Coletânea de Questões do Exame de Qualificação - Vestibulares 2009 a 2013 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (Português)

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Coletânea de Questões do Exame de Qualificação - Vestibulares 2009 a 2013

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (Português)

2013 - 2º Exame de Qualificação - Questão 1 Ano 5, n. 12, ano 2012

No segundo quadro da tira, a minhoca se esconde para não ser notada pelas cobras.

Essa tentativa de desaparecimento da personagem é enfatizada pelo uso do seguinte recurso: (A) caráter exclamativo de uma fala

(B) movimento conjunto das cobras (C) ausência da moldura do quadro (D) presença de personagens distintos

Alternativa correta: (C)

Eixo interdisciplinar: Contrução do Texto Item do programa: Relações semânticas Subitem do programa: Metalinguagem

Item do programa 2: Compreensão dos elementos não verbais Subitem do programa 2: Imagens

Objetivo: Reconhecer o emprego do recurso da metalinguagem na imagem. Comentário da questão:

Os quadros da tira têm cada um sua moldura, à exceção do segundo. A minhoca aparece no primeiro quadro, mas no segundo ela some e fica na imagem apenas o buraco. Para enfatizar esse desaparecimento da personagem, o desenhista apaga também a moldura do segundo quadro. Ou seja, apaga-se um elemento externo à imagem para melhor destacar um movimento interno à imagem. Percentual de acertos: 54,12%

Nível de dificuldade: Médio (acima de 30% e igual ou abaixo de 70%)

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No último quadro, a fala da minhoca revela uma reação comum das vítimas de discriminação. Essa fala deixa subentendida a intenção da personagem de:

(A) atacar o opressor com alguma iniciativa (B) questionar a razão de vários preconceitos (C) aceitar sua condição de certa inferioridade (D) transferir seu problema para outro grupo

Alternativa correta: (D)

Eixo interdisciplinar: Contrução do Texto

Item do programa: Procedimentos de coesão e coerência Subitem do programa: Condições de interpretabilidade Item do programa 2: Perspectivas enunciativas

Subitem do programa 2: Quem enuncia, a quem enuncia Objetivo: Explicar reação da personagem em contexto específico. Comentário da questão:

Apesar de semelhantes à minhoca na forma, as cobras são bem maiores do que ela. Humilhada pelas cobras e não se acreditando capaz de enfrentá-las, tanto que permanece escondida no buraco, a minhoca pensa em um grupo de seres ainda menores do que ela, que no caso são as pulgas, para o qual possa transferir a humilhação que sofre.

Percentual de acertos: 87,64%

Nível de dificuldade: Fácil (acima de 70%)

Na tira, as duas cobras estão dialogando entre si, quando a minhoca interfere.

Nessa situação, a repetição e o tom exclamativo da fala da minhoca destacam principalmente a seguinte característica da personagem: (A) raiva

(B) ansiedade (C) intolerância (D) contrariedade

Alternativa correta: (B)

Eixo interdisciplinar: Contrução do Texto Item do programa: Polifonia e intertextualidade Subitem do programa: Diálogo

Eixo interdisciplinar 2: Aspectos Literários Item do programa 2: Elementos da narrativa Subitem do programa 2: Construção de personagem

Objetivo: Identificar característica da personagem determinante na construção do diálogo. Comentário da questão:

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Político que ousou pensar, intelectual que não se omitiu em agir, pensador e ativista com causa, principal artífice da

abolição do regime escravocrata no Brasil. (l. 2-4)

Na frase acima, Cristovam Buarque define Joaquim Nabuco de quatro maneiras. As três primeiras definições partem de determinadas pressuposições.

Uma pressuposição que se pode deduzir da leitura do fragmento é: (A) ativistas têm abraçado muitas causas

(B) intelectuais costumam resistir à ação (C) políticos ousam pensar a respeito de tudo (D) pensadores têm lutado pelo fim da escravidão

Eixo interdisciplinar: Contrução do Texto Item do programa: Polifonia e intertextualidade

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Subitem do programa: Inferência, pressuposição e subentendido

Objetivo: Discriminar pressuposição subjacente a uma enunciação específica. Comentário da questão:

Nas três primeiras definições dadas a Joaquim Nabuco, o autor faz o movimento retórico de inseri-lo em um grupo para destacá-lo positivamente desse grupo. Esse movimento retórico se constrói com base em elementos que podem ser pressupostos a partir do que é enunciado. Quando define Nabuco como “político que ousou pensar”, Buarque deixa implícito que políticos na verdade não pensam. Quando define Nabuco como “intelectual que não se omitiu em agir”, Buarque deixa pressuposta a ideia de que os intelectuais costumam resistir à ação. Quando define Nabuco como pensador e ativista com causa, Buarque sugere que os ativistas em geral não têm uma causa clara pela qual se mobilizam.

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conteúdo.

Para o autor, a obra da escravidão caracteriza-se fundamentalmente por: (A) manter-se através da educação excludente

(B) atenuar-se em função da distribuição de renda (C) aumentar por causa do índice de analfabetismo (D) enfraquecer-se graças ao acesso à escolarização

Alternativa correta: (A)

Eixo interdisciplinar: Contrução do Texto Item do programa: Tipologias

Subitem do programa: Argumentação

Item do programa 2: Formas de articulação de ideias Subitem do programa 2: Opinião

Objetivo: Discriminar ponto de vista defendido na argumentação do autor. Comentário da questão:

Todo o texto de Cristovam Buarque defende a ideia de que a abolição da escravidão não acaba com os efeitos da escravidão, tanto que esses efeitos persistem há mais de cem anos. Se a escravidão parte do pressuposto de que alguns homens são inferiores aos outros, logo, podem ser escravizados. A educação excludente, que privilegia alguns em detrimento de uma maioria, não só parte do mesmo pressuposto como ainda o confirma.

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A expressão somos escravocratas é repetida quatro vezes no texto que, embora assinado pelo autor Cristovam Buarque, é todo enunciado na primeira pessoa do plural.

