Superfamília PAPILIONOIDEA1 (Papilionoidea Dyar, 1902 (partim); Tillyard, 1906)
123. Caracteres e divisão - Quasi todas as especies desta superfamília são borboletas grandes, de cores vistosas e aspecto característico. Uma espécie de Troides Hübner (= Ornithoptera
Bois-duval), a maior borboleta conhecida, das Ilhas Salomão, têm cêrca de 25 centímetros de envergadura.
As asas posteriores apresentam a ma rgem externa recortada, com saliências nos pontos de terminação das nervuras
Rs
aCu
1a,
1 DYAR, COMSTOCK e outros autores incluiram em Papilionoidea todos os Rhopaloceros,exclusive Hesperioidea.
Fig. 246 - Papilio thoas brasiliensis Rothschild & Jordan. 1907, macho (Papilionidae) (Foto gentilmente cedido por J. Oiticica Filho). Fig. 245 - Antena de Papilio polydamas (Papilionidae) (Lacerda del.).
sendo a correspondente a M3, em várias espécies, estirada em pro- l o n g a m e n t o caudiforme.
Antenas aproximadas na base e com a parte apical não recurvada em gancho.
R, nas asas anteriores, com
R4 e R5 em forquilha e as vezes com R1 e R2 fundidas numa só nervura (Parnassiinae); M2 mais próxima de M3 que de M1(Cu aparentemente quadrifurcada); Cu
2 geralmente presente na asa anterior, como um ramo transversoFig. 247 - Perna anterior de Papilio (Lacerda del.).
perto da raiz da asa, dirigido para 1A (ausente em Parnassiinae); 2 anais (lA e 3A) na asa anterior e uma na posterior (2A).
Pernas anteriores normais, ambulatórias, tibias com epifise (fig. 247), garras tarsais simples, nem apendiculadas, nem bifidas. A superfamília, de acôrdo com TILLYARD, abrange apenas a família Papilionidae, na qual se incluem, além de Papilioninae (a
subfamília mais importante), Parnassiinae, Baroniinae e
Teinopal-pinae, sem espécies em nosso território.
Família PAPILIONIDAE
(Papilionida Leach, 1815, 1818; Papilionidae Samouelle, 1819; Leptocircinae Kirby, 1836; Equitidae Heineman, 1859)
Subfamília PAPILIONINAE
(Papilioninae Swainson, 1840; Bates, 1864)
124. C a r a c t e r e s - Antenas aproximadas na base (fig. 245); ocelos atrofiados; palpos curtos, encostados à cabeça. Pernas ante-
riores bem desenvolvidas, com a tibia p r o v i d a de epifise (strigil) (fig. 247); garras tarsais simples. Célula f e c h a d a em a m b a s as asas
Fig. 248 - Lagartas de Papilio anchysiades capys Hübner (De Pinto da Fonseca e Autuori)
(fig. 250); R1, na asa posterior, formando com Sc uma celula basal
Vários P a p i l i o n i d e o s e x i b e m n o t á v e l d i m o r f i s m o sexual, ver-
dadeiramente extraordinário em algumas espécies do gênero Troides Hübner, 1816 (=Ornithoptera Boisduval, 1833), das ilhas do
Ar-q u i p e l a g o Malaio.
Os ovos são esféricos, c o m o corio l o n g i t u d i n a l m e n t e estriado. As l a g a r t a s , ou são c o m p l e t a m e n t e lisas, ou a p r e s e n t a m t u - bérculos ou a p e n d i c e s c a r n o s o s m a i s ou m e n o s a l o n g a d o s e cores ou d e s e n h o s v a r i a d o s , que n ã o r a r o d ã o a l a g a r t a a s p e c t o que l e m b r a o de e s c r e m e n t o de a v e (fig. 248).
Q u a n d o excitadas, f a z e m sair, de u m p o n t o s i t u a d o no p r o n o t u m , u m processo ou a p e n d i c e bifido ou em
Y,
g e r a l m e n t e de côr ala-ranjada (osmeterium) (fig.
