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O sujeito e a clínica na psicologia histórico-cultural: diretrizes iniciais * Achilles Delari Junior **

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Academic year: 2021

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O sujeito e a clínica na psicologia histórico-cultural:

diretrizes iniciais

*

Achilles Delari Junior

**

Agradecimento1

Eu devo agradecer, imensamente, ao convite que me foi feito pela comissão organizadora da VIII Semana da Psicologia UFMS/CPAR, sobretudo, mediante o contato paciente e solícito de Vitor Corrêa Detomini, e também ao professor Netto Berenchtein pela indicação do meu nome para compor esta mesa, pela confiança depositada no meu modesto trabalho. Agradeço a oportunidade de estar aqui para dialogar com todos vocês e também de aprender com os demais integrantes da mesa.

Algumas palavras iniciais

Cabe dizer que a tarefa de falar sobre o sujeito e a clínica na perspectiva da psicologia histórico-cultural não é nada simples.

Em primeiro lugar, porque tal modo de conceber o psiquismo humano não é

hegemônico sequer em outras áreas de atuação profissional do psicólogo, muito menos na clínica. Não é hegemônico nem mesmo tem ainda um forte papel de contra-hegemonia, mesmo na educação, onde se tomaram as primeiras iniciativas de diálogo com essa vertente teórica em nosso país, ou na psicologia social, na qual vez ou outra é citado em iniciativas honrosas. Isso, evidentemente, tem motivos históricos. Vigotski,

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Para referenciar: DELARI JR., A. O sujeito e a clínica na psicologia histórico-cultural: diretrizes iniciais. Mimeo. Umuarama-PR. 2012. 17 p. Disponível em: http://www.vigotski.net/clinica-ufms.pdf

Este material está sujeito a revisões posteriores. Críticas e sugestões envie para delari@uol.com.br

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Psicólogo pela UPPR, desde 1993, mestre em Educação, pela Unicamp, desde 2000. Professor de psicologia aposentado. Página pessoal: http://www.vigotski.net/casa.htm

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Este texto é, a um só tempo, um material didático de apoio para minha fala na mesa redonda “O sujeito dentro da clínica” no âmbito da VIII Semana de Psicologia da UFMS/CPAR (de 29 de outubro a 01 de novembro de 2012) e um material para socialização e livre circulação de ideias entre os interlocutores interessados. Algumas marcas de oralidade aparecerão no texto por conta disso.

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2 de 17 apesar do reconhecimento póstumo como um dos grandes pilares da psicologia do século XX, tanto da parte de epistemólogos (como Toulmin2), ou grandes psicólogos (como Bruner3), foi um autor proscrito em seu próprio país, durante pelo menos vinte anos (1936-1956), e fragmentos de sua obra só começaram chegar a nós no Brasil, a partir dos anos 1980, mais especificamente em 1984. Diferentemente de outras correntes de pensamento em psicologia, em livre circulação há bem mais tempo, mesmo em tempos de ditadura, a psicologia histórico-cultural não conta ainda com trinta anos de recepção, uma recepção repleta de dificuldades de cunho editorial – já que pouquíssimas das obras de Vigotski foram até agora traduzidas para nossa língua. Dos, pelo menos, 282 títulos escritos por Vigotski, 54 foram publicados nas suas Obras Escolhidas, ou Reunidas, editadas de 1982 a 1984 na URSS – além de alguns títulos fora do plano das obras. E no Brasil temos desde 1984 a 2012, apenas 33 títulos publicados (traduzidos das Obras, ou não), até a minha última contagem. Ora, somos, coletivamente, ainda iniciantes em Vigotski e na psicologia histórico-cultural no Brasil, e suas possibilidades para a prática profissional do psicólogo foram muito pouco exploradas, de fato.

Em segundo lugar, é um tema difícil, pois no interior dos próprios grupos que estudam

Vigotski em nosso país há resistência em ver essa corrente em psicologia, que coloca as relações sociais no centro de suas explicações sobre o homem, adentrando o campo por alguns tido tão “individualista” e “burguês” quanto a clínica e/ou as práticas psicoterápicas individuais. Como se fosse uma traição à psicologia histórico-cultural, em sua matriz epistemológica marxista, ocupar-se também da clínica, quando talvez devesse estar voltada exclusivamente a processos educativos e a práticas sociais preventivas em saúde mental que, supostamente viessem a evitar ou a abolir as situações traumáticas que levam um ser humano a buscar ajuda em uma psicoterapia, individual ou grupal... Muito na direção de lidar com essa segunda dificuldade, estará orientada a minha fala hoje, que se subdivide em três partes: 1) Pode a psicologia histórico-cultural servir de base para a prática clínica e em saúde mental, de um modo geral? 2) Qual conceito de sujeito está em jogo na psicologia histórico-cultural? 3) Quais os principais desafios para desenvolver a teoria da clínica histórico-cultural?

