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Em substratos alcalinos alguns cátions (elementos químicos com carga positiva) são

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Academic year: 2021

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A Importância da Qualidade da Água e as Orquídeas

Daniel Vieira Dias Raquen Raissa Santos

proprietários do Walkeriana & Cia

Conceito de qualidade da água

Os atributos mais importantes para definição de “qualidade da água” são: 1) salinidade e 2) grau de acidez da água ou pH.

1) Salinidade é o total de sais dissolvidos na água e a sua concentração pode ser medida em termos de condutividade elétrica, mais sal, mais condutividade; sem sal, sem

condutividade. A medida da salinidade também é importante para decidir sobre possíveis tratamentos

como deionizadores ou utilização de sistema de osmose reversa (ambos destinados a retirar os sais da água). Os seedlings são mais susceptíveis ao dano causado pela alta salinidade que plantas adultas. Como sintoma principal de alta salinidade a planta tem a aparência de ter sido pouco molhada, ou seja, apresenta-se desidratada. O mecanismo da

desidratação é que a planta perde água pelas raízes para o meio (substrato) que se encontra mais concentrado (com mais sal).

Este assunto será tema de uma próxima matéria. Pela importância e por ser mais didático, o artigo atual enfocará o pH da água e as orquídeas.

2) pH ou concentração de íon hidrogênio é uma expressão do grau de acidez ou

alcalinidade de um composto químico (solo ou substrato) e da solução água - fertilizante por exemplo. A faixa de medida vai de 0 a 14, sendo que o valor 7 é o neutro (não é ácido, nem alcalino). Valor acima de 7 é alcalino e abaixo de 7 é ácido. Os valores são exponenciais, então, o pH de 5, por exemplo, é mais ácido 100 vezes que o pH 7. O mais importante efeito do pH na solução água - fertilizante em qualquer cultura, e a de orquídeas, não foge a regra, é liberar ou reter os nutrientes na água de irrigação. Esta retenção dos nutrientes passa a ser um sério problema quando o pH está abaixo de 5,0 ou acima de 8,0. O pH ideal após a adição do fertilizante é de 6,2 a 6,8. A AOSP recomenda entre 5 e 6. Nesta faixa de pH a orquídea capta melhor os nutrientes no substrato através das suas raízes. Se a planta está em um substrato com pH inadequado ou é irrigado com uma solução água - fertilizante com o pH inadequado podem sobrevir problemas de deficiências ou toxicidades causados por desequilíbrios dos nutrientes:

– O pH muito baixo (muito ácido) Leva à toxidade pelo: Fe, Mn, Zn, Cu Leva à deficiência de: Ca, Mg, Mo – O pH muito alto (muito alcalino) Leva à toxidade pelo: Mo

Leva à deficiência de: Fe, Mn, Zn, Cu e “B”

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precipitados, e elementos como Fe, Mn, Cu e Zn

tornam-se indisponíveis. A acidez ou alcalinidade do substrato é correlacionada com a disponibilidade de nutrientes inorgânicos para o

crescimento vegetal O potencial de acidificação do fertilizante depende da quantidade de ácido fosfórico e nitrogênio a base de nitrato de amônia na mistura do fertilizante. Nos fertilizantes adquiridos no exterior é possível avaliar o potencial de acidificação através do número de “pounds” de carbonato de cálcio necessários para neutralizar uma tonelada do fertilizante. Por exemplo o Peters® Orchid Special 18-18-18 tem um potencial de

acidificação de 597 pounds e o Peters® Peat-Lite Special 20-10-20 tem um potencial de acidificação de 422 pounds de carbonato de cálcio. Fica então fácil saber que o primeiro fertilizante abaixa (acidifica) mais o pH que o segundo fertilizante, pois é necessário uma quantidade maior de carbonato de cálcio para neutralizar o feritlizante. No Brasil já existe esta informação sobre o potencial de acidificação já convertido para unidades internacionais de peso e medidas. Para exemplificar melhor com um fertilizante muito utilizado no nosso meio, o Peters® 20-20-20, seriam necessários 250 Kg de carbonato de cálcio para neutralizar 1000 Kg do fertilizante enquanto com o Peters® 30-10-10 seriam necessários 470,8 Kg de carbonato de cálcio para