252), d o q u a l e m a n a cheiro d e s a g r a d á v e l , que l e m b r a o d a t i n t u r a de v a l e r i a n a . As l a g a r t a s de muitas espécies encon-tram-se pela manhã gregariamente, formando extensas massas sôbre o t r o n c o d a s á r v o r e s , há- bito êste que nos p e r m i - te destruí-las fàcilmente. As crisálidas, o u s e a p r e s e n t a m m a i s ou menos alargadas e fortemente angulosas na região céfalo-toráxica, ou muito se assemelham a um fragmento de madeira sêc a (Tomo 5.º fig. 42, da direita). Ficam sempre com a parte céfalica (provida de dois prolongamentos) voltada para cima e presas a superfície suporte pelo cremaster e por uma cinta de fio de seda, passada em torno da parte média do corpo, com as extremidades coladas àquela superfície.
125. Especies mais interessantes - Ha cerca de 850
Papi-lionideos descritos. Os mais conhecidos pertencem ao gênero Pa-pilio, com muitas espécies cujas lagartas se alimentam de folhas
Fig. 249 - Terminalia do macho de Papilio thoas brasiliensis (Lacerda fot.).
de plantas de várias famílias, principalmente Aristolochiaceae, Ru-taceae (v. spp. de Citrus), Piperaceae, Anonaceae e Lamaceae.
Das espécies cuja biologia é mais ou menos conhecida em nosso país, devo c h a m a r atenção para as que a t a c a m plantas do gênero
Fig. 250 - Asas de Papilio thoas brasiliensis (a esquerda) e de Papilio anchysiades capys (á direita) (Lacerda del.).
Citrus, a saber: Papilio anchisiades capys (Hübner, 1806) (fig. 251); Papilio lycophron lycophron (Hübner; 1818); Papilio thoas brasiliensis
Rothschild & Jordan, 1906 (fig. 246) e
Papilio thoas thoas Linnaeus,
1771.
No Brasil a etologia destas espécies acha-se descrita em vários
trabalhos (de Moss (1919), FONSECA e AUTUORI (1933) e outros).
Fig. 251 - Papilio anchysiades capys Habn, 1806 (Lacerda fot.).
Na Argentina BOURQUIN (Mariposas Argent., 1945) tambem
estudou a biologia de Papilio anchisiades capys.
Fig. 252 - Parte anterior do corpo da lagarta de uma espécie de Papilio, mostran-do o osmeterium, em
pro-lapso (Lacerda del.).
As lagartas dos nossos Papilionideos são parasitadas por vários
(Ichneumo-nidae). Atacando
Papilio anchisiades capysforam observadas
as seguintes espécies:
Abbeloides marquesiBrèthes, 1924 (Braco-
nidae) (v. trabalho de MARQUES, (1916),
Inareolata brasiliensis(Costa Lima, 1935) e
Pedinopelte gravenhorstii(Guerin, 1930) (Ich-
neumonidae).
Na República Argentina sã o parasitos primários ele
Papiliothoas thoantiades
Burm.:
Brach ymeria ovata(Say, 1824) (Chalcididae)
e Pteromalus caridei
Brèthes, 1913 (Pteromalidae).
126. Bibliografia
APOLINAR MARIA, H.
1939 - Miscelanea entomologica. Catalogo explicativo de los Ropa-loceros Colombianos del Museo del Instituto de la Salle.
Rev. Acad. Colomb. Ci. Exac. Fis. Nat., 3 : 108-111, e est.
BATES, H. W.
1861 - Contributions to an insect fauna of the Amazon Valley-Papi-lionidae.
Jour. Ent., 1 : 218-245.
BRYK, F.
1929-1930 - Papilionidae.
Lep. Catal., 35, 37, 3 9 : 6 7 6 p. COSTA, R. GOMES
1937 - Papilio a n c h y s i a d e s capys H ü b n e r . Rev. Agron. : 4 p., 4 figs.
D'ALMEIDA, R. F.
1924 - Les Papilionides de Rio de J a n e i r o . D e s c r i p t i o n de deux che- nilles.
Ann. Soc. Ent. Fr., 9 3 : 2 3 30.
1936 - Une nouvelle espéce d ' I p h i c l i d e s (Papil.) du Brésil (Famil. Pa-pilionidae).
F e s t c h r . 60 G e b u r t s t . Prof. E m b r i k S t r a n d , Riga, 1 : 510- 513, 2 figs.