O uso dessa primeira pessoa do plural, relacionado à escravidão, reforça principalmente o objetivo de: (A) situar a desigualdade social

(B) apontar o aumento da exclusão social (C) responsabilizar a sociedade brasileira (D) demonstrar a importância da educação

Eixo interdisciplinar: Contrução do Texto Item do programa: Perspectivas enunciativas

Subitem do programa: Quem enuncia, a quem enuncia

Objetivo: Identificar componente de sentido do texto com base em uma perspectiva enunciativa. Comentário da questão:

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No desenvolvimento da argumentação, o autor enumera razões específicas, facilmente constatadas no cotidiano, para sustentar sua opinião, anunciada no título, de que todos nós seríamos ainda escravocratas.

Esse método argumentativo, que apresenta elementos específicos da experiência social cotidiana, para deles extrair uma conclusão geral, é conhecido como:

(A) direto (B) dialético (C) dedutivo (D) indutivo

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Item do programa 2: Métodos de argumentação Subitem do programa 2: Indução

Objetivo: Identificar o emprego do método indutivo de argumentação no texto. Comentário da questão:

O método indutivo de argumentar parte sempre do conhecido para o desconhecido, do particular para o geral, da observação dos fatos para chegar a uma reflexão e a uma opinião sobre eles. Logo, apresentar elementos específicos da experiência social cotidiana, que é sempre particular, para deles extrair uma conclusão, necessariamente generalizante, é um procedimento argumentativo do tipo indutivo.

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(A) causa (B) contraste (C) conclusão (D) comparação

Item do programa: Formas de articulação de ideias Subitem do programa: Causalidade

Item do programa 2: Procedimentos de coesão e coerência

Subitem do programa 2: Uso de conectores, condições de interpretabilidade

Objetivo: Discriminar duas relações de sentido associadas no uso de um mesmo conectivo. Comentário da questão:

Um conectivo pode introduzir mais de uma relação de sentido, como na frase apresentada. A forma “ao” introduz uma relação de tempo, tanto que permitiria a reescritura da frase para: “Somos escravocratas quando deixamos que a escala seja tão diferenciada”. Além da relação de tempo, porém, a forma “ao” também introduz uma relação causal, permitindo outra reescritura da frase, a saber: “Somos escravocratas porque deixamos que a escola seja tão diferenciada”.

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Antes, com a proibição do tráfico, a lei do ventre livre, a alforria dos sexagenários. Agora, com o bolsa família, o voto do analfabeto ou a aposentadoria rural. Medidas generosas, para inglês ver e sem a ousadia da abolição plena. (l. 34-37)

O fragmento acima apresenta duas enumerações que, separadas pelo tempo, exemplificam um mesmo processo. Pela leitura do 8º parágrafo, pode-se concluir que os exemplos enumerados se referem a:

(A) gestos naturais (B) soluções ousadas (C) medidas parciais (D) melhorias na renda

Eixo interdisciplinar: Contrução do Texto Item do programa: Perspectivas enunciativas Subitem do programa: Tempo

Item do programa 2: Formas de articulação de ideias Subitem do programa 2: Exemplificação, enumeração

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sexagenários; nos séculos XX e XXI, o voto do analfabeto, a aposentadoria rural, o bolsa família - são todos medidas parciais que não acabam completamente e de vez com a escravidão, mantendo-se seus efeitos de desigualdade e discriminação.

Ficamos na mesquinhez dos nossos interesses imediatos negando fazer a revolução educacional que poderia completar a quase-abolição de 1888. (l. 39-40)

A criação da palavra composta, quase-abolição, cumpre principalmente a função de: (A) desfazer a contradição entre os termos

(B) estabelecer a gradação entre os termos (C) enfatizar a abstração de um dos termos (D) restringir o sentido de um dos termos

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Eixo interdisciplinar: Contrução do Texto Item do programa: Relações semânticas Subitem do programa: Formação de palavras

Objetivo: Identificar sentido produzido por uma palavra criada pelo autor do texto. Comentário da questão:

A palavra composta “quase-abolição” constrói-se de tal maneira que o termo “quase” restringe o sentido do termo “abolição”: uma quase-abolição ainda não é uma abolição plena da escravidão.

O poema de Carlos Drummond de Andrade se caracteriza por uma repetição considerada estilística, porque é claramente feita para produzir um sentido.

Pode-se dizer que a repetição da expressão são iguais é empregada para reforçar o sentido de: (A) afirmação da igualdade no mundo de hoje

(B) subversão da igualdade pelo raciocínio lógico (C) valorização da igualdade das experiências vividas (D) constatação da igualdade entre fenômenos diversos

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A expressão “são iguais”, repetida sistematicamente em relação a fenômenos e acontecimentos diferentes, reforça a constatação da igualdade entre fenômenos diversos: cada um deles não se distingue dos demais do mesmo tipo, cada um deles é monotonamente igual aos demais.

e todos, todos

os poemas em verso livre são enfadonhamente iguais. (v. 15-16) Os versos livres são aqueles que não se submetem a um padrão.

Considerando essa definição, identifica-se nos versos acima a figura de linguagem denominada: (A) antítese

(B) metáfora (C) metonímia (D) eufemismo

Eixo interdisciplinar: Contrução do Texto Item do programa: Relações semânticas Subitem do programa: Antítese

Objetivo: Identificar relação antitética presente em determinado verso do poema. Comentário da questão:

Se versos livres são aqueles que não se submetem a um padrão, então eles deveriam ser diferentes um do outro, e não iguais. Logo, se o poeta diz que “os poemas em verso livre são enfadonhamente iguais”, ele formula uma contradição em termos, retoricamente conhecida pela designação de “antítese”.

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Todos os amores, iguais iguais iguais. (v. 19)

A intensificação da repetição do termo iguais no mesmo verso, relacionado a amores, enfatiza determinada crítica que o poeta pretende fazer.

