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ROGÉRIO FERREIRA DA COSTA AVALIAÇÃO DAS CONDIÇOES E DAS PRÁTICAS DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA DOS TÉCNICOS EM RADIOLOGIA, SEGUNDO A PORTARIA 453

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ROGÉRIO FERREIRA DA COSTA

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇOES E DAS PRÁTICAS DE PROTEÇÃO

RADIOLÓGICA DOS TÉCNICOS EM RADIOLOGIA, SEGUNDO A PORTARIA 453

GOIÂNIA 2012

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RESUMO

Os profissionais em radiologia sofrem exposição de corpo inteiro a baixas doses por longos períodos. O sistema de proteção radiológica deve manter as exposições abaixo dos limiares recomendados, evitando, assim, os efeitos estocásticos, que podem ser desencadeados com qualquer valor nível de dose, não existindo um limiar para a indução dos mesmos. Por isso é fundamental o uso de dosímetro individual para a monitoração de doses e equipamento de proteção individual. O aumento de procedimentos que utilizam radiações ionizantes nos últimos anos tem sido observado com preocupação, já que muitas empresas não se adequaram as normas de proteção. Isto ocorre porque alguns procedimentos podem ser realizados sem a necessidade de cirurgia, que apresenta maior risco para o paciente. Além disso, os brasileiros estão sendo expostos sem necessidade à radiação. As razões vão desde equipamentos radiológicos descalibrados e funcionários mal treinados. Assim avaliamos as condições e as práticas de proteção radiológica dos técnicos em radiologia segundo a portaria 453 na cidade de Goiânia. Através de uma pesquisa de caráter descritivo com uma abordagem quantitativa, utilizou-se a técnica de coleta de informações baseada num questionário elaborado para este fim. A partir desse questionário, buscou-se conhecer os procedimentos de proteção radiológica utilizado pelos profissionais e concluímos que há falhas nos procedimentos de proteção de pacientes e acompanhantes e no treinamento dos profissionais.

Palavras-chave: efeitos estocásticos, radiações ionizantes, proteção radiológica, portaria 453.

INTRODUÇÃO

A produção de raios-X característico ocorre quando um elétron energético colide com um átomo do alvo e arranca um dos seus elétrons mais internos, deixando um buraco nessa camada. Um dos elétrons mais externos se desloca para preencher a lacuna e, nesse processo o átomo emite um fóton de raios-X característico1.

Os raios-X de frenagem são produzidos quando elétrons são acelerados através de uma diferença de potencial V e dentro do alvo tungstênio eles são desacelerados até o repouso devido à atração coulombiana com o núcleo positivo do átomo. Ao ser desacelerado a energia cinética do elétron é transformada em raios-X que é irradiado para fora da região de colisão. Assim todos os elétrons desacelerados dentro da ampola podem contribuir para o espectro contínuo dos raios-X de fretamento (bremmstrahlung). Os raios-X de frenagem é de grande relevância na produção da imagem em exames radiográficos1.

O uso de raios-X para exames se baseia na absorção diferencial dos tecidos. Assim ossos e cartilagem absorvem mais que músculos e tecido adiposo e vísceras. Certas partes dos sistemas biológicos podem ser artificialmente opacificadas com o uso dos raios-X, através do

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uso de contrastes. Esses compostos são radiopacos, possuem pouca transparência aos raios-X, e quando injetados ou ingeridos, dão o contraste necessário2.

Os vasos sanguíneos são radiotransparentes, mas a injeção de substância contendo altas concentrações de iodo na molécula permite a visualização desses vasos, na técnica conhecida como angiografia2.

Os raios-X gerados por frenagem possuem energias dentro de uma faixa contínua e não são monoenergéticos. Por isso usa-se filtro que consiste em uma placa de alumínio ou cobre, para absorver os raios-X moles que aumentaria a dose de radiação no paciente.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam a irradiação termina instantaneamente com o desligamento do emissor. Os efeitos das radiações nos seres vivos e que podem persistir por anos.

Os efeitos das radiações em seres vivos podem ser classificados em dois grupos: os efeitos estocásticos e os efeitos não estocásticos. Os efeitos estocásticos são aqueles que podem ser desencadeados com qualquer valor nível de dose não existindo um limiar para a indução dos mesmos e a probabilidade de ocorrência aumenta com o aumento da dose. Já os efeitos não estocásticos são aqueles que se manifestam quando a dose ultrapassa a dose limite de indução do dano e a severidade do dano aumenta com o aumento da dose3.