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Vê Vigotski como o “Mozart da Psicologia” (Toulmin, 1978/1984).

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3 de 17 Sendo assim, vocês que aqui me escutam, com quem venho dialogar, irão notar que falo do lugar de alguém que está em busca e não de quem já tem tudo estruturado, para tão somente “ensinar” o que supostamente sabe. Venho sinceramente mais para aprender do que para ensinar, pois ao tentar dizer do que penso para o outro, meu próprio pensamento se potencializa. Toda minha trajetória teórica desde a graduação e durante a docência no ensino médio e ensino superior, veio se pautando numa busca permanente de montar um quadro teórico geral em psicologia histórico-cultural, uma vez que ele nos chega em forma de umas poucas peças de um grande quebra-cabeças, sem a figura na caixa. Contudo, aconteceu-me de vir a trabalhar em clínica com crianças, primeiro num CAPS, depois num Programa Federal de combate à violência sexual contra crianças e adolescentes – sim, eu estava em terapia e tinha supervisão. O fato é que se havia institucionalizado nesses espaços que o atendimento clínico/psicoterapêutico individual era o modo prioritário de se trabalhar – e assim eu devia me perguntar: como fechar a porta do consultório e deixar de fora minha visão de mundo, visão de homem, e concepção sobre a gênese social da consciência e dos processos psíquicos superiores? Não havia como. As crianças demandavam atendimento. Algo era preciso se produzir, E neste trajeto o trabalho com a brincadeira e os jogos tornou-se a forma material mais tangível de relação simbólica, sob a luz, digamos, de uma hermenêutica, uma ciência da interpretação, histórico-cultural. Então falarei como um profissional mais experiente no campo da “psicologia geral” e da “docência”, e iniciante nas práticas clínicas, sobretudo com crianças.

1) Pode a psicologia histórico-cultural servir de base para a prática clínica e em saúde mental, de um modo geral?

O primeiro ponto a chamar atenção sobre a possibilidade de uma clínica vigotskiana,

e/ou uma clínica histórico-cultural, é o de se esbarrar no fato de que Vigotski, supostamente, não teria tido uma prática clínica. Contudo, historiadores da psicologia russa e soviética, nos dizem o contrário:

“Ele [Vigotski] não era um psicólogo infantil, mas um psicólogo que se tornou cada vez mais interessado no problema teórico do desenvolvimento, o qual o levou a estudar a diversidade cultural,

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4 de 17 patologia cerebral e outras disciplinas. Por inclinação ele era um psicólogo teórico. Na prática, seu trabalho aplicado dava-se mais em settings clínicos.” (Valsiner e Van der Veer, 2000, p. 339)

Alguns estudiosos brasileiros são críticos desses comentadores de Vigotski, eu também o sou, quando o tentam afastar do marxismo, ou dar pouca ênfase ao papel do marxismo em sua obra. Ou até quando fazem interpretações teóricas de outros fatos históricos ou teses teóricas ao seu próprio modo e orientação. Contudo, eu devo diferenciar o que é material fático do que é interpretação dos comentaristas, e o material fático não se pode simplesmente negligenciar, pois também não seria crítico de nossa parte. De fato, Vigotski não era um “psicólogo escolar”, papel social que nem bem existia na época. Era, sobretudo, um “metodólogo”, como diz o próprio Elkonin (1984/2006), seu colaborador, um estudioso crítico dos fundamentos do método científico da psicologia, o que também se podia chamar de “psicólogo geral”, no sentido russo para a palavra “psicologia geral” – a ciência dos fundamentos teóricos e metodológicos da psicologia – em Vigotski também nomeada a “dialética da psicologia” (Vygotski, 1927/1991, p. 338). Evidentemente, foi um grande educador, professor, palestrante, mas teve essa característica (pouco lembrada pelos comentaristas menos informados) de ter clinicado, na linha da clínica pedológica. Pedologia era entendida como uma ciência geral para o entendimento do desenvolvimento da criança. Também atesta o trabalho de Vigotski como clínico o fato de que a prevista, mas ainda não acertada, publicação de suas obras completas conterá seus “Cadernos clínicos (incluindo o caderno da Clínica de Don, 1933-34) contendo conversações com pacientes e casos clínicos”4... o que comprova que ele mesmo não só trabalhou com clínica como também registrou suas intervenções.

