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PERFIL DO TRABALHADOR NA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA NAS REGIÕES NORTE-NORDESTE E CENTRO-SUL DO BRASIL

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Academic year: 2021

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PERFIL DO TRABALHADOR NA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA

NAS REGIÕES NORTE-NORDESTE E CENTRO-SUL DO BRASIL

Bárbara Françoise Cardoso

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Resumo: A mudança de paradigma na produção da agroindústria canavieira durante sua disseminação da região Norte-Nordeste, que utilizavam o paradigma subvencionista, para o Centro-Sul do Brasil, que utilizam o paradigma tecnológico, afetou o desenvolvimento dessas duas regiões pelo fato de a cultura da cana-de-açúcar ter importância histórica no desenvolvimento brasileiro. Neste contexto, a análise do perfil dos trabalhadores na agroindústria canavieira faz-se necessária para verificar possíveis divergências socioeconômicas entre as regiões Norte-Nordeste e Centro-Sul, bem como para a discussão de projetos de políticas públicas para este setor, visto que caracteriza a composição do trabalhador e o ambiente em que ele está inserido. Dessa forma, este artigo propôs analisar o perfil dos trabalhadores na agroindústria canavieira nas regiões do Brasil. A metodologia utilizada foi a análise descritiva dos indicadores de emprego no segmento de produção de cana (canaviais), de açúcar (usinas) e de etanol (destilarias), a faixa etária, a escolaridade e a faixa salarial dos trabalhadores em 1994 e 2011. Os resultados apontaram para a presença significativa de empregados do sexo masculino, entre 18 e 64 anos de idade, com escolaridade média de 6 a 9 anos de estudo e com remuneração média de 1,01 a 5,00 salários mínimos em 2011, bem como a presença de trabalho infantil e escravo.

Palavras-chave: Agroindústria canavieira. Perfil do trabalhador. Faixa etária. Escolaridade. Remuneração média.

1 INTRODUÇÃO

A cultura da cana-de-açúcar tem uma importância histórica no Brasil. Sua origem nas terras brasileiras data dos primórdios da colonização. Nessa época, a produção de cana-de-açúcar era destinada apenas à produção de cana-de-açúcar, tendo o etanol como um produto residual. Ao longo do tempo o açúcar adquiriu importância internacional, permitindo ao Brasil exportá-lo e contrair vantagens competitivas em sua produção. No final do século XX, o país se encontrava entre os cinco maiores países produtores de cana, açúcar e etanol e abrigava cerca de 770 mil trabalhadores formais e informais. Em 2008, esse valor subiu para mais de 3,6 milhões de empregados diretos e indiretos (DIEESE, 2007).

Na década de 1970, a agroindústria canavieira conquistou uma interação entre os agentes que favoreceu a sua conjuntura institucional e organizacional. De acordo com Shikida (2010), as crises do petróleo ocorridas na década de 1970 possibilitaram um arranjo

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Doutoranda em Desenvolvimento Regional e Agronegócio pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. E-mail: barbarafcardoso@gmail.com

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de interesses que alavancou a produção de etanol no Brasil. O principal momento para a agroindústria canavieira deu-se após a criação do Programa Nacional do Álcool (PROALCOOL), o que estimulou o aumento das unidades produtivas (usinas e destilarias) da agroindústria canavieira.

Embora as unidades produtivas tenham aumentado em todo o Brasil, Shikida (1998) argumenta que as agroindústrias das regiões Norte-Nordeste perderam unidades produtivas no decorrer dos anos em detrimento do aumento do número de unidades de agroindústrias do Centro-Sul2, estimulando a disseminação da cultura da cana-de-açúcar para outros Estados brasileiros, além dos Estados do Nordeste. Tal disseminação se deu, principalmente após a extinção do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), em 1990, que subsidiava as agroindústrias canavieiras, mormente, as da região Norte-Nordeste.

Com tal disseminação e com o aumento das unidades produtivas, era de se esperar que o número de empregados nas agroindústrias canavieiras no país aumentasse, bem como a diversificação do perfil do trabalhador devido, entre outros fatores, ao paradigma tecnológico adotado por tais agroindústrias na região Centro-Sul e à divergência das características pessoais, tais como idade, sexo e escolaridade.

Outra característica destacada por Shikida (1998) é a mudança de paradigma na produção da agroindústria canavieira durante sua disseminação da região Norte-Nordeste, que utilizavam o paradigma subvencionista, para o Centro-Sul do Brasil, que utilizam o paradigma tecnológico. O paradigma subvencionista é caracterizado pela sobrevivência, através de subsídios governamentais, das agroindústrias canavieiras que, no Norte-Nordeste, mesmo com a extinção do IAA, dependem de subsídios do Governo para continuarem ativas. O paradigma tecnológico refere-se ao modelo de produção adotado pelas agroindústrias canavieiras que, desde a sua disseminação para o Centro-Sul do Brasil, preferiram agir sem a intervenção do Governo, investindo em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e desenvolvendo novas tecnologias que vão desde a criação de novas variedades de cana-de-açúcar até a melhor forma de extração de etanol. (SHIKIDA, 1998).

Neste contexto, a análise do perfil dos trabalhadores nas agroindústrias canavieiras faz-se necessária para verificar se, além do aumento de unidades produtivas, há também um aumento dos trabalhadores e de sua diversificação, bem como discutir a diferença da

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Os estados que compõem a região Norte-Nordeste são os estados de Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins. Já os estados que compõem a região Centro-Sul são os estados de Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo (COSTA, BURNQUIST e GUILHOTO, 2006).

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remuneração média recebida pelos trabalhadores nos Estados brasileiros, em 1994 e 2011. Estanislau, Deon e Shikida (2008) afirmam que este tipo de estudo é importante para a discussão de projetos de políticas públicas para este setor visto que caracteriza a composição do trabalhador e o ambiente em que ele está inserido.

Dessa forma, este artigo propõe analisar o perfil dos trabalhadores da agroindústria canavieira no Brasil com o intuito de verificar possíveis divergências entre as unidades da federação, destacando a análise agregada das regiões Norte-Nordeste e Centro-Sul.

2 RELAÇÕES DE TRABALHO NA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA

Primeiramente, faz-se necessário definir o termo agroindústria e diferenciá-lo de outros termos que são, normalmente, usados na literatura como sinônimos, tais como complexo agroindustrial e sistema agroindustrial.

O complexo agroindustrial está relacionado a uma determinada matéria-prima que envolve várias cadeias produtivas, na sua transformação, para se chegar ao produto final. O sistema agroindustrial está relacionado ao conjunto de atividades necessárias para a produção de um produto agroindustrial3 qualquer, desde a produção de insumos até a chegada desse produto ao consumidor final. Diferentemente destes termos, o termo agroindústria denota o conjunto de produção agrícola e indústrias processadoras (BATALHA, 2007; SHIKIDA, 1998).

A FAO (1997, p. 1) define agroindústria como uma “(...) subserie de actividades de manufaturación mediante las cuales se elaboran materias primas y productos intermedios derivados del sector agrícola.”. Ou seja, a agroindústria corresponde ao processamento dos produtos agropecuários. Neste caso, a agroindústria canavieira corresponderia apenas às usinas e destilarias que são responsáveis pelo processamento da cana-de-açúcar4.

Embora existam várias definições de agroindústria, a essência do conceito é sempre a mesma. Neste trabalho, porém, adotar-se-á a definição de agroindústria proposta por Shikida (1998), que além das usinas e destilarias envolve também o setor de produção de cana-de-açúcar.