As radiações interagem com as células e provocam ionizações e excitações moleculares que constituem as mesmas. Essas moléculas podem receber a energia das radiações diretamente (efeito direto) ou por transferência de outra molécula (efeito indireto). Como as células são constituídas basicamente de água, por radiólise há produção de espécies reativas de oxigênio os chamados radicais livres oxigênio que são substâncias nocivas às células4.

Os profissionais em radiologia sofrem exposição de corpo inteiro a baixas doses por longos períodos de exposição. De um modo geral, a irradiação no corpo todo de forma aguda, com doses acima de 0,25 Gy, pode provocar: anorexia, náuseas, vômito, prostração, diarréia, conjuntivite, eritema, choque, desorientação, coma e morte. Tais sintomas são denominados de Síndrome Aguda da Radiação (SAR).

Efeitos a longo prazo podem ser observados quando indivíduos são expostos a doses baixas por um longo período de exposição, manifestando-se anos mais tarde. É necessário enfatizar que nenhuma enfermidade é associada ou caracterizada como doença da radiação, o que se verifica é um aumento da probabilidade do aparecimento de doenças já conhecidas e existentes3.

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O sistema de proteção radiológica deve se empenhar em manter as exposições abaixo dos limiares recomendados, evitando-se, assim, os efeitos estocásticos, já que os efeitos biológicos produzidos pela radiação são cumulativos. Por isso é fundamental o uso de dosímetro individual para a monitoração de doses e equipamento de proteção individual (EPI) adequado5.

Para os fins de aplicação das normas regulamentadoras, considera-se EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. Todo EPI, de fabricação nacional ou importada, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação (CA), expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) ao qual cabe fiscalizar a qualidade dos equipamentos. Eles devem estar disponíveis gratuitamente e em boas condições de uso nos serviços de radiodiagnóstico, e os profissionais da equipe de saúde devem estar aptos a utilizar e conservar de forma adequada esses equipamentos6.

Os EPIs devem ser utilizados nos seguintes casos:

1) O profissional que estiver com qualquer parte do corpo exposto ao feixe primário, deve utilizar avental com no mínimo 0,5 mm equivalente de chumbo;

2) O profissional e o acompanhante para se proteger da radiação espalhada deve fazer uso de avental com pelo menos 0,25 mm equivalente de chumbo;

3) A não ser que tais blindagens degradem informações importantes,o paciente quando os órgãos mais radiosensíveis, estiverem até 5 cm do feixe primário, deve utilizar proteção com pelo menos 0,5 mm equivalente de chumbo;

4) Em exames radiológicos em leitos hospitalares ou ambientes coletivos de internação. Os pacientes que não puderem ser removidos devem ser protegidos da radiação espalhada, por uma barreira de corpo inteiro, com no mínimo, 0,5 mm equivalentes de chumbo; ou, posicionados de modo que seu do corpo não esteja a menos de 2 m do cabeçote ou do receptor de imagem7.

A radiação secundária ou espalhada é a fonte principal de irradiação dos profissionais. Aventais de chumbo com 0,5 mm de espessura podem interceptar até 98% da radiação secundária e com 0,25 mm detêm até 96%, protegendo as gônadas e cerca de 80% da medula óssea ativa. Os protetores de tireóide podem reduzir a exposição da glândula em até 10 vezes. As luvas cirúrgicas plumbíferas, que são comercializadas, possuem um fator de atenuação contra a radiação que varia de 5 a 20%, dependendo do modelo8. Além dos equipamentos listados acima, todo equipamento de fluoroscopia deve possuir cortina ou saiote plumbífero,

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inferior e lateral, assim como biombos ou anteparos móveis de chumbo, com espessura não inferior a 0,5 mm equivalentes de chumbo para proteção do operador contra a radiação espalhada pelo paciente 3,8,9,10,11.