De fato, Vigotski não apenas trabalhou com crianças como recebia seus pais, e procedia a entrevistas, elaborava diagnósticos e tinha sua própria posição crítica quanto a como proceder ao diagnóstico, na época. Além disso, temos registros de que Vigotski realizou estudos com pacientes histéricas, parkinsonianos, afásicos, esquizofrênicos e pessoas com a doença de Pick (uma demência). Disso podemos concluir que não se trata de um autor de gabinete que nenhum contato teve com o sofrimento humano. Nem alguém que advogasse que a única e exclusiva saída para tal sofrimento fosse a prevenção, sem que

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Para ver um plano geral da nova publicação das Obras Completas de Vigotski, acesse:

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5 de 17 nada se pudesse fazer uma vez que a dor já estivesse instalada. Evidentemente, sua franca aposta na educação intencionalmente organizada para a formação integral de uma personalidade saudável para todos era fundamental e programática – no interior de sua visão socialista sobre a formação do “novo homem” (Vygotsky, 1930/1934). Mas quem busca entender como se forma o ser humano de forma integral, se for um pesquisador honesto, também se aproximará das situações limite em que ocorrem “desintegrações” (ou “dissoluções”, conforme a tradução), das funções psíquicas superiores, da consciência e da personalidade como um todo. Até porque, parafraseando Vigotski, “nenhum edifício desaba senão de acordo com as próprias leis pelas quais foi construído”.

O segundo ponto a chamar atenção sobre a possibilidade de uma clínica vigotskiana,

e/ou uma clínica histórico-cultural, é o de se esbarrar na compreensão equivocada de que Vigotski, por enfatizar as relações sociais como fonte do desenvolvimento, deixe de ter uma concepção que contemple o psiquismo individual. Já em seu trabalho de 1925, Psicologia da arte (Vigotski, 1925/1999), mostra-se que não há uma dicotomia entre o social e o individual em sua concepção, tampouco um reducionismo do segundo ao primeiro. Ocorre que Vigotski não diferencia a “psicologia individual” da “psicologia social”, mas sim da “psicologia coletiva”, sendo tanto a individual quanto a coletiva sociais em sua origem e funcionamento. Uma passagem emblemática é a que se segue:

“A arte é o social em nós, e, se o seu efeito se processa em um indivíduo isolado, isto não significa, de maneira nenhuma, que as suas raízes e essência sejam individuais. É muito ingênuo interpretar o social apenas como coletivo, como existência de uma multiplicidade de pessoas. O social existe até onde há apenas um homem e suas emoções pessoais. Por isto, quando a arte realiza a catarse e arrasta para esse fogo purificador as comoções mais íntimas e mais vitalmente importantes de uma alma individual a sua ação é uma ação social. A questão não se dá de maneira como representa a teoria do contágio, segundo a qual o sentimento que nasce em um indivíduo contagia a todos, torna-se social; ocorre exatamente o contrário. A refundição das emoções fora de nós realiza-se por força de um sentimento social que foi objetivado, levado para fora de nós, materializado e fixado nos objetos externos da arte, que se tornaram

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6 de 17 instrumento da sociedade. A peculiaridade essencialíssima do homem, diferentemente do animal, consiste em que ele introduz e separa do seu corpo tanto o dispositivo da técnica quanto o dispositivo do conhecimento científico, que se tornam instrumentos da sociedade. De igual maneira, a arte é uma técnica social do sentimento, um instrumento da sociedade através do qual incorpora ao ciclo da vida social os aspectos mais íntimos e pessoais do nosso ser. Seria mais correto dizer que o sentimento não se torna social mas, ao contrário, torna-se pessoal, quando cada um de nós vivencia uma obra de arte, converte-se em pessoal sem com isso deixar de continuar social.” (Vigotski, 1925/1999, p. 315)