neutralizar 1000 Kg do fertilizante. A relação entre a salinidade e pH

Elevado pH resulta geralmente de alta salinidade. Em certas circunstâncias o pH pode ser afetado por certos sais como bicarbonato e

este sal isoladamente ter pouco efeito sobre a salinidade. Com o uso repetido de água rica em bicarbonato o pH do substrato da orquídea aumenta gradativamente a níveis não

aceitáveis. Esta é uma boa razão para transplante das orquídeas, especialmente, seedlings a cada 6 meses em regiões onde existe altos níveis de bicarbonato. Quando a água contém 2 a 4 meq/L (miliequivalentes por litro) de bicarbonato a água poderá ser corrigida com aplicação de fertilizantes ricos em amônia (ex: sulfato de amônia). Água contendo mais que 4 meq/L de bicarbonato pode necessitar de acidificação com ácido sulfúrico ou ácido fosfórico.

Avaliação da água em alguns orquidários de Minas Gerais, Goiás e um dado isolado da água do Japão.

Material e Métodos Amostras

Foram colhidas amostras da água da torneira mais próxima da caixa de fornecimento do orquidário. Não foram utilizadas amostras da própria caixa de adubação do orquidário pelo fato de possíveis alterações do pH devido à presença de resíduos. Quando existente uma segunda opção de água para irrigação das orquídeas como cisternas, poços artesianos, açudes etc... o pH também foi medido. As amostras foram coletadas com copo plástico descartável e o pH medido com peagâmetro digital pH-10 da Corning. O dado isolado da água no Japão foi fornecido pelo Sr. Etsuro Sato.

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Resultados

O pH dos diferentes orquidários variou enormemente nas diferentes cidades e Estados conforme pode ser visto na Tabela 01.

Análise do pH da água em alguns orquidários de diferentes cidades Discussão (comentários)

Como podemos observar a maioria da água que utilizamos possui um pH elevado (alcalino) que pode ser amortizado pelo uso de fertilizantes que contenham principalmente

nitrogênio na forma de Nitrato de Amônia. Mesmo assim, caso a água continue alcalina pode se lançar mão de

nutrientes disponíveis no mercado a base de ácido fosfórico. Essa talvez seja a prática mais cientifica digamos assim que utilizar por exemplo ácido

acético (vinagre) na dosagem de 0,5 ml por litro. Segundo os autores esta posologia é necessária para abaixar o pH de 8 para 6.

O orquidófilo aficionado deve avaliar o pH da água que utiliza, para um cultivo mais racional e de resultados, tanto no crescimento (estado

vegetativo) quanto no florescimento. Consideramos que esta informação é mais importante que o fertilizante por si só. Acreditamos que um bom

fertilizante utilizado sem a correção do pH da água, a planta pouco aproveitará. Enquanto um fertilizante de boa procedência utilizado na dosagem de um quinto ou mesmo um décimo do que recomenda o fabricante, com a correção do pH da água, todo ele será assimilado pela planta.

Qual seria então o melhor adubo? Acredito que cada orquidário teria um fertilizante apropriado ao seu cultivo ou melhor dizendo o melhor fertilizante para a sua água e consequentemente para sua planta. Quando escutamos que a preferência de um determinado orquidófilo é por um adubo 20-20-20 (balanceado), na verdade o termo balanceado é do ponto de vista químico, ou industrial, pode ser que o que seja balanceado para a planta

seja 15-5-15 com Ca e Mg, ou seja, parte da nutrição que a planta necessita pode já existir na água que o orquidófilo utiliza.

Quando pensamos estar perto de uma fórmula mágica, deparamos com um outro item que devemos conhecer com propriedade que é o

substrato. Ele também exigirá atenção especial quando se for adequar a água para adubação. Por exemplo, o xaxim é ácido, e esta acidez parece

aumentar com o tempo, logo a adubação não deveria ser tão ácida com o passar dos anos, por isso alguns vasos nos quais o xaxim é o principal

substrato beneficia-se de adubos orgânicos levemente alcalinos que contenham ,por exemplo, em sua mistura farinha de ossos e/ou ostras. A

situação com a fibra de côco é diferente, pois o substrato é pouco ácido (pH 5,8 a 6,2), neste caso deve-se dar ênfase especial para uma adubação

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deve se fornecer Cálcio e Magnésio suplementar os quais são pouco disponibilizados em pH mais baixos.