As vestimentas plumbíferas em nenhum momento devem ser dobradas e quando não estiverem em uso devem ser mantidas em superfície horizontal ou em suporte apropriado, pois, ao se dobrar, o revestimento de chumbo pode fraturar e violar o sistema de radioproteção 5,9

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Raramente uma falha de proteção das vestimentas plumbíferas pode ser detectada visualmente e que as mesmas devem passar pela fluoroscopia anualmente para verificação de sua integridade. Ao não se utilizar os EPI plumbíferos durante os exames de cateterismo vascular, o profissional aumenta a dose de exposição por um fator de 10 ou mais8. Mediram a dose efetiva recebida pela glândula tireóide de médicos, e concluíram que as doses eram 10 vezes para caso daqueles que trabalhavam sem proteção de chumbo12.

O aumento na quantidade, no tipo e na complexidade dos procedimentos intervencionistas que utilizam radiações ionizantes nos últimos anos tem sido observado com preocupação por muitos pesquisadores, já que muitas empresas não se adequaram as normas de proteção radiológica13. Isto ocorre porque alguns procedimentos terapêuticos podem ser realizados sem a necessidade de cirurgia, que apresenta maior risco para o paciente14. Um exemplo desse aumento é a prática do cateterismo cardíaco, neste procedimento a fluoroscopia é utilizada para colocação de cateteres centrais e marcapassos temporários, e o seu uso prolongado aumenta o risco de exposição à radiação ionizante para o médico e seus assistentes15. Além disso, pesquisas mostram que os pacientes brasileiros estão sendo expostos sem necessidade à radiação em exames de raios-X e tomografia. As razões vão desde os exames feitos sem necessidade a equipamentos radiológicos descalibrados e funcionários mal treinados sobre a dose de radiação mais adequada.

O problema é global e afeta principalmente países com níveis elevados de tratamento de saúde, segundo relatório da ONU divulgado em Genebra16. Assim avaliamos as condições e as práticas de proteção radiológica dos técnicos em radiologia segundo a portaria 453 na cidade de Goiânia.

OBJETIVOS

1- Quantificar o uso de avental plumbíferos em acompanhantes.

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acompanhantes.

3- Verificar o conhecimento dos profissionais com relação às normas de proteção radiológica com relação ao uso de proteção para pacientes e acompanhantes.

4- Detectar a existência de EPIs nas empresas de radiodiagnóstico.

5- Quantificar o uso de protetores plumbíferos em órgãos mais radiosensíveis de pacientes. 6- Verificar a existência de EPIs para órgãos mais radiosensíveis de pacientes.

7- Quantificar o uso de protetores plumbíferos no uso de raios-X móveis em ambientes coletivos.

8- Detectar a existência de programas de treinamento.

MATERIAL E MÉTODO

Essa é uma pesquisa de campo, de caráter descritivo, com uma abordagem quantitativa. Nessa pesquisa queremos e compreender o significado da ação humana e não apenas descrevê-la, utilizando a técnica de coleta de informações baseada num questionário com perguntas fechadas, elaborado para este fim e que foi entregue e recolhido pessoalmente. A partir desse questionário, avaliamos as práticas de proteção radiológica e as condições de trabalho oferecidas a esses profissionais. O universo desta pesquisa são os técnicos em radiologia que atuam no município de Goiânia. A Associação dos Técnicos em Radiologia por meio de oficio da Universidade Estadual de Goiás - UEG nos forneceu esse número de técnicos e através de uma expressão estatística determinamos o tamanho amostra.

Foram feitas 4 perguntas a 79 profissionais de radiologia sobre a sua atuação com relação à proteção radiológica no ambiente de trabalho, segundo a portaria 453, e os resultados aqui apresentados possui uma incerteza de 10 %. A escolha dos participantes de pesquisa foi aleatória, podendo estes pertencer ao serviço público ou privado independentemente do sexo ou idade.

Os dados colhidos nos questionários foram tabulados para serem analisados, sendo os resultados organizados em gráficos no programa Microsoft Excel 2003.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A presença de acompanhantes durante os procedimentos radiológicos somente é permitida quando sua participação for imprescindível para conter, confortar ou ajudar pacientes. E esta atividade deve ser exercida apenas em caráter voluntário e fora do contexto

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da atividade profissional. Além disso, durante as exposições, é obrigatória, aos acompanhantes, a utilização de vestimenta de proteção individual compatível com o tipo de procedimento radiológico e que possua, pelo menos, o equivalente a 0,25 mm de chumbo9. O Gráfico 1 traz os resultados referentes ao uso de avental plumbífero em acompanhantes.

Gráfico 1 – Uso do avental plumbífero para acompanhantes.

