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Processos de intervenção urbana: experiência do Workshop Internacional de Desenho Urbano

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Academic year: 2021

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Milena Kanashiro1; Jorge Daniel de Melo Moura2; Ricardo Dias Silva3; Beatriz Fleury e Silva4

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Profa. Dra., Docente do Departamento de Arquitetura e Urbanismo -DAU, Universidade Estadual de Londrina, milena@uel.br

2

Prof. Dr, Docente do Departamento de Arquitetura e Urbanismo-DAU, Universidade Estadual de Londrina jordan@uel.br

3

Prof. Msc, Docente do Departamento de Arquitetura e Urbanismo-DAU, Universidade Estadual de Maringá, rdsilva@uem.br

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Profa. Msc, Docente do Departamento de Arquitetura e Urbanismo-DAU , Universidade Estadual de Maringá, bfsilva@uem.br

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo principal demonstrar o processo metodológico e o resultado das concepções dos projetos de intervenção desenvolvidos no Workshop Internacional de Desenho Urbano, entre a Escola de Arquitetura de Laval – Canadá e o Departamento de Arquitetura da Universidade Estadual de Londrina. O evento realizado entre os dias 16 e 21 de março de 2009, promoveu o desenvolvimento projetos de intervenção urbana em uma área emergente na discussão da paisagem verticalizada e em consolidação. O recorte espacial conhecido como a Gleba Palhano está inserido na expansão sul da cidade, tendo como principal elemento de atratividade urbana de Londrina - o Lago Igapó. A partir do levantamento de campo foram diagnosticados os principais problemas da área e cada grupo de estudantes definiu as estratégias de intervenção. Entre os 10 projetos desenvolvidos pode-se agrupar em 4 (quatro) temáticas principais: criação de espaço de transição; reavaliação de avenida comercial; reforço do elemento de atratividade existente e, por fim espaços verdes como elemento de conexão. A experiência, com um olhar externo de um arquiteto estrangeiro sobre o processo de construção de nossos espaços urbanos, resultou em várias discussões de estratégias de intervenção, além da reflexão quanto aos acertos e erros de programação em atividades similares, e de possibilidades de aplicações nos currículos de arquitetura de ateliers integrados e compactados.

Palavras-chave: Workshop. Intervenções urbanas. Processo projetual. Ensino de projeto.

INTRODUÇÃO

O Workshop Internacional de Desenho Urbano faz parte da consolidação do programa de intercâmbio acadêmico entre os cursos de Arquitetura da Escola de Laval – Canadá e da Universidade Estadual de Londrina-Pr. O primeiro workshop desenvolvido em 2004 focou a habitação de emergência com duração de 6 (seis) semanas e participação de estudantes estrangeiros de várias nacionalidades (MOURA, et alli, 2004).

Este trabalho descreve o segundo Workshop Internacional com duração de 1 (uma) semana com a participação de docentes e discentes do DAU/UEL, tendo o Prof. Dr. Jan B. Zwiejski, como professor convidado. Prof. Zwiejski é polonês radicado no Canadá vinculado, desde 1986, à Universidade Laval. Esse evento reforça o intercambio, não apenas de docentes e discentes, como o de experiências de ensino na área de Projeto arquitetônico e urbano.

Este trabalho tem como objetivo principal demonstrar o processo e os resultados obtidos: desde abordagens projetuais, reflexões no processo de ensino de projeto e críticas em relação à experiência vivenciada do workshop.

O recorte espacial da área de intervenção foi a definição da Gleba Palhano, conexão importante com áreas consolidadas como a Av. Maringá. Tal área está inserida na expansão da região sul de Londrina. Um fator importante nesse processo de expansão foi a implementação do principal Shopping Center da cidade, seguido da liberação de vários condomínios horizontais (Figura 1).