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Um produto agroindustrial é aquele que é derivado de matérias-primas agropecuárias.

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É importante ressaltar que há diferença entre usina e destilaria, uma vez que alguns autores utilizam os termos como sinônimos. O processamento da cana-de-açúcar ocorre em ambos, porém, a produção de açúcar se dá nas usinas e a produção de etanol se dá nas destilarias. Algumas delas são separadas, mas está cada vez mais comum a existência de destilarias anexas às usinas. Dessa forma, algumas estatísticas disponíveis para a agroindústria canavieira diz respeito às usinas/destilarias, não fazendo distinção entre ambas.

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2.1 As relações de trabalho na agroindústria canavieira

Os trabalhadores envolvidos na agroindústria canavieira estão instituídos em organizações sindicais, cooperativas e associações, tais como os Sindicatos Rurais Patronais, Sindicato dos Trabalhadores, Sindicatos dos Empregados Rurais entre outros (MACEDO, 2005). Além dessas formas de organização, os produtores de cana-de-açúcar, as usinas e as destilarias também podem ser representados por cooperativas e associações, como a União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA), Associação das Indústrias Sucroenergética de Minas Gerais (SIAMIG), Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Energia (BIOCANA) entre outras.

As relações de trabalho na agroindústria canavieira são regulamentadas pelo Decreto-Lei nº 5.452, de maio de 1943, e suas atualizações posteriores, que se refere à Legislação Trabalhista5. Tal legislação prevê os direitos sociais dos trabalhadores, tais como boas condições de trabalho, salário mínimo, direito de greve entre outros. De acordo com Staduto (2003, p. 40), “o salário mínimo foi inicialmente introduzido no mercado de trabalho urbano em 1940, e no mercado agrícola em 1963”. Para o autor, a formação do salário agrícola está atrelada, principalmente, à produtividade do trabalho e à oferta de mão-de-obra permanente e temporária, desconsiderando a mão-de-mão-de-obra familiar.

Ressalta-se que, em alguns casos, o trabalho na agroindústria canavieira mostra-se sazonal, pois está de acordo com o ciclo produtivo da cana-de-açúcar. Neste caso, na época da colheita, o número de trabalhadores aumenta visto que ainda existe colheita manual em alguns canaviais. Macedo (2005, p. 204), afirma que “Grandes diferenças (altos ‘índices de sazonalidade’, definidos como a relação entre a mão-de-obra na safra/mão-de-obra na entressafra) implicam mais trabalho temporário, levando a maior rotatividade, dificuldade de treinamento e progresso profissional e conseqüentemente baixos salários”.

Isto é, quanto mais trabalhadores nos canaviais, menores serão os salários dos mesmos visto que tais trabalhados são, em sua maioria, temporários e, portanto, o empregador não tem a obrigação de garantir o pagamento do salário mínimo. O autor ainda ressalta que o número de empregados na agroindústria canavieira será tanto menor quanto maior for o nível tecnológico utilizado, o que está de acordo com o perfil tecnológico das agroindústrias canavieiras no Centro-Sul do Brasil.

A importância da mão-de-obra na agroindústria canavieira não está somente na colheita da cana-de-açúcar, mas, também, na administração dos canaviais, no processo de

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Para mais informações ver <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-5452-1-maio-1943-415500-norma-pe.html>.

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produção do açúcar e do etanol, incluindo os administradores, agrônomos, químicos, economistas entre outros. Ressalta-se que tais profissionais são os que, geralmente, estão empregados formalmente na agroindústria canavieira, enquanto os que possuem cargos com menor remuneração são os que estão informalmente empregados (ANDRADE, 1994).

Neste contexto, percebe-se a importância do emprego formal para os trabalhadores, uma vez que eles obtêm vantagens que proporcionarão melhores condições de trabalho, tais como definição da carga horária, garantia de salário mínimo, carteira assinada que permite o ganho do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), indenização por demissão sem justa causa entre outras vantagens.

3 PERFIL DO EMPREGO NA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA

De acordo com Andrade (1994), deve-se ressaltar que na agroindústria canavieira não há apenas empregados que trabalham na produção agrícola. Há também os empregados na administração e os operários industriais, ou seja, profissionais de diversas áreas, tais como engenheiros, agrônomos, químicos, mecânicos, advogados, economistas etc. Ressalta-se que neste trabalho não foi distinguido o tipo de função e a profissão dos empregados, além de ter sido utilizado apenas o emprego registrado pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)6.

Todos os dados foram obtidos da RAIS, sendo consideradas as produções de cana, açúcar e etanol para os Estados brasileiros, desconsiderando apenas Amapá, Distrito Federal e Roraima, por não apresentarem produção de cana-de-açúcar. Para algumas categorias os dados foram agregados para compor a divisão utilizada neste trabalho, tais como a faixa etária, faixa de escolaridade e faixa salarial.

3.1 O emprego na agroindústria canavieira

Em 1994, a agroindústria canavieira possuía cerca de 402 mil empregados, sendo que na região Norte-Nordeste havia 177.362 e na região Centro-Sul havia 224.820, expandindo para pouco mais de 635 mil em 2011, sendo 219.878 na região Norte-Nordeste e 415.545 na região Centro-Sul. Em 1994, do número total de empregados 10,59% eram

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Os empregos registrados pela RAIS são as informações que as empresas e indústrias passam ao Governo, ou seja, pode não retratar a realidade uma vez que estas podem omitir informações ou mesmo não divulgá-las. Dessa forma, as informações obtidas neste trabalho referem-se ao emprego tanto formal quanto informal.

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mulheres, isto é, 45.593 empregadas e 89,41% eram homens, o equivalente a 359.589 empregados. Em 2011, esses valores passaram a ser 9,78% de mulheres empregadas (62.152) e 90,22% de homens empregados (573.271). A Tabel 01 apresenta o número de empregados na agroindústria canavieira no Brasil em 1994 e 2011, em termos relativos e sua taxa de crescimento.

Tabela 01 – Brasil: número e taxa de crescimento (%) dos empregados na agroindústria canavieira, 1994 e 2011 Mulheres Taxa de crescimento Homens Taxa de crescimento UF 1994 2011 (%) 1994 2011 (%) Norte-Nordeste 31,99 17,17 -46,34 45,53 36,49 -19,85 TO 0,01 0,09 708,66 0,01 0,19 1.710,57 RO 0,01 0,05 630,99 0,00 0,03 563,10 PI 0,05 0,08 46,00 0,07 0,26 277,60 AM 0,06 0,27 382,57 0,05 0,12 154,61 AC 0,01 0,03 311,18 0,01 0,01 150,90 SE 0,59 1,19 100,97 0,87 1,89 117,43 MA 0,38 0,52 38,77 0,38 0,82 112,17 PA 0,07 0,20 171,91 0,10 0,20 104,49 AL 13,58 5,37 -60,48 13,22 14,89 12,63 PB 1,23 0,90 -26,48 3,57 3,54 -0,73 RN 0,35 0,17 -52,31 2,06 1,14 -44,62 PE 14,12 7,27 -48,53 22,91 12,44 -45,70 BA 1,45 1,02 -29,92 2,12 0,94 -55,73 CE 0,09 0,01 -85,18 0,16 0,03 -83,36 Centro-Sul 68,01 82,83 21,79 54,47 63,51 16,60 MS 1,08 4,93 355,48 1,04 3,96 279,58 GO 0,88 5,80 560,38 1,69 5,58 230,40 MG 3,98 8,54 114,69 3,45 6,94 101,29 PR 7,38 17,15 132,34 4,74 7,01 47,75 ES 0,61 0,91 50,34 0,65 0,83 26,33 MT 0,82 1,72 108,91 1,46 1,57 7,66 SP 51,34 43,07 -16,12 38,76 37,10 -4,27 RS 0,01 0,05 630,99 0,01 0,00 -52,03 RJ 1,68 0,59 -65,06 2,50 0,51 -79,55 SC 0,24 0,09 -64,04 0,16 0,01 -95,94 BRASIL 100,00 100,00 100,00 100,00

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da RAIS (2012).