Segundo8 a utilização dos EPIs é de fundamental importância para reduzir as exposições, pois absorvem até 98% da radiação secundária. Dessa forma trazem mais qualidade e segurança ao serviço. Apenas 55% dos entrevistados utilizam rotineiramente EPIs em acompanhantes, isso mostra que uma grande parcela de profissionais não estão preocupados com a exposição dos acompanhantes o que nos leva a crer que existe falhas nos procedimentos de fiscalização interna das empresas. Já aproximadamente 3% utilizam avental apenas quando o acompanhante permite, isto é, o profissional oferece o equipamento, mas se houver recusa ele permite a presença do mesmo no ambiente radiológico no momento do procedimento sem a proteção adequada. Segundo o observado, isto pode estar ocorrendo por dois motivos o primeiro é o excesso de trabalho que certas empresas impõem ao profissional o que dificulta parar alguns minutos para convencer o acompanhante a fazer uso do avental e o

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segundo motivo é a dificuldade conceitual que muitos profissionais possuem de explicar ao acompanhante e convencê-lo da importância do uso do EPIs para a sua proteção. Outros 22% disseram que utilizam avental nos acompanhantes apenas quando eles exigem. É obrigação do profissional oferecer equipamento de proteção individual ao acompanhante quando o mesmo participar do procedimento radiológico9, se o profissional não oferece o dispositivo, então ele não cumpre a norma, o que permite a exposição desnecessária destes indivíduos. Quase 12 % dos entrevistados disseram que só utilizam avental nos acompanhantes quando o procedimento requer uso. Não existe nas normas de proteção radiológica nenhum tipo de procedimento que exclua o uso de EPIs para acompanhantes, assim sendo, seu uso é obrigatório independente da técnica utilizada. Nenhum profissional relatou a escassez e ausência de EPIs no ambiente de trabalho para a proteção de acompanhantes e nem dificuldade em ter acesso a eles, isto é, as empresas possuem esse tipo de dispositivo de proteção. A falta de conhecimento e consciência é que muitas vezes é o fator que dificulta a utilização dos mesmos.

De acordo com as diretrizes de proteção radiológica deve-se colocar blindagem adequada, nos orgãos mais radiosensíveis tais como gônadas, cristalino e tireóide, quando por necessidade eles estiverem diretamente expostos ao feixe primário de radiação ou até 5 cm dele, a não ser que tais blindagens excluam ou degradem informações diagnósticas importantes. O gráfico 2 tem os resultados da verificação do uso de protetores plumbíferos em órgãos mais radiosensíveis de pacientes.

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Gráfico 2 – Você usa equipamentos de proteção para limitar essa exposição?

De acordo com o gráfico 2, 57% dos entrevistados utilizam blindagens para proteger os orgãos mais radiosensiveis. Quase 5 % dos técnicos disseram que não há necessidade, pois a dose é pequena. Os efeitos das radiações em seres vivos podem ser classificados como estocásticos, quando são desencadeados com qualquer nível de dose, não existindo um limiar para a indução dos mesmos e a probabilidade de ocorrência aumenta com o aumento da dose3. Por isso, do ponto de vista da proteção radiológica não existe uma dose tão pequena que não seja capaz de induzir um dano. Além disso, os aventais de chumbo podem interceptar até 98% da radiação, protegendo as gônadas8. E assim limitar a indução de efeitos estocásticos17.

Existem empresas que não disponibilizam EPIs para a proteção de órgãos mais radiosensíveis como tireóide e gônadas no procedimento radiológico18. Aventais de chumbo podem interceptar até 98 % da radiação secundária incidente19. Nossa pesquisa mostrou que 30% dos profissionais disseram que não utilizam protetores porque as empresas não possuem esses dispositivos. Sabe-se que a falta de investimentos em equipamentos de proteção e a ausência de controle periódico demonstram a desatenção dada ao uso das radiações ionizantes no Brasil5. Esse resultado nos mostra que existe falha na fiscalização da existência desses EPIs dentro das empresas de radiodiagnóstico ou esses equipamentos não são disponibilizados aos profissionais para serem utilizados em pacientes nos procedimentos.