Tenho identificado pelo menos cinco modos de ser da vida social, aos quais caberia dedicar alguma atenção desde o ponto de vista da psicologia histórico-cultural: (1) a luta de classes no seio das relações de produção; (2) as instituições; (3) os grupos; (4) a inter-subjetividade; e (5) o indivíduo como ser social. Podemos dizer que os campos que mais estão a descoberto nas obras de Vigotski, às quais tivemos acesso até o momento, são os “grupos” e as “instituições”... Por certo, a existência social de um ser humano concreto é sempre atravessada por estes cinco modos de articulação, aos quais poderíamos complexificar com eixos igualmente importantes como gênero e etnia, entre outras formas culturais de relação entre as pessoas que lhes confiram algum tipo de identidade e/ou distinção com relação aos demais seres humanos. Qualquer prática clínica histórico-cultural que desconsidere a integração dessas diferentes dimensões tende ao fracasso, tanto quanto qualquer prática psicológica coletiva que desconsidere o ser humano individual como ser social também ficará desfalcada, sem o homem (pessoa - tchelovek) como a unidade viva para a sua intervenção, visto que díades, grupos, instituições e classes são conjuntos dinâmicos não antropomórficos, não têm “consciência própria”, como é mostrado por Vigotski no primeiro capítulo de sua Psicologia da Arte (Vigotski, 1925/1999). Ao intervir no movimento destes planos diferenciados, tendo potência para fazê-lo, se atingirá o diálogo com alguém singular, com sua história, suas lutas, seus limites e suas potencialidades. Este tópico nos direciona agora para o nosso próximo item de discussão que é relativo ao conceito de

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7 de 17 2) Qual conceito de sujeito está em jogo na psicologia histórico-cultural?

O fato de Vigotski dar ênfase à consciência como objeto da psicologia, por ser o modo de funcionamento psíquico que nos diferencia de outros animais, não implica em que o sujeito de Vigotski seja “cartesiano”, ou seja, aquele que se garante enquanto tal, tão somente pelo fato de que não pode negar que pensa (cogito ergo sum). Não se trata de um sujeito cartesiano, porque esta consciência não é uma descoberta individual pelas leis da razão auto exercidas mediante a dúvida metódica. Esta consciência é um processo que não nasce conosco e se constitui historicamente ao longo do nosso processo de desenvolvimento. Sou consciente de mim mesmo porque passo a atuar com relação a mim, tal como antes atuava com relação ao outro, torno-me consciente de quem sou, sendo um outro para mim mesmo. Existe uma relação duplicada na definição de “consciência” por Vigotski: “a ideia do duplo é a mais próxima da ideia real da consciência” (1925/1991, p. 57). Desde os seus primeiros trabalhos em linguagem reflexológica: a consciência não aparece como um simples reflexo condicional, nem mesmo apenas como um sistema de reflexos, mas como um “mecanismo de transmissão entre sistemas de reflexos” (Vygotski, 1924/1991, p. 11 – itálico na fonte), ou, para abreviar, como “reflexo de reflexos” (Vygotski, 1924/1991, p. 18; 1925/1991, p. 59). Outra “duplicação” aparece, na linguagem da velha psicologia, propondo que a consciência é: “vivência de vivências” (Vygotski, 1925/1991, p. 50). E também, segundo relato de Leontiev (1982/1991), Vigotski gostava de ver a consciência como “co-conhecimento”, conhecimento do conhecimento. Além desse caráter duplicado e social da consciência, cabe lembrar que Vigotski não tem uma visão racionalista da consciência, trata-se de um processo ao mesmo tempo cognitivo e afetivo, que reflete a realidade objetiva, mas também a refrata, em função das necessidades e motivos do sujeito. Ou seja, a consciência aqui não é apenas consciência de algo (aspecto cognitivo), mas sempre consciência de alguém com relação a algo (aspecto afetivo).

O melhor modo que até hoje encontrei para definir o “sujeito” em Vigotski, embora ele mesmo não o tenha definido com tal termo, é aquele enunciado pelo estudioso de sua obra, professor Angel Pino (1996). Para este pensador, o sujeito em Vigotski é “sujeito de relações sociais”. Não é nem um sujeito hipostasiado (cartesiano, que funda tudo o que existe ao seu redor), nem um sujeito inexistente (assujeitado, que apenas espelha o que existe ou existiu ao seu redor). Mas um sujeito emergente nas relações nas quais a

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pessoa concreta necessita colocar-se como tal, assumindo um determinado papel social, o sujeito como pai na relação com seu filho, o sujeito como filho na relação com seu pai, o sujeito como aluno na relação com seu professor, o sujeito como professor na relação com seus alunos. Então, não se trata de uma postura relativista, de que somos totalmente outros conforme as condições que se apresentam, a saída conceitual para isto está em que se trata de uma mesma pessoa (homem - tchelovek), de um mesmo ser humano, que vive diferentes situações, e estas diferentes situações deixam suas marcas, têm sua história e sua memória para cada um, não desaparecem no mesmo instante em que as circunstâncias mudam. Ao mesmo tempo a pessoa, o ser humano, vive o choque de assumir seus diferentes papéis sociais alguns nem sempre conciliáveis com os outros. Como pai desejo estar próximo ao meu filho, como pesquisador preciso concluir meu próximo livro; como filho desejo estar perto de meus pais e cuidar deles, como enamorado desejo mudar-me para longe deles e estar mais perto dela. O conflito entre os papéis coloca o sujeito diante de uma situação de escolha, que é tensa, conflitiva, à qual Vigotski chamou de “drama”.

