GERENCIAMENTO DE RISCO
Ricardo A. Brandão
ROTEIRO
Conceitos básicos
Perspectivas Históricas
Acidente Seveso
Acidende Vila Socó
Percepção dos riscos
Fatores de influência da percepção dos
riscos
RISCO
Uma expectativa de perda expressada como a probabilidade de que uma ameaça em particular poderá explorar uma vulnerabilidade com um possível prejuízo
Uma medida da incerteza associada aos retornos esperados de investimentos
l Não é ruim por definição, o risco é essencial para o progresso e as falhas decorrentes são parte de um processo de aprendizado.
GERENCIAMENTO DE RISCOS
Um processo que identifica
sistematicamente
– recursos valiosos de sistema
– ameaças a aqueles recursos
– quantifica as exposições de perda
– recomenda como alocar recursos às
contramedidas para minimizar a
exposição total
GERENCIAMENTO DE RISCOS
O processo de identificar, de controlar, os eventos incertos, eliminando ou minimizando os que podem afetar os recursos de sistema
Uma das ferramentas mais poderosas no gerenciamento de riscos é o conhecimento
Indica os caminhos e os principais locais de ação da
segurança
– disponibilidade, integridade, custos, ...
CENÁRIO ATUAL
O risco não é um novo problema ou uma
nova terminologia
Os seres humanos sempre tiveram de
enfrentar (ou encarar) os riscos no seu meio
ambiente
LEIS DE MURPHY
Qualquer operação pode ser feita de forma errada, não interessa o quanto essa possibilidade é remota; ela algum dia vai ser feita - óbvio.
Não importa o quanto é difícil danificar um equipamento; alguém, algum dia vai achar um jeito.
Se algo pode falhar, essa falha deve ser esperada para ocorrer no momento mais importante, com o máximo de danos.
RISCO E PERIGO
(OHSAS)
PERIGO: Fonte ou situação potencialmente capaz de causar perdas em termos de dano à saúde, prejuízos à propriedade, prejuízos do ambiente do local de trabalho ou uma combinação entre eles.
RISCO: Combinação da freqüência, ou probabilidade, e da(s) conseqüencia(s) da ocorrência de uma situação de perigo específico.
RISCO E PERIGO
O perigo tem duas importantes características
– a gravidade (algumas vezes denominada de dano) – probabilidade da ocorrência
A gravidade é definida como o pior acidente possível de ocorrer
A probabilidade de ocorrência pode ser especificada quantitativamente e qualitativamente
VALE A PENA PROTEGER TUDO?
Segurança requer investimentos
Pode-se utilizar o ROI (return on investment)
– Não existe um modelo unificado
Conhecimento do negócio
– Este é o ponto chave para qualquer gerenciamento de risco.
FINALIDADE
O gerenciamento de
riscos serve para
direcionar esforços e
investimentos
Estabelecer prioridades
Não existe segurança
100%
– Segurança é risco tendendo à zero.
PRESPECTIVA HISTÓRICA
O primeiro registro histórico da atividade de análise de risco se refere ao trabalho, cerca de 3200 aC, no vale do
Tigris-Euphrates. Este grupo auxiliava os reis na análise de
alternativas de decisões consideradas incertas e difíceis, em que havia grande risco.
No século 4o aC, foram registradas observações feitas por gregos e romanos, que relacionavam as causas existentes entre a exposição a alguma condição ambiental e o conseqüente aparecimento de doenças: Vitruvious observou a intoxicação gerada pelo chumbo; e Agricola a correlação entre a condição de saúde de indivíduos expostos à atividade mineradora.
PERSPECTIVA HISTÓRICA
O reconhecimento de que certas decisões e atividades geravam riscos, em maior ou menor grau, fez surgir há cerca de 3900 anos, na Mesopotâmia, os primeiros registros de seguro.
Na Babilônia, quando as caravanas atravessavam o deserto para comercializar camelos em cidades vizinhas, era comum alguns animais morrerem durante o caminho. Os cameleiros, cientes do grande risco, firmavam um acordo no qual pagariam para substituir o camelo de quem o perdesse.
O seguro surgiu pela necessidade do ser humano se prevenir quanto a um potencial evento indesejado na condução de alguma atividade.
PERSPECTIVA HISTÓRICA
Em 1950 BC, o código de Hamurabi2 formalizou os contratos contendo um prêmio de risco para a possibilidade da perda de barcos e carga.
236. Se um homem alugar seu barco para um marinheiro, e o marinheiro for descuidado, danificando o barco ou perdendo-o à deriva, o marinheiro deve dar ao dono do barco outro barco como compensação.
PERSPECTIVA HISTÓRICA
237. Se um homem contratar um marinheiro e seu barco, e dotá-lo de roupas, óleo, tâmaras e outras coisas do tipo necessário e/ou adequado para a embarcação, e o marinheiro for descuidado, o barco danificado e seu conteúdo arruinado, então o marinheiro deve compensar o proprietário pelo barco que foi danificado e por todo seu conteúdo.
238. Se um marinheiro estragar a nau de outrém, mas tentar salvá-la, ele deverá pagar a metade do valor da nau em dinheiro.
PERSPECTIVA HISTÓRICA
No século XII surgiu uma nova modalidade
de seguro chamada Contrato de Dinheiro e
Risco Marítimo:
– Emprestava-se ao navegador quantia em
dinheiro no valor do barco e das mercadorias transportadas. Se durante a viagem o barco sofresse alguma avaria, o dinheiro emprestado não era devolvido.
– Caso contrário o dinheiro era devolvido acrescido de juros.
PERSPECTIVA HISTÓRICA
Em 1234 o papa Gregório IX proibiu este tipo de Contrato em toda Europa.
Os homens ligados ao negócio encontraram outra saída: o banqueiro se tornada comprador do barco e das suas mercadorias. Se o barco chegasse intacto a clausula de compra se anulava e devolvia-se o dinheiro com juros acrescidos. Caso o barco naufragasse o dinheiro era o preço da compra.
PERSPECTIVA HISTÓRICA
O primeiro contrato de seguro nos moldes atuais foi firmado em 1347, em Gênova, com a emissão da primeira apólice Era um contrato de seguro de transporte marítimo. Daí pra frente, o seguro iniciou uma carreira vertiginosa, impulsionado pelas Grandes Navegações do século XVI.
A teoria das probabilidades desenvolvida por Pascal, associada à estatística, deu grande impulso ao negócio de seguros porque, a partir de então, os valores pagos pelo seguro, seus prêmios, puderam ser calculados de forma mais justa
PERSPECTIVA HISTÓRICA
PERSPECTIVA HISTÓRICA
Em 1792, Pierre Simon de Laplace desenvolveu o protótipo de análise de riscos quantitativo moderno com seus cálculos de probabilidade de morte com ou sem vacinação contra a varíola
PERSPECTIVA HISTÓRICA
Com o advento da máquina e da era industrial no século XIX, surgiram e desenvolveram-se outras modalidades de seguro, como o de incêndio, o de transportes terrestres, e o de vida.
O Mundo estava ingressando na era industrial. O foco principal das seguradoras passou a ser orientada para o processo produtivo, e a redução de riscos associados a perda de capital.
ACIDENTE - SEVESO
Em 1976, um plana industrial localizada em Seveso, província de Milão.
Ocorreu uma ruptura do disco de segurança de um reator, que resultou na emissão da atmosfera de de uma grande núvem tóxica.
Núvem contendo etilenoglicol e 2,3,7,8-tetraclorodibenzoparadioxina
(TCDD). A nuvem se espalhou numa grande área, contaminando pessoas, animais e o solo na vizinhançada unidade industrial
ACIDENTE – VILA SOCÓ - CUBATÃO
Em 1984, em Cubatão/SP foi percebido o vazamento de gasolina de um dos oleodutos da Petrobras, que ligada a refinaria de Presidente Bernardes ao Terminal de Alemoa. A tubulação passava em região alagadiça, em frente à vila
constituída por palafitasum
O operador alinhou inadequadamente e iniciou a transferência de gasolina para uma tubulação (falha operacional) que se encontrava fechada, gerando sobrepressão e ruptura da mesma, espalhando cerca de 700 mil litros de gasolina pelo mangue
Após duas horas de vazamento ocorreu a ignição do fogo. O número oficial de mortos é de 93, porém dados scundários
TRATAMENTO DE DADOS
PERCEPÇÃO DOS RISCOS
As pessoas tendem a ser particularmente resistentes à idéia de que se encontram em risco diante de um perigo.
A maioria considera que se encontra diante de um perigo menor que os outros, e que tem menor possibilidade.
Por exemplo, quase todo mundo acha que dirige melhor ou que tem menos probabilidade de vir a ter um câncer do que a média das outras pessoas.
PERCEPÇÃO DOS RISCOS
Vários estudos de antropologia e sociologia mostram que a percepção e a aceitação do risco têm suas raízes em fatores culturais e sociais.
Argumenta-se que a reação ao perigo decorre de influências sociais transmitidas por amigos, pela família, por colegas de trabalho e personalidades públicas.
Em muitos casos, a percepção de risco pode
desenvolver-se depois de uma ação
PERCEPÇÃO DE RISCO
PERCEPÇÃO DOS RISCOS
FATORES QUE INFLUENCIAM A
PERCEPÇÃO
Abraham Maslow desenvolveu, no final dos anos sessenta, a teoria do humanismo que explica que as necessidades humanas são de natureza hierárquica.
Ela defende que as pessoas não reagem tão somente à forças mecânicas (estímulos e reforços de comportamento) ou a impulsos instintivos inconscientes, mas também a tudo aquilo que contribui para o desenvolvimento do seu potencial humano.
FATORES QUE INFLUENCIAM A
PERCEPÇÃO
Nível 1: Necessidades fisiológicas ou biológicas de sobrevivência. Inclui o oxigêni o, a comida, a água e a proteção do calor e do frio e das intempéries. Tais necessidades são muito importantes, pois se um indivíduo não conseguir satisfazê-las, pode vir a morrer.FATORES QUE INFLUENCIAM A
PERCEPÇÃO
Nível 2: Necessidades de segurança. São muito importantes em situações de emergência ou em períodos de desestabilização social (como a anarquia e a violência social).FATORES QUE INFLUENCIAM A
PERCEPÇÃO
Nível 3:
Necessidades psicológicas. Inclui a necessidade de dar e receber afeto, o sentimento de pertencer a um grupo e de evitar a solidão ou a alienação.
FATORES QUE INFLUENCIAM A
PERCEPÇÃO
Nível 4:
Necessidades de auto-estima. A necessidade de uma base estável de auto-estima e respeito pelos outros é importante para nos sentirmos satisfeitos, confiantes e valorizados.
FATORES QUE INFLUENCIAM A
PERCEPÇÃO
Nível 5: Necessidades de realização pessoal. Maslow descreve a realização pessoal como um processo em que as pessoas dedicam -se a uma atividade que consideram muito valiosa, às vezes chamada de vocação.CARACTERÍSTICAS QUE
INFLUENCIAM A PERCEPÇÃO
Medo: O que mais o preocupa, ser comido por um tubarão ou
morrer de uma doença cardíaca?
– Ambos podem matar, mas os problemas cardíacos apresentam uma maior probabilidade de ocorrer.
Controle: A maioria das pessoas sente-se segura quando está
dirigindo. Segurar o volante com as mãos provoca o sentimento de poder controlar os acontecimentos.
O risco é algo natural ou gerado pelas pessoas?: As fontes
de energia nuclear, tanto quanto os telefones celulares, assim como os campos elétricos e magnéticos, provocam com freqüência maior preocupação do que a radiação proveniente do sol.
– A origem natural de um risco faz com que ele seja percebido como um risco menor do que aquele gerado pelas pessoas.
CARACTERÍSTICAS QUE
INFLUENCIAM A PERCEPÇÃO
Escolha: Um risco selecionado por nós mesmos parece-nos menos perigoso do que aquele que nos é imposto por outra pessoa.
Efeitos nas crianças: A sobrevivência das espécies depende da sobrevida da sua prole. Por isso, os riscos que correm as crianças, tal como a exposição ao amianto na escola, ou o seqüestro de um jovem, parecem mais graves do que os mesmos riscos aos quais são expostos os adultos
CARACTERÍSTICAS QUE
INFLUENCIAM A PERCEPÇÃO
Riscos novos: Os novos riscos, incluindo-se a síndrome respiratória aguda grave (SARS), o vírus do Nilo e aqueles trazidos pelas novas tecnologias e produtos, tendem a ser mais terríveis do que aqueles com os quais convivemos há mais tempo.
Conscientização: Quanto mais conscientes estivermos de um risco, melhor é a nossa percepção e maior a nossa preocupação.
– A conscientização de certos riscos pode ser alta ou baixa dependendo da atenção dada aos riscos.
CARACTERÍSTICAS QUE
INFLUENCIAM A PERCEPÇÃO
Possibilidade de impacto pessoal: Qualquer risco pode parecer maior se a vítima for a própria pessoa ou alguém próximo a ela. Quanto maior for a proximidade e o conhecimento das conseqüências do risco, maior poderá ser a sua percepção.
Relação custo-benefício: Alguns analistas e estudiosos da percepção de risco acreditam que a relação custo-benefício é o principal fator que determina um maior ou menor medo diante de uma ameaça.
CARACTERÍSTICAS QUE
INFLUENCIAM A PERCEPÇÃO
Confiança: Quanto mais confiança tiver nos profissionais que estão encarregados da nossa proteção, nos funcionários do governo ou nas instituições responsáveis pela nossa exposição ao risco. Menor será o nosso nível de preocupação.
Memória de riscos: Um acidente memorável faz com que um risco fique mais fácil de ser lembrado e imaginado e pode, portanto, parecer maior
CARACTERÍSTICAS QUE
INFLUENCIAM A PERCEPÇÃO
Difusão espacial e temporal: Eventos raros como os
acidentes nucleares são percebidos como mais perigosos do que os riscos comuns e cotidianos (acidentes de trânsito). Efeitos sobre a segurança pessoal e nos bens: Um evento é
percebido como perigoso quando afeta interesses e valores fundamentais, como por exemplo, a saúde, a moradia, o valor de uma propriedade e o futuro.
Eqüidade: É comum que as pessoas que têm de enfrentar
mais riscos do que os outros e que não têm acesso a benefícios, sintam indignação.
CARACTERÍSTICAS QUE
INFLUENCIAM A PERCEPÇÃO
Processo: As instituições ou governos devem demonstrar
confiabilidade, honestidade e preocupação com os impactos na comunidade. E devem comunicar-se com a população antes de tomar decisões, criando assim uma relação de respeito.