A crítica de Drummond se dirige às relações amorosas, no que diz respeito ao seguinte aspecto: (A) exagero

(B) padronização (C) desvalorização (D) superficialidade

Item do programa: Formas de articulação de ideias Subitem do programa: Ênfase

Objetivo: Discriminar sentido produzido por crítica feita pelo poeta. Comentário da questão:

Ao dizer que todos os amores são “iguais iguais iguais”, o poeta enfatiza que as relações amorosas seguem um padrão que as torna iguais umas às outras. Logo, a crítica do poeta diz respeito à padronização das relações amorosas.

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Todo ser humano é um estranho ímpar. (v. 26-27)

No contexto, a associação dos adjetivos estranho e ímpar sugere que cada ser humano não se conhece completamente. Isto acontece porque cada indivíduo pode ser caracterizado como:

(A) solitário (B) singular (C) intolerante (D) indiferente

Eixo interdisciplinar: Aspectos Literários Item do programa: Recursos estilísticos

Subitem do programa: Seleção e combinação de palavras

Objetivo: Discriminar sentido produzido por combinação de palavras presentes no poema. Comentário da questão:

A associação dos adjetivos “estranho” e “ímpar”, relacionada a todos os seres humanos, reforça a caracterização de cada indivíduo como singular, isto é, sem termos fáceis de comparação com os demais. Ressalta-se, assim, a dificuldade de que cada pessoa conheça completamente as demais e também a si mesma.

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O título do poema anuncia a noção de desigualdade.

Pela leitura do conjunto do texto, é possível concluir que a desigualdade entre os homens diz respeito principalmente a: (A) traços individuais

(B) convicções políticas (C) produções culturais (D) orientações filosóficas

Eixo interdisciplinar: Contrução do Texto Item do programa: Relações semânticas Subitem do programa: Antonímia

Objetivo: Explicar sentido produzido por relação antonímica presente no poema. Comentário da questão:

A ideia de desigualdade assume foco específico no poema, já que elementos da experiência social, histórica e cultural são tratados como semelhantes, e os traços individuais representam a possibilidade de diferenciação entre os seres humanos.

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Na charge, além da critica à arte moderna presente na fala do personagem, é possível identificar ainda outra crítica. Esta outra crítica está relacionada ao seguinte aspecto:

(A) moral (B) estético (C) econômico (D) acadêmico

Item do programa: Compreensão dos elementos não verbais Subitem do programa: Relação entre e o verbal e não verbal

Objetivo: Discriminar crítica presente na charge, com base na relação entre sua imagem e texto. Comentário da questão:

Na charge, faz-se uma crítica direta à arte moderna, por meio da fala do personagem que observa o quadro. Nota-se, também, uma crítica indireta no título do quadro, que focaliza um aspecto econômico associado ao uso da palavra “rombo”, frequentemente empregada para se referir a orçamentos insuficientes.

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Uma marca linguística que expressa esse distanciamento é o uso de: (A) terceira pessoa

(B) frase declarativa (C) reticências ao final (D) descrição do objeto

Eixo interdisciplinar: Contrução do Texto Item do programa: Perspectivas enunciativas

Subitem do programa: Quem enuncia, a quem enuncia Item do programa 2: Usos do verbo

Subitem do programa 2: Tempo modo aspecto, voz

Objetivo: Identificar marca linguística responsável pelo efeito de distanciamento do enunciador em relação a ações e falas de outros. Comentário da questão:

O uso da terceira pessoa do plural na segunda frase do personagem indetermina o sujeito de “pintam” e “acham”, mostrando dessa maneira o distanciamento do personagem em relação àqueles que fazem ou promovem a arte moderna.

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O texto de Lima Barreto explora o recurso da metalinguagem, ao comentar, na sua ficção, o próprio ato de compor uma ficção. Esse recurso está exemplificado principalmente em:

(A) São em geral de uma lastimável limitação de ideias, (l. 2-3)

(B) Vivo aqui só, isto é, sem relações intelectuais de qualquer ordem. (l. 17-18) (C) - Vem dormir, Isaías! Deixa esse relatório para amanhã! (l. 24)

(D) Já por duas vezes, tentei escrever; mas, relendo a página, achei-a incolor, comum, (l. 38-39)

Eixo interdisciplinar: Contrução do Texto Item do programa: Relações semânticas Subitem do programa: Metalinguagem

Objetivo: Exemplificar uso do recurso da metalinguagem. Comentário da questão:

O personagem Isaías Caminha, criado pelo escritor Lima Barreto, é também um escritor, o que remete a um universo metalinguístico na ficção. No fragmento “Já por duas vezes, tentei escrever; mas, relendo a página, achei-a incolor, comum”, observa-se mais uma vez, o uso da metalinguagem, já que o personagem fala de suas tentativas de escrever romances dentro de um romance.

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Ano 5, n. 12, ano 2012

O personagem Isaías Caminha faz críticas àqueles que ele denomina "literatos". No primeiro parágrafo, podemos entender que os chamados literatos são escritores com a característica de:

(A) carecer de bons leitores (B) negar o talento individual (C) repetir regras consagradas (D) apresentar erros de escrita

Item do programa: Procedimentos de coesão e coerência Subitem do programa: Condições de interpretabilidade

Objetivo: Identificar caracterização apresentada no texto pelo personagem principal. Comentário da questão:

O personagem distingue escritores honestos, como ele, de “literatos”: escritores mais preocupados com o sucesso e a forma do que com a qualidade e o valor do que escrevem. Exatamente por causa dessa preocupação externa ao ato de escrever, esse tipo de

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O personagem parece julgar quase todos que o rodeiam, mas não se exime de julgar também a si mesmo. Um julgamento autocrítico de Isaías Caminha está melhor ilustrado no seguinte trecho:

(A) Confesso que os leio, que os estudo, (l. 10)

(B) Mas não é a ambição literária que me move (l. 11-12) (C) Entretanto, quantas dores, quantas angústias! (l. 17)

(D) Imagino como um escritor hábil não saberia dizer o que eu senti (l. 37)

