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PRÁTICAS CLÍNICAS EMERGENTES: REFLEXÕES SOBRE GRUPO ABERTO EM UM SERVIÇO-ESCOLA DE PSICOLOGIA

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PRÁTICAS CLÍNICAS EMERGENTES: REFLEXÕES SOBRE GRUPO ABERTO EM UM SERVIÇO-ESCOLA DE PSICOLOGIA

Beatriz Skitnevsky, Graduada em Psicologia pela Universidade Estadual de Londrina, Londrina-PR, Brasil;

Camila Zedu Alliprandini, Graduada em Psicologia pela Universidade Estadual de Londrina, Londrina-PR, Brasil;

Daniel Polimeni Maireno, Psicólogo, Mestre e Doutor em Psicologia Clínica (PUC-SP), Professor colaborador do Departamento de Psicologia e Psicanálise, Universidade Estadual de Londrina, Londrina-PR, Brasil;

Gabriel Candido Paiva*, Graduando do 5º ano de Psicologia do Centro Universitário Filadélfia (UNIFIL), Londrina-PR, Brasil;

Maíra Bonafé Sei, Psicóloga, Mestre e Doutora e Pós Doutora em Psicologia Clínica (IP-USP), Professora adjunta do Departamento de Psicologia e Psicanálise, Universidade Estadual de Londrina, Londrina-PR, Brasil.

contato: gabrieel.paiva@gmail.com Palavras-chave: Práticas comunitárias em Psicologia. Grupo heterogêneo. Serviço-escola de Psicologia.

INTRODUÇÃO

O atual cenário das políticas públicas de saúde e assistência social no Brasil tem apontado para a necessidade de estímulo a novas práticas por parte dos profissionais que atuam nessas áreas de cuidado humano, incluindo o trabalho do psicólogo. A prática psicológica é historicamente marcada por uma perspectiva cartesiana, em que o cuidado é voltado para o paradigma do modelo médico, tendo como foco o indivíduo e sua doença ou distúrbio (Martins & Júnior, 2001). Outrossim, a prática do ofício da Psicologia foi caracterizada por muito tempo pela psicoterapia individual, pelas instituições organizacionais a partir do modelo taylorista e pela psicologia educacional, com ações que visavam um controle sobre o desenvolvimento infantil (Fontenele, 2008).

Na segunda metade do século XX, observou-se um crescente dos movimentos sociais compostos de psicólogos e outros profissionais das áreas de saúde e assistência social que fomentaram a necessidade de um compromisso social das políticas públicas, incentivando a inovação dentro da Psicologia com base em um posicionamento político de defesa dos direitos humanos (Bock, 1999).

É preciso inovar - e inovar a partir das características da população atendida. Nossa formação tecnicista tem nos ensinado coisas prontas para

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aplicar. Precisamos nos tornar capazes de criar Psicologia, adaptando nossos saberes à demanda e à realidade que nos apresenta (Bock, 1999, p. 327)

Em consonância com as transformações sociais e políticas do final do século XX e da primeira década do século XXI, em 2006, o CFP (Conselho Federal de Psicologia) aprova uma proposta do I Fórum Nacional de Psicologia e Saúde Pública, que defende a implantação de práticas acadêmicas na formação do psicólogo afins de capacitá-lo a atuar no SUS, ou seja, que proporcionem práticas acadêmicas sob os princípios norteadores do SUS, como a integralidade da atenção à população, responsabilização, humanização e participação social (Boarini & Borges, 2009).

Neste sentido, ao pensar em práticas acadêmicas na formação do psicólogo, considera-se relevante um olhar para os serviços-escola de Psicologia, visando uma transformação destas diante dos serviços tradicionalmente oferecidos por estes espaços, como a psicoterapia individual e/ou avaliação psicológica. Romaro e Capitão (2003) apontam como objetivo dos serviços-escola de Psicologia uma multifacetada e complexa missão de atender eficazmente a população que chega a essas instituições, ao passe que proporcione aos estudantes a capacitação para uma atuação ética, técnica e conceitual.