Pela Tabela 01 percebe-se que o número de mulheres e homens foi maior na região Centro-Sul relativamente à região Norte-Nordeste, tanto em 1994 quanto em 2011. Porém, é notável que o número de mulheres e homens reduziu no Norte-Nordeste e aumentou no Centro-Sul.

No Norte-Nordeste houve uma redução de -46,34% no número de mulheres empregadas, embora apenas seis Estados tenham apresentado redução, são eles: Alagoas (-60,48%), Paraíba (-26,48%), Rio Grande do Norte (-52,31%), Pernambuco (-48,53%), Bahia (-29,92%) e Ceará (-85,18%). Nos demais Estados houve aumento do número de

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trabalhadores. Por outro lado, o número de homens foi reduzido em -19,85%, sendo que apenas cinco Estados apresentaram retração, são eles: Paraíba (-0,73%), Rio Grande do Norte (-44,62%), Pernambuco (-45,70%), Bahia (-55,73%) e Ceará (-83,36%).

No Centro-Sul houve um aumento de 21,79% no número de mulheres empregadas, embora em alguns estados tenha reduzido, tais como no Rio de Janeiro (-65,06%), Santa Catarina (-64,04%) e São Paulo (-16,12%). Nos demais Estados houve acréscimo no número de mulheres. Por outro lado, o número de homens aumentou em 16,60%, sendo que quatro Estados apresentaram redução, quais sejam: Rio de Janeiro (-79,55%), Rio Grande do Sul (-52,03%), Santa Catarina (-95,94%) e São Paulo (-4,27%).

A redução dos trabalhadores na região Norte-Nordeste e o aumento no Centro-Sul condizem com o paradigma tecnológico adotado por essa última região e pela permanência da primeira no paradigma subvencionista. Obviamente, outros fatores tiveram influência na redução do número de empregados na agroindústria canavieira em alguns Estados, tais como a transição da colheita manual para a mecânica, maior rigor nas leis e na fiscalização do trabalhador no campo e outros.

Em relação aos segmentos de produção da agroindústria canavieira, os dados da RAIS (2012) mostram que ocorreu decréscimo no número de mulheres e homens empregados em todos os segmentos na região Norte-Nordeste enquanto houve aumento desses trabalhadores no Centro-Sul. Dos 402.182 empregados na agroindústria canavieira em 1994, 37,68% estavam alocados na produção de cana-de-açúcar, sendo 12,58% mulheres e 87,42% homens; 51,34% na produção de açúcar, sendo 9,56% mulheres e 90,44% homens; e 10,99% na produção de etanol, sendo 8,60% mulheres e 91,40% homens. Em 2011, dos 635.423 empregados, 25,33% estão alocados na produção de cana-de-açúcar, sendo 9,18% mulheres e 94,69% homens; 53,83% na produção de açúcar, sendo 9,18% mulheres e 90,92% homens; e 19,09% na produção de etanol, sendo 9,41% mulheres e 90,59% homens.

No segmento de produção de cana-de-açúcar, houve retração de -14,82% no número de mulheres empregadas no Norte-Nordeste, sendo que apenas Bahia (6.520,34%), Ceará (195,55%) e Sergipe (178,42%) exibiram aumento. Quanto aos homens empregados, ocorreu retração de -25,72%, sendo que apenas Ceará (-42,51%), Pernambuco (-54,28%) e Alagoas (-58,44%) apresentaram queda. No Centro-Sul, o aumento foi de 3,53% no número de mulheres empregadas, sendo que apenas São Paulo (-23,13%) apresentou queda. Quanto aos homens empregados, houve acréscimo de 15,30%, sendo que o São Paulo (-11,39%), Paraná (-24,10%) e Santa Catarina (-91,31%) apresentaram queda.

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No segmento de produção de açúcar, ocorreu retração de -57,17% de mulheres empregadas no Norte-Nordeste, sendo que apenas a Paraíba (31,39%) apresentou aumento. Quanto aos homens, houve decréscimo de -56,04%, sendo o Pará (235,90%) e Maranhão (197,27%) expuseram aumento. No Centro-Sul, foi observado acréscimo de 48,48% no número de mulheres empregadas, sendo que o Espírito Santo (-37,93%), Santa Catarina (-68,88%) e Rio de Janeiro (-89,36%) decresceram. Quanto aos homens empregados, houve um acréscimo de 45,32%, sendo que todos os Estados apresentaram aumento.

No segmento de produção de etanol, ocorreu retração de -50,97% de mulheres empregadas no Norte-Nordeste, sendo que o Maranhão (67,33%), Tocantins (119,66%) e Roraima (964,80%) expuseram aumento. Quanto aos homens, observouse retração de -11,93%, sendo que o Tocantins (382,49%), Maranhão (108,82%), Pernambuco (55,46%) e Piauí (29,23%) aumentaram. No Centro-Sul, o acréscimo foi de 15,83% no número de mulheres empregadas, sendo que Goiás (287,83%), Mato Grosso do Sul (93,34%), Rio de Janeiro (68,93%) e Paraná (60,88%) apresentaram acréscimo. Quanto aos homens empregados, observou-se acréscimo de 10,94%, sendo que Goiás (148,86%), Mato Grosso do Sul (112,72%), Minas Gerais (21,54%), e Santa Catarina (19,46%) exibiram aumento no número de homens empregados.

Neste contexto, pode-se inferir que a maioria dos trabalhadores da agroindústria canavieira no Brasil era do sexo masculino e a maior participação das mulheres dava-se no segmento de produção de açúcar.

3.2 A faixa etária na agroindústria canavieira

De acordo com a Legislação Trabalhista, é considerado trabalhado escravo toda pessoa com idade inferior a 14 anos. Na faixa etária de 15 a 17 anos, o trabalhador é considerado menor aprendiz e pode trabalhar desde que respeitadas algumas condições, tais como menor carga horária. Os trabalhadores na faixa etária de 18 a 64 anos fazem parte da População Economicamente Ativa (PEA), isto é, estão na idade produtiva para trabalhar. Após essa faixa etária, teoricamente, os trabalhadores se aposentam, ou seja, a idade média para a aposentadoria é de 65 anos. Contudo, muitos trabalhadores não se aposentam ao alcançarem essa idade devido à falta de tempo de serviço, que deve ser comprovado, ou mesmo porque gostam do que fazem e não querem a aposentadoria.

A Tabela 02 apresenta a taxa de crescimento do número de empregados na agroindústria canavieira por faixa etária em 1994 e 2011.