1 9 3 8 - U m a n o v a especie do genero Iphiclides (Fam. Papilionidae). Livr. J u b i l . Prof. T r a v a s s o s , Rio de J a n e i r o 3 : 33-35, 3 figs. 1 9 4 1 - U m a n o v a subespécie de Iphiclides telesilaus (Felder, 1864).
Arq. Zool., 2 : 3 1 9 320, 1 est.
1942 - Ligeiras notas sobre alguns Papilionidios americanos. Arq. Mus. P a r a n . , 2 : 29 34.
DETHIER, V. G.
1 9 4 1 - C h e m i c a l factors influencing t h e choice of food p l a n t s b y P a - pilio larvae.
Amer. N a t u r . , 7 5 : 6 1 73.
FONSECA, J. P. & M. AUTUORI
1938 - Doenças, pragas e t r a t a m e n t o s , in M a n u a l de C i t r i c u l t u r a de E. N a v a r r o de Andrade: 130.
GRAY, G. R.
1852 - Catalogue of lepidopterous insects in the collection of the Bri-tish M u s e u m .
Part. I. Papilionidae, I - I V , 84 p., 13 ests col., 1 fig. 1856 - List of t h e specimens of lepidopterous insects in t h e collection
of t h e British M u s e u m .
P a r t . 1 - Papilionidae, I I I + 106 p.
HOFFMANN, C. C.
1949 - Catalogo s u s t e m á t i c o y zoogeográfico de los l e p i d o p t e r o s M e - xicanos - Papilionoidea.
Ann. Inst. Biol. Mexico, 11 : 639-739.
LIMA, A. DA COSTA
1935 - Novo Ichneumonideo parasito de Papilio anchisiades capys ( H ü b n e r ) .
MARQUES, L. A. de AZEVEDO
1923 - Vespa versus lagarta. N o t a previa sobre a biologia d a v e s p i n h a P r o t a p a n t e l e s Marquesi Brèthes, inimiga n a t u r a l das l a g a r t a s da borboleta d i u r n a Papilio anchisiades capys H ü b n e r .
Bol. Soc. Bras., 4 - 6 : 31-33, 1 fig.
Este t r a b a l h o foi reeditado em Chac. Quint, (1924) 29 (2): 108-110 e em publicação avulsa do Inst. Biol. Def. Agric., (Minist. Agric.) (1. ª edição, 1926), 2.ª edição, 1932: 13 p., 1 est. e 1 fot.).
1912 - I n s e t o s nocivos a laranjeira e meios de destrui-los. Alman. Agric. Bras.: 129-134.
MOSS, A. MIL ES
1919 - T h e Papilios of Pará.
Nov. Zool., 2 6 : 295-313, ests. 2-4. RIPPON, R. H. F.
1902 - Papilionidae, Papilioninae. Gen. Ins., 6 : 1 5 p. ROTHSCHILD, L. W. & K. JORDAN
1906 - A revision of t h e american Papilios. Nov. Zool., 1 3 : 411-753, ests. 4-9. SQUIRE, F. A.
1937 - Observation on the pupal diapausa of the orange dog (Papilio anchisiades L.).
Trop. Agric., 1 4 : 170-171, 3 figs. ZIKÁN, J. F.
1937 - Descrição de especies e formas novas do genero Papilio L. (Lep.). Arch. Inst. Biol. Veget., 3 : 141-150, 13 figs., 5 ests. 1938 - Die A r t e n der Papilio protesilaus - Gruppe.
E n t . Runds., 5 5 : 229-235; 281-286; 301-305; 3 8 9 - 3 9 2 ; 441-444; 561-564; 607-608, 9 figs.
1939 - Idem, ibid., 5 6 : 45-48; 116- 119, 9 ests.
Superfamília NYMPHALOIDEA (Nymphaloidea Tillyard, 1926)
127. Caracteres - As borboletas desta superfamília teem, co-mo os Papilionideos, antenas aproximadas na base e não recurvadas na parte apical; deles porém se distinguem, por terem apenas uma nervura livre na área anal da asa anterior e duas na mesma área da asa posterior (2A e 3A). Demais, a cubital é aparentemente