Eixo interdisciplinar: Aspectos Literários Item do programa: Elementos da narrativa

Subitem do programa: Construção de personagens Eixo interdisciplinar 2: Contrução do Texto Item do programa 2: Polifonia e intertextualidade Subitem do programa 2: Inferência

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Comentário da questão:

Ao imaginar como um escritor hábil saberia dizer melhor o que ele sentiu, o personagem deixa implícito que não se considera um escritor tão hábil quanto gostaria, o que deixa claro seu julgamento autocrítico.

só capazes de colher fatos detalhados e impotentes para generalizar, (l. 3-4)

Esse trecho se refere à utilização do seguinte método de argumentação: (A) indutivo

(B) dedutivo (C) dialético (D) silogístico

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Objetivo: Identificar método de argumentação empregado em uma sequência do texto. Comentário da questão:

O método indutivo parte do particular para o geral. Por essa razão, colher fatos particulares, no caso, “detalhados e impotentes”, para deles se buscar uma generalização é um modo de se pensar e argumentar indutivamente.

Na descrição de sua situação e de seus sentimentos, o narrador utiliza diversos recursos coesivos, dentre eles o da adição. O fragmento do texto que exemplifica o recurso da adição está em:

(A) repletos de orgulho de suas cartas que sabe Deus como tiraram. (l. 18-19) (B) me dispo em frente de desconhecidos, como uma mulher pública... (l. 28)

(C) Sofro assim de tantos modos, por causa desta obra, que julgo que esse mal-estar, com que às vezes acordo, vem dela, (l. 28-29) (D) Que ela tenha a sorte que merecer, mas que possa também, amanhã ou daqui a séculos, despertar um escritor mais hábil (l. 34-35)

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Subitem do programa: Relações entre as partes do texto Objetivo: Exemplificar uso do recurso coesivo da adição. Comentário da questão:

No trecho “Que ela tenha a sorte que merecer, mas que possa também, amanhã ou daqui a séculos, despertar um escritor mais hábil”, o emprego da conjunção “mas” em paralelo com o termo “também” configura a relação aditiva.

O emprego de sinais de pontuação contribui para a construção do sentido dos textos.

O emprego de exclamações, no segundo parágrafo, reforça o seguinte elemento relativo ao narrador: (A) ironia

(B) mágoa (C) timidez

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Item do programa: Compreensão dos elementos não verbais Subitem do programa: Sentidos da pontuação

Eixo interdisciplinar 2: Aspectos Literários Item do programa 2: Elementos da narrativa

Subitem do programa 2: Construção de personagens

Objetivo: Explicar sentido específico de sinal de pontuação em determinado momento da narrativa. Comentário da questão:

As exclamações do segundo parágrafo enfatizam tanto a solidão intelectual do personagem e sua mágoa por esse isolamento e sofrimento (“quantas dores, quantas angústias!”) quanto prováveis críticas futuras, negativas e discriminadoras, em relação ao seu trabalho (“que espanto! que sarcasmo!”).

Marcelo Gleiser é um cientista que admite mudar de opinião se confrontado com novas evidências ou com novas reflexões.

De acordo com o texto, o autor antes pensava que filmes devem tentar ao máximo ser fiéis à ciência que retratam, mas atualmente tem outra opinião.

A opinião que hoje ele defende, acerca desse assunto, baseia-se na seguinte conclusão: (A) Existe uma diferença crucial entre um filme comercial e um documentário científico. (l. 17)

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(B) documentários devem retratar fielmente a ciência, educando e divertindo a população, (l. 18) (C) filmes históricos ou mesmo aqueles fiéis à ciência têm enorme valor cultural. (l. 21)

(D) as pessoas vão ao cinema esperando uma ciência crível. (l. 24-25)

Item do programa 2: Formas de articulação de ideias Subitem do programa 2: Conclusão

Objetivo: Reconhecer conclusão formulada pelo autor após a apresentação de argumentos. Comentário da questão:

O autor assume no texto que tinha uma determinada opinião e que a modificou depois, ao refletir melhor. A opinião inicial era a de que os filmes devem ser fiéis à ciência que retratam. Essa opinião se modificou para a aceitação de que os filmes de ficção devem ser sobretudo fiéis à lógica do entretenimento e da ficção que constroem, deixando aos professores e aos documentários científicos a tarefa de mostrar corretamente a ciência, uma vez que “existe uma diferença crucial entre um filme comercial e um documentário científico”.

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A oposição entre "ciência" e "Hollywood", expressa no título do artigo de Gleiser, corresponde a outra oposição bastante estudada no campo da literatura, que se verifica entre:

(A) acontecimento e opinião (B) historicismo e atualidade (C) verdade e verossimilhança (D) particularização e universalismo

Eixo interdisciplinar: Aspectos Literários Item do programa: Representações da realidade

Subitem do programa: Verossimilhança externa e interna

Objetivo: Discriminar o discurso científico do discurso literário a partir dos conceitos de verdade e verossimilhança. Comentário da questão:

O discurso científico se pauta pela procura da verdade e pela preocupação em encontrar provas e evidências das suas conclusões, enquanto o discurso literário deve se preocupar antes em ser semelhante à verdade, isto é, em ser verossímil, para melhor envolver e convencer seu leitor.

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Na construção argumentativa, uma estratégia comum é aquela em que se reconhecem dados ou fatos contrários ao ponto de vista defendido, para, em seguida, negá-los ou reduzir sua importância.

O fragmento do texto que exemplifica essa estratégia é:

(A) Infelizmente, é verdade: explosões não fazem barulho algum no espaço. (l. 1) (B) Pode ser que existam alguns, mas se existirem não fizeram muito sucesso. (l. 2-3) (C) Para um produtor de cinema, a questão não passa pela ciência. (l. 6)

(D) Mas o conteúdo não deve ser levado ao pé da letra. (l. 28-29)

Item do programa 2: Formas de articulação de ideias Subitem do programa 2: Contra-argumentação

Objetivo: Exemplificar estratégia argumentativa de contra-argumentação. Comentário da questão:

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No título do texto, a palavra Hollywood é empregada por causa da identificação entre a indústria cinematográfica e uma localidade dos Estados Unidos que concentra empresas do ramo.