A Correção do pH Passo a Passo

Resumindo, faça a avaliação da água que se utiliza no orquidário numa caixa com pelo menos 12 horas de “descanso” para permitir a

evaporação do cloro. O cloro dá uma falsa acidez e sendo volátil esta característica desaparecerá. Adicione o adubo que tenha preferência e

avalie novamente a água. O adubo não deve ultrapassar 100ppm de Nitrogênio para quem aduba diariamente e 150 ppm de Nitrogênio para

quem aduba a cada 15 dias, por exemplo. Caso o pH não alcance o valor desejado faça a correção com ácido fosfórico. Posteriormente, sabendo-se

a quantidade dos produtos e só fazer a repetição das medidas sem necessidade de avaliar novamente o pH todos os dias. Como vimos na

introdução a salinidade é um problema no cultivo de qualquer planta podendo levar a uma aparência de planta desidratada. Para evitar este

efeito com uso diário de adubação é importante uma rega copiosa a cada semana ou quinzenalmente de água pura (sem adubos) para remover o

excesso de sais do substrato.

Caso o orquidófilo faça as correções necessárias para sua água certamente alcançará sucesso, pois a qualidade da água é o principal fator

para qualquer tipo de cultivo.

Didaticamente mostraremos os passos a seguir para realizar as correções diárias necessárias para a solução água/fertilizante:

1) É necessário uma caixa d'água de aproximadamente 100 litros com sistema de irrigação saindo dela, seja manual ou

automatizado.

2) Encha a caixa com a sua água, “da rua”, cisterna, poço artesiano... caso seja água tratada, deixe-a descansar por 12 horas. Para isso

basta deixar a caixa aberta durante a noite. O cloro evapora neste período. 3) Meça o pH da água da caixa.

4) Caso o pH seja ideal ou perto do ideal, utilize adubos em que o nitrogênio seja a base de Nitrato de Cálcio. Caso o pH seja alto

(alcalino) utilize adubos em que a fonte de nitrogênio seja a base de Nitrato de Amônio. 5) Utilize um quinto a um décimo do que o fabricante recomenda, porém, faça a adubação diária. Ex: Peters 20/20/20, 100ppm

diários, seria necessário 0,5 grama por litro d'água. 50 gramas para a caixa de 100 litros. Uitlize de 5 a 10 gramas somente. Caso

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fabricante, porém, “em doses homeopáticas” diárias.

6) Meça novamente o pH da solução água/fertilizante.

7) Se o pH está entre 5,5 e 6,5, a sua solução água/fertilizante já poderá ser utilizada, caso contrário, adicionará aos poucos, em

torno de um 1 ml por vez de ácido fosfórico (P30®, Phos For Us®). Meça novamente o pH. Não atingindo o pH ideal adicione mais 1ml

e assim por diante.

8) Anote seus achados: a) quantos gramas (ou uma colher de sobremesa – aproximadamente 10 gramas ou de chá –

aproximadamente 5 gramas ) ou mililitros (ml) de fertilizante foram utilizados, por exemplo. b) quantos mililitros de ácido fosfórico, medido com seringa plástica, foram adicionados a solução água/fertilizante. Nos dias subseqüentes

não serão mais necessários todas essas medidas. Você terá sua “receita” própria.

Dica: normalmente para quem tem água entre pH 8,0 e 9,0 se beneficia da associação que alcança um total de 10 ml ou 10 g

(adubo + ácido fosfórico). Exemplificando: 7 gramas ou 7 ml de adubo e 3 ml de ácido fosfórico.

O ideal é seguir os passos de 1 a 8 de forma pormenorizada. Para medir o pH, não é necessário investir em equipamentos “caros”.

Utilize o medidor de pH usado para avaliar a água de piscina. Siga as recomendações do fabricante e concentre-se nas cores da faixa inferior da

medida, em torno do pH 6,0. O medidor não mede valores inferiores a este.

Esperamos que com estas orientações todo orquidófilo possa ter um cultivo mais eficiente e de resultados.

Boa sorte. Daniel / Raissa Tabela 1

Referências

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