A chegada dos indivíduos aos serviços-escola de psicologia se dão por diversas vias, sendo essas a busca espontânea ou através de encaminhamentos de inúmeros setores da sociedade (CRAS, CREAS, UBS, CAPS, escolas, creches e centros comunitários, diversas organizações ou indivíduos que se preocupam com o cuidar), o que contribui para uma extensa lista de espera para início dos tratamentos, dificultando os processos de cuidado em saúde mental. Além disso, observam-se altas taxas de abandono de psicoterapia individual existentes nestes serviços (Cunha & Benetti, 2009). São vários os fatores que contribuem para essa desistência dos serviços, como a extensa espera e até o desencontro entre linguajar técnico empregado pelos acadêmicos de Psicologia e o linguajar coloquial utilizado pela população que busca pelos serviços (Peres, 1998, apud Cunha & Benetti, 2009), refletindo um distanciamento entre a técnica propagada na formação dos profissionais e as realidades práticas emergentes.

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Desta forma, o presente estudo emergiu da necessidade de compartilhar técnicas do fazer clínico em grupos comunitários abertos, modalidade utilizada na Clínica Psicológica da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Essa temática emergiu da necessidade de discutir o fazer em Psicologia, fomentando uma correspondência destes às demandas de garantir o compromisso social e político deste profissional, de modo a construir “práticas psi menos pedagogizantes e docilizantes tentando um fazer sob a potencialização do que excede às delimitações das fronteiras entre normal e anormal, saúde e doença, o humano e o monstro" (Oliveira, 2018, p. 43).

Essa proposta nos compromete a responder por quê os grupos comunitários abertos são considerados uma potente alternativa da prática clínica psicológica. Para isso, cabe esclarecer a princípio o que são grupos comunitários. Os grupos em contexto clínico, segundo Pombo-de-Barros e Marsden (2008) apresentam-se como vias clínicas potentes, uma vez que proporcionam a coletivização do sofrimento, ampliando as redes de interdependência dos sujeitos, os fortalecendo individualmente e tornando-os motivados a agir sobre o meio, transformando-o. Zimerman (1993) apresentou perspectivas do trabalho grupal a partir do viés psicanalítico. Este autor classificou algumas modalidades dessa categoria de serviços que os psicólogos podem realizar, sendo os grupos comunitários uma dessas.

Entende-se por grupo comunitário um grupo que tem por objetivo fomentar um espaço de convivência tal qual ocorre em comunidade, tendo como objetivo a promoção de saúde mental de um grupo (Zimerman, 2007). Pensar em comunidade no contexto clínico implica em uma prática norteada pela noção de que os sujeitos se constituem também a partir de suas relações sociais, estando em constante dialética entre o individual e o coletivo (Costa & Brandão, 2005).

Destarte, o presente trabalho foi realizado por meio da participação dos autores no projeto de extensão da Universidade Estadual de Londrina intitulado de “Grupo de Espera para Inscritos na Lista de Espera da Clínica Psicológica da UEL”, conhecido como “Grupo de Dinâmicas”, mas com debates para vir se tornar “Grupo Aberto”. Esses debates surgem em torno da historicidade a qual o grupo se afirma, nessa perspectiva, o “Grupo de Espera” ou “Grupo de Dinâmicas” será referido aqui como Grupo Aberto. Tal discussão é pautada a partir da vivência numa modalidade grupal baseada em uma prática de cuidado alternativa que permite aos sujeitos

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a tomar sua história a partir de seus processos de subjetivação, contrapondo-se ao saber hegemônico (Oliveira, 2018).

O Grupo Aberto surge inicialmente para acolher o sofrimento psíquico dos inscritos para atendimento individual enquanto esperavam para o início da psicoterapia, pelo fato de essa espera variar entre seis meses e um ano. Com o crescimento do projeto de extensão em questão pela divulgação deste pelos próprios usuários deste serviço e pela divulgação em espaços públicos e serviços da atenção básica do Sistema Único de Saúde, atualmente, participam dos grupos pessoas que chegam a este sem outro vínculo prévio com a Clínica Psicológica da UEL (Skitnevsky, Trevisan, Paiva, Sei, & Maireno, 2017). Ademais, problematiza-se no Grupo

Aberto, discursos que se apoiam em um ideal a ser alcançado, o qual esfumaça seus

atravessamentos por meio dos valores morais do mundo moderno, capitalista, e organização política que opera uma padronização unificadora (Oliveira, 2018).