Esse emprego, portanto, configura uma figura de linguagem conhecida como: (A) metáfora

(B) hipérbole (C) metonímia (D) eufemismo

Eixo interdisciplinar: Contrução do Texto Item do programa: Relações semânticas Subitem do programa: Metonímia

Objetivo: Identificar construção metonímica no texto. Comentário da questão:

O texto de Marcelo Gleiser refere-se à relação entre a ciência e a arte. No lugar da palavra “arte”, no entanto, o autor opta por usar no título o termo “Hollywood”, que vem a ser a cidade onde se produzem filmes de ficção, logo, filmes artísticos. Essa substituição é metonímica, porque Hollywood é reconhecidamente uma parte do campo total em que se faz arte.

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levantaram as sobrancelhas de cientistas mais rígidos que veem as distorções com desdém e esbugalharam os olhos dos espectadores (a maioria) que pouco ligam se a ciência está certa ou errada. (l. 12-14)

O autor faz um paralelo entre as sobrancelhas levantadas dos cientistas e os olhos esbugalhados dos espectadores. Assim, os olhos esbugalhados dos espectadores representam o seguinte elemento:

(A) reflexão (B) admiração (C) indiferença (D) expectativa

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A imagem das sobrancelhas levantadas dos cientistas rígidos espelha o desagrado deles perante os filmes incorretos, em termos de conhecimentos científicos. Já a imagem dos olhos esbugalhados dos espectadores espelha a admiração deles em relação aos mesmos filmes, uma vez que eles estão pouco preocupados com a correção em relação aos fatos da ciência.

Ao longo do texto, o autor procura evitar generalizações, admitindo, após algumas conclusões, a possibilidade de exceções. Essa atitude do autor está exemplificada em:

(A) Sempre vemos explosões gigantescas, estrondos fantásticos. (l. 3)

(B) Recentemente, o debate sobre as liberdades científicas tomadas pelo cinema tem aquecido. (l. 9) (C) Óbvio, documentários devem retratar fielmente a ciência, educando e divertindo a população, (l. 18) (D) As pessoas não vão ao cinema para serem educadas, ao menos como via de regra. (l. 19-20)

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Subitem do programa 2: Generalização, particularização

Objetivo: Exemplificar estratégia argumentativa da generalização com ressalvas. Comentário da questão:

A expressão “ao menos como via de regra” é equivalente à expressão “ressalvadas as exceções de praxe”, quando é enunciada após uma afirmação geral que, no entanto, admite a possibilidade de exceções.

Mas, se existirem exageros, eles não deverão ser criticados como tal. (l. 22-23)

Esta afirmação, embora pareça contraditória, sugere um elemento fundamental para a compreensão do ponto de vista do autor. O fragmento que melhor sintetiza o ponto de vista expresso pela frase citada é:

(A) Até recentemente, defendia a posição mais rígida, (l. 15)

(B) filmes históricos ou mesmo aqueles fiéis à ciência têm enorme valor cultural. (l. 21) (C) A arte distorce para persuadir. (l. 29)

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Item do programa: Tipologias Subitem do programa: Argumentação

Item do programa 2: Procedimentos de coesão e coerência Subitem do programa 2: Relações entre as partes do texto

Objetivo: Discriminar ponto de vista do autor presente em diferentes sequências do texto. Comentário da questão:

Os exageros (dos filmes) que não devem ser criticados como exageros parecem formar uma contradição que é superada pela argumentação do autor: o “exagero” artístico ajuda a envolver e a comover o espectador e, portanto, não é negativo, ou seja, não é na verdade um exagero, do ponto de vista do artista e do espectador. O fragmento que melhor sintetiza essa argumentação é aquela que estabelece que a arte distorce para persuadir.

Pode-se definir “metalinguagem” como a linguagem que comenta a própria linguagem, fenômeno presente na literatura e nas artes em geral.

O quadro A perspicácia, do belga René Magritte, é um exemplo de metalinguagem porque: (A) destaca a qualidade do traço artístico

(B) mostra o pintor no momento da criação (C) implica a valorização da arte tradicional (D) indica a necessidade de inspiração concreta

Eixo interdisciplinar: Aspectos Literários

Item do programa: Recursos estilísticos de construção do sentido no texto artístico Subitem do programa: Figurações ou imagens

Objetivo: Reconhecer a representação metalinguística em uma obra artística. Comentário da questão:

A metalinguagem é um fenômeno estético recorrente na literatura e em todas as artes, mostrando a reflexão do artista sobre a sua obra dentro da própria obra. Dessa forma, o espectador, no caso das artes plásticas ou teatrais, e o leitor, no caso da literatura, são levados a pensar sobre o que veem ou leem ao mesmo tempo que usufruem da obra. O quadro de René Magritte mostra visualmente o fenômeno, ao apresentar uma pintura na qual um pintor se encontra no momento exato da criação de uma pintura.

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O quadro produz um estranhamento em relação ao que se poderia esperar de um pintor que observa um modelo para sua obra. Esse estranhamento contribui para a reflexão principalmente sobre o seguinte aspecto da criação artística:

(A) perfeição da obra (B) precisão da forma (C) representação do real (D) importância da técnica

Eixo interdisciplinar: Estrutura e Sentido do Texto Item do programa: Organização interna do texto Subitem do programa: Imagens

Objetivo: Discriminar sentido específico produzido em uma obra de arte. Comentário da questão:

A tradição realista da arte leva-nos a imaginar um artista olhando para o seu modelo para representá-lo, visualmente ou por meio de outra linguagem, da maneira mais semelhante possível. O quadro de Magritte, no entanto, mostra um pintor que, tendo como modelo um ovo sobre uma mesa, ao invés de pintar um ovo sobre uma mesa, pinta um pássaro em pleno voo. O estranhamento produzido por essa ruptura da expectativa contribui diretamente, portanto, para a reflexão sobre a própria representação do real.