Nosso “sujeito de relações sociais” é um sujeito de relações “dramáticas”, não cômicas (como quando a mimese é de animais e seres inferiores), não trágicas (como quando a mimese é de heróis e deuses), mas uma mistura das duas coisas (a vida humana, como ela é). Pois o que une a tragédia e a comédia para Aristóteles é que são ambas ação, diferentemente da epopeia e da lírica. Trata-se de uma ação de escolher, ou o que Vigotski chama de ato volitivo, ato de vontade. Todo ato de vontade é um ato de escolha, e toda escolha envolve uma perda, nisso a tensão – a qual como tal é necessária, constitutiva da personalidade humana, é tanto limite quanto potência. O exemplo fictício dado por Vigotski é o do juiz que deve julgar a própria esposa: como juiz deve condená-la, como marido fiel a perdoa: o que vencerá? Exemplos da literatura podem ser dados, como quando Orestes deve matar sua mãe Clitemnestra, para vingar a morte de Agamemnon, mas não deve fazê-lo, pois sentirá a fúria das Eríneas. Ou o próprio Agamemnon que fica entre sacrificar sua filha Efigênia, ou perder a oportunidade de ir guerrear contra Tróia, como comandante supremo das forças gregas. E ainda Hamlet, que hesita entre dar fim a tudo com um punhal, já que a morte é apenas um sono, e continuar vivendo já que não se sabe os sonhos que pode trazer o sono da morte. Posso dizer, com base em Rubinshtein (1946/1967): que toda escolha envolve um ganho e uma perda; contudo essa perda pode ficar ainda na memória como maior ou

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menor intensidade, o ato volitivo, o ato de escolher, não necessariamente esgota de todo o conflito, a tensão.

Tenho um exemplo real, relatado numa dissertação de Melo (2001), sobre mulheres sem terra. Uma das entrevistadas diz ter sido consultada pelos pais, ainda criança, quanto a participar ou não da luta pela terra. Ela deveria decidir entre (a) ir para a zona rural com seus pais e (b) ficar na cidade com outros familiares; porém seu real desejo era continuar na cidade e junto com os pais. “(...) ela é consultada sobre a adesão e cogita não concordar, mas não suporta não acompanhar a família e então adere” (Melo, 2001, p. 141-142). Ou seja, uma decisão no sentido mais completo da palavra “decidir”, pois qualquer opção envolvia uma perda. Minha hipótese é a de que a dor da ausência daquilo que não foi escolhido continua marcando os sentidos sociais do que foi escolhido, assim como o que calamos compõe o sentido do que pronunciamos. Não se trata de uma escolha totalmente “livre”, no sentido de que o homem está “condenado a ser livre”, mas também não se trata exatamente de uma imposição convencional, como se estivéssemos “condenados a nos submeter”. Para Vigotski a liberdade é uma meta do desenvolvimento humano, não um pressuposto. Por isso ele diz que “uma grande imagem do desenvolvimento da personalidade: [é] um caminho para a liberdade. Renascimento do espinosismo na psicologia marxista” (1932/2010, p. 92-93). Um caminho para uma vida mais saudável, mais autônoma, em meio à contradição envolvida no ato volitivo, contradição dialética entre ser e não ser, que, no meu entendimento, é imanente ao “salto para adiante, do reino da necessidade para a esfera da liberdade, como descrito por Engels” (Vigotski, 1930/1994, p. 182) - o que se faz necessário tanto para “toda a sociedade quanto para a personalidade individual”.

A traços largos, esse é um conceito de sujeito com o qual lidamos em psicologia histórico-cultural de forma geral e que também não poderia deixar de estar presente nas práticas clínicas e/ou em saúde mental de um modo geral.

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10 de 17 3) Quais os principais desafios para desenvolver a teoria da clínica

histórico-cultural?