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Crises do Capitalismo, Estado e Desenvolvimento Regional Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 4 a 6 de setembro de 2013

Tabela 02 – Brasil: Taxa de crescimento do número de empregados na agroindústria canavieira por faixa etária, 1994 e 2011

10-14 T.C. 15 -17 T.C. 18-64 T.C. 65 ou mais T.C. 1994 2011 (%) 1994 2011 (%) 1994 2011 (%) 1994 2011 (%) Norte-Nordeste 36,69 12,50 -65,93 56,17 13,26 -76,40 40,94 55,19 34,78 59,18 51,33 -13,27 AM 0,00 0,00 --- 0,05 0,00 --- 0,31 1,75 459,90 0,00 0,30 --- CE 0,00 0,00 --- 0,05 1,44 2531,85 1,01 5,27 420,78 0,11 2,23 2.000,92 BA 0,62 0,00 --- 5,27 0,00 --- 2,71 11,99 342,77 2,23 2,43 9,14 PI 0,00 0,00 --- 0,00 0,00 --- 0,45 1,01 126,28 0,07 0,10 43,24 AL 15,53 0,00 --- 20,37 5,27 -74,12 6,10 10,59 73,57 11,96 16,42 37,31 MA 0,00 0,00 --- 0,44 0,48 9,66 2,50 3,74 49,85 0,04 0,20 472,98 PE 14,91 12,50 -16,16 0,32 2,24 592,96 4,19 5,06 20,74 39,79 23,51 -40,92 TO 0,00 0,00 --- 0,03 0,00 --- 0,07 0,08 16,61 0,00 0,00 --- RN 0,47 0,00 --- 4,86 0,32 -93,43 7,40 7,00 -5,41 1,10 0,56 -49,17 SE 1,17 0,00 --- 4,15 3,04 -26,89 5,19 4,09 -21,16 1,17 2,18 86,65 PB 3,98 0,00 --- 20,32 0,48 -97,64 10,36 4,41 -57,43 2,62 3,39 29,69 AC 0,00 0,00 --- 0,03 0,00 --- 0,03 0,01 -62,26 0,00 0,00 --- RO 0,00 0,00 --- 0,00 0,00 --- 0,03 0,01 -63,00 0,00 0,00 --- PA 0,00 0,00 --- 0,14 0,00 --- 0,60 0,17 -72,08 0,11 0,00 --- Centro-Sul 63,31 87,50 38,21 43,83 86,74 97,92 58,72 44,66 -23,94 40,82 48,67 19,23 RS 0,00 0,00 --- 0,00 0,80 --- 0,06 0,90 1.423,72 0,04 0,20 472,98 SP 45,36 0,00 --- 8,04 67,25 736,45 4,15 8,55 106,19 23,38 1,96 -91,63 ES 0,08 25,00 31.925,00 2,05 5,11 149,54 4,12 7,94 92,90 0,71 1,87 165,00 MT 1,25 62,50 4.903,91 3,91 2,24 -42,74 8,84 8,45 -4,35 0,88 2,28 157,84 RJ 0,23 0,00 --- 1,39 1,92 37,61 7,86 6,75 -14,06 6,01 5,67 -5,63 SC 0,00 0,00 --- 0,11 0,48 338,64 1,12 0,69 -38,75 0,00 0,30 --- MS 1,33 0,00 --- 5,63 0,32 -94,32 6,51 2,69 -58,76 0,71 1,93 172,16 GO 0,23 0,00 --- 5,00 0,64 -87,22 10,22 3,55 -65,29 0,96 3,24 239,54 PR 13,11 0,00 --- 5,63 3,99 -29,12 8,20 2,68 -67,30 4,53 19,96 340,92 MG 1,72 0,00 --- 11,96 3,99 -66,62 7,65 2,46 -67,80 3,61 11,25 211,77 Brasil 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

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Pela Tabela 02, percebe-se que em 1994 os empregados na faixa etária de 10 a 14 anos encontravam-se em Alagoas, Bahia, Sergipe, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, no Norte-Nordeste e somente não estavam nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no Centro-Sul. Em 2011, com a evolução das leis trabalhistas e com a exigência do mercado mundial em eliminar a mão de obra infantil e escrava, apenas Pernambuco, Espírito Santo e Mato Grosso apresentaram trabalhadores nessa faixa etária. Portanto, apenas nesses Estados foi possível verificar a taxa de crescimento do número relativo de trabalhadores na faixa etária de 10 a 14 anos, sendo essa taxa no Espírito Santo de 31.925%, no Mato Grosso de 4.903,91% e em Pernambuco de -16,16%. É interessante observar que a única redução se deu em um Estado do Norte-Nordeste (Pernambuco).

O número relativo de trabalhadores entre 15 e 17 anos exibiu retração de -76,40% no Norte-Nordeste e acréscimo relativo de 97,92% no Centro-Sul entre 1994 e 2011. Apenas no Piauí, Roraima e Rio Grande do Sul não havia trabalhadores nessa faixa etária em 1994 e, em 2011 não havia trabalhadores no Acre, Amazonas, Bahia, Pará, Piauí, Roraima e Tocantins. Ressalta-se que nestes Estados foi possível calcular a taxa de crescimento. A maior taxa de crescimento positiva foi observada no Ceará (2.531,85%) e em São Paulo (736,45%), no Norte-Nordeste e Centro-Sul, respectivamente. A maior taxa negativa foi observada na Paraíba (-97,64%) e Mato Grosso do Sul (-94,32%), no Norte-Nordeste e Centro-Sul, respectivamente.

A maior parte dos trabalhadores da agroindústria canavieira encontrava-se na faixa etária de 18 a 64 anos, corroborando com a idade da PEA. Ocorreu acréscimo de 34,78% no Norte-Nordeste no número relativo de trabalhadores, embora seis Estados tenham apresentado taxas de crescimento negativas. Nessa região, a maior taxa de crescimento positiva foi do Amazonas (459,90%) e a maior negativa foi a do Pará (-72,08%). No Centro-Sul houve retração de -23,94% sendo que apenas três Estados apresentaram taxas de crescimento positivas. A maior taxa positiva foi observada no Rio Grande do Sul (1.423,72%) e a maior negativa foi em Minas Gerais (-67,80%).

Para a faixa etária de 65 anos ou mais, no Norte-Nordeste, o número relativo de trabalhadores exibiu decréscimo de -13,27% e acréscimo de 19,23% no Centro-Sul. O Estado com a maior taxa de crescimento positiva e negativa foi o Ceará (2.000,92%) e Rio Grande do Norte (-49,17%), respectivamente, no Norte-Nordeste e o Rio Grande do Sul (472,98%) e São Paulo (-91,63%), respectivamente, no Centro-Sul.

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No segmento de produção de cana-de-açúcar observou-se retração no número relativo de homens empregados em todas as faixas etárias. Na região Norte-Nordeste, na faixa de 10 a 14 anos, essa retração foi total, pois não havia em 2011 trabalhadores com essa faixa etária, por outro lado, nas demais faixas etárias ocorreu retração de -90,04% (15 a 17 anos), -8,75% (18 a 64 anos) e -45,84% (65 anos ou mais). A região Centro-Sul, por sua vez, apresentou acréscimo em todas as faixas etárias de 28,75% (10 a 14 anos), 292,24% (15 a 17 anos), 10,59% (18 a 64 anos) e 321,49% (65 anos ou mais).