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padrão estão localizados na região. Esta paisagem é reflexo da Lei de Uso e Ocupação do solo urbano vigente na área, que permite a proporcionalidade de altos edifícios a partir da dimensão de implantação do empreendimento. O seu entorno imediato apresenta um contraste de escalas – Gleba Palhano (verticalidade) e Jardim Guanabara, com forte caráter de horizontalidade este foi implantado na década de 60 com uma tipologia de conjunto habitacional. Recentemente tem-se observado a sua transformação dada a valorização da região.

Um dos principais fatores de valorização dos empreendimentos é a utilização do marketing da vista da paisagem do Lago Igapó II e do skyline da região central. Em duas pesquisas foram realizadas entrevistas com a população. Na primeira, o lago foi considerado o “cartão-postal” da cidade (Jornal de Londrina, 2006) e na segunda, definido como a principal paisagem a ser considerada como Patrimônio Cultural da cidade (YAMAKI, et alli, 2003) (Figura 2). É nas margens do lago onde foram implantadas pistas de caminhada tornando a área um dos locais principais de footing para a população londrinense, principalmente nos finais de tarde.

A área possui, portanto, um dos principais elementos de atratividade urbana – o Lago Igapó (MORI, 2006). Por outro lado, apresenta uma série de problemas de qualidade espacial tais como: fragmentação dos espaços, falta de vitalidade, inadequação das escalas pedestre/automóvel, entre outros. A discussão emergente sobre essa área em consolidação e de diretrizes para a conexão com o seu entorno foram fatores que determinaram a sua escolha.

Figura 1. Área de Intervenção – Gleba Palhano

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Figura 2. Área de Intervenção: Vista do Lago e Skyline da Cidade Fonte: Acervo Workshop Internacional de Desenho Urbano

PROCESSO PROJETUAL DAS PROPOSTAS DE INTERVENÇÕES URBANAS

A estratégia adotada para o desenvolvimento dos projetos do Workshop Internacional de Desenho Urbano foi a divisão dos 65 estudantes da UEL, divididos em 11 equipes, a maioria cursando a 3º Série.

No primeiro dia, foram definidas apresentações para subsidiar os trabalhos e levantamento de campo. Na parte da manhã, foi realizada a apresentação da cidade pelo presidente do IPPUL - Instituto de Planejamento Urbano de Londrina – Prof. João Baptista Bortolotti. Um breve relato histórico e de evolução da cidade, e as principais discussões e tendências de crescimento e reforçando a necessidade de discussão da área de estudo. Na seqüência, os professores e estudantes foram a campo para observação das características da área, indicação de qualidades espaciais potenciais e deficiências. Cada equipe apresentou, no segundo dia, as avaliações e as estratégias de intervenção na área.

A metodologia processual adotada pelo Prof. Zwiejski foi a confecção de maquetes da área de estudo, realizada no segundo dia e discussão de estratégias de intervenção definidas pelas equipes.

As equipes definiram as seguintes características gerais da área, potencialidades e deficiências:

Características Gerais da Área:

- Área segregada e com declividade acentuada;

- Área de intensa verticalização (apresenta uma alta densidade, com edifícios de até 30 pavimentos, metro quadrado mais caro da cidade),

- Área predominantemente residencial (a av. Airton Senna recentemente implantada está definida como área comercial e de serviços. Atualmente os equipamentos comerciais encontram-se na periferia da região);

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privada, na maioria pertencente às construtoras que pretendem viabilizar novos empreendimentos. Tal fato reforça a falta de vitalidade da área);

Potencialidades:

- Elemento forte de atratividade urbana: Lago Igapó II; - Vista do Igapó e do skyline da região central;

- Área de conexão com avenidas importantes e bairros consolidados; Deficiências:

- Área predominantemente de automóveis (observaram-se poucos pedestres nas ruas);

- Carência de espaços públicos (os condomínios verticais possuem no seu andar térreo toda uma infra-estrutura privada de espaços de lazer);

- Carência de conforto com pouca vegetação na área (aliado à configuração predominante de altos muros impedindo a permeabilidade visual entre espaço público e privado);

- Carência de espaços de convivência e de cultura;

A partir da apresentação da avaliação da área por equipe, foram definidas estratégias de temáticas de intervenção urbana. Os professores envolvidos no Workshop discutiam as propostas com cada grupo de estudantes, que tiveram total liberdade para definição do local e da escala do projeto – edificação, rua ou gleba (Figura 3).