Existem vários desafios para a construção de um arsenal teórico e técnico suficiente para uma prática responsável em clínica histórico-cultural. O primeiro deles é o de que tais práticas devem continuar sendo, de todo modo, psicologia histórico-cultural e não uma junção mecânica de alguns princípios seus com os de outros saberes. Evidente que o diálogo com outros saberes e práticas é necessário e desejável, mas não se pode abrir mão de princípios epistemológicos que norteiam a psicologia geral de orientação histórico- cultural, sem abrir mão de toda a orientação como tal. Princípios dos quais citarei apenas os quatro que considero imprescindíveis para o momento: (1) O primeiro é o de que a psicologia histórico-cultural toma a consciência, em sua unidade psicofísica, como seu objeto de estudo e, portanto, de trabalho, tendo em vista algumas considerações que já fizemos anteriormente sobre qual conceito de consciência se trata; (2) O segundo é o de que a consciência para Vigotski, não explica a si mesma, ela demanda um princípio explicativo, um “estrato da realidade” do qual a consciência é função. Tal estrato, pela minha leitura são as “relações sociais”. É nas relações sociais e somente nelas que o homem pode se tornar consciente de si mesmo, tais relações são ativas, mas não simétricas, a redução da assimetria das relações se dá com o desenvolvimento; (3) Além do objeto de estudo, ou objeto de análise, da psicologia, nossa teoria elege ainda uma “unidade de análise” de natureza também material que permite a conexão entre estes dois primeiros, até o momento encontramos pelo menos duas unidades de análise para a consciência em Vigotski: “o significado da palavra” (como unidade pensamento e fala); e a “vivência” [perejivanie] (como unidade personalidade e meio) (cf. Vygotski, 1933-34/2006); (4) Por fim, e de extrema importância, incorporando os três primeiros princípios, o “método genético ou histórico”. Isto é, a consciência com função das relações sociais se desenvolve, evolui, involui, revoluciona-se, não é dada a priori, assim como se desenvolvem as unidades que permitem estuda-la: a vivência, e o significado da palavra ou palavra significativa.

Em segundo lugar, para haver psicologia clínica histórico-cultural, é necessário que seja não só histórico-cultural, mas que seja clínica, isso é óbvio. E há saberes e práticas importantes para a clínica que temos por meta e desafio desenvolver em diálogo com tradição russo-soviética e também identificando os avanços da psicologia materialista

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11 de 17 ocidental. Eu elenco apenas cinco destas metas, ou desafios, os quais nossas pesquisas estão cercando aos poucos num processo coletivo:

(1ª meta) há de se esclarecer detalhadamente o que a psicologia histórico-cultural endente por cada período do desenvolvimento humano, desde o período pós-natal à vida adulta. Neste desenvolvimento entrelaçam-se dialeticamente as linhas biológica e cultural, os recursos sociais e a dinâmica neuro-funcional, pelo princípio da “unidade psicofísica” (cf. Rubinshtein, 1946/1972, p. 40). Vigotski (1932-34/2006) fala de “idades psicológicas”, não “cronológicas”, mas “cronogênicas”, definidas por neoformações dominantes ou “guia”, as quais, por sua vez emergem de específicas

situações sociais de desenvolvimento, em momentos críticos na ontogênese. O que é

válido inclusive para a idade adulta, porém, por não ser seu objetivo, no campo da pedologia (estudo da criança) não se coloca a tarefa de detalhá-la. Tais “idades”, evidentemente, serão histórica e culturalmente contextualizadas – irão variar em função de tempo e espaço, mas, ao mesmo tempo, sem seguir à deriva, em total aleatoriedade. Ou seja, para pensar o sofrimento humano e a lida intencional para diminuí-lo, é preciso ter uma base sólida sobre o desenvolvimento da personalidade tal como pudera se dar da forma mais saudável possível.

(2ª meta) há de se esclarecer detalhadamente a concepção de diagnóstico própria da

psicologia histórico-cultural, que se encontra já desenhada de modo programático no

livro “Diagnóstico do desenvolvimento e clínica pedológica da criança difícil” (Vygotski, 1931/1997), publicado na íntegra no Tomo V de suas “Obras escolhidas” (ou reunidas). Não poderei detalhar aqui, mas ali o autor traça uma discussão crítica sobre o processo de diagnóstico, orientando-nos sobre como (não) proceder, num esquema que contém as seguintes etapas: (a) “queixas dos pais, da própria criança e da instituição educacional”; (b) “história do desenvolvimento da criança”; (c) “sintomatologia do desenvolvimento”; (d) “diagnóstico pedológico”; (e) “descobrimento das causas”; (f) “prognóstico”; e (g) “prescrição pedagógica e pedagógico-terapêutica”.