O segmento de produção de açúcar apresentou decréscimo total na faixa etária de 10 a 14 anos, pois não houve registros de trabalhadores em 2011 com essa faixa etária. No Norte-Nordeste, houve decréscimo de -59,50% na faixa de 15 a 17 anos e acréscimo de 63,28% e 6,67% nas faixas de 18 a 64 anos e 65 anos ou mais, respectivamente. No Centro-Sul, a tendência observada é a inversa. Observou-se expansão de 44,98% na faixa de 15 a 17 anos e retração de -39,68% e -6,88% nas faixas de 18 a 64 anos e 65 anos ou mais, respectivamente.

No segmento de produção de etanol observou-se retração de -10,61% e -40,75% nas faixas de 10 a 14 anos e de 15 a 17 anos, respectivamente, no Norte-Nordeste, enquanto no Centro-Sul foi observada uma expansão de 6,31% e 30,96% nas faixas mencionadas, respectivamente. Para as faixas de 18 a 64 anos e 65 anos ou mais, houve expansão no Norte-Nordeste de 38,72% e 125,88%, respectivamente, e retração no Centro-Sul de -23,98% e -30,97%, respectivamente.

3.3 Descrição da escolaridade na agroindústria canavieira

A escolaridade foi divida de acordo com a classificação vigente a partir de 2005. Dessa forma, analfabetos corresponde aos analfabetos; até 5 anos de estudo corresponde ao ensino básico; de 6 a 9 anos de estudo corresponde ao ensino fundamental; de 10 a 12 anos corresponde ao ensino médio; e mais de 12 anos de estudo corresponde do ensino superior adiante. A Tabela 03 mostra a taxa de crescimento do número relativo de empregados por escolaridade em 1994 e 2011.

Pela Tabela 03, percebe-se que o número de analfabetos trabalhando na agroindústria canavieira se expandiu no Norte-Nordeste em 30,60% de 1994 para 2011, embora quatro Estados tenham apresentado queda, são eles: Piauí 42,31%), Ceará

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50,79%), Rio Grande do Norte (-86,70%) e Sergipe (-15,34%). Por outro lado, no Centro-Sul o número de analfabetos reduziu-se em -30,90%, mesmo ocorrendo aumento no Espírito Santo (8,42%), Paraná (6,11%) e Mato Grosso do Sul (46,16%).

O número de trabalhadores que possuíam até 5 anos de estudo cresceu 27,76% no Norte-Nordeste, mesmo com a redução de -80,43% na Paraíba e -66,52% em Sergipe. Por outro lado, no Centro-Sul houve retração de -16,89% no número relativo de empregados com tal escolaridade, embora o Rio de Janeiro (18,87%), Rio Grande do Sul (1.767,33%), Mato Grosso do Sul (48,62%) e Mato Grosso (37,02%) tenham expandido o número de empregados.

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Crises do Capitalismo, Estado e Desenvolvimento Regional Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 4 a 6 de setembro de 2013 Tabela 03 – Brasil: Número e taxa de crescimento dos empregados por escolaridade, 1994 e 2011

Analfabetos T.C. Até 5 anos T.C. De 6 a 9 anos T.C. De 10 a 12 anos T.C. Acima de 12 anos T.C.

1994 2011 (%) 1994 2011 (%) 1994 2011 (%) 1994 2011 (%) 1994 2011 (%) Norte-Nordeste 50,24 65,61 30,60 37,83 48,33 27,76 30,32 55,42 82,77 41,87 51,45 22,87 29,31 32,07 9,42 CE 2,65 1,31 -50,79 1,02 5,52 441,58 0,35 2,72 678,93 0,53 4,35 723,93 0,24 1,56 549,00 SE 13,82 11,70 -15,34 7,42 2,49 -66,52 0,99 6,52 555,90 0,78 3,18 309,67 0,35 0,88 147,44 AM 0,02 0,15 545,52 0,20 0,75 279,70 0,41 1,95 370,74 0,54 1,49 177,76 0,10 0,26 164,21 PI 0,56 0,32 -42,31 0,64 1,60 150,38 0,20 0,79 292,84 0,20 0,26 34,68 0,09 0,06 -25,60 PB 0,12 0,54 351,87 7,58 1,48 -80,43 3,99 13,47 238,06 3,91 8,79 124,72 1,22 1,85 52,02 BA 2,51 3,07 22,37 2,25 8,80 290,84 3,74 6,91 84,63 3,88 7,88 102,96 0,91 1,36 49,47 AL 8,59 28,61 233,13 5,31 8,85 66,77 5,70 8,26 44,84 18,43 4,24 -77,00 11,21 13,51 20,53 RN 17,44 2,32 -86,70 3,60 6,37 77,13 2,28 3,03 32,72 2,35 7,16 204,60 0,68 0,89 31,53 PE 1,93 14,41 647,53 5,49 7,25 32,08 10,00 9,92 -0,75 9,72 12,05 23,98 14,10 10,74 -23,86 AC 0,02 0,00 --- 0,05 0,00 --- 0,02 0,02 -12,13 0,03 0,01 -45,66 0,00 0,00 --- MA 2,44 3,07 25,96 3,01 5,13 70,49 2,24 1,78 -20,71 1,29 1,62 25,49 0,40 0,95 139,15 TO 0,00 0,11 --- 0,00 0,10 2.481,99 0,21 0,06 -72,38 0,04 0,02 -56,52 0,01 0,00 --- RO 0,00 0,00 --- 0,00 0,00 --- 0,05 0,01 -89,02 0,08 0,02 -75,85 0,00 0,00 --- PA 0,13 0,00 --- 1,27 0,00 --- 0,14 0,00 --- 0,10 0,37 266,82 0,00 0,00 --- Centro-Sul 49,76 34,39 -30,90 62,17 51,67 -16,89 69,68 44,58 -36,02 58,13 48,55 -16,48 70,69 67,93 -3,90 RS 0,00 0,00 --- 0,03 0,50 1.767,33 0,11 0,64 473,48 0,09 0,86 905,37 0,01 0,50 3.407,59 ES 2,45 2,66 8,42 6,41 6,21 -3,18 2,31 7,92 243,60 2,25 5,13 128,29 1,30 1,04 -20,28 MT 3,71 2,12 -42,90 8,01 10,97 37,02 6,54 8,25 26,09 3,92 7,30 86,19 1,59 3,05 91,89 MS 1,89 2,76 46,16 8,11 12,05 48,62 9,69 7,89 -18,57 2,07 8,02 287,34 1,05 8,98 755,78 SC 0,27 0,05 -83,16 1,01 0,20 -80,29 0,95 0,64 -32,32 1,22 0,73 -40,34 1,40 0,23 -83,25 SP 10,40 0,22 -97,93 5,08 3,18 -37,34 8,13 5,24 -35,58 13,45 5,43 -59,63 47,87 18,57 -61,20 GO 4,43 4,16 -5,95 11,49 8,33 -27,50 8,84 4,08 -53,86 3,73 7,78 108,44 1,54 12,09 682,85 RJ 7,15 3,15 -55,96 6,98 8,29 18,87 9,97 4,41 -55,75 7,51 3,84 -48,92 4,59 1,65 -63,98 MG 8,71 7,86 -9,70 4,71 1,60 -66,11 7,16 1,79 -74,97 8,65 5,82 -32,65 4,56 8,44 84,99 PR 10,75 11,41 6,11 10,35 0,33 -96,81 15,98 3,71 -76,78 15,25 3,65 -76,05 6,76 13,38 97,87 BRASIL 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

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A mesma tendência foi observada para a escolaridade de 6 a 9 anos e de 10 a 12 anos de estudo. No Norte-Nordeste, houve um acréscimo de 82,77% no número relativo de trabalhadores com 6 a 9 anos de estudo, com Rondônia (-89,02%), Acre (-12,13%), Tocantins (-72,38%), Maranhão (-20,71%) e Pernambuco (-0,75%) mostrando redução. E acréscimo de 22,87% no número de trabalhadores com 10 a 12 anos de estudo, com Rondônia (-75,85%), Acre (-45,66%), Tocantins (-56,52%) e Alagoas (-77,00%) apresentando decréscimo. Na região Centro-Sul, houve decréscimo de -36,02% no número relativo de empregados com 6 a 9 anos de estudo, tendo o Espírito Santo (243,60%), Rio Grande do Sul (473,48%) e Mato Grosso (26,09%) apresentado acréscimo. Na faixa de 10 a 12 anos de estudo, para essa região, observou-se decréscimo de -16,48%, com Minas Gerais (-32,65%), Rio de Janeiro (-48,92%), São Paulo (-59, 63%), Paraná (76,05%) e Santa Catarina (-40,34%) mostrando queda.