Deve-se ressaltar que, optou-se por não ressaltar as questões normativas e legais dos instrumentos de ordenação urbana existentes em Londrina, proporcionando certa liberdade dos projetos propostos.

Figura 3. Desenvolvimento das propostas

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TEMÁTICAS DOS PROJETOS

Foram definidos 10 (dez) equipes de no máximo 07 (sete) estudantes. Durante 3 (três) dias foram desenvolvidos os projetos. As propostas resultantes podem ser agrupadas em 4 (quatro) temáticas principais:

1. Reforço do elemento de atratividade existente 2. Criação de espaço de transição

3. Reavaliação de avenida comercial

4. Espaços verdes como elementos de conexão

São três os projetos que reforçam o Lago Igapó como elemento de atratividade. O primeiro propõe um museu localizado nas margens com a construção liberada do solo criando um espaço de transição entre o Lago e a Gleba Palhano. Outros dois, além de valorizar o Lago, criam complexos multiusos como elementos de conexão entre o Jardim Guanabara e a Gleba Palhano. Projetam seus edifícios com grandes estruturas formais interligados por passarelas para permitir vistas da paisagem. Essas duas propostas avançam sobre o Lago por meio de elementos flutuantes (Figura 4).

Figura 4. Reforço do Elemento de Atratividade: Lago Igapó Fonte: Acervo Workshop Internacional de Desenho Urbano

Dois projetos têm como concepção a criação de espaços de transição. O primeiro faz um complexo comercial entre a Gleba Palhano e o Jardim Guanabara. Difere-se da primeira tipologia concebendo internamente um espaço de convivência de caráter gregário – local para feiras e manifestações que se estende com uma passarela até o plano de água. O outro cria um complexo entre a Gleba Palhano e a zona oeste, definido estrategicamente na parte mais elevada da área. Os dois complexos diferem-se na verticalização e na volumetria (Figura 5).

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Figura 5. Criação de Espaços de Transição

Fonte: Acervo Workshop Internacional de Desenho Urbano

Foram 2 (duas) as equipes que redirecionaram suas propostas para a Av. Airton Senna. A avenida recentemente implantada na Gleba Palhano faz a conexão de uma importante avenida comercial – Av. Maringá – com a Zona Sul, área em consolidação. Embora o objeto seja o mesmo, diferem-se enquanto concepção. Uma reforça a verticalização da área criando edifícios mistos: pavimento térreo comercial e andares superiores residenciais, enfatizando a necessidade do uso misto. A segunda proposta re-discute a função de rua comercial e sugere um complexo comercial sobre a rua criando uma passarela para comércio com a função de ser um local para apreciação e conexão com a paisagem do Lago e do centro da cidade (Figura 6).

Figura 6. Re-desenho da Avenida Comercial

Fonte: Acervo Workshop Internacional de Desenho Urbano

Três equipes tiveram como estratégia principal a utilização de elementos que permeiam toda a área de estudo. A primeira faz a conexão da Av. Airton Senna com espaços públicos conectados, definindo características para cada praça proposta. A segunda concebe um green

network – a criação de uma malha verde que permeia toda a área como o principal elemento de

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utilizando a acentuada declividade e proporcionando um percurso com o elemento água, por meio do qual atividades comerciais e de lazer acontecem inseridas no relevo. O projeto é inserido na paisagem possibilitando a captação da água da chuva e iluminação natural – caracteristicas de uma arquitetura sustentável (Figura 7).