OBJETIVOS

Objetivo geral:

Apresentar os aspectos do fazer que foram construídos na modalidade clínica apresentada aqui e descrita como grupos abertos.

Objetivos específicos:

Descrever a modalidade de grupos abertos executada no projeto de extensão “Grupos de espera para inscritos na Clínica Psicológica da Universidade Estadual de Londrina”.

Discutir o cuidado comunitário em Psicologia, em contraponto com as perspectivas médicas e pedagógicas.

Expor a metodologia do fazer nesta modalidade específica, discutindo potencialidades desta prática.

MÉTODO

Trata-se de uma discussão que privilegia a apresentação de uma experiência a partir da prática do projeto de extensão que oferta atividades grupais focadas no apoio social e na convivência comunitária. As discussões aqui apresentadas também são frutos de reuniões

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clínicas de supervisão a partir dos eventos que ocorreram nos grupos, bem como a postura adotada pelos coordenadores frente aos impasses que encontraram a cada novo encontro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Grupo Aberto, em sua composição que será aqui relatada, era coordenado por estudantes de Psicologia, os quais eram supervisionados em grupo semanalmente. Os grupos ocorriam nas segundas-feiras nos períodos da manhã e da tarde havendo uma separação de acordo com a faixa etária e acontecendo simultaneamente: criança (3 a 11 anos), adolescentes (12 a 17 anos) e adultos (18 ou mais anos); e nas quartas-feiras na parte da manhã na sala de espera da clínica, onde os trabalhos eram manuais e expostos na própria Clínica Psicológica. Assim, e com essas prerrogativas que direcionam o trabalho, não foi excluído do Grupo Aberto, as heterogeneidades.

Com alta frequência, surgiram usuários que buscaram o serviço encaminhados de outros postos da atenção primária com queixas pré-estabelecidas e sintomas já definidos por outras áreas do saber. Sendo assim, os usuários buscavam uma solução destes problemas no serviço grupal. Por isso, observou-se a dinâmica heterogênea que naturalmente passou a compor os grupos já que não havia determinantes que prescrevessem ou limitassem a participação dos usuários nos grupos. Desse modo, houveram usuários que eram pais que simplesmente participaram do grupo pois seus filhos estavam sendo atendidos no grupo da sua respectiva faixa etária, familiares que foram juntos à Clínica Psicológica e entraram no mesmo grupo, sujeitos diagnosticados pela rede de saúde com algum transtorno, déficit, ou sintomas, ainda houveram aqueles que apareciam porque entraram na fila de espera para receber o atendimento individual e foram informados do grupo, ou por serem encaminhados de diversos serviços da rede pública de saúde, educação e assistência. Além disso, houveram também participantes que desejaram olhar curiosamente o grupo quando convidados e também aqueles conheceram o grupo a partir de outros usuários já frequentes. Ainda vale pontuar que, caso o participante faltasse no grupo, ele não iria perder a vaga do atendimento. Sendo assim, houveram também encontros nos quais participantes antigos visitaram o grupo momentaneamente, afim de compartilhar com os outros participantes como a vida havia andado até então após a saída do grupo.

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Pode-se dizer que o Grupo Aberto estava em busca da promessa de se afirmar heterogêneo em diversas nuances, se fazendo possível nas entrelinhas da instituição Universidade e Clínica Psicológica e possibilitado com pessoas que não há como delinear traços, os motivos, características dessas que passam por este projeto, pois não se trata disso aqui. Se trata de trabalhar heterogeneidades. Por isso, observou-se que essa heterogeneidade não se encontrou apenas no corpo dos sujeitos que passaram pelo grupo, pois como não houve o controle de presença dos sujeitos a cada grupo, a dinâmica grupal foi constituída e desconstituída em suas formas. Assim, cada grupo foi um novo grupo e com novas possibilidades, pessoas outras que, mesmo que fossem as mesmas, se encontraram de um outro modo, formando temporalidades díspares, que convocaram os coordenadores à constante reinvenção.