(3ª meta) Há de se produzir uma leitura mais aprofundada sobre a Patopsicologia

soviética, na qual se especializou Zeigarnik (1962/1965; 1969/1972), uma vez que tal

ciência se configura num paradigma distinto daquele da psicopatologia ocidental, por ser: (a) uma proposta científica que toma as caraterísticas qualitativas como prioritárias

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12 de 17 com relação às quantitativas; (b) uma proposta científica prioritariamente explicativa e não apenas descritiva; (c) uma proposta científica pautada na metodologia da experimentação e não apenas na observação e coleta de material introspectivo; e (d) uma proposta científica não pautada prioritariamente em classificações de quadros patológicos tipificados, mas antes no caráter disfuncional de sistemas psicológicos5 integrais e dinâmicos, focando não apenas em “doenças” específicas, mas nas funções psíquicas superiores que, por algum motivo, entram em colapso. Nada disso será suficiente se não lembrarmos a máxima de Tomas Mann, citada por Puzirei ao explicar a postura de Vigotski: “Mais importante do que a doença que a pessoa tem é a pessoa que tem a doença” – paráfrase nossa (cf. Vigotski, 1929/2000).

(4ª meta) Há que se produzir um avanço na teoria das emoções de Vigotski, mais voltada a questões de cunho filosófico e metodológico (Vygotsky, 1931-33/1999), que devem ser preservadas, para os caminhos indicados por ele mesmo quando elogia Chabrier. Convidando-nos a construir uma teoria dos sentimentos humanos que tenha como algumas de suas categorias principais: a consciência, a cultura, a ideologia, a história e a personalidade humana, em suas relações inter-constitutivas. Teoria que complemente as críticas ao dualismo, com o conteúdo sensível de episódios em que se nos apresentem as emoções de seres humanos reais, amando, indignando-se, entristecendo-se, lutando por sua própria emancipação.

(5ª meta) Há que se dar uma resposta consistente ao problema dos processos psíquicos

inconscientes e não conscientes em sua dialética com a consciência humana. Este tema

é um problema metodológico para a psicologia histórico-cultural (Vygotski, 1930/1991a). A consciência não é um processo absoluto, ela tem caráter sistêmico e construção semântica, relativa ao sentido do que dizemos/pensamos. Tal sentido não é definido só por nós, mas por nossas relações com outras pessoas. Lembre-se que o foco da consciência nunca pode abarcar toda a realidade num só ato, mas, como diz Vigotski: “a atividade da consciência pode seguir rumos diferentes” (1934/1989, p. 78). Mudanças de rumo nem sempre são planejadas. E podemos agir conscientemente sem ter consciência de nossos motivos para agir assim. Não se estabelecerá uma consciência paralela no interior da consciência, “império dentro do império”, como critica Espinosa.

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13 de 17 Mas temos um problema de investigação, já levantado na história da psicologia, para o qual não há respostas sociais satisfatórias, sob os critérios do materialismo histórico e dialético, embora Uznadze (1961/1966) e Bassin (1968/1981) tenham lançado bases importantes.

Em suma, os principais desafios que pude apontar são da ordem da estruturação teórica, das bases metodológicas e psicológicas para que possa haver uma clínica histórico-cultural que: primeiro não deixe de ser histórico-histórico-cultural; e, segundo, que não se omita das temáticas específicas próprias da clínica, algumas delas nem tão específicas assim. Em seguida, direi algumas poucas palavras finais sobre o papel do terapeuta que estamos perseguindo.

4) Algumas palavras para continuar o diálogo...