Na realização de exames radiológicos com equipamentos móveis em leitos hospitalares, ou ambientes coletivos de internação os pacientes que não puderem ser removidos do ambiente devem ser protegidos da radiação espalhada por uma barreira protetora de no mínimo 0,5 mm equivalentes de chumbo ou serem posicionadas a uma distância mínima de 2m do cabeçote ou do receptor de imagem9. O gráfico 3 nos traz os resultados da verificação do uso de avental plumbífero em pacientes nos ambientes coletivos de internação.

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Gráfico 3 – Utiliza avental plumbífero em acompanhantes quando os mesmos participam do procedimento radiológico?

Em nossa pesquisa, 38% dos entrevistados disseram que não utilizam aventais plumbíferos em pacientes quando os procedimentos são realizados em ambientes coletivos de internação e não afastam os mesmos a uma distância mínima de 2 m do cabeçote ou do receptor de imagem9. Outra pesquisa mostrou que procedimentos radiológicos são realizados em ambientes coletivos sem a utilização da barreira blindada e sem o devido afastamento dos demais pacientes e acompanhantes do equipamento de raios X18. Isso mostra a falta de segurança no uso de radiações ionizantes em ambientes coletivos, pois uma dessas medidas poderia reduzir a dose consideravelmente8. A proteção radiológica do paciente se constituiu na dimensão mais crítica, com valores de adequação muito baixos em um grande número de serviços13. O que acaba gerando exposição de forma deliberada sem que haja uma justificativa9. Isso pode estar relacionado à falta de conhecimento das normas de proteção e/ou falta de estrutura das empresas que não disponibilizam equipamentos de segurança na quantidade certa para realização de exames 18, 20, 21.

A fim de tentar adequar o uso das radiações ionizantes às normas estabelecidas neste regulamento, com o propósito de manter as exposições abaixo dos limites recomendados9. Pesquisas recentes vêm sustentar que é de grande relevância avaliar os serviços sob os critérios das diretrizes de proteção radiológica18 e que a necessidade de se manter uma

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educação permanente com os profissionais que se expõem à radiação ionizante22 e um maior conhecimento e obediência às normas de proteção radiológica aumentaria a proteção do paciente e profissional21.

No Brasil é indispensável o treinamento da equipe de saúde ocupacional de toda indústria onde fontes radioativas, abertas ou seladas, são manipuladas, incluindo-se aí instalações de saúde20, 21, já que, há deficiência no controle periódico com relação ao uso das fontes de radiação. Assim perguntamos aos profissionais de radiologia se eles tinham participado de algum treinamento sobre proteção radiológica. Os resultados estão apresentados no gráfico 4.

Gráfico 4 – Você já participou de palestra ou treinamento sobre proteção radiológica?

Os resultados apresentados no gráfico 4, mostram que 76% dos entrevistados nunca participaram de nenhum treinamento sobre proteção radiológica. No entanto, o treinamento anual por parte das empresas está previsto na portaria 453 9. Acreditamos que muitas empresas não fazem questão de oferecer um treinamento aos seus técnicos, pois, tem receio que essas informações, possam gerar cobranças e assim onerar de alguma forma o serviço, provocando redução de ganhos.

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CONCLUSÕES

1- Apenas 55% dos entrevistados utilizam rotineiramente EPIs em acompanhantes.

2- Existem falhas nos procedimentos de fiscalização interna das empresas, pois os acompanhantes participam dos procedimentos sem a proteção adequada.

3- Alguns profissionais desconhecem as normas de proteção radiológica para a exposição de acompanhantes, por isso não protegem corretamente os envolvidos nos procedimentos que envolvem radiações ionizantes.

4- As empresas possuem EPIs para serem utilizados nos acompanhantes, o que mostra que também falta a conscientização do profissional, já que muitos não utilizam.

5- Apenas 58% dos entrevistados utilizam EPIs em órgãos mais radiosensíveis no procedimento radiológico.

6- Algumas empresas não disponibilizam ou não possuem EPIs para a proteção de órgãos mais radiosensíveis, o que mostra que existe falha na fiscalização da existência desses EPIs dentro das empresas de radiodiagnóstico.

7- Quase 38% dos entrevistados executam procedimento incorreto nos exames com raios-X em ambientes coletivos de internação, o que traz insegurança nos exames realizados neste tipo de ambiente.

8- Quase 76 % dos entrevistados nunca participaram de programas de treinamento anual de proteção radiológica, o que mostra que há falhas nos programas de treinamento de profissionais no campo da proteção radiológica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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