CORREÇÃO DE TÓRAX PARADOXAL EM UM CÃO POR TÉCNICA ALTERANATIVA DE ESTABILIZAÇÃO DAS FRATURAS COSTAIS CHEST PARADOXICAL CORRECTION IN A DOG FOR TECHNICAL
STABILIZATION ALTERANATIVE OF FRACTURE RIB
RAFAEL KRETZER CARNEIRO¹; ANNA LAETICIA DA TRINDADE BARBOSA¹; CLEITON LIZZA DAL PRÁ¹; CRISTIANE BORGES VAR-GAS¹; VANESSA SASSO PADILHA¹ FABIANO ZANINI SALBEGO¹; 1 Universidade do Estado de Santa Catarina
RESUMO
O tórax paradoxal ocorre quando segmentos costais interpostos perdem continuidade com o restante do tórax, geralmente devido a fraturas, o que faz com que na inspiração o segmento lesionado se mova para den-tro e na expiração para fora. As costelas fraturadas podem perfurar ór-gãos nobres sendo importante sua rápida correção. Este trabalho tem como objetivo relatar o quadro de tórax paradoxal em um cão com fratu-ra costal e sua correção por meio de sutufratu-ra de estabilização costal. O animal recuperou-se rápida e adequadamente, demonstrando a eficiên-cia da técnica para estabilização.
Palavras-chave: trauma; costelas; pneumotórax
ABRSTRACT
The paradoxical chest occurs when brought costal segments lose their continuity with the rest of the chest, usually due to fractures, which makes the inspiration the injured segment to move into and out expira-tion. The fractured rib can puncture vital organs and it is important their quick fix. This study aims to report the paradoxical chest frame on a dog with rib fracture and its correction by means of coastal stabilization
su-ture. The animals recovered rapidly and appropriately , demonstrating the effectiveness of the technique for stabilization.
Key words:trauma; ribs; pneumothorax
INTRODUÇÃO
O traumatismo torácico é uma afecção comum em pequenos ani-mais (Crower Jr et al., 2005). O tórax instável é confirmado pela avalia-ção clínica, onde há uma depressão torácica no momento em que ocor-re a inspiração e uma expansão do tórax no momento oposto (Aguiar, 2001). As formas de estabilizar a parede torácica variam desde a colo-cação de anteparos externos à parede aplicados de forma transcutânea como pela redução das fraturas costais pela aplicação de implantes (Slatter, 2007). Este trabalho tem o objetivo relatar um caso de tórax pa-radoxal em cão com fratura de costelas e sua estabilização por meio da sutura em padrão de sapatilha romana. O paciente teve uma boa res-posta a técnica, demonstrando assim, ser satisfatória.
MATERIAL E MÉTODOS
Um cão sem raça definida, 6 anos e 15 kg veio ao hospital veteri-nário devido a um trauma. No exame físico, tinha instabilidade da pare-de torácica direita, mais evipare-dente na região entre 4ª e 5ª costelas, distri-ção respiratória e áreas com hematomas. Foi estabilizado com oxigeno-terapia e encaminhado para o exame radiográfico onde confirmou as fra-turas completas da 4ª e 5ª costelas direitas. Foi encaminhado para ci-rurgia sendo pré-medicado com metadona (0,5 mg/kg IM), induzido com propofol (4mg\kg IV) e cetamina (1mg/kg IV) e mantido no isoflurano em ventilação manual. Fez adoção de um bloqueio anestésico local inter-costal com bupivacaina (2mg/kg). A toracotomia interinter-costal se deu entre as duas costelas fraturas. A incisão foi expandida 3 cm distais aos cor-pos vertebrais até próximo ao esterno. Com um afastador fez a excor-posi- exposi-ção da cavidade torácica para sua avaliaexposi-ção. As reduções das fraturas
foram feitas por uma hemicerclagem com nylon 2,0. O fio foi cruzado seguidamente sobre a linha de fratura formando uma sapatilha romana, outra hemicerclagem foi elaborada na extremidade distal da costela para finalizar. A musculatura foi reduzida com nylon 2,0 em padrão contínuo simples, o subcutâneo com nylon 3.0 em padrão zig-zag e a dermorrafia com nylon 4,0 em padrão isolado simples. Realizou-se a toracostomia com um dreno torácico ativo, sendo mantido por 3 dias consecutivos pa-ra remover o ar, restabelecer a pressão negativa e promover a drena-gem de líquidos na cavidade.
