1993. p.11-57. RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A. & FURLANI, A.M.C. (Ed.).

Re-comendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. Campinas: Instituto Agronômico e Fundação IAC, 1996. 285p. (Boletim técnico, 100.) SARRUGE, J.R. Soluções nutritivas. Summa Phytopathologica, v.1, n.3,

p.231-233, 1975.

TEDESCO, M.J.; GIANELLO, C.; BISSANI, C.A.; BOHNEN, H. & VOLKWEISS, S.J. Análise de solo, plantas e outros materiais. 2.ed. Porto Alegre: UFRGS, Departamento de Solos, 1995. 174p. (Boletim técnico, 5.)

TOMÁS, J.C.; MENINO, M.R.; CARRANCA, C.; FERNANDES, M.L.; NEVES, M.J. & VARENNES, A. Resposta de jovens laranjeiras ‘Lane Late’ à adubação azotada, por fertirrega, na campina de faro. Oeiras, Portugal: Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, 2001. 10p. (Documento interno da Estação Agronômica Nacional - INIA.)

Referências

Documentos relacionados

a elaboração de um estudo sobre a efetividade das Escolas Famílias Agrícola no Amapá e suas reais contribuições para o desenvolvimento sustentável nas comunidades ,

Para isso, as plântulas foram cultivadas em vasos de polietileno contendo somente solução nutritiva (tratamento controle) ou solução nutritiva com NaCl a 50, 100, 150 e

Figura 7 – Teores de carboidratos solúveis em folhas (a) e raízes (b) de plantas de girassol (Helianthus annuus L.) cultivadas em solução nutritiva, em função de

Fonte: Produção nossa Segundo Machado (2004) o Geoplano é um material didático-pedagógico dinâmico e manipulativo que contribui na exploração de problemas geométricos e

O s modelos de cristalização de raízes, caules, folhas, flores e sementes de 3 cultivares de feijoeiro e para diferentes idades de plantas de solução nutritiva foram

Nas folhas inferiores das plantas cultivadas em solução nutritiva deficiente em po- tássio ou em cálcio, os teores de fósforo foram mais elevados do que nas de plantas do

A maior ocorrência de indicativo de depressão entre idosos da comunidade está associada à maior faixa etária, ao sexo feminino, à inexistência de companheiro, à baixa

O presente trabalho contribui para a análise da história da colonização alemã no Brasil, Santa Catarina e em especial no Alto Vale do Itajaí, além de analisar