CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
CURSO DE ODONTOLOGIA
MARCONE MAX DE ARAÚJO RODRIGUES
ANÁLISE COMPARATIVA DE DOIS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA
DISCREPÂNCIA DE MODELO NA DENTADURA MISTA
NATAL - RN
MAIO/2015
ANÁLISE COMPARATIVA DE DOIS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA
DISCREPÂNCIA DE MODELO NA DENTADURA MISTA
Trabalho de conclusão de curso, em formato
de artigo científico (estilo Vancouver),
apresentado como exigência para a obtenção
do título de Cirurgião Dentista à Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, sob orientação do Professor
Dr. Sergei Godeiro Fernandes Rabelo Caldas.
NATAL - RN
MAIO/2015
Rodrigues, Marcone Max de Araújo.
Análise comparativa de dois métodos de avaliação da discrepância de modelo na dentadura mista /Marcone Max de Araújo Rodrigues. – Natal, RN, 2015.
39 f.: il.
Orientador: Prof. Dr. Sergei Godeiro Fernandes Rabelo Caldas.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Odontologia.
1. Ortodontia - Monografia. 2. Ortodontia preventiva - Monografia. 3. Dentição mista - Monografia. I. Caldas, Sergei Godeiro Fernandes Rabelo. II. Título.
RN/UF/BSO Black D46
RN/UF/BSO Black D74
Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”.
DISCREPÂNCIA DE MODELO NA DENTADURA MISTA
MARCONE MAX DE ARAÚJO RODRIGUES
Aprovado em ____/____/_____.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________
Prof. Dr. Sergei Godeiro Fernandes Rabelo Caldas (Orientador)
Especialista em Ortodontia ABO/RN
Mestre em Ciências Odontológicas - Ortodontia UNESP/Araraquara
Doutor em Ciências Odontológicas - Ortodontia UNESP/Araraquara
__________________________________________________
Profa. Dra. Hallissa Simplício Gomes Pereira
Mestre em Ciências Odontológicas - Ortodontia UNESP/Araraquara
Doutora em Ciências Odontológicas - Ortodontia UNESP/Araraquara
__________________________________________________
Profa. Dra. Juliana Barreto Rosa de Sousa
Especialista em Ortodontia UNICSUL
Mestre em Odontologia - Odontopediatria USP
Doutora em Investigação Biomédica USP
1 INTRODUÇÃO ... 6
2 MATERIAIS E METODOS ... 7
3 RESULTADOS ... 9
4 DISCUSSÃO ... 9
5 CONCLUSÃO ... 11
REFERÊNCIAS ... 13
LEGENDA DE FIGURAS...15
FIGURAS...16
TABELAS...21
ANEXOS ... 27
DISCREPÂNCIA DE MODELO NA DENTADURA MISTA
Marcone Max de Araújo Rodrigues1 Sergei Godeiro Fernandes Rabelo Caldas2
RESUMO
Introdução: O objetivo do estudo foi comparar dois métodos de análise da dentadura mista
(Moyers e Tanaka-Johnston) com a finalidade de descobrir se ambos possuem o mesmo grau de previsibilidade. Materiais e Métodos: O estudo foi do tipo transversal e experimental com amostra de 30 modelos de gesso e as medições dentárias foram realizadas por meio de um paquímetro digital com precisão de 0,03mm. Para a calibração do examinador, 10 pares de modelos foram selecionados aleatoriamente e a fidedignidade do processo de mensuração das variáveis foi avaliada por meio do Coeficiente de Correlação Intraclasse (1,00). Os dados foram submetidos ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk e posteriormente aplicado o teste t pareado para o arco superior e o teste de Wilcoxon para o arco inferior, considerando em ambos o nível de significância de 95%. Resultados: Houve diferença estatisticamente significativa entre os dois métodos de avaliação da dentadura mista para o arco inferior (p = 0,011). Contudo, apesar do teste estatístico apresentar significância, esta diferença foi menor que 0,5mm, considerado clinicamente desprezível.No arco superior não foi observado diferença significativa entre os dois métodos de avaliação (p = 0,837). Conclusão: Ambos os métodos possuem a mesma capacidade de previsibilidade de mensuração do tamanho mésio-distal dos caninos, primeiros e segundos pré-molares que irão irromper.
Unitermos: Ortodontia, ortodontia preventiva, dentição mista.
1
Acadêmico do 9º período do Curso de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Natal/RN.
2
Professor Adjunto do Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Natal/RN.
1 INTRODUÇÃO
O período de desenvolvimento da dentição que coincide como o período de transição entre a dentição decídua e permanente é denominado de dentadura mista1. Nesse período, é frequente observar na arcada inferior um apinhamento na região anterior, denominado de apinhamento primário2.
Em muitos casos, essa desarmonia é temporária e tende a se dissolver de modo espontâneo, devido ao aumento da distância intercaninos, migração dos caninos decíduos em direção aos espaços primatas, posição mais vestibular dos incisivos permanentes em relação aos seus antecessores decíduos, crescimento mandibular e aproveitamento do espaço livre de Nance. Contudo, em casos limítrofes, ou seja, na dúvida se o espaço presente será suficiente para acomodar a dentição permanente corretamente, indica-se o emprego da análise de dentadura mista (ADM) para estimar o diâmetro mésio-distal dos dentes permanentes ainda não irrompidos na cavidade oral. Portanto, é possível estimar com razoável grau de confiabilidade se o volume dentário está em concordância com o tamanho da base óssea disponível2.
Assim sendo, a ADM nos permite então prever se existe uma discrepância dentária em relação à base óssea, e de acordo com os resultados observados, ter fundamentação para tomar decisões em relação ao plano de tratamento a ser realizado, principalmente na realização de extrações dentárias3.
Muitos métodos de análise foram desenvolvidos com o propósito de verificar a diferença entre o espaço presente e o requerido, podendo estes serem classificados em métodos não radiográficos (baseados em correlações, tabelas de predição e equações), radiográficos (baseados em radiografias periapicais e cefalométricas em 45º) e a combinação de ambos4-5-6-7. Embora se obtenha ótimos resultados na predição de dentes não-irrompidos através de métodos radiográficos, a baixa praticidade, multiplicidade de cálculos e maior demanda de tempo de execução limitam a utilização dessas técnicas8-9-10. Segundo alguns estudos8,5, os métodos não radiográficos, em contrapartida, apresentam-se de maneira bem mais simplificada e prática, proporcionando também ótimos resultados na predição dos dentes não irrompidos (caninos, 1ºs e 2ºs pré-molares), onde a predição da largura destes deriva de dentes já presentes na cavidade oral. A literatura demonstra que essa correlação positiva é mais significativa com os incisivos permanentes inferiores. Desta maneira, como estes são um dos primeiros dentes a irromperem durante o desenvolvimento da dentição, é possível se basear no seu tamanho mésio-distal para prever o tamanho dos dentes permanentes que irromperão durante o segundo período transitório da dentadura mista.
Dentre os métodos não radiográficos, a análise de Moyers tem sido utilizada frequentemente e é apresentada como padrão-ouro na literatura11. Esse método clássico se fundamenta no somatório das larguras mésio-distais dos incisivos permanentes inferiores para
determinar a largura dos caninos e pré-molares permanentes, mediante a tabela de probabilidades proposta por Moyers5. Além deste método, Tanaka e Johnston propuseram um método alternativo que consiste em uma forma mais facilitada de se obter a mesma informação, uma vez que não é necessária a consulta da tabela de probabilidades, podendo ser realizada diretamente na cavidade oral ou em modelos de estudo. Os autores elaboraram uma fórmula matemática de rápida aplicação, onde o valor dos pré-molares e caninos permanentes de uma hemiarcada são definidos pela soma da metade do diâmetro mesiodistal dos incisivos inferiores permanentes, acrescido de uma constante predeterminada8.
Na literatura encontra-se uma carência de artigos que compararam estes métodos de predição de tamanho dentário e ambas as análises foram desenvolvidos com base nos dados obtidos a partir de uma população Norte Americana. Portanto, o objetivo do estudo foi comparar dois métodos de análise da dentadura mista (Moyers e Tanaka-Johnston) com a finalidade de descobrir se ambos possuem o mesmo grau de previsibilidade.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Foi realizado um estudo transversal e experimental, com utilização de modelos de gesso, onde as medições foram realizadas por meio de um paquímetro digital (Eletronic Digital Caliper com 0,03mm de precisão) (Figura 1). A pesquisa foi dividida em 3 partes: a primeira compreendeu a obtenção dos modelos, a segunda envolveu a calibração do examinador e a terceira a comparação dos resultados obtidos a partir dos métodos propostos.
O estudo foi realizado no Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e protocolado na plataforma Brasil com número do parecer 787.090.
Determinou-se o tamanho da amostra utilizando uma diferença esperada de 1,5mm, com poder 80% e um nível alfa de 5%. O tamanho da amostra calculado por esses parâmetros foi de 24 pares de modelos de gesso. Entretanto optou-se por aumentar o tamanho da amostra em seis modelos, totalizando trinta pares de modelos de gesso. O cálculo amostral foi realizado através do programa Epi Info 6.4 (CDC/EUA).
Foram obtidos 30 pares de modelos de gesso a partir da documentação ortodôntica inicial dos pacientes atendidos na disciplina de Clínica Infantil II e do Projeto de Aprimoramento em Ortodontia Preventiva e Interceptativa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Os critérios de inclusão dos modelos de gesso no estudo consistiram em:
Presença dos incisivos superiores e inferiores permanentes, e primeiros molares permanentes em ambas as arcadas;
Como critérios de exclusão foram considerados:
Presença de irregularidades no gesso proveniente de lesões cariosas e restaurações que possam afetar o diâmetro mésio-distal da coroa dentária;
Modelos de estudo em mau estado de conservação;
Presença de bolhas negativas e positivas nos modelos de gesso;
Presença de dentes supranumerários.
Para a calibração do método de mensuração foram escolhidos 10 pares de modelos, selecionados aleatoriamente por meio de amostragem casual simples, medidos duas vezes pelo mesmo examinador, com um intervalo de tempo de uma semana. Com a finalidade de se avaliar a fidedignidade do processo de mensuração das variáveis, sendo utilizado o teste estatístico coeficiente de correlação intraclasse (ICC).
Inicialmente foi determinado o espaço presente (EP) dos 30 pares de modelo de gesso. Foram medidos os valores dos incisivos centrais e laterais superiores e inferiores, e esses valores foram marcados ficha avaliação (figuras 2, 3, 4, 5 e 6). Após este passo, foi medido o espaço correspondente aos incisivos de cada hemiarcada quando alinhados (somatório mésio-distal) e este valor foi transferido ao modelo tendo como referência a linha média (figuras 7 e 8). A partir dessa marcação até a mesial do primeiro molar permanente era realizada outra medição, a qual nos dava o valor do espaço presente para irrupção dos caninos, 1ºs e 2ºs pré-molares (figura 9). Após a determinação do espaço presente, determinou-se o espaço requerido (ER), por meio dos métodos de Moyers e Tanaka-Johnston.
O método de Tanaka-Johnston determina o espaço requerido para acomodação do canino, primeiro e segundo pré-molares não irrompidos, através da inclusão da soma das larguras dos quatro incisivos permanentes inferiores em uma fórmula. A fórmula de Tanaka-Johnston consiste: ER = Li/2 + 11,0 (para arco superior) e ER = Li/2 + 10,5 (para arco inferior)8, onde Li representa a soma dos diâmetros mésio-distais dos incisivos inferiores permanentes.
O método de Moyers determina o espaço requerido para acomodação do canino, primeiro e segundo pré-molares não irrompidos, através da soma das larguras dos quatro incisivos permanentes inferiores submetidos à tabela de probabilidades criada por Moyers5.
Na determinação do espaço requerido em ambos os métodos citados anteriormente foi adotado um nível de probabilidade de 75%. Após a determinação do espaço presente e do espaço requerido, foi realizado o cálculo da discrepância de modelo (DM), que consiste na diferença entre o espaço presente e o espaço requerido.
A normalidade ou não dos dados foi realizada por meio do teste de Shapiro-Wilk (n<50). Para os dados com distribuição normal, a análise estatística utilizada para comparação das médias de discrepância de modelo foi o teste t pareado. Por outro lado, nos dados que não apresentaram distribuição normal, a análise estatística utilizada pata comparação das medianas
foi o teste de Wilcoxon, ambos considerando o nível de significância de 95%. O banco de dados confeccionado no software Excel (Microsoft Windows - Excel 12.0 - Office 2007) e a análise estatística por meio do software SPSS®, v.20.0 (SPSS Inc, Chicago, Il, USA).
3 RESULTADOS
A amostra foi composta por 30 pares de modelos, sendo 11 de pacientes do sexo masculino com média de idade de 10,83 (dez anos e oito meses) e 19 do sexo feminino com média de idade de 9,22 (nove anos e dois meses) (Tabela 1).
Para a calibração dos métodos de mensuração, 10 pares de modelos, selecionados aleatoriamente por meio de amostragem casual simples, foram medidos duas vezes pelo mesmo examinador medida o tamanho dos incisivos inferiores com intervalo de uma semana. A fidedignidade do processo de mensuração das variáveis foi avaliada por meio do Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC) com valor de aproximadamente 1,00.
Foi observado que os valores de discrepância de modelo obtidos por meio dos métodos de Moyers e Tanaka-Johston para o arco inferior apresentaram distribuição não-normal, enquanto que, os do arco superior apresentaram uma distribuição normal (Tabela 2).
A análise descritiva dos dados obtidos na pesquisa estão descritas na tabela 3. Houve diferença estatisticamente significativa entre os dois métodos de avaliação da dentadura mista para o arco inferior (p = 0,011), enquanto que, no arco superior não foi observado diferença significativa entre os dois métodos de avaliação (p = 0,837).
4 DISCUSSÃO
Na época correspondente à fase de dentadura mista, ocorrem grandes alterações nos arcos dentais. É bem sabido que trata-se de uma fase de intenso crescimento da criança, na qual alguns desvios da normalidade podem se instalar, daí a importância de diagnosticar e tratar sempre que possível as alterações morfológicas e funcionais desta fase de desenvolvimento da dentição.
Assim sendo, o cirurgião dentista deve conhecer os padrões normais de crescimento e as alterações de desenvolvimento da dentição que ocorrem em cada faixa etária. A dentição em desenvolvimento é caracterizada por uma grande quantidade de alterações, onde podem surgir más oclusões transitórias ou não, que fazem parte do processo de crescimento e que, posteriormente, podem ser autocorrigidas ou então necessitar de tratamento ortodôntico1. Portanto, em casos limítrofes, onde há dúvida se o espaço presente será suficiente para acomodar a dentição permanente corretamente, indica-se o emprego da ADM para estimar o diâmetro mésio-distal dos dentes permanentes ainda não irrompidos na cavidade oral. Assim, é
possível estimar com razoável grau de confiabilidade se o volume dentário está em concordância com o tamanho da base óssea disponível2.
Dentre os métodos utilizados para análise da dentadura mista está a análise de Moyers que é apresentada como padrão-ouro na literatura11. Em contrapartida, Tanaka - Johnston propuseram um método alternativo que consiste em uma forma mais facilitada de se obter a mesma informação, uma vez que não é necessária a consulta da tabela de probabilidades, podendo ser realizada diretamente na cavidade oral ou em modelos de estudo8. Baseado nessa dualidade entre os métodos de ADM, foram comparados ambos os métodos para saber se apresentam a mesma capacidade de estimar o diâmetro mésio-distal dos dentes permanentes ainda não irrompidos. Por apresentar uma metodologia mais simples e dispensar o uso de uma tabela de probabilidades, o método de Tanaka e Johnston simplificaria a maneira de se realizar a análise de dentadura mista e poderia ser empregada consistentemente nos serviços públicos e escolas de Odontologia mais facilmente.
Os resultados mostraram que houve diferença estatisticamente significativa entre os dois métodos de avaliação da dentadura mista para o arco inferior (p= 0,011). Uma vez constatada essa diferença para ambos os métodos na arcada inferior, optou-se por realizar uma média das diferenças dos valores obtidos a partir de cada análise (Tabela 6), na qual foi verificado um valor médio de -0,23mm. Apesar do teste estatístico apresentar significância, esta diferença foi menor que 0,5mm, o que é clinicamente desprezível7. Com isso, do ponto de vista clínico o resultado obtido não consiste em uma diferença real que influencie no diagnóstico e planejamento do tratamento ortodôntico subseqüente. Porém, se levarmos em comparação os valores de DM obtidos pelas duas análises, os resultados revelaram que o método de Moyers subestima as medidas dos dentes a irromperem, o que em alguns casos poderia fazer com que o profissional se depare com uma falta de espaço maior que o esperado, assim como, não ter preparado a manutenção do perímetro do arco por meio de um arco lingual. Neste sentido, se uma análise que superestima o tamanho dos dentes, faz com que, de forma intuitiva o profissional fique mais atento ao desenvolvimento da oclusão, evitando assim, problemas futuros.
Em contrapartida, não houve diferença estatística significativa entre os dois métodos de avaliação da dentadura mista para o arco superior (p= 0,837), significando que ambos os métodos possuem a mesma capacidade de aferir a discrepância de modelo. No arco superior, diferentemente do arco inferior, a ADM não é crítica, visto que pode-se adequar o espaço presente disponível por meio de expansões maxilares com abertura da sutura palatina mediana, distalização dos dentes posteriores, desgastes interproximais, extrações dentárias e vestibularização dos incisivos. Contudo, na arcada inferior, estes recursos ficam restritos as pequenas expansões dento-alveolares, desgastes interproximais e extrações dentárias. Por este motivo, faz necessário o aproveitamento do Lee Way Space e estudo cuidadoso da ADM3,5,13.
Os autores17 realizaram um estudo comparando a tabela de Moyers ao nível de 50%, com os valores preconizados por Tanaka e Johnston. Ao comparar os dois métodos, foi observado que não houve diferença significativa entre ambos, no entanto, consideraram o método de Tanaka e Johnston mais apropriado por utilizar valores físicos e não necessitar de tabelas. Na pesquisa desenvolvida pelos autores13 foi observado que o método de Moyers pelo percentil 75% e o de Tanaka-Johnston apresentam uma capacidade de previsão semelhante. Portanto, os resultados obtidos do trabalho estão em concordância com a literatura e, portanto, confirmam que a utilização do método de Tanaka-Johnston deve ser mais difundido devido a sua praticidade e facilidade de execução.
5 CONCLUSÃO
Baseados nos resultados observados, podemos concluir que o Método de Tanaka - Johnston possui a mesma capacidade de previsibilidade em relação ao método de Moyers. Mesmo que tenhamos encontrado uma diferença estatisticamente significativa, no âmbito clínico, ela se traduz como uma diferença desprezível que não influenciará no planejamento e tratamento ortodôntico subseqüente.
COMPARATIVE ANALYSIS OF TWO METHODS OF EVALUATION OF MODEL DISCREPANCY IN MIXED DENTITION
ABSTRACT
Introduction: The aim of this study was to compare two methods of analysis of mixed dentition
(Moyers and Tanaka-Johnston) in order to find out whether both methods have the same degree of prediction. Materials and Methods: It was cross-sectional and experimental study with a sample of 30 dental casts. Dental measurements were made using a digital caliper with a precision of 0.03 mm. For the calibration of the examiner, 10 pairs of models were randomly selected and the reliability of the measurement process of the variables was assessed using the Intraclass Correlation Coefficient (1.00). The data were submitted to the Shapiro-Wilk normality test and then applied the paired t-test for the upper arch and the Wilcoxon test for the lower arch, considering a significance level of 95% to both archs. Results: There was a statistically significant difference between the two methods of assessing mixed dentition for the lower arch (p = 0.011). However, despite the statistical significance presented by the test, this difference was less than 0.5 mm, which is considered clinically negligible. In the upper arch there was no significant difference between the two methods of assessment (p = 0.837).
Conclusion: Both methods have the same capacity of measurement prediction of the
mesiodistal size of canines, first and second premolar that will erupt.
REFERÊNCIAS
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3. Oliveira MV de, Pithon MM; Ruellas ACdeO. Avaliação comparativa de três métodos para o cálculo do espaço requerido na análise da dentição mista. Revista Odonto Ciência – Fac. Odonto/PUCRS, v. 22, n. 56, 2007.
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10. Diagne F, Diop-Ba K, Ngom PL, Mbow, K. Mixed dentition analysis in a Senegalese population: elaboration of prediction tables. Am J OrthodDentofacialOrthop, v. 124(2), 2003, 178-183.
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LEGENDA DAS FIGURAS
Figura 1: Paquímetro digital utilizado no estudo;
Figura 2: Aferição do diâmetro mésio-distal do incisivo central inferior direito;
Figura 3: Marcação do valor do diâmetro mésio-distal do incisivo central inferior direito; Figura 4: Aferição do diâmetro mésio-distal do incisivo lateral inferior direito;
Figura 5: Marcação do valor do diâmetro mésio-distal do incisivo lateral inferior direito; Figura 6: Aferição da soma do diâmetro mésio-distal dos incisivos central e lateral inferior; Figura 7: Marcação no modelo de gesso do valor da soma dos incisivos inferiores direito após
alinhamento;
Figura 8: Marcação no modelo de gesso após alinhamento dos incisivos central e lateral direito; Figura 9: Aferição do espaço presente após alinhamento dos incisivos inferiores direito.
FIGURA 1
FIGURA 3
FIGURA 5
FIGURA 7
Tabela 1. Descrição da amostra.
n Idade
Masculino 11 10,83
Feminino 19 9,22
Tabela 2. Teste de normalidade das variáveis*. DM p DMIM 0,001 DMITJ 0,01 DMSM 0,739 DMSTJ 0,319 * Teste de Shapiro-Wilk (n<50)
DMIM: Discrepância de Modelo Inferior Moyers
DMITJ: Discrepância de Modelo Inferior Tanaka e Johnston DMSM: Discrepância de Modelo Superior Moyers
Tabela 3. Análise descritiva da amostra.
Intervalo de Confiança Percentil
Média DP Superior Inferior Mediana 25 75 Skewness Curtose
DMIM 4,65 2,87 5,73 3,58 5,02 3,74 6,37 -1,35 -1,93
DMITJ 4,88 2,84 5,94 3,82 5,33 3,62 6,59 -1,03 1,27
DMSM 1,06 2,8 2,1 0,01 1,29 -0,74 2,58 0,08 0,15
Tabela 4. Teste de Wilcoxon para o arco inferior. Percentil Mediana 25 75 p DMIM 5,02 -0,74 2,58 0,011 DMITJ 5,33 -1,2 2,51
Tabela 5. Teste T pareado para arco superior. Média DP p DMSM 1,06 2,8 0,837 DMSTJ 1,09 3,01
Tabela 6. Diferença da discrepância de modelo Moyers e Tanaka-Johnston.
DMIM DMITJ Diferença DMSP DMSTJ Diferença
1 6,46 6,8 -0,34 -4,66 -4,52 -0,14 2 4,67 5,31 -0,64 -2,2 -1,96 -0,24 3 3,8 4,44 -0,64 -0,58 -0,34 -0,24 4 4,97 5,17 -0,2 1,86 1,86 0 5 6,62 6,84 -0,22 3,24 3,26 -0,02 6 4,83 6,21 -1,38 0,99 1,17 -0,18 7 8,05 8,95 -0,9 5,92 6,82 -0,9 8 6,86 6,98 -0,12 2,47 2,41 0,06 9 4,91 4,83 0,08 2,91 2,83 0,08 10 5,98 6,26 -0,28 7,42 7,5 -0,08 11 -2,76 -2,46 -0,3 3,13 3,23 -0,1 12 3,21 3,65 -0,44 -3,85 -3,81 -0,04 13 3,59 3,35 0,24 0,48 -0,92 1,4 14 4,94 5,52 -0,58 1,74 2,12 -0,38 15 7,77 8,33 -0,56 1,6 2,07 -0,47 16 8,98 9 -0,02 2,29 2,11 0,18 17 4,83 5,35 -0,52 -1,25 -1,13 -0,12 18 4,83 5,11 -0,28 0,99 3,93 -2,94 19 6,22 6,06 0,16 2,39 2,23 0,16 20 6,35 6,53 -0,18 0,93 0,91 0,02 21 5,08 5,6 -0,52 2,28 2,2 0,08 22 5,43 5,47 -0,04 1,97 2,01 -0,04 23 5,29 4,91 0,38 3,08 1,78 1,3 24 -3,04 -1,19 -1,85 -1,6 -0,86 -0,74 25 1,72 2,72 -1 -2,04 -1,44 -0,6 26 5,54 3,62 1,92 -0,45 -2,37 1,92 27 -1,08 -1,56 0,48 -3,03 -2,99 -0,04 28 2,04 2,2 -0,16 0,41 0,37 0,04 29 8,05 8,95 -0,9 5,92 6,82 -0,9 30 5,54 3,62 1,92 -0,45 -2,37 1,92 Média -0,23 -0,03