Figura 7. Verde como Elemento de Conexão

Fonte: Acervo Workshop Internacional de Desenho Urbano

Observam-se projetos utilizando as escalas definidas por Rossi (Apud LAMAS, 2000). As temáticas de Reforço do Elemento de Atratividade e Criação de Espaços de Conexão optaram pela escala da cidade – considerada como um conjunto de bairros – na integração entre duas áreas com características diferenciadas e desconectadas por um grande vazio. As equipes que re-projetaram a Av. Airton Senna utilizaram a escala da rua – com abordagens diferenciadas – reforço da verticalidade em contraponto com a horizontalidade. As esquipes da temática Verde como Elemento de Conexão tiveram como objeto, a escala do bairro – criando elementos de conexão que perpassam por toda área valorizando principalmente o espaço pedestre.

Prof. Dr. Jan Zwiejski conclui que “o objetivo foi buscar uma visão contextual do local

e construir outros elementos para tornar um carater mais humano e sociável do bairro” (Folha

de Londrina, 2009).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A vivência do Workshop Internacional de Desenho Urbano trouxe várias reflexões nesse tipo de atividade acadêmica. Entre os vários aspectos positivos pode-se observar que o olhar externo de um arquiteto estrangeiro sobre as nossas cidades, revelou outras maneiras de interpretação sobre o espaço. Uma conseqüência positiva, da não consideração das legislações urbanas, foi a apresentação de propostas mais audaciosas, valorizando os aspectos formais e de preocupação com espaços mais sustentáveis.

Tal experiência também traz a discussão de implantação de currículos de cursos de arquitetura e urbanismo, não apenas de projetos integrados – com a participação de docentes de várias áreas como a de Projeto, Urbanismo e Tecnologia – e remete ao interesse de acrescentar a possibilidade de ateliers concentrados. Durante a semana do workshop os estudantes foram dispensados de outras atividades podendo desenvolver – ainda que no nível de estudo de idéias- um projeto complexo em apenas três dias.

No entanto, verificaram-se erros de estratégia na proposição do workshop, que deverão ser ajustados nos próximos eventos. Constatou-se a desproporcionalidade de tempo de duração do evento x dimensão e a complexidade da área de estudo. A pré-execução de material de estudos – maquete - proporcionaria um tempo maior para as discussões e elaboração dos projetos.

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por exemplo, falta de vitalidade, incongruência de escala automóveis e pedestres, falta de articulação entre áreas públicas x privadas, carência de espaços de convivência e de lazer, entre outras, a maioria dos grandes espaços vazios existentes são de propriedade privada, fato que inviabilizaria várias propostas de projeto de intervenção.

REFERÊNCIAS

FOLHA DE LONDRINA. Um novo olhar sobre a Gleba Palhano. Londrina: Casa &

Conforto, 29 de abril de 2009.

JORNAL DE LONDRINA. Londrina, 21 de maio de 2006.

LAMAS, José M. Ressano Garcia. Morfologia Urbana e Desenho da Cidade. Portugal: Fergráfica, 2000

MORI, Carolina Prates. Integração do Igapo – elemento de atratividade urbana. 2006 93f.

(Trabalho de Graduação Interdisciplinar). Orientação Profa. Dra. Milena Kanashiro.

Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2006.

MOURA, J. et alli. I Workshop Internacional – Habitação Econômica e Habitação de

Emergência. Londrina: Editora UEL, 2004. 98pg.

YAMAKI, Humberto, et alli. Plano Diretor de Preservação do Patrimônio Cultural de

Londrina - Documento para Discussão. Londrina: PML, 2003.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Prof. Dr. Jan Zwiejski e as Universidade Laval e UEL pela viabilização do workshop. Aos estudantes pela participação e dedicação. Aos professores que participaram diretamente nas orientações: Prof. Dr. Sidnei Guadanhin e Prof. Msc. Alex Lamounier. À Profa. Dra. Denise Rosseto pela participação da avaliação final. Às bolsistas Mariana Savino e Luciana Gimenes pela realização do acervo do evento. Aos bolsistas André Saito, Graciela Alves Afonso e Juliano Thomé pela confecção das figuras.

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