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Agrotóxicos como fator de risco à saúde e à segurança alimentar

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Agrotóxicos como fator de risco à saúde e à segurança alimentar

Amarilís Thieme Shiroma

1. Introdução

A projeção para 2050 é que a população mundial chegue aos 9 bilhões. Para alimentar essa crescente demanda, a agricultura terá que produzir 70% a mais da produção atual, sendo que o Brasil será responsável por 40% desses 70% necessários.

Devido a sua agricultura tropical, o país é capaz de produzir duas ou até mesmo três safras em um ano agrícola. Porém, são essas mesmas condições climáticas que desafiam os agricultores todos os anos. O clima quente e úmido é favorável ao desenvolvimento de pragas, doenças e daninhas (SAUERESSIG, 2016).

Até recentemente, o controle dessas pragas era visto como um mero detalhe no ecossistema. A agricultura tropical estava focada apenas em aspectos quantitat ivos (produtividade), assim, o surgimento de uma praga induzia apenas no combate através de agrotóxicos que, na maioria das vezes, eram extremamente agressivos aos seres vivos. No momento atual, a agricultura está voltada, além da produtividade, em alime ntos seguros e na sustentabilidade agrícola (PEREIRA, 2006).

No ano de 2008, o Brasil ultrapassou os Estados e Unidos e se tornou o maior consumidor de agrotóxicos. Porém, o alto consumo de agrotóxicos traz grandes impactos na saúde pública e na segurança alimentar, envolvendo a população em geral, ao consumir alimentos contaminados, e, principalmente trabalhadores diretamente envolvidos com agrotóxicos e moradores do entorno de fábricas de agrotóxicos e fazendas (ABRASCO , 2015).

2. Panorama do uso de agrotóxico em relação à segurança alimentar

O Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), coordenado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) analisou entre, 2013

e 2015, 12.051 amostras de 25 alimentos de origem vegetal1 quanto aos níveis de resíduos

de agrotóxicos. Dentre as amostras, 80,3% apresentaram resultados satisfatórios e 19,7%

1 Abacaxi, abobrinha, alface, arroz, banana, batata, beterraba, cebola, cenoura, couve, feijão, goiaba,

laranja, maçã, mamão, mandioca (farinha), manga, milho (fubá), morango, pepino, pimentão, repolho, tomate, trigo (farinha) e uva.

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das amostras foram consideradas insatisfa tórias2, sendo que grande parte (16,7%) foi devido ao uso não autorizado para a cultura analisada.

Figura 1. Resultados das análises de resíduos de agrotóxicos (2013 -2015). Fonte: Anvisa (2016).

Apesar de o PARA analisar apenas resíduos de agrotóxicos de alimentos de origem vegetal, os alimentos de origem animal também podem estar contaminados. Apesar de poucos trabalhos no Brasil nessa área, os resultados são de grande impacto.

Produto Agrotóxicos

encontrados Fonte

Salsicha Organoclorados Bogusz Junior et al, 2004

Queijo Organoclorados Santos et al, 2006

Leite pasteurizado convencional Monocrotofós

Clorpirifós Granella et al, 2013

Leite pasteurizado orgânico Clomazone

Clorpirifós Granella et al, 2013

3. Panorama do uso de agrotóxico em relação à saúde

Entre os anos de 2010 e 2015, o Sistema de Agravos de Notificação (SINAN) notificou 21.266 casos de intoxicação por agrotóxicos de origem agrícola, sendo que aproximadamente 52% (11.032) dos casos de intoxicação não estão relacionados à exposição no trabalho.

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O relatório do PARA de 2013-2015, analisou, pela primeira vez, os alimentos

quanto ao risco de intoxicação aguda3. Dos 25 alimentos analisados, 13 apresentaram pelo

menos uma amostra com potencial risco agudo.

Figura 2. Resultados da análise de risco de intoxicação aguda (2013-2015) Fonte: Anvisa (2016).

Dentre os grupos vulneráveis à exposição ao agrotóxico, destacam-se os trabalhadores que mexem diretamente com o agrotóxico, tanto na produção quanto na aplicação.

Os trabalhadores de fábricas de agrotóxicos, apesar de estarem expostos a elevadas concentrações desses produtos, estão bem protegidos, uma vez que as operações, em sua maioria, são automáticas (ALMEIDA, 1985).

Apesar de ser considerado seguro, o risco de contaminação ainda é alto. A maior ação da Justiça de Trabalho envolveu uma ação coletiva contra a Shell e a Basf por negligência na proteção de seus trabalhadores. Em 1977, a fábrica Shell iniciou suas atividades de produção de agrotóxicos na cidade de Paulínia – SP, sendo produzidos o endrin, aldrin e o processamento de dieldrin, que foram três compostos organoclorados muito utilizados como inseticida entre as décadas de 50 e 70. No ano de 2000, a fábrica foi alienada para a BASF, que encerrou suas atividades no local no ano de 2002.

3 Agravo à saúde 24 horas após o consumo.

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Após diversos estudos comprovando a contaminação ambiental na região da fábrica, no ano de 2007 foi iniciada uma ação coletiva do Ministério Público do Trabalho que pediu a indenização dos trabalhadores da fábrica contaminados pela fábrica de agrotóxicos. Em 2013, as empresas Raízen Combustíveis S/A (Shell) e a BASF S/A foram condenadas a duzentos milhões de reais por danos coletivos, destinados a instituições que atuam na área de pesquisa, prevenção, tratamento e desastres ambientais ocasionados por agrotóxicos. As indenizações por danos materiais individuais totalizaram R$ 83,5 milhões de reais, além da garantia de atendimento médico vitalício de 1.058 vítimas.

Já na área rural, os maiores riscos de exposição aos agrotóxicos, pelos trabalhadores rurais, são durante a manipulação, diluição, mistura e aplicação. Durante a preparação da calda, a principal exposição é via dérmica, enquanto que na aplicação é por inalação (WHO, 2010).

No ano de 2005, o Ministério do Trabalho e Emprego aprovou a “Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura”, também conhecida como NR 31.

O item 31.8, “Agrotóxicos, Adjuvantes e Afins”, apresenta os princípios legais da utilização de forma segura dos agrotóxicos. A norma exige também que todos os trabalhadores expostos diretamente com agrotóxicos devem participar de um curso de capacitação sobre prevenção de acidentes com agrotóxicos.

Porém, segundo o último Censo Agropecuário (2006), 21,3% dos

estabelecimentos responderam que não utilizavam nenhum equipamento de proteção individual (EPI).

Equipamento de Proteção Individual Uso de EPI (%)

Chapéu/ capuz 52,8

Óculos/ proteção facial 29,7

Máscara 52,1

Roupa protetora (macacão) 37,4

Avental/ capa 21,7

Luvas 49,6

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4. Soluções para reduzir os riscos de intoxicação por agrotóxicos

4.1 Fortalecimento da Assistência Técnica e Extensão Rural

Segundo o Censo Agropecuário de 2006, apenas 22,4% dos responsáveis pela aplicação dos agrotóxicos possuíam ensino fundamental completo ou nível de instrução superior. Como as orientações de prevenção e uso de agrotóxicos são de difíc il compreensão, esse fator socioeconômico potencializa o risco de intoxicação e de contaminação de alimentos por pesticidas.

Com o objetivo de promover o desenvolvimento rural sustentável, a Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer) orienta e capacita os agricultores quanto ao uso seguro dos agrotóxicos. Assim, apesar de a extensão rural ser um serviço essencial para o desenvolvimento agrícola, a Asbraer consegue assistir apenas 53% dos agricultores familiares.

4.2 Fiscalização contínua de fábricas de agrotóxicos

Entre os anos de 2009 e 2011, os especialistas da Gerência Geral de Toxicologia (GGTOX/ Anvisa), coordenados pela Gerência de Normatização e Avaliação (Anvisa),

realizaram fiscalizações em 18 empresas de agrotóxicos4, tanto nacionais quanto

multinacionais.

Em todas as fábricas avaliadas foram encontradas irregularidades, sendo a alteração da formulação, o uso de componentes não autorizados, o uso de produto técnico sem identificação de lote e/ou sem identificação de fabricação e o uso de produtos vencidos, as mais comuns. No total foram interditados mais de 11 milhões de litros e mais de 440 mil quilogramas de produtos. A única fábrica que não teve produto interditado foi a de São José dos Campos – SP, pertencente à Monsanto.

4 Arysta LifeScience, BASF S.A., Bayer S.A., Dow Agrosciences Industrial Ltda, Du Pont, DVA Agro,

Empresa Nortox S.A., Fersol Indústria e Comércio S.A., FMC Química do Brasil Ltda, Iharabrás S.A. Indústrias Químicas, Milênia Agrociência S.A., Monsanto do Brasil Ltda, Nufarm Indústria Química e Farmacêutica, Ouro Fino Agronegócio, Prentiss Química, Servatis S.A., Sipcam Isagro Brasil S.A., Syngenta Proteção de Cultivos Ltda.

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A partir dos resultados obtidos nas fiscalizações, observa- se a necessidade de normas específicas no processo produtivo dos agrotóxicos e a continuidade das fiscalizações.

4.3 Fortalecimento das agências reguladoras de agrotóxicos

Para que um agrotóxico seja registrado, a empresa solicitante deve encaminhar três dossiês: agronômico, toxicológico e ambiental, sendo o MAPA, a Anvisa e o Ibama, respectivamente, os responsáveis pela avaliação. Se as três avaliações tiverem pareceres favoráveis, o registro é concedido pelo MAPA.

As três agências possuem, no total, 46 técnicos responsáveis pela regulação dos agrotóxicos, enquanto que, na Divisão de Agrotóxicos da Agência de Proteção Ambienta l (EPA), dos Estados Unidos, há 850 profissionais (PELAEZ et al, 2013).

O registro de um novo ingrediente ativo, nos Estados Unidos, pode chegar a 630 mil dólares, além da taxa anual de manutenção (limite máximo de 20 mil dólares) e taxa de reavaliação de produtos a cada 15 anos (entre 75 e 150 mil dólares). As taxas impostas servem para financiar o trabalho regulatório, cobrindo os custos de avaliação de novos agrotóxicos, além de financiar estudos relacionados ao manejo integrado de pragas e proteção dos trabalhadores (PELAEZ et al, 2013).

Já o sistema regulatório brasileiro é extremamente frágil. Além do corpo técnico reduzido, o registro de um novo ingrediente ativo custa, no máximo mil dólares e é considerado “ad eternum”, ou seja, o registro não possui validade (PELAEZ et al, 2013). Além disso, caso haja a necessidade de reavaliação do agrotóxico, a Anvisa é a responsável por financiar os estudos, que são extremamente onerosos (PELAEZ, 2015).

4.4 Obtenção de produtos de qualidade

Para garantir a obtenção de produtos seguros e de qualidade, a Anvisa (2016) recomenda que os consumidores deem preferência a:

 Produtos rotulados com a identificação do produtor;

 Produtos de rede varejistas que possuem programa de rastreabilidade e controle de qualidade;

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 Alimentos da época;  Produtos certificados.

4.5 Incentivo à pesquisa

É extremamente importante o fomento de pesquisas tanto na área agronômica, quanto nas áreas de segurança alimentar e saúde. Algumas linhas de pesquisa que precisam ser desenvolvidas:

 Manejo integrado de pragas (MIP);

 Desenvolvimento de EPI que tenha conforto térmico;  Resíduos de alimentos em alimentos de origem animal;

 Periculosidade e toxicidade de agrotóxicos já proibidos em outros países.

5. Conclusões

Com o modelo atual de agricultura, baseado na sustentabilidade e na segurança alimentar, a agricultura brasileira tem como desafio reduzir o consumo de agrotóxicos e melhorar o panorama atual de intoxicações e contaminação de alimentos.

Para isso, o Brasil terá que adotar medidas de políticas públicas, como o fortalecimento das agências reguladoras e de fiscalização, além do desenvolvimento da extensão rural.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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agrotoxicos-em-alimentos/219201/pop_up?_101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU_viewMode=print&_10 1_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU_languageId=pt_BR>. Acesso em: 27 nov. 2016. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES RURAIS DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL (Org.). Assistência técnica e extensão rural no Brasil: Um debate nacional sobre as realidades e novos rumos para o desenvolvimento do país. Brasília: Asbraer, 2014. 88p. Disponível em:

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