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a poesia aponta para um uso muito primário da linguagem, que parece anterior ao perfil de sua ocorrência nas conversas, nos jornais, nas aulas, conferências, discussões, discursos, ensaios ou telefonemas. (l. 4-6)

A comparação entre a poesia e outros usos da linguagem põe em destaque a seguinte característica do discurso poético: (A) revela-se como expressão subjetiva

(B) manifesta-se na referência ao tempo (C) afasta-se das praticidades cotidianas (D) conjuga-se com necessidades concretas

Item do programa: Natureza e estrutura de textos literários Subitem do programa: O poético

Objetivo: Identificar, com base em elementos do texto, característica do discurso poético. Comentário da questão:

O trecho destacado contrapõe a poesia ao uso cotidiano da linguagem, em conversas, jornais, aulas, conferências, discussões, discursos, ensaios ou telefonemas. Este uso cotidiano da linguagem, como se pode depreender das situações elencadas, destina-se primordialmente à informação e à comunicação. Ora, se este uso se contrapõe ao da poesia, pode-se concluir que esta tende a se afastar das praticidades cotidianas.

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Pode ser que essas suposições tenham algo de utópico, (l. 17)

Neste fragmento, a expressão em destaque é empregada para formar um conhecido recurso da argumentação. Esse recurso pode ser definido como:

(A) admitir uma hipótese para depois discuti-la (B) retomar uma informação para depois criticá-la (C) relativizar um conceito para depois descrevê-lo (D) apresentar uma opinião para depois sustentá-la

Eixo interdisciplinar: Elementos da Argumentação Item do programa: Recursos argumentativos Subitem do programa: Contra-argumentação

(37)

passado no qual supostamente não houvesse ainda várias línguas nem mal-entendidos. A sequência do texto se incumbe de refinar a hipótese, ampliando-a para a noção de que a própria poesia possa criar um pouco desse passado que não conhecemos.

Mais perto do senso comum, (l. 25)

A expressão que inicia o trecho transcrito acima introduz uma comparação em relação ao comentário anterior, feito por Décio Pignatari. O emprego da expressão comparativa revela que o autor considera o exemplo dos filmes de cowboy como algo que teria a seguinte caracterização:

(A) muito complexo (B) menos elaborado (C) pouco importante (D) bastante diferente

(38)

Item do programa: Procedimentos de coesão

Subitem do programa: Relações lógico-semânticas de sequenciação Objetivo: Explicar sentido específico de expressão comparativa no texto. Comentário da questão:

Os filmes de cowboy compõem um universo da cultura de massa, que não desempenha o mesmo papel de uma crítica de arte. O emprego da expressão comparativa reforça essa diferenciação, ao mesmo tempo que adiciona mais um exemplo ao comentário feito anteriormente.

Na coesão textual, ocorre o que se chama catáfora quando um termo se refere a algo que ainda vai ser enunciado na frase. Um exemplo em que o termo destacado constrói uma catáfora é:

(39)

Eixo interdisciplinar: Estrutura e Sentido do Texto Item do programa: Procedimentos de coesão

Subitem do programa: Referenciação interna (catáfora) Objetivo: Identificar a catáfora na construção do texto. Comentário da questão:

O conceito específico da catáfora, um mecanismo de coesão textual, é definido previamente, para que se possa articular essa informação conceitual com uma determinada ocorrência no texto. Sabendo-se, portanto, que a catáfora ocorre quando um termo se refere a algo que ainda será enunciado na frase, pode-se perceber que, no trecho No seu estado de língua, no dicionário, as palavras

intermedeiam, o termo sublinhado, “seu”, é um pronome que se refere ao nome “palavras”, o qual só aparece mais adiante, no final da

frase.

(40)

Na frase acima, o emprego das palavras “oásis” e “deserto” configura uma superposição de figuras de linguagem, recurso frequente em textos artísticos.

As figuras de linguagem superpostas na frase são: (A) metáfora e antítese

(B) ironia e metonímia (C) elipse e comparação (D) personificação e hipérbole

Eixo interdisciplinar: Estrutura e Sentido do Texto Item do programa: Figuras de estilo

Subitem do programa: Metáfora

Objetivo: Discriminar figuras de estilo na construção do sentido do texto. Comentário da questão:

A ideia de que os poemas são como pequenos oásis concentra, no termo “oásis”, uma comparação implícita, configurando desse modo uma metáfora. Da mesma maneira, a ideia de que a realidade a que nos referimos é como um deserto concentra, neste último termo, a comparação que o torna outra metáfora. Ora, como a metáfora dos oásis-poemas se opõe à metáfora do deserto da referencialidade, sobrepõe-se a ambas as metáforas a antítese oásis-deserto.

(41)

No último parágrafo (linhas 33 a 35), o autor se refere à plenitude da linguagem poética, fazendo, em seguida, uma descrição que corresponde à linguagem não poética, ou seja, à linguagem referencial.

Pela descrição apresentada, a linguagem referencial teria, em sua origem, o seguinte traço fundamental: (A) o desgaste da intuição

(B) a dissolução da memória (C) a fragmentação da experiência (D) o enfraquecimento da percepção

Eixo interdisciplinar: Estrutura e Sentido do Texto Item do programa: Procedimentos de coerência Subitem do programa: Compreensão pontual do texto

Objetivo: Explicar sentido específico de eixo de oposições no texto. Comentário da questão:

Se a linguagem poética se apresenta plena, enquanto a linguagem referencial afasta as palavras das coisas, os olhos dos ouvidos e a criação da vida, pode-se deduzir que a linguagem referencial cotidiana forçosamente fragmenta a experiência sensível.

Nível de dificuldade: Difícil (abaixo de 30%)

(42)

Imprudente ofício é este, de viver em voz alta. (l. 3)

O ofício a que Rubem Braga se refere é o seu próprio, o de escritor. Para caracterizá-lo, além do adjetivo “imprudente”, ele recorre a uma metáfora: “viver em voz alta”.

O sentido dessa metáfora, relativa ao ofício de escrever, pode ser entendido como: (A) superar conceitos antigos

(B) prestar atenção aos leitores (C) criticar prováveis interlocutores (D) tornar públicos seus pensamentos

Eixo interdisciplinar: Estrutura e Sentido do Texto Item do programa: Procedimentos de coerência Subitem do programa: Compreensão pontual do texto Objetivo: Explicar sentido particular de uma metáfora no texto. Comentário da questão:

No contexto da crônica de Rubem Braga, a metáfora do “viver em voz alta” refere-se à necessidade do escritor de partilhar seus pensamentos sobre os outros, tornando-os desse modo públicos. Ao fazê-lo, o escritor corre o risco de magoar pessoas que não gostariam de ser expostas assim.

(43)

Alguma coisa que eu disse distraído - talvez palavras de algum poeta antigo - foi despertar melodias esquecidas dentro da alma de alguém. (l. 18-19)

O cronista revela que sua fala ou escrita pode conter algo escrito por “algum poeta antigo”. Ao fazer essa revelação, o cronista se refere ao seguinte recurso:

(A) polissemia (B) pressuposição (C) exemplificação (D) intertextualidade

Eixo interdisciplinar: Estrutura e Sentido do Texto Item do programa: Intertextualidade

Subitem do programa: Citação

Objetivo: Reconhecer referência ao recurso da citação por parte do autor. Comentário da questão:

Ao revelar que sua escrita pode conter alguma referência a palavras de outro escritor, por exemplo, “algum poeta antigo”, logo, a outro texto que não apenas o seu próprio, o cronista mostra a importância do fenômeno da intertextualidade para a construção da sua literatura.

(44)

O episódio do canário traz uma contribuição importante para o sentido do texto, ao estabelecer uma analogia entre a palavra do escritor e a música assobiada pela amiga.

A inserção desse episódio no texto reforça a seguinte ideia: (A) a intolerância leva o artista ao isolamento

(B) a arte atinge as pessoas de modo inesperado (C) a solidão é remediada com soluções artísticas

(D) a profissão envolve o artista em conflitos desnecessários

Eixo interdisciplinar: Estrutura e Sentido do Texto Item do programa: Procedimentos de coerência

Subitem do programa: Formas de implícito (subentendido)

Objetivo: Explicar relação, subentendida no texto, entre episódio relatado e sentido geral da crônica. Comentário da questão:

O canário não cantava, apesar das várias tentativas conscientes da amiga do cronista em estimulá-lo. O canário só cantou quando sua dona não tentou estimulá-lo conscientemente, mas sim assobiou distraidamente o trecho de uma melodia de Beethoven. O episódio sugere, metaforicamente, que a arte atinge as pessoas não de modo programado, mas sim de modo inesperado, articulando-se com o sentido geral da crônica.

(45)

Toda a indagação do cronista acerca da palavra se baseia na diferença entre a importância que ela pode ter, por um lado, para quem a escreve e, por outro, para quem a lê.

O par de vocábulos que melhor exemplifica essa diferença no texto é: (A) esqueci (l. 9) - feri (l. 1)

(B) ofício (l. 3) - consolo (l. 4) (C) espontânea (l. 8) - secreta (l. 16) (D) reconciliar (l. 5) - despertar (l. 18)

Objetivo: Exemplificar palavras do texto em relação de oposição. Comentário da questão:

O ato da escrita, segundo o cronista, pode gerar um desencontro com os leitores. Assim, comentário feito pelo autor com naturalidade ou sem intenção de magoar alguém pode ser recebido pelo leitor como algo negativo. O esquecimento (“esqueci”), a pouca importância para o escritor, pode produzir, mesmo que não seja deliberadamente, um sentimento desagradável em outra pessoa, que se sente ferida.

(46)

Às vezes, também (l. 4)

Ao estabelecer coesão entre os dois primeiros parágrafos, a palavra “também”, nesse contexto, expressa determinado sentido. Considerando esse sentido, “também” poderia ser substituído pela seguinte expressão:

(A) desse modo (B) por outro lado (C) por conseguinte (D) em consequência

Eixo interdisciplinar: Estrutura e Sentido do Texto Item do programa: Procedimentos de coesão Subitem do programa: Relações lógico-semânticas

Objetivo: Exemplificar expressão com mesmo valor conectivo de outro termo presente no texto. Comentário da questão:

Se no primeiro parágrafo o cronista se refere à possibilidade de suas palavras terem magoado alguém, enquanto no segundo parágrafo ele se refere à possibilidade oposta de suas palavras terem ajudado alguém, então a palavra “também” poderia ser substituída, sem prejuízo de sentido, pela expressão “por outro lado”.

(47)

O final do texto expressa uma reflexão do escritor acerca do poder da sua escrita, a partir da menção a uma princesa e a um povo. Essa menção sugere, principalmente, que o escritor deseja que suas palavras tenham o poder de:

(A) desfazer as ilusões antigas (B) permear as classes sociais (C) ajudar as pessoas discriminadas (D) abolir as hierarquias tradicionais

Objetivo: Explicar sentido específico de elementos da tradição cultural, relatados no texto. Comentário da questão:

Na comparação que faz, ao dizer que o sorriso da princesa triste faria bem ao coração do povo, o cronista sugere que suas palavras podem afetar positivamente todas as pessoas sem distinção de classe social, logo, poderiam permear as classes sociais.

(48)

Na tira do cartunista argentino Quino, utilizam-se recursos gráficos que lembram o cinema.

A associação com a linguagem artística do cinema, que lida com o movimento e com o instrumento da câmera, é garantida pelo procedimento do cartunista demonstrado a seguir:

(A) ressaltar o trabalho com a vassoura para sugerir ação (B) ampliar a imagem da mulher para indicar aproximação (C) destacar a figura da cadeira para indiciar sua importância (D) apresentar a sombra dos personagens para sugerir veracidade

Eixo interdisciplinar: Estrutura e Sentido do Texto Item do programa: Organização interna do texto Subitem do programa: Imagens

Objetivo: Identificar recurso empregado na construção de imagem e de seu sentido. Comentário da questão:

A questão pede leitura simultânea de diferentes linguagens, verbais e não verbais. Dentre os elementos não verbais, estão os recursos gráficos que lembram o cinema, destacando-se a imagem da mulher que se amplia no início da tira. Essa ampliação simula o movimento de close da câmera cinematográfica, enquanto mostra o movimento mesmo da própria personagem.

(49)

A tira traz um efeito de surpresa ao final, produzido pela cena inusitada de uma pessoa sentada no ar, como se isso fosse possível. Esse efeito de surpresa se intensifica pelo fato de o último quadrinho contrastar com o seguinte aspecto da própria tira:

(A) exposição parcial do cotidiano familiar (B) sugestão gradual de atitudes imprevisíveis (C) apresentação sequencial de ações rotineiras (D) referência indireta à solidão dos personagens

Eixo interdisciplinar: Estrutura e Sentido do Texto Item do programa: Organização interna do texto Subitem do programa: Relação entre imagens

Objetivo: Discriminar aspecto da organização do texto relacionado a determinado efeito de sentido. Comentário da questão:

Do início da tira até a imagem em que a mulher carrega a cadeira para o quintal, apresentam-se sequencialmente ações rotineiras, mostradas de maneira simplificada mas bastante verossímil: a mulher varrendo, olhando para fora, pegando um remédio, levando remédio e cadeira para o quintal. O último quadro contrasta temática e formalmente com essa sequência de imagens, ao apresentar um personagem sentado no ar porque teria esquecido a cadeira, o que não é possível nem verossímil, e precisamente por isso completa o sentido da tira.

(50)

O texto de Mário Quintana se baseia em duas oposições: "gente bem" versus "criadas" e "este mundo" versus "o outro mundo". "O outro mundo" é representado, no texto, por alguns elementos evocados pelo narrador.

A expressão que melhor identifica tais elementos é: (A) ventos encanados

(B) moléstias de senhoras (C) anúncios farmacêuticos (D) histórias de assombrações

Objetivo: Identificar sentido específico de expressão empregada no texto. Comentário da questão:

O "outro mundo", no texto, refere-se a um hipotético mundo depois da morte, no qual os mortos talvez se transformem em espíritos capazes de assustar os vivos. Daí, "histórias de assombrações" ser a expressão que melhor identifica o que o narrador evoca.

(51)

Além da comparação entre papéis sociais, há no texto outra comparação, implícita, que indica uma compreensão do narrador acerca de comportamentos na sociedade.

Essa comparação implícita está em:

(A) menino, naqueles tempos, não dava opinião (l. 4)

(B) Também se falava misteriosamente em "moléstias de senhoras" (l. 6) (C) Nunca me apareceu nenhuma. (l. 9)

(D) até hoje me assombra este verso único: (l. 11-12)

Eixo interdisciplinar: Estrutura e Sentido do Texto Item do programa: Procedimentos de coerência Subitem do programa: Formas do implícito

Objetivo: Identificar o sentido de uma comparação implícita. Comentário da questão:

Quando o narrador lembra a sua infância e diz, entre parênteses, que "menino, naqueles tempos, não dava opinião", ele compara criticamente o tempo em que escreve com o seu tempo de menino, contrastando que naquele tempo, ao contrário de hoje em dia, criança não tinha voz.

(52)

A não ser através d`O tico-tico e da poesia de Camões, (l. 10-11)

A expressão em destaque torna a frase que ela introduz uma ressalva em relação ao que está enunciado anteriormente. Essa ressalva evidencia que as leituras do poeta lhe davam a seguinte possibilidade:

(A) rever suas crenças arraigadas (B) interagir com universos diferentes (C) superar uma alienação do presente (D) compreender a idealização da morte

Subitem do programa: Relações lógico-semânticas de sequenciação

Objetivo: Identificar destaque específico produzido pelo emprego de um elemento coesivo. Comentário da questão:

Na frase anterior à expressão "a não ser", o narrador diz que nunca conseguiu se comunicar "com este nem com o outro mundo", exagerando sua provável dificuldade de comunicação com as pessoas. A expressão "a não ser", porém, mostra que ele conseguiu se comunicar com outros mundos através de O tico-tico, uma revista ilustrada para crianças, e da poesia de Camões, de arte mais elaborada. A possibilidade de "interagir com universos diferentes", portanto, mostra o benefício que o poeta recebia de suas diversificadas leituras.

(53)

O segundo parágrafo do texto revela mais claramente a compreensão do menino acerca daquela sociedade de papéis bem definidos, a partir da situação econômica de cada um.

O par de vocábulos, presentes no texto, que remete à divisão entre grupos sociais, tal como caracterizada pelo narrador, é: (A) chá - fantasmas

(B) elegância - laçarote (C) privativa - verdadeira (D) encanados - espichado

Subitem do programa: Compreensão pontual e global do texto

Objetivo: Exemplificar vocábulos relacionados ao sentido global do texto. Comentário da questão:

Os vocábulos "chá" e "fantasmas" ajudam a marcar, no texto, a divisão entre as classes sociais, apontada pelo narrador. No caso, "chá" remete a um hábito tradicional das classes mais favorecidas, enquanto "fantasmas" remete às histórias que o narrador ouvia das criadas, pertencentes às classes mais desfavorecidas.

(54)

Ter enxaqueca não era para todos, (l. 2)

Considerando que a afirmação acima não pode ser verdadeira, conclui-se que ela é feita para expressar outro sentido, menos literal. O sentido expresso pela afirmação, no texto, pode ser definido como:

(A) metonímico (B) hiperbólico (C) metafórico (D) irônico

Eixