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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ MÁRCIO BORGES DE CASTRO

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

MÁRCIO BORGES DE CASTRO

PROJETO DE INTERVENÇÃO PARA O ENFRENTAMENTO DA DEPRESSÃO NA UBS SÃO BRAZ EM UNIÃO DA VITÓRIA/PR.

CURITIBA 2019

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MÁRCIO BORGES DE CASTRO

PROJETO DE INTERVENÇÃO PARA O ENFRENTAMENTO DA DEPRESSÃO NA UBS SÃO BRAZ EM UNIÃO DA VITÓRIA/PR.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Especialista, Curso de Especialização em Atenção Básica, Setor de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Paraná.

Orientador: Marcelo Machado Sassi

CURITIBA 2019

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RESUMO

O plano de intervenção trata da assistência à saúde dos pacientes em sofrimento mental, decorrente da depressão e é resultado do Curso de Especialização em Atenção Básica da UFPR, financiado pelo UNA-SUS. O objetivo geral foi melhorar a atenção ofertada aos usuários em sofrimento mental decorrente da depressão na UBS São Braz. E os objetivos específicos foram: capacitar a equipe para o atendimento dos usuários com depressão; realizar busca ativa de usuários com depressão; e realizar atendimentos individualizados e encaminhamentos necessários. Foi realizado um projeto de intervenção motivado pelos altos índices de depressão em adultos na população atendida. Para atingir o público alvo foi realizada busca ativa, visitas domiciliares, consultas médicas, sensibilização para o acompanhamento da doença na UBS, com utilização de medicamentos e hábitos saudáveis e esclarecimento de dúvidas. Para acompanhamento da evolução do plano de intervenção os membros da equipe de saúde realizaram reuniões periódicas para conhecimento das etapas da intervenção e sua aplicabilidade, bem como, análise dos resultados obtidos e/ou elaboração de ações complementares. Os objetivos foram alcançados à medida que se percebeu melhora no quadro geral dos pacientes, maior aceitação do uso de medicamentos e maior assiduidade e comprometimento no acompanhamento da doença na UBS e no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). O projeto de intervenção contribuiu significativamente no ambiente de trabalho da UBS por meio do acolhimento aos pacientes e redução do problema, pelo envolvimento e empenho da equipe na efetivação das ações.

Palavras-chave: Saúde Mental. Transtornos Mentais. Depressão. Atenção Primária à Saúde. Saúde da Família.

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ABSTRACT

The intervention plan deals with the health care of patients suffering from mental suffering as a result of depression and is the result of the UFPR Specialization Course in Basic Care, funded by UNA-SUS. The general objective was to improve the attention offered to users in mental suffering due to depression at UBS São Braz. And the specific objectives were: to enable the team to serve the users with depression; perform active search of users with depression; and carry out individualized care and necessary referrals. An intervention project was carried out motivated by the high rates of depression in adults in the served population. In order to reach the target public, an active search, home visits, medical consultations, awareness for the follow-up of the disease in the UBS, with the use of medicines and healthy habits and clarification of doubts were carried out. To follow up the evolution of the intervention plan, the health team members held periodic meetings to know the stages of the intervention and its applicability, as well as analysis of the results obtained and / or elaboration of complementary actions. The objectives were achieved as the patient's overall picture improved, more acceptance of medication use and greater attendance and commitment in the follow-up of the disease in the UBS and the Psychosocial Attention Center (CAPS) were observed. The intervention project contributed significantly to UBS's work environment by welcoming patients and reducing the problem, by the involvement and commitment of the team in the implementation of the actions.

Keywords: Mental Health. Mental Disorders. Depression. Primary Health Care. Family Health.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...05 1.1 OBJETIVOS...08 1.2 MÉTODO...08 2 REVISÃO DA LITERATURA...12 3 RESULTADOS...16 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS...17 5 REFERÊNCIAS...18

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1. INTRODUÇÃO

A Unidade Básica de Saúde (UBS) onde o trabalho está sendo desenvolvido localiza-se no Bairro São Braz, zona urbana, em União da Vitória/PR. Cidade esta, localizada no extremo Sul do Estado do Paraná, com 57.111 habitantes, segundo dados do IBGE de 2018, faz divisa com o município de Porto União/SC através de uma linha férrea e do Rio Iguaçu, sendo assim composto por um único núcleo urbano com aproximadamente 89.000 habitantes. Com 129 anos União da Vitória é considerada uma cidade universitária, oportuniza cursos em diversas áreas do conhecimento, atendendo acadêmicos advindos de toda a região. Instituições de ensino de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, Educação Especial e Educação de Jovens e Adultos (EJA) e de Ensino Superior totalizam 65. Os índices de analfabetismo são baixos. A base econômica está na indústria de transformação e na agricultura, sendo a renda média domiciliar per capita em torno de um salário mínimo. A maioria dos habitantes tem moradia própria e 85% das residências recebem água tratada pela Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR), as residências que não recebem água tratada localizam-se em áreas rurais e fazem uso de águas de fonte e/ou poços. A energia elétrica está presente em praticamente cem por cento dos lares.

Na área da saúde o município conta com dois hospitais filantrópicos, 22 estabelecimentos de saúde públicos, além dos privados. Conta com 11 UBS, uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). A UBS do bairro São Braz dispõe dos seguintes recursos humanos: dois médicos clínico geral, um obstetra, um ginecologista, uma pediatra, uma enfermeira, um dentista, quatro auxiliares de enfermagem, 9 agentes comunitários de saúde, dois atendentes, um agente de apoio (serviços gerais) e Núcleo de Apoio de Saúde da Família (NASF). O NASF é composto pelos seguintes profissionais: assistente social, psicóloga, nutricionista, fisioterapeuta e educadora física. Na UBS oportunizam-se testes rápidos (teste para detecção de Hepatite B e C, Sífilis e HIV), coleta de preventivo, eletrocardiograma, curativos, vacinas, atendimento prioritário conforme classificação de risco e fichas de livre demanda. A infraestrutura é adequada e com manutenções periódicas. Realizam-se atendimentos na unidade de saúde bem como nas residências dos munícipes pertencentes à área de atendimento da UBS do Bairro São Braz. O

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atendimento visa atender as famílias na totalidade de suas especificidades. Conforme as informações coletadas através da observação e dos dados coletados pela equipe da UBS São Braz constatou-se que o problema de maior relevância epidemiológica são os casos de Sífilis e de Tuberculose. Constata-se a Sífilis através do teste rápido nas gestantes e há agravante como a demora na detecção da doença e fatores extremamente preocupantes como a falta de adesão ao tratamento das gestantes infectadas. Este problema atinge jovens e adultos em idade fértil que não utilizam contraceptivos, sem parceiros fixos e gravidez sem planejamento. No caso da Tuberculose atinge alcoólatras, pessoas privadas de liberdade e pessoas próximas nos convívios diários e familiares sem restrição de idade.

A comunidade do bairro São Braz caracteriza-se por trabalhadores do comércio e indústria, dispõe de cinco escolas/colégios, um centro comunitário no qual se realizam as reuniões para a oferta de cuidados específicos bem como oportunidades de informação sobre tabagismo, alcoolismo entre outros problemas que afetam a saúde, com o propósito de prevenir enfermidades recorrentes a estes hábitos, sendo a equipe capacitada para estas funções. A UBS atende 1800 famílias, segundo relatório fornecido pela Secretaria Municipal de Saúde do município com dados levantados em setembro de 2017. Sendo 1822 homens e 1863 mulheres (adultos), 732 adolescentes, 800 crianças e 754 idosos, totalizando 5971 pessoas.

A principal causa de mortalidade da população atendida no último ano refere-se a doenças do aparelho respiratório, seguido de neoplasias e em terceiro lugar refere-se a causas externas como suicídios. Doenças cérebro vasculares, também se destacam como causa de óbitos. Além disso, nota-se elevada demanda para o tratamento de casos de depressão na comunidade.

A depressão em adultos é responsável por uma carga global de doenças, sendo também, a principal responsável pela ausência no ambiente laboral. No Brasil a depressão está entre as três principais causas de afastamento do trabalho. Estima-se uma perda financeira anual extremamente alta. Para Rassouk (2016, p.2): “Os custos dos transtornos depressivos advém de sua alta prevalência, excesso de mortalidade, perda de produtividade, a que se somam as externalidades

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provocadas em vários setores da sociedade”. Assim, os benefícios do tratamento melhoram significativamente o estado clínico e, consequentemente a funcionalidade da pessoa, a produtividade e a qualidade de vida. Ainda, melhora as relações interpessoais no ambiente familiar e profissional.

Sobre a questão do suicídio os números são alarmantes e, devido a estes dados levantados que no ano de 2018 foram 40 casos, somente no município de União da Vitória. O presente estudo aborda através desta pesquisa-ação o tema da depressão em adultos, como identificar e convencê-los da necessidade do tratamento para evitar agravantes, com público-alvo os usuários da UBS-São Braz na maioria homens, em situações de desemprego, alcoolismo, baixa renda. Sob este enfoque, o plano de intervenção justifica-se pela necessidade da elaboração e aplicação de um plano de intervenção que aprimore a qualidade e o acesso das pessoas aos serviços de saúde, que envolva efetivamente toda a equipe de saúde da UBS e que alcance os indivíduos acometidos de forma acolhedora proporcionando-lhes todos os recursos necessários para a superação da depressão. Faz-se primordial este trabalho devido aos impactos que a depressão causa socialmente e economicamente à sociedade, bem como o risco iminente de suicídio o qual desestrutura totalmente o âmbito familiar. Esse trabalho voltado à questão a depressão na UBS do bairro São Braz é de suma importância para a comunidade, oportunizar condições de tratamento e acolhimento é oportunizar maior qualidade de vida aos pacientes bem como aos seus familiares e menos impactos negativos na sociedade. Segundo Stopa et. al. (2013, p.1):

Em termos mundiais, estima-se que em 2020 a depressão será a segunda causa de incapacidade em saúde. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 350 milhões de pessoas vivem com depressão. Como sintomas da depressão, destacam-se os sentimentos de tristeza, perda e/ou falta de confiança, visões negativas sobre si e os outros, perda de interesse nas atividades sociais, no apetite e sono e em casos mais graves, suicídio.

A equipe da UBS através dos atendimentos clínicos, das visitas domiciliares e dos demais serviços prestados à população tem condições de identificar, com o auxílio da família, casos de depressão e com um trabalho colaborativo entre os

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profissionais da saúde objetivando atender este paciente de forma a auxiliar na superação da doença que, na maioria dos casos levantados é o motivador do suicídio. Segundo Esteves e Galvan (2006, p.1):

Tratada como a doença da sociedade moderna, a depressão tem características que podem traduzir uma patologia grave ou ser apenas mais um sintoma do sujeito diante de uma situação real de vida, ou seja, suas características podem determinar uma melancolia em si ou ser apenas um sintoma constituinte de uma outra patologia.

Com o intuito de identificar os casos precocemente e oportunizar um tratamento adequado utilizando-se de todos os recursos, humanos e medicamentosos, no atendimento deste paciente, serão elencadas condições para a redução dos casos de depressão e consequentemente das doenças psicossomáticas e suicídios. Doença esta que atinge as pessoas em diferentes fases da vida e pode ser decorrente de fatores ambientais (doenças graves, traumas psicológicos, sentimentos de luto, eventos negativos do cotidiano como desemprego, e/ou ainda do abuso de substâncias) e genéticos (histórico familiar de depressão pode favorecer o desenvolvimento da doença). Desta forma, como envolver toda a equipe da UBS de forma a colaborar efetivamente para a redução dos casos desta doença na comunidade será abordado.

1.1 OBJETIVOS

Objetivo Geral:

-Melhorar a atenção ofertada aos usuários em sofrimento mental na UBS São Braz.

Objetivos específicos:

-Capacitar a equipe para o atendimento dos usuários em sofrimento mental;

-Realizar busca ativa de usuários em sofrimento mental;

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1.2 MÉTODO

O presente estudo trata-se de um plano de intervenção norteado pela pesquisa-ação que se caracteriza sendo uma forma de investigação com base em uma autorreflexão coletiva, sendo assim, envolve participantes de um determinado grupo social com o intuito de buscar melhorias, neste caso, no âmbito da saúde. Segundo Thiollent citado por Baldissera (2018, p.1):

A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação da realidade a ser investigada estão envolvidos de modo cooperativo e participativo.

A pesquisa-ação subdivide-se em sete etapas, sendo elas: a) Exploratória; b) Interesse do tema; c) Definição do problema; d) Base teórica; e) Elaboração da proposta; f) Implantação; e g) Avaliação do impacto.

A primeira etapa envolve a exploratória que consiste em obter e coletar informações sobre determinado assunto com o intuito de familiarizar-se com o tema. Desta forma, o problema ganha evidência e, consequentemente a visualização dos procedimentos a serem tomados tornam-se mais claros. Portanto, nesta fase aprofunda conhecimentos para a intervenção em casos de depressão em adultos através do levantamento dos casos de depressão através das consultas, visitas domiciliares, observações e dados coletados com familiares. Segundo Piovesan e Temporini (2018, p.7):

Em outras palavras, a pesquisa exploratória, ou estudo exploratório, tem por objetivo conhecer a variável de estudo tal como se apresenta, seu significado e o contexto onde ela se insere. Pressupõe-se que o comportamento humano é melhor compreendido no contexto social onde ocorre. Nessa concepção, esse estudo tem um sentido geral diverso do aplicado à maioria dos estudos: é realizado durante a fase de planejamento da pesquisa, como se uma subpesquisa fosse e se destina a obter informação do Universo de Respostas de modo a refletir verdadeiramente as características da realidade.

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A segunda etapa envolve o interesse, devido à gravidade do problema, é importante o envolvimento de todos os profissionais da saúde, bem como dos pacientes e seus familiares sendo de suma relevância a solução, visto que, a depressão é uma doença que afeta não somente o doente, mas todos com quem convive, sendo fator preocupante seus agravantes como o suicídio.

Na terceira etapa, diante da situação preocupante do alto número de casos de depressão em adultos o presente estudo procurou responder a seguinte questão: Como solucionar e/ou diminuir significativamente os casos de depressão em adultos levantados na Unidade Básica de Saúde do São Braz?

Na quarta etapa que se refere à base teórica, serão consultados artigos científicos os quais fundamentarão a pesquisa subsidiando e complementando as ações.

Na quinta etapa, a elaboração da proposta o problema priorizado são os casos de depressão em adultos levantados na UBS São Braz. A atuação dos profissionais será através das ações: consultas médicas, adoção de estratégias de convencimento para a realização das consultas e utilização de medicamentos, esclarecimentos de dúvidas, acompanhamento domiciliar e familiar, ênfase na necessidade do tratamento e acompanhamento individual. Envolvendo indicadores normativos, estratégicos e tático-operacional com intuito de parâmetros satisfatórios/ótimos. Com finalidade de conhecimento e gerência, o momento da realização do plano de intervenção dar-se-á em curto prazo, sendo de natureza de ações normativas e de pesquisa avaliativa.

Na sexta etapa, a implantação corresponde a efetivação das ações da proposta de intervenção na UBS, com a atuação da equipe dos profissionais da saúde.

Na sétima etapa busca-se averiguar os resultados obtidos através da avaliação do impacto das ações as quais devem refletir a diminuição significativa e/ou extinção dos casos de depressão. Para acompanhamento da evolução do plano de intervenção os membros da equipe de saúde deverão realizar reuniões periódicas para conhecimento dos passos da intervenção e sua aplicabilidade, bem

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como, análise dos resultados obtidos e/ou elaboração de ações complementares para que o objetivo do plano seja atingido em médio prazo. Para os casos que demonstrem necessidade serão realizados encaminhamentos para o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) para os devidos atendimentos complementares. Os resultados obtidos ficarão disponibilizados através do TCC e apresentação em Power Point em plataformas de recursos educacionais abertos (REA-UFPR e UNASUS).

Data/ horário Objetivo Estratégia Duração/

participantes Recursos utilizados (Flyer, vídeo, textos,etc) 06/05/2019 Explanação para os membros da UBS sobre o Plano de Intervenção e objetivos. Reunião expositivo-dialogada. 2h Profissionais da Saúde que atuam na UBS São Braz Dados registrados na UBS São Braz

07 a 10/05/2019

Busca dos casos de depressão. Visitas domiciliares. Agendamento de consultas médicas. Agentes de Saúde. Administrativo. Recursos Humanos. 07 a 10/05/2019 Atendimento clínico.

Consulta médica com os devidos encaminhamentos: orientações, medicamentos; atendimento psicológico. Médicos, e pacientes. Recursos Humanos.

13/05/2019 Acolher a família. Palestra/socialização

dos problemas. Psicóloga e familiares Vídeos explicativos.

30/05/2019 Acompanhamento dos casos de depressão.

Reunião com os membros da UBS para acompanhamento das ações e verificação de resultados e estratégias e possíveis encaminhamentos para os casos necessários (CAPS). 2h Equipe da UBS São Braz. Dados levantados das consultas médicas, visitas domiciliares, atendimentos psicológicos.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

A depressão vem se tornando uma doença comum, a Organização Mundial de Saúde (OMS) a caracteriza como um transtorno mental. Na população geral há dados estatísticos que acusam que sua prevalência ao logo da vida será em média de 15%. Segundo a OMS apud Barros et al. (2019, p.2): “nos próximos 20 anos, a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas”.

O aumento significativo do número de casos de depressão em populações de todos os continentes e suas graves consequências configura a doença sendo um dos mais preocupantes problemas de saúde pública impactando também na economia, visto que, é causa de incapacidade de trabalho. Questões psicológicas, biológicas ou sociais podem ser fatores desencadeantes da depressão que podem ser recorrentes ou de longa duração. Casos de depressão mais graves podem ocasionar o suicídio. Assim, o tratamento ministrado por especialistas é fundamental e, quanto mais precoce o diagnóstico e o tratamento melhores serão os resultados. Segundo Barros et. al. (2017, p.2):

É importante também registrar a constatação de que transtornos depressivos e outros transtornos mentais, com presença marcante no panorama epidemiológico, podem interagir, agravar ou mesmo constituir-se em fator de risco independente para doenças crônicas, além de influenciar de forma importante a adoção e manutenção de vários comportamentos relacionados à saúde.

Os sintomas como tristeza, desinteresse, oscilações de humor, sentimentos de culpa, distúrbios de sono e de apetite, baixa autoestima, sentimentos de inutilidade e desamparo, devem persistir pelo mínimo de duas semanas para confirmação de diagnóstico sendo que a intensidade destes sintomas é específica de cada pessoa. Esse conjunto de sintomas afeta diretamente o cotidiano do indivíduo, limitando-os em suas atividades de vida diária, afetando pensamentos e sentimentos. A depressão prejudica o desempenho profissional e, em todo o mundo acarreta problemas de incapacidade bem como oferece maior risco de desenvolvimento outras doenças como doenças cardiovasculares, diabetes, doença de Alzheimer, osteoporose, acidente vascular cerebral. Os indivíduos com maior

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propensão de desenvolver a depressão são os acometidos com alguma doença ou alguma condição médica delicada. Consequentemente, devido à depressão, há o agravo dos sintomas e o risco do desenvolvimento de outras doenças físicas. Para Barros et al. (2019, p.2):

Há evidências de que a presença de depressão aumenta o risco de várias doenças cardiovasculares, incluindo infarto, acidente vascular cerebral hemorrágico e doença arterial periférica, podendo ser considerada um fator independente tão importante quanto os clássicos fatores de risco para doenças crônicas. Na direção inversa, a depressão pode se constituir como resultado das incapacidades e limitações que acompanham as doenças crônicas, desenhando um circuito vicioso entre sentimentos depressivos e comorbidades físicas.

A complicação que demanda maior atenção é o risco de suicídio, alguns indícios importantes no comportamento do suicida são ansiedade, desinteresse pela vida, desinteresse por atividades prazerosas, pânico, distúrbios psiquiátricos que caracterizam a depressão grave. Outros fatores que se deve atentar: histórico familiar, doenças médicas, tentativas anteriores, utilização de drogas que favoreçam a impulsividade, fatores sociais estressantes ou desrespeitosos.

O diagnóstico da depressão é realizado através da escuta dos relatos dos pacientes e a busca ativa dos sintomas que podem ser relatados ou não. A depressão apresenta vários aspectos e parâmetros clínicos como a duração, abrangência e persistência dos sintomas, perturbações psicológicas e/ou físicas devem ser considerados e a partir deste espectro há as classificações diagnósticas conforme a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) e Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).

O DSM-5 estipula critérios para o diagnóstico da depressão sendo que, pelo menos cinco devem estar presentes persistindo por pelo menos duas semanas e, obrigatoriamente humor deprimido ou perda de interesse. Os critérios segundo DSM-5 apud UFRGS (2017, p.4):

1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex. sente-se triste, vazio ou sem esperança) ou por observação feita por outra pessoa (p. ex., parece choroso) (Nota: em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável). 2. Acentuada diminuição de interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (conforme indicado por relato subjetivo ou

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observação). 3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (por exemplo, mudança de mais de 5% do peso corporal em menos de um mês) ou redução ou aumento no apetite quase todos os dias. (Nota: em crianças, considerar o insucesso em obter o peso esperado). 4. Insônia ou hipersonia quase diária. 5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias. 6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias. 7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente). 8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outra pessoa). 9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.

No Estado do Paraná foram registrados 10.344 óbitos em virtude de suicídio entre 1996 e 2012 sendo que quase em sua totalidade as pessoas que cometeram suicídio apresentavam os fatores característicos do alto risco, listados acima e, sem tratamento adequado. Dos potenciais suicidas 85% apresentam depressão. Em União da Vitória, neste mesmo período, a taxa é de 0,383 casos para cada 100.000 habitantes (ROSA et al., 2017).

As políticas para o atendimento das pessoas que sofrem com transtornos mentais (depressão e demais necessidades consequentes de uso de drogas e álcool) envolvem as esferas governamentais: Federal, Estadual e Municipal, sendo uma estratégia de atenção que exige ações efetivas de identificação das necessidades assistenciais, planejamento de intervenções, medicamentos e terapia, assim, poderá ser atendido nos serviços da rede de saúde, quando em situação de emergência, os pacientes deverão ser atendidos nos serviços de urgência. O Ministério da Saúde (2019, p.4) afirma:

Nesse contexto, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem papel importante na atenção à saúde e tratamento de pessoas com depressão e outros problemas mentais. Os atendimentos e tratamentos para depressão são feitos, prioritariamente, na Atenção Básica, principal porta de entrada para o SUS, ou nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), onde o usuário recebe atendimento próximo da família com assistência multiprofissional e cuidado terapêutico conforme o quadro de saúde.

Afirma ainda, que em relação aos casos mais graves serão oportunizados acolhimento e os medicamentos necessários aos pacientes.

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Com o objetivo de melhor organizar o atendimento e a assistência aos indivíduos com necessidade de tratamento em relação à Saúde Mental a Política Nacional de Saúde Mental adota estratégias e diretrizes de atenção às pessoas com transtornos mentais: depressão, esquizofrenia, ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno afetivo bipolar, incluindo ainda as pessoas dependentes de substâncias psicoativas como álcool, crack, cocaína e outras drogas, propondo, sob o enfoque das diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) uma rede de serviços atendendo conforme as especificidades de cada indivíduo oportunizando uma assistência integral. Caracteriza-se sendo um processo contínuo, de forma humanizada e eficaz através do Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) os seguintes serviços: Centro de Atenção Psicossocial (CAPS); Serviço Residencial Terapêutico; Enfermarias Especializadas; Unidade de Acolhimento; Hospital psiquiátrico; Hospitais; urgência e emergência; Atenção Básica; Comunidades Terapêuticas; Ambulatório Multiprofissional de Saúde Mental. Assim, a expansão dos serviços em relação à saúde mental é um dos fatores da política nacional de saúde mental em vigor. Vale ressaltar ainda, sobre a atuação com maior ênfase na questão da prevenção (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018).

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3. RESULTADOS

A atenção ofertada aos pacientes em sofrimento mental da UBS São Braz foi melhorada por meio do projeto de intervenção que oportunizou ampliação dos atendimentos clínicos, visitas domiciliares e dos cuidados a estes pacientes. Realizou-se busca ativa dos usuários em sofrimento mental e constatou-se 162 casos, correspondendo a 2,7% do total de pessoas atendidas pela Unidade de Saúde. Classificados por risco: Baixo 50%; intermediário 16,5 %, e risco alto 33,3%, dados estes obtidos por meio de estratificação. A equipe recebeu orientações para o atendimento dos usuários em sofrimento mental em relação ao acolhimento destes pacientes e ao agendamento das consultas que seguem os seguintes critérios: para os casos de baixo e intermediário risco as consultas se realizam a cada seis meses e para os de alto risco a cada três meses ou período menor visto que, as receitas prescritas de medicamentos controlados tem a validade de dois meses. Vale ressaltar que as visitas domiciliares realizadas pelos agentes de saúde são regulares e qualquer informação pertinente aos casos é repassada, registrados no prontuário e quando há intercorrência o paciente recebe atendimento clínico. Registraram-se casos devido à insônia e ansiedade. Verificou-se que com a atenção dada os pacientes atendidos os mesmos se sentiram mais acolhidos e consequentemente houve uma melhora no quadro de forma geral.

Foram realizados atendimentos individuais e encaminhamentos ao CAPS dos pacientes que demonstraram maior necessidade, após o trabalho desenvolvido não houve resistência por parte dos pacientes encaminhados em receber este atendimento, visto que a vontade em superar a doença e de retornar as suas atividades laborais e habituais evidenciou-se. Desta forma, os pacientes conforme cronogramas estão frequentando o CAPS. Para os pacientes não encaminhados ao CAPS está em pauta a criação de um grupo de apoio coletivo com palestras, atividades recreativas e de efetivo acolhimento. A equipe de profissionais da UBS São Braz foi de fundamental importância para implantação do projeto, o qual não será interrompido e fará parte das ações da UBS conforme decisão aprovada em reunião pela equipe.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto de intervenção desenvolvido na UBS São Braz em União da Vitória/PR teve como objetivo melhorar atenção ofertada aos usuários em sofrimento mental por meio da capacitação da equipe de profissionais para busca ativa e atendimento aos pacientes, consultas e encaminhamentos necessários se concretizaram por meio das ações previstas no plano.

Os objetivos foram alcançados sendo confirmados pela melhora no quadro geral dos pacientes, maior aceitação ao uso de medicamentos e, em relação aos pacientes encaminhados para atendimento no CAPS verificou-se maior assiduidade e comprometimento.

O projeto de intervenção contribuiu significativamente no ambiente de trabalho da UBS por meio do acolhimento aos pacientes e redução do problema, pelo envolvimento e empenho da equipe de profissionais da unidade na efetivação das ações.

Conforme resultados apresentados favoráveis as ações e a abordagem ao problema da depressão terão continuidade e farão parte do cronograma de agendamentos de reuniões e de atenção.

As ações se ampliarão conforme a demanda e necessidades específicas apresentadas pelos pacientes atendidos pela UBS bem como a busca por atividades alternativas como participação em projetos por meio de parcerias, sugestões estas lançadas em reuniões da UBS com intuito de maior acolhimento e melhor atendimento para a superação da doença e qualidade de vida.

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5. REFERÊNCIAS

BALDISSERA, A. Pesquisa-ação: uma metodologia do “conhecer” e do “agir”

coletivo. Disponível

em:<https://revistas.ucpel.edu.br/index.php/rsd/article/viewFile/570/510> Acesso em 11 abr. 2019.

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em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/247013/mod_resource/content/1/Apres enta%C3%A7%C3%A3o%20Evidencias%20Depressao.pdf> Acesso em 23 abr. 2019.

BARROS, M. B. de P.; LIMA, M. G.; AZEVEDO, R. C. S. de; MEDINA, L.B. de P.; LOPES,C. de S.; MENEZES, P.R.; MALTA, D. C. Depressão e Comportamentos

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MINISTÉRIO DA SAÚDE. Depressão: causas, sintomas, tratamentos, diagnóstico e prevenção. Disponível em:

<http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-mental/depressao> Acesso em: 28 abr. 2019.

MINISTÉRIO DA SÁUDE. Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras

Drogas. Disponível em:

<http://portalms.saude.gov.br/politica-nacional-de-saude-mental-alcool-e-outras-drogas> Acesso em 13 maio 2019.

PIOVESAN, A.; TEMPORINI, E. R. Pesquisa exploratória: procedimento metodológico para o estudo de fatores humanos no campo da saúde pública. Disponível em: <https://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S0034-89101995000400010&script=sci_arttext> Acesso em 08 abr. 2019.

RASSOUK, D. Por que o Brasil deveria priorizar o tratamento da depressão na

alocação dos recursos da Saúde? Disponível

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Referências

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