Assim como os demais níveis de escolaridade, no nível acima de 12 anos de estudo, ocorreu aumento do número relativo de trabalhadores com essa escolaridade na região Norte-Nordeste de 9,42%, sendo que apenas Piauí (-25,60%) e Pernambuco (-23,86%) retrairam. No Centro-Sul houve decréscimo de -3,90%, sendo que o Espírito Santo (-20,28%), Rio de Janeiro (-63,98%), São Paulo (-61,20%) e Santa Catarina (-83,25%) apresentaram retração.

Segundo Estanislau, Deon e Shikida (2008), a mudança na escolaridade dos trabalhadores pode estar atrelada, entre outros fatores, à mecanização do setor, pois os empregados com baixa ou nenhuma escolaridade são alocados na colheita da cana-de-açúcar que, atualmente é mecanizada em boa parte dos canaviais brasileiros. Dessa forma, há maior demanda por empregados que tenham um mínimo de nível educacional e que saibam operar máquinas e concertá-las. Os empregados tendem a se especializar para manterem-se no emprego ou, de outra forma, são dispensados.

No segmento de produção de cana-de-açúcar, na região Norte-Nordeste, o acréscimo foi de 11,12% no número relativo de trabalhadores analfabetos. Os trabalhadores com até 5 anos de estudo reduziram-se em -24,88%. Na faixa de escolaridade de 6 a 9 anos, houve acréscimo de 117,21%. De 10 a 12 anos de estudo, houve decréscimo no número de empregados de -28,39%. Houve retração de -3,56% no número de empregados com mais de 12 anos de estudo. Enquanto no Centro-Sul, o decréscimo no número relativo de trabalhadores analfabetos foi de -14,93%. Houve aumento de 23,73% no número de

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empregados com até 5 anos de estudo. Os trabalhadores com escolaridade entre 6 e 9 anos de estudo apresentaram decréscimo de -98,90%. De 10 a 12 anos de estudo, a região exibiu aumento de 42,80%. Ocorreu acréscimo de 0,76% no número de trabalhadores com mais de 12 anos de estudo.

No segmento de produção de açúcar, na região Norte-Nordeste, ocorreu acréscimo de 43,00% no número de trabalhadores analfabetos. Os trabalhadores com até 5 anos de estudo aumentaram em 54,07%. Na faixa de escolaridade de 6 a 9 anos, houve acréscimo de 86,40%. De 10 a 12 anos de estudo, o acréscimo no número relativo de empregados foi de 27,56%. Ocorreu acréscimo de 10,59% no número de empregados com mais de 12 anos de estudo. Enquanto no Centro-Sul, o decréscimo no número relativo de trabalhadores analfabetos foi de -24,63%. Ocorreu redução de -32,40% no número de empregados com até 5 anos de estudo. Os trabalhadores com escolaridade entre 6 e 9 anos de estudo reduziram -41,23%. De 10 a 12 anos de estudo, o decréscimo foi de -22,74%. Houve decréscimo de -6,68% no número de trabalhadores com mais de 12 anos de estudo.

No segmento de produção de etanol, na região Norte-Nordeste, houve acréscimo de 85,48% no número de trabalhadores analfabetos. Os trabalhadores com até 5 anos de estudo aumentaram em 118,49%. Na faixa de escolaridade de 6 a 9 anos, houve acréscimo de 41,97%. De 10 a 12 anos de estudo, o acréscimo foi de 101,05%. Ocorreu aumento de 50,21% no número de empregados com mais de 12 anos de estudo. Enquanto no CentroSul, ocorreu decréscimo em todas as faixas de escolaridade de 96,27% para analfabetos, -51,73% para trabalhadores com até 5 anos de estudo, -17,85% para os empregados que possuem entre 6 e 9 anos de estudo, -41,85% para os que têm entre 10 e 12 anos de estudo e -9,98% para os que possuem acima de 12 anos de estudo.

3.4 A faixa salarial na agroindústria canavieira

A faixa salarial foi dividida em cinco, sendo até 1,0 salário mínimo, de 1,01 a 5,0 salários mínimos, de 5,01 a 10 salários mínimos, de 10,01 a 20 salários mínimos e mais de 20 salário mínimos.

De acordo com os dados da RAIS (2012), o número de trabalhadores da agroindústria canavieira que recebiam até 1 salário mínimo aumentou no Brasil em decorrência da expansão observada na região Norte-Nordeste. Para as demais faixas

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salariais e para todas elas na região Centro-Sul, houve decréscimo no número relativo de trabalhadores.

O número relativo de trabalhadores da agroindústria canavieira que recebiam até 1 salário mínimo aumentou em 19,00% no Norte-Nordeste e reduziu em -28,20% no Centro-Sul, de 1994 para 2011. No Norte-Nordeste, mesmo com o acréscimo relativo de trabalhadores com essa remuneração, houve decréscimo no número dos mesmos em alguns Estados, como no Maranhão (-36,14%), Pará (-50,80%), Paraíba (-75,24%) e Bahia (-42,97%). No Centro-Sul, alguns Estados apresentaram acréscimo, tais como Minas Gerais (71,11%), Espírito Santo (31,55%), Mato Grosso do Sul (527,52%) e Mato Grosso (12,04%).

A maioria dos trabalhadores na agroindústria canavieira recebia entre 1,01 a 5 salários mínimos, tanto em 1994 quanto em 2011. No Norte-Nordeste ocorreu acréscimo de 33,37% no número relativo desses trabalhadores, com Alagoas 6,35%), Roraima (-25,76%), Pará (-48,71%), Maranhão (-80,46%), Paraíba (-68,23%) e Sergipe (-19,79%) mostrando retração. No Centro-Sul o decréscimo foi de -26,41% no número relativo de trabalhadores com tal remuneração, sendo que São Paulo (276,00%), Santa Catarina (44,05%), Rio Grande do Sul (1.783,29%) e Mato Grosso do Sul (63,29%) apresentaram acréscimo.

Os trabalhadores com remuneração de 5,01 a 10 salários mínimos foram os que exibiram menor acréscimo (0,54% no Norte-Nordeste) e menor decréscimo (-0,21% no Centro-Sul) entre 1994 e 2011. No Norte-Nordeste, o Amazonas (607,03%), Piauí (10,84%), Ceará (633,42%), Pernambuco (43,17%) e Sergipe (107,96%) mostraram acréscimo, enquanto no Centro-Sul, Rio Grande do Sul (1.296,54%), Mato Grosso do Sul (262,47%) e Goiás (417,08%) foram os Estados que apresentaram acréscimo.

A Tabela 04 mostra a taxa de crescimento do número de empregados na agroindústria canavieira por faixa salarial em 1994 e 2011.

A tendência de aumento e redução dos trabalhadores com remuneração nas faixas de 10,01 a 20 salários mínimos e mais de 20 salários mínimos mostrou-se modificada, havendo retração no Norte-Nordeste de -47,00% e -11,08%, respectivamente, e acréscimo no Centro-Sul de 32,17% e 6,84%, respectivamente.

Na faixa salarial de 10,01 a 20 salários mínimos, no Norte-Nordeste, apenas Sergipe (17,89%) apresentou acréscimo, enquanto no Centro-Sul, Minas Gerais (87,01%), São Paulo (57,97%), Mato Grosso do Sul (171,00%) e Goiás (141,70%) foram os Estados que

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exibiram acréscimo. Na faixa salarial de mais de 20 salários mínimos, o número relativo de trabalhadores nos Estados do Rio Grande do Norte (-91,15%), Paraíba (-88,77%), Pernambuco (-37,41%) e Sergipe (-60,71%) no Norte-Nordeste, e Rio de Janeiro (-78,12%), São Paulo (-31,13%), Santa Catarina (-92,69%) e Mato Grosso (-26,43%) no Centro-Sul, decresceu.

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Tabela 04 – Brasil: Taxa de crescimento do número de empregados na agroindústria canavieira por faixa salarial, de 1994 para 2011

Até 1 T.C. De 1,01 a 5 T.C. De 5,01 a 10 T.C. De 10,01 a 20 T.C. Mais de 20 T.C. UF 1994 2011 (%) 1994 2011 (%) 1994 2011 (%) 1994 2011 (%) 1994 2011 (%) Norte-Nordeste 59,75 71,10 19,00 44,18 58,92 33,37 28,41 28,56 0,54 40,63 21,53 -47,00 38,19 33,96 -11,08 AM 0,01 0,19 2.064,77 0,24 2,43 922,66 0,19 1,38 607,03 0,49 0,46 -6,61 0,28 1,44 423,91 CE 2,15 4,22 96,39 0,69 7,01 915,63 0,20 1,47 633,42 0,27 0,17 -38,87 0,14 0,14 4,78 AC 0,14 0,00 --- 0,01 0,02 226,64 0,00 0,00 --- 0,00 0,00 --- 0,00 0,00 --- PI 0,34 0,81 137,17 0,48 1,37 185,06 0,04 0,05 10,84 0,03 0,02 -23,59 0,02 0,22 843,04 BA 9,06 5,17 -42,97 3,65 8,30 127,32 2,46 1,58 -35,68 1,68 1,00 -40,36 1,22 2,67 119,45 PE 6,38 23,41 266,99 5,68 12,60 121,69 9,25 13,24 43,17 14,49 6,12 -57,76 15,32 9,59 -37,41 TO 0,01 0,04 391,99 0,05 0,07 34,92 0,09 0,00 --- 0,01 0,00 --- 0,05 0,00 --- RN 2,52 3,18 26,27 8,11 10,19 25,63 1,97 0,85 -56,76 0,89 0,31 -64,73 1,63 0,14 -91,15 AL 12,69 15,39 21,24 7,03 6,59 -6,35 8,65 6,78 -21,60 20,39 9,52 -53,29 15,92 16,22 1,91 SE 7,58 9,54 25,80 4,74 3,80 -19,79 0,61 1,27 107,96 0,48 0,56 17,89 1,10 0,43 -60,71 RO 0,01 0,00 --- 0,02 0,02 -25,76 0,03 0,00 --- 0,00 0,00 --- 0,00 0,00 --- PA 0,07 0,03 -50,80 0,54 0,28 -48,71 0,53 0,01 -97,72 0,37 0,00 --- 0,02 0,00 --- PB 14,65 3,63 -75,24 9,52 3,02 -68,23 3,21 1,41 -56,06 1,11 0,73 -33,97 1,93 0,22 -88,77 MA 1,83 1,17 -36,14 1,83 0,36 -80,46 0,95 0,51 -46,05 0,26 0,25 -3,48 0,37 0,43 17,88 Centro-Sul 40,25 28,90 -28,20 55,82 41,08 -26,41 71,59 71,44 -0,21 59,37 78,47 32,17 61,81 66,04 6,84 RS 0,00 0,13 --- 0,07 1,34 1.783,29 0,03 0,44 1.296,54 0,00 0,13 --- 0,00 0,07 --- SP 15,53 3,83 -75,36 2,69 10,10 276,00 12,27 9,87 -19,54 27,58 43,57 57,97 43,03 29,63 -31,13 MS 0,47 2,93 527,52 4,02 6,57 63,29 4,64 16,81 262,47 2,05 5,56 171,00 1,17 4,54 288,31 SC 0,00 0,19 --- 0,75 1,08 44,05 1,35 0,06 -95,49 1,08 0,06 -94,20 0,99 0,07 -92,69 RJ 3,43 1,87 -45,50 5,67 4,27 -24,62 9,46 1,67 -82,37 4,87 1,07 -78,11 3,62 0,79 -78,12 ES 4,10 5,39 31,55 3,07 2,17 -29,18 1,37 0,83 -39,77 0,63 0,61 -3,66 0,55 0,94 70,27 MT 0,89 1,00 12,04 6,98 4,17 -40,25 9,83 3,86 -60,74 4,66 1,07 -77,14 2,16 1,59 -26,43 PR 8,66 4,40 -49,25 11,76 5,92 -49,69 14,00 10,93 -21,96 7,22 5,60 -22,43 5,34 5,55 3,88 MG 6,77 11,59 71,11 11,80 5,27 -55,38 13,73 0,39 -97,16 8,19 15,31 87,01 3,53 16,94 379,69 GO 2,72 1,91 -29,62 10,59 3,07 -71,03 5,14 26,60 417,08 3,27 7,89 141,70 1,63 8,36 413,58 BRASIL 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

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No segmento de produção de cana-de-açúcar, a maioria dos trabalhadores recebia até 1 salário mínimo em 1994, sendo que em 2011, a maioria recebia de 1,01 a 5 salários mínimos. Os trabalhadores que recebiam até 1 salário mínimo aumentaram em 7,01% no Norte-Nordeste e reduziram em -8,46% no Centro-Sul entre 1994 e 2011. Dos trabalhadores que recebiam entre 1,01 a 5 salários mínimos, no Norte-Nordeste, houve acréscimo de 24,32% no número desses trabalhadores, sendo que no CentroSul houve decréscimo de 27,68%. Os trabalhadores com remuneração de 5,01 a 10 salários mínimos decresceram -75,63% no Norte-Nordeste e aumentaram 242,45% no Centro-Sul. Nas faixas salariais de 10,01 a 20 salários mínimos e mais de 20 salários mínimos houve retração no Norte-Nordeste de -79,13% e -60,93%, respectivamente, e acréscimo no Centro-Sul de 40,58% e 20,31%, respectivamente.

No segmento de produção de açúcar, o número de trabalhadores que recebiam até 1 salário mínimo aumentou 29,92% no Norte-Nordeste e reduziu -34,56% no Centro-Sul, de 1994 para 2011. A maioria dos trabalhadores recebia entre 1,01 a 5 salários mínimos, sendo que no Norte-Nordeste houve aumento de 24,79% no número desses trabalhadores e no Centro-Sul ocorreu retração de -19,03%. O número de trabalhadores com remuneração de 5,01 a 10 salários mínimos expandiu 97,33% no Norte-Nordeste e retraiu -19,72% no Centro-Sul. Nas faixas salariais de 10,01 a 20 salários mínimos e mais de 20 salários mínimos o número de trabalhadores retraiu no Norte-Nordeste em -45,70% e -11,69%, respectivamente, e aumentou no Centro-Sul em 40,63% e 13,39%, respectivamente.

No segmento de produção de etanol, os trabalhadores que recebiam até 1 salário mínimo aumentaram em 17,67% no Norte-Nordeste e reduziram em -42,93% no Centro-Sul. A maioria dos empregados recebia entre 1,01 a 5 salários mínimos em 1994 e 2011. No Norte-Nordeste ocorreu acréscimo de 42,21% no número relativo desses trabalhadores e decréscimo no Centro-Sul de -26,08%. Os trabalhadores com remuneração de 5,01 a 10 salários mínimos exibiram acréscimo de 2,81% no Norte-Nordeste e decréscimo de -1,13% no Centro-Sul. Nas faixas salariais de 10,01 a 20 salários mínimos e mais de 20 salários mínimos o número de trabalhadores retraiu no Norte-Nordeste -20,62% e -24,70 %, respectivamente, e expandiu no Centro-Sul 5,48% e 5,49%, respectivamente.

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4 CONCLUSÃO

Essa análise teve por objetivo analisar o perfil dos trabalhadores da agroindústria canavieira no Brasil comparando os anos 1994 e 2011, através da taxa de crescimento dos indicadores de idade, escolaridade e remuneração, tomando como base os empregos registrados pela RAIS. Para tanto, os Estados brasileiros foram divididos em duas regiões, Norte-Nordeste e Centro-Sul.

A análise mostrou que, em termos absolutos, o número de empregados na agroindústria canavieira aumentou de, aproximadamente, 402 mil em 1994 para pouco mais de 635 mil em 2011. Entre esses anos, o número de empregados aumentou nas duas regiões e a região Centro-Sul concentrou a maioria dos trabalhadores. Relativamente, o número de mulheres empregadas reduziu -46,34% no Norte-Nordeste, sendo a maior taxa de crescimento positiva observada no Tocantins (708,66%) e a maior negativa no Ceará (-85,18%). No Centro-Sul, o número relativo de mulheres aumentou 21,79%, sendo a maior taxa de crescimento positiva observada no Rio Grande do Sul (630,99%) e a maior negativa no Rio de Janeiro (-65,06%). Quanto ao número relativo de homens empregados, este se reduziu no Norte-Nordeste em -19,85%, sendo a maior taxa de crescimento positiva observada no Tocantins (1.710,57%) e a maior negativa no Ceará (-83,36%). No Centro-Sul, o número relativo de homens aumentou 16,60%, sendo a maior taxa de crescimento positiva observada no Mato Grosso do Sul (279,58%) e a maior negativa em Santa Catarina (-95,94%).

Uma análise pormenorizada do número de empregados permite concluir que a maioria das mulheres que trabalhavam na agroindústria canavieira encontrava-se nas usinas, com exceção da região Centro-Sul em 1994, em que as mulheres estavam, em sua maioria, no segmento de produção de cana-de-açúcar. Mesmo assim, para a região Norte-Nordeste e Centro-Sul e para os anos 1994 e 2011, ainda predominavam a presença de homens em todos os segmentos da agroindústria canavieira.

A análise da faixa etária mostrou que, para ambos os anos de análise, a maioria dos empregados na agroindústria canavieira em todos os segmentos de produção, possuía entre 18 e 64 anos, coerente com a PEA. Contudo, observou-se que o trabalho infantil ainda persiste em alguns Estados brasileiros. No Norte-Nordeste, a taxa de crescimento dos

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empregados entre 10 a 14 anos foi de -65,93%, enquanto no Centro-Sul essa taxa mostrou-se positiva (38,21%). Isso mostra que mesmo com fiscalização e punições mais rígidas, alguns Estados brasileiros ainda burlam as leis de forma a manterem crianças trabalhando para reduzirem, por exemplo, custos com mão-de-obra.

Nas faixas etárias de 15 a 17 anos e 65 anos ou mais, a região Norte-Nordeste apresentou taxas negativas de crescimento de -76,40% e -13,27%, respectivamente, enquanto no Centro-Sul essas faixas etárias apresentaram taxa de crescimento positiva de 97,92% e 19,23%, respectivamente. Na faixa de 18 a 64 anos, a taxa de crescimento foi positiva para o Norte-Nordeste (34,78%) e negativa para o Centro-Sul (-23,94%).

Quanto à escolaridade, observou-se que para todas as faixas de escolaridade a taxa de crescimento foi positiva no NorteNordeste e negativa no CentroSul de 30,60% e 30,90%, respectivamente, para o número de empregados analfabetos; de 27,76% e 16,89%, respectivamente, para os empregados com até 5 anos de estudo; de 82,77% e -36,02%, respectivamente, para os empregados que possuíam de 6 a 9 anos de estudo; de 22,87% e -16,48%, respectivamente, para os empregados que possuíam de 10 a 12 anos de estudo; e de 9,42% e -3,90%, respectivamente, para os empregados com mais de 12 anos de estudo. Ressalta-se que em 1994, a maioria dos empregados possuía até 5 anos de estudo, sendo em 2011 observado que a maioria possuía de 6 a 9 anos de estudo. Este fato pode estar relacionado com os programas de educação de jovens e adultos do Governo Federal ou com o fato de as novas tecnologias utilizadas na agroindústria canavieira exigirem maior conhecimento, entre outros fatores.

Analisando a faixa salarial dos empregados da agroindústria canavieira, observou-se que a taxa de crescimento foi positiva no Norte-Nordeste para os empregados que recebiam dentro das faixas correspondentes a até 10 salários mínimos e negativa para as demais faixas. O contrário foi observado na região Centro-Sul. A taxa de crescimento dos empregados que recebiam até 1,00 salário mínimo foi de 19,00% no NorteNordeste e -28,20% no Centro-Sul; de 1,01 a 5,00 salários mínimos a taxa de crescimento no Norte-Nordeste e no Centro Sul foi de 33,37% e -26,41%, respectivamente; para a faixa de 5,01 a 10,00 salários mínimos esses valores foram de 0,54% e -0,21%, respectivamente; as faixas salariais de 10,01 a 20,00 salários mínimos e de mais de 20,00 salários mínimos apresentaram taxas de crescimento negativas no Norte-Nordeste de -47,00% e -11,08%, respectivamente, e positivas no Centro-Sul de 32,17% e 6,84%, respectivamente. Cabe

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ressaltar que em ambos os anos, 1994 e 2011, a maioria dos empregados na agroindústria canavieira recebia entre 1,01 e 5,00 salários mínimos.

Logo, conclui-se que a maioria dos trabalhadores da agroindústria canavieira no Brasil está na região Centro-Sul. Suas características resumem-se ao fato de que a maioria dos empregados era do sexo masculino, entre 18 e 64 anos, com escolaridade média de até 5 anos de estudo e com remuneração média de 1,01 a 5,00 salários mínimos em 1994. Em 2011, esse perfil não se alterou significativamente, mostrando-se distinto apenas na escolaridade média que passa a ser de 6 a 9 anos de estudos.

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