Recebeu no pós-operatório tramadol (6 mg/kg, TID, SC, 5 dias), dipirona (25 mg/kg, TID, SC, 5 dias) e meloxican (0,1 mg/kg, SID, SC, 4 dias). No terceiro dia de pós-operatório retirou-se o dreno. Após 5 dias o paciente teve alta com retorno em 10 dias para retirada dos pontos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre as técnicas de estabilização do tórax paradoxal a hemicer-clagem foi escolhida pela sua facilidade de realização e disponibilidade, uma vez que o diâmetro do corpo costal era bastante delgado. Antes da cirurgia o cão foi avaliado de forma geral, pois alguns traumas podem passar despercebidos (Nunes, 2009). Durante a avaliação constatou-se um leve grau de distrição respiratória o que permitiu a realização do exame radiográfico. Esse é considerado essencial, pois permite obser-var não somente as lesões costais, mas também a lesão pulmonar as-sociada (Sigrist et al., 2004), embora nem sempre seja um procedimento facilitado ou mandatório devido a necessidade de estabilização prévia do animal (Slatter, 2007).
O conhecimento de que o trauma torácico está geralmente associ-ado ao pneumotórax é uma informação já consolidada (Barber e Hill, 1976), porém a ausência de pneumotórax, no paciente, é um ponto a ser destacado e que possivelmente ocorreu por não haverem perfurações
ou lacerações pulmonares e nem lesão de continuidade dérmica. Mes-mo com apenas duas fraturas costais na parede torácica direita, o ani-mal apresentava movimento evidente de flutuação da parede, embora a literatura veterinária comente que esse tipo de instabilidade se desen-volve quando há três ou mais arcos fraturas costais duplas ou cinco ou mais fraturas costais simples (Farrow, 2006). Considerou-se que o redu-zido tamanho do animal associado ao intenso trauma contuso da região, o que levou a ruptura muscular no ponto de fratura, tenham contribuído para a formação do tórax paradoxal.
A adaptação e manutenção do dreno torácico ocorreu sem compli-cações, o qual é indicado para reposição da pressão negativa intratorá-cica, introdução de medicamentos analgésicos e drenagem de líquidos (Maritato et al., 2009). Embora os drenos possam trazer complicações quando não manejados adequadamente (Tattersall e Welsh, 2006), es-tas não foram observadas no presente caso, uma vez que o dreno foi removido sem complicações ao final do terceiro dia.
CONCLUSÃO
A técnica utilizada para a redução do trauma costal mostrou-se efetiva, permitindo a estabilização das fraturas costais simples e auxili-ando na estabilização da parede torácica. A técnica mostrou-se exequí-vel em fraturas de arcos costais de diâmetro reduzido, além de ser pro-cedimento simples e de baixo custo.
REFERÊNCIAS
CROWER JR, D.T. et al. Trauma torácico. In: RABELO, R.C.; CROWER JR, D.T. Fundamentos de terapia intensiva veterinária em pequenos
animais conduta no paciente crítico. Rio de Janeiro: L.F. Livros de
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AGUIAR, E. S. V. et al. Manual prático de emergência em pequenos
SLATTER, D. Manual de cirurgia de pequenos animais. 3. ed. São Paulo: Manole, 2007. 2806 p.
NUNES, B. F. F. Trauma torácico: fisiopatologia e prevalência de
le-sões intra-torácicas em canídeos e felídeos politraumatizados no Hospital Veterinário do Porto. Utilidade da troponina cardíaca I no
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Disserta-ção (Mestrado) - Faculdade De Medicina Veterinária, Universidade Téc-nica de Lisboa.
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