Em primeiro lugar cabe dizer que já há várias correntes em psicoterapia, inspiradas em obras de Vigotski, Luria, Leontiev, Bojóvitch, Rubinshtein, entre outros grandes nomes da psicologia russa e soviética. Temos colegas nossos trabalhando numa linha “cubana”, numa linha “norte-americana”, numa linha “portuguesa”, e, como não, também em linhas “russas”. Nada do que estes grupos fazem partiu do nada. E lugar algum chegaremos sem saber por onde passaram. Entretanto, o modo de articular as coisas que apresentei aqui é de minha inteira responsabilidade. Foi que fui sistematizando desde que me coube a tarefa social de trabalhar com aquelas crianças de que lhes falei, num contexto da clínica individual. Vocês, com toda a razão, podem desejar me perguntar: como era feito? Não posso apresentar os casos, não tenho aurorização para fazê-lo. Mas também não posso responder nem com o evasivo “caminhante não há caminho, caminho se faz ao caminhar”, nem com um falso “tudo está planejado e estruturado desde o início”... Devo apresentar algo entre esses dois extremos: duas orientações de base irredutíveis; e três momentos (psico)operacionais necessários, interligados de modo flexível. As duas orientações que tomei como básicas advieram de dois pensadores de tempos muito diferentes. O primeiro o grego Hipócrates: “Aliviar sempre, curar se possível, ao menos não danar”; pois há tratamentos que causam mais doença do que curam, é que se denomina dentre os fatores patogênicos de: “hiatrogenia” (problemas gerados pelo próprio tratamento). Assim se não se sabe por onde chegar,

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14 de 17 tenha-se a honestidade de não forçar situações de intervenção que não sejam seguras. O segundo o alemão Adorno, de quem meu amigo Luiz Lastória estrai a máxima “Se ainda não há cura, aprofunda o diagnóstico”. O que complementa a primeira orientação, tanto mais quando se trata de crianças supostamente vítimas de abusos físicos, morais, sexuais, ou negligência, às quais um programa público federal e um conselho tutelar se dirigem equivocadamente como que a testemunhas a serem policialmente interrogadas. Era necessário resistir a tal demanda institucional. As crianças não vinham por vontade própria, os pais não as traziam por vontade própria, de quem era o desejo de tanto lhes fazer o bem? Era preciso números, estatísticas, eram demandadas denúncias e culpados. Então, entendam estas coisas historicamente, como nos recomenda Vigotski.

Os três momentos interligados a que me referi, retirei do próprio bom-senso quanto às práticas terapêuticas em geral, o qual não pertence a uma abordagem ou outra. Mas são patrimônio cultural geral. É preciso uma boa acolhida, é preciso diagnóstico mais preciso possível, e é preciso intervir. Eis que de um ponto de vista histórico-cultural, já acolher é uma intervenção, já diagnosticar é intervir, e intervir mais agudamente exige que não se perca ainda a acolhida, e que não se deixe de retomar seguidamente o próprio diagnóstico. Pois somos o que somos em relação social, e em relação nos potencializamos, nos tornamos outros no próprio processo. Que recursos simbólicos, semânticos podiam ser utilizados, já que a consciência se constrói semanticamente? A brincadeira era um deles, mas a palavra seguia sendo central, escutando a brincadeira, lendo a brincadeira, conversando com ela, pedindo para participar, aceitando participar quando pedido... Como diz o próprio Vigotski: “a palavra [significativa] é o microcosmo da consciência humana” (1934/2001, p. 486), e ao terapeuta cabe tanto pronunciá-la em sua modalidade dialógica quanto interpretá-la nesta mesma modalidade. A arte do diálogo não foi criada por nenhuma psicologia. É uma prática milenar que remonta aos “diálogos socráticos de rua”, analisados por Bakhtin (1963/1997), e ainda antes quando os antigos sábios gregos se desafiavam constantemente por enigmas que deviam proferir e decifrar (Colli, 1988). A fala não é de nenhuma corrente psicológica, a fala é o que nos faz humanos, e dentro da psicologia histórico-cultural temos nossa própria interpretação sobre como ela funciona no campo interpsicológico e intrapsicológico. Sendo assim, não nos cabe reinventar a roda, mas pensar em que direção deve ir a carruagem, tomar as suas rédeas e sermos, juntamente

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15 de 17 com as pessoas a quem atendemos, atores de nossa própria história. Isto é o que estamos procurando aprender a fazer, inclusive ao estar aqui hoje com vocês.

Obrigado.

Achilles Delari Junior

Umuarama, PR, 8 a 11 de outubro de 2012.

Referências

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A. N. Leontiev morreu em 1979, mas foi colocado o ano da primeira publicação em russo, não temos a data em que foi originalmente escrito.

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16 de 17 Rubinshtein, S. L. (1946/1967) Principios de psicología general. Ciudad de México: Grijalbo. 767 p.

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Dmitri Nikolaevitch Uznadze viveu de 1886 a 1950. 1961 é a data da primeira publicação do livro, não temos a data da produção dos manuscritos originais.

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17 de 17 legacy. New York, Boston, Dordrecht, London, Moscow: Kluwer Academic/Plenum Publishers. p. 69-235.

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