Como um trabalho sobre o se incomodar e estar sensível, os coordenadores se depararam com batalhas que recorrentemente os levaram a impasses na atuação. Em conjunto, os próprios participantes descobriram vidas diferentes das deles, sendo o grupo este espaço oportuno para uma possível experimentação desses múltiplos modos de existir. Eles passaram a ouvir uma história em suas entrelinhas pois a fala e a escuta foram privilegiadas enquanto ferramenta terapêutica. O impasse mais frequente, o qual suscitou maiores questionamentos e um debate longo sem respostas fáceis, foi o da expectativa do usuário em relação ao que o serviço poderia oferecer. Esta expectativa, precisou ser cuidadosamente questionada pois foi frequente a vinda de usuários que se desapontaram com a real dinâmica do serviço, de compartilhar o sofrimento e conhecer outras histórias. A premissa era que se tornasse possível ofertar ao usuário um espaço marcado pela diferença e não atravessado pela estigmatização de um saber que cala, porém também um espaço potente, diferente do lugar resolutivo do qual ele provavelmente veio.

Em meio a tantos questionamentos que surgiram durante os grupos, as reuniões, as horas de “conversa fiada”, no silêncio, etc., os coordenadores tiveram esta difícil tarefa de possibilitar o acontecimento do Grupo Aberto. Tarefa que pelo caminho mais diretivo tentou responder generalizando e colocando no campo da estatística da probabilidade os acontecimentos. Contudo, com o conhecimento que não há respostas triviais e diretivas sobre o assunto, o Grupo Aberto tentou desafiar o discurso biológico, o modelo médico de diagnóstico, a dualidade mente/corpo, mundo/sujeito, fora/dentro, tentou também desafiar as faixas etárias a qual é dividido e os discursos presentes em sua constituição. O projeto se desafiou nas tensões onde não há verdade,

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unidade, modelo a ser almejado e buscado. O grupo afirmou sua existência no ato, sendo processo de subjetivação e ferramenta como Oliveira (2017) traz, que permite a abertura de subjetividades “outras”, de falas plurais sobre as existências.

A partir disso, o papel dos coordenadores foi executado no sentido de serem mediadores e facilitadores dos contatos sociais, oferecendo um espaço para que cada um expressasse o que estivesse sentindo ou de como havia sido a semana, além de incentivar outros usuários a dizer o que achavam sobre a experiência que está sendo compartilhada. O convite para a participação mútua foi constante, mas também se respeitou o momento particular de cada um. Além disso, os coordenadores administraram o grupo oferecendo atividades grupais que puderam vir a ser condição de possibilidade para a reflexão ou contatos com os que o cercavam. Eles também permaneceram atentos para o assunto vigente que surgia a partir das conversas casuais, buscando um tema em comum que poderia ser compartilhado e construído também um novo sentido. O resultado mais comum encontrado neste contexto foi o ato de um usuário compartilhar uma experiência semelhante ou antagônica àquela que outro usuário já estava relatando, num movimento que complementava a fala do outro usuário, buscando oras se compadecer do sofrimento do outro, oras dar respostas. Muitas vezes, foram testemunhadas falas que expressavam o seguinte sentido: “É importante ver que não é só a gente que sofre nesse mundo” (sic). Isso aponta para a importância de um espaço protegido e configurado justamente para acolher os mais diversos sofrimentos.

Ouviu-se também, no relato dos participantes, o quanto o grupo passou a ser para eles, um espaço no qual alguma espécie de “apoio e ajuda” pudesse ser encontrada e experiências compartilhadas para outros que os ouvissem. Comumente, sofrimentos foram compartilhados devido aos conflitos familiares dos participantes. Muitas vezes, os problemas que eram vividos dentro de onde moravam, ou frequentavam, puderam ser trazidos para o grupo e este funcionar como um contingente de apoio à realidade que a ele se apresentou como hostil. Tal descrição aponta para a construção que pode acontecer quando há a oferta de espaços de acolhida como esses, nos quais a experiência de viver é elevada a caráter de discussão e não calada. Observou-se isso a partir do relato de um participante: “Aqui é bom vir porque lá fora todo mundo dá opinião na sua vida e sempre critica o que você faz” (sic).

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Outro resultado interessante encontrado no grupo foi a construção de uma introspecção dos próprios participantes a partir das atividades de reflexão oferecidas. Somado a isto, notou-se a possibilidade de conhecer mais sobre si mesmo a partir do relato do outro. Num determinado encontro, discutiu-se longamente sobre os aspectos do Transtorno Obsessivo Compulsivo, diagnóstico este que um participante recém-chegado havia recebido e quis compartilhar o sofrimento que tinha por causa das suas incansáveis rotinas de organização. Através do relato deste participante, outros participantes também passaram a notar que possuíam uma excessiva necessidade de organização e que isso estava atrapalhando-os no cotidiano, principalmente nas relações sociais e afetivas. Relataram que não enxergavam tal comportamento como algo estranho, mas puderam fazê-lo e questioná-lo a partir do momento em que outro participante compartilhou. Assim, pensaram em conjunto acerca do problema e de possíveis saídas para ele. Então, supõe-se que houve a possibilidade de poder refletir sobre alguma mudança em forma conjunta, enunciado pelo novo.

Sobretudo, o compartilhamento e a fala do mal-estar, são colocados em voga e capazes de criar ressignificações. Como ilustração, cita-se uma mulher que comentou: “Um dia você (olhando para uma das coordenadoras) me perguntou sobre o porquê eu me incomodava com a minha cunhada e, ao ir pra casa, eu repensei e vi que meu problema não era com a pessoa dela, ou ela comigo, era com o modo de me relacionar com ela” (sic).

Desse viés decorre reverberações para descolonizar o pensamento (Oliveira, 2017). Assim, é possível relacionar os alcances dos grupos com a importância dada para a desnaturalização do que frequentemente é legitimado pelas práticas psi: discursos morais de um “tipo” humano e as práticas psi articuladas à produção de uma subjetividade interiorizada, pacificada e obediente (Oliveira, 2018).

CONCLUSÃO

Pensamos que as relações e construções também poderiam acontecer naturalmente na vida de cada um e fora do espaço do grupo. Entretanto, procurou-se, em grupo, dar novas condições de possibilidade para isso acontecer a partir da oferta deste espaço mediada por um profissional com escuta qualificada e sensível que busca interrogar em vez de afirmar. Sendo

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assim, a intenção é de promover tal reflexão principalmente para aqueles que vêm em busca de alguma prescrição médica que lhe aplace inteiramente seu sofrimento.

Vale ressaltar a importância que esse trabalho passou a exercer enquanto dispositivo de atenção à saúde mental na rede do município de Londrina pois foram frequentes os encaminhamentos realizados de postos de saúde. Ao chegar no serviço, os usuários se deparavam com este ambiente diferente do qual estava esperando: um espaço no qual eles poderiam falar, serem ouvidos e inclusive ouvirem experiências e expectativas de outras pessoas.

Por isso reafirma-se, a partir da prática deste projeto de extensão, o cumprimento do papel social e acadêmico que os serviços-escola de Psicologia teoricamente se propõe. Por um lado, essa atividade busca auxiliar uma parcela da população que procura atendimento psicológico e que também não encontra um espaço de escuta em outro espaço da saúde pública. Por outro lado, contribui fortemente para o profissional em formação de Psicologia a pensar em novas alternativas de lidar com as demandas da população nos atuais tempos sombrios. Pode-se dizer que o projeto foi um espaço que promoveu encontros, facilitou trocas, fazendo com que estratégias de cuidado que vêm sendo realizadas e consideradas potentes pudessem ser reinventadas como momento de produção (Oliveira, 2017).

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