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Nº PORTO ALEGRE A C Ó R D Ã O

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Academic year: 2021

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CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. NOTÁRIOS E REGISTRADORES. INTERINOS. TETO REMUNERATÓRIO. ART. 37, XI, CF/88.

Nenhuma diferença ontológica há quanto à natureza e caráter da atividade desenvolvida entre titulares e interinos, nas delegações notariais e registrais, sempre presente delegação de função pública a particular, insubmissa, por isso, ao teto remuneratório de que trata o art. 37, XI, CF/88, já que, rigorosamente, está-se diante de receita empresarial e não bem remuneração laboral.

MANDADO DE SEGURANÇA

ÓRGÃO ESPECIAL

Nº 70053960001

PORTO ALEGRE

LEONARDO SELBACH

IMPETRANTE

PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE

JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

COATOR

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

INTERESSADO

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Desembargadores integrantes do Órgão Especial

do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em conceder a segurança.

Custas na forma da lei.

Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes

Senhores DESEMBARGADORES GUINTHER SPODE (PRESIDENTE),

ARNO WERLANG, NEWTON BRASIL DE LEÃO, RUI PORTANOVA,

JORGE LUÍS DALL'AGNOL, JAIME PITERMAN, IVAN LEOMAR BRUXEL,

LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS, IRINEU MARIANI, ELAINE HARZHEIM

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MACEDO, AYMORÉ ROQUE POTTES DE MELLO, ORLANDO HEEMANN

JÚNIOR, ALEXANDRE MUSSOI MOREIRA, ANDRÉ LUIZ PLANELLA

VILLARINHO, CARLOS CINI MARCHIONATTI, CLÁUDIO BALDINO

MACIEL, CARLOS EDUARDO ZIETLOW DURO, GLÊNIO JOSÉ

WASSERSTEIN HEKMAN, VANDERLEI TERESINHA TREMEIA KUBIAK,

TÚLIO DE OLIVEIRA MARTINS, ISABEL DIAS ALMEIDA, ALTAIR DE

LEMOS JÚNIOR E EDUARDO UHLEIN.

Porto Alegre, 10 de junho de 2013.

DES. ARMINIO JOSÉ ABREU LIMA DA ROSA, Relator.

R E L A T Ó R I O

DES. ARMINIO JOSÉ ABREU LIMA DA ROSA (PRESIDENTE E

RELATOR)

– A início, adoto a suma constante do parecer do Dr.

Procurador-Geral de Justiça:

“Trata-se de mandado de segurança impetrado por LEONARDO

SELBACH contra ato do PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Informa o impetrante que é Oficial

Designado dos Serviços Registrais da Comarca de Três Coroas e que seu direito líquido e certo à percepção da integralidade dos emolumentos decorrentes de sua atividade profissional estaria sendo violado pelo Ato n.º 005/2013-P da Presidência do Tribunal de Justiça. Sustenta que o referido ato disciplina a limitação do teto remuneratório e a prestação de contas dos Substitutos (interinos) Designados para o exercício de função delegada em Serventias extrajudiciais vagas no Estado do Rio Grande do Sul, nos termos do parágrafo 2º do artigo 39 da Lei n.º 8.935/94, no sentido de que a

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respectiva remuneração não será superior a 90,25% (noventa vírgula vinte e cinco por cento) dos subsídios dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, em respeito ao disposto no artigo 37, inciso XI, da Constituição Federal. Destaca, ainda, que dito ato determinou que os Substitutos Designados, sujeitos à limitação remuneratória, após o cômputo das despesas previstas em seu artigo 2º, deverão depositar, até o dia dez do mês subsequente ao de competência, a sobra de caixa identificada, em conta específica para tal finalidade, em nome do Poder Judiciário, excetuando seus efeitos tão somente aos associados da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (ANOREG), que assim figurassem ao tempo da liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do Mandado de Segurança n.º 29.039/DF, na data de 27 de setembro de 2010. Ressalta que seu direito líquido e certo à percepção da integralidade dos emolumentos arrecadados independe de ser ou não associado da Associação dos Notários e Registradores do Brasil, uma vez que diz respeito à própria atividade notarial e de registro, volvendo-se a todos que exerçam essa atividade, ainda que de modo transitório. Esclarece que o ato objeto do feito consubstancia, ainda, violação ao disposto no artigo 236, caput, da Constituição Federal, bem como ao artigo 28 da Lei n.º 8.935/94. Requereu a concessão de liminar para os fins de sustar os efeitos do ato n.º 005/2013-P da lavra do Desembargador 005/2013-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado, de molde a desobrigar o impetrante de proceder ao depósito determinado, e, no mérito, pela concessão da segurança, com a desconstituição definitiva do ato coator, reconhecendo o direito líquido e certo do impetrante a perceber, na íntegra, os emolumentos pagos pelos tomadores dos serviços prestados na Serventia, por não incidência, na espécie, da regra no artigo 37, inciso XI, da Constituição Federal de 1988. Juntou documentos (fls. 02-55).

A medida liminar foi deferida (fls. 59-60), não tendo sido interposto qualquer recurso desta decisão, conforme certidão da fl.158.

O Presidente do Tribunal de Justiça, notificado, encaminhou suas informações, firmadas pelo Exmo. Sr. Corregedor-Geral da Justiça, esclarecendo que, em 09 de junho de 2009, o Conselho Nacional de Justiça publicou a Resolução n.º 80/2009, declarando a vacância dos serviços notariais e de registro ocupados irregularmente e que, em julho de 2010, o mesmo Conselho expediu o Ofício-Circular nº 25/CNJ/COR/2010, determinando a aplicação do teto remuneratório à remuneração do responsável por serviço extrajudicial que não estivesse classificado entre aqueles regularmente providos, tendo o Tribunal Estadual dado início às medidas para cumprimento dessa determinação. Todavia, com o advento da decisão liminar no Mandado de Segurança n.º 29.039/DF, foi sobrestada a efetivação dos atos na Corte Estadual, com comunicação ao Conselho Nacional, que, não obstante, continuou cobrando a fiscalização da aplicação do teto aos interinos não beneficiados pela liminar, razão pela qual a Administração do Tribunal de Justiça do Estado, em que pese entender que a medida abrangeria todos os interinos, deliberou dar seguimento aos

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procedimentos anteriores para conferir efetividade à determinação do Conselho Nacional, culminando com a edição do ato objurgado (fls. 69-70). Juntou documentos (fls. 71-154).

Devidamente cientificado, o Procurador-Geral do Estado deixou de se manifestar, nos termos da certidão da fl. 158.”

Acrescento pronunciar-se parecer pela suspensão do

processo, no aguardo do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal do

mandado de segurança acima referido.

É o relatório.

V O T O S

DES. ARMINIO JOSÉ ABREU LIMA DA ROSA (PRESIDENTE E

RELATOR)

– Primeiro, não é caso de suspensão do processo, ausente

qualquer uma das hipóteses contempladas em o art. 265, CPC.

Quanto ao mérito, torno a reiterar razões constantes da

decisão deferitória da liminar.

Em síntese, a condição de interino não interfere com a

natureza da atividade exercida, que continua atrelada à dicção do art. 226,

CF/88, tal como colocado, com todas as letras, na decisão antecipatória

lançada no MS nº 29.039-DF, GILMAR MENDES. Certo, registre-se, pende

agravo regimental quanto à mesma, mas nem por isso resta diminuída a

força dos argumentos dela constantes.

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Ou seja, a razão decisória, fundada na indistinção entre

titulares e interinos, repercute também em relação a quem não é associado

da entidade impetrante.

Se em relação aos associados da ANOREG sua exclusão da

deliberação do CNJ decorre por força de efeito decisório, já relativamente a

quem a ela não integra o alcance se dá como decorrência lógica e jurídica

do teor decisório.

Não bastasse tal, há de se convir ser inerente ao exercício da

atividade privada

– ainda que em delegação –, a remuneração assente nos

emolumentos, modo integral, ausente alguma situação subjetiva que se

possa enquadrar em o art. 37, XI, CF/88.

Ao que acrescento ser imprópria a atração da baliza do art. 37,

XI, CF/88, peculiar à remuneração laboral, quando, a rigor, o que se tem em

face de notários e registradores, despicienda a condição de titulares ou

interinos, é de receita empresarial.

Distinção que se reflete em variada gama de situações.

Assim, não por outra razão, aliás, submeterem-se tais

delegatários ao ISS sobre receita bruta, banidos da benesse do art. 9º, § 1º,

Decreto-Lei nº 406/68.

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No mais, este Órgão Especial, em decisão recente, por certo

em caráter liminar, outra coisa não manifestou.

Estou julgando procedente o pedido, concedendo a segurança,

afastada a baliza de receita constante do Ato nº 005/2013-P, quanto ao

impetrante.

Custas pelo Estado. Sem honorários advocatícios.

TODOS OS DEMAIS DESEMBARGADORES VOTARAM DE ACORDO

COM O RELATOR.

DES. GUINTHER SPODE - Presidente - Mandado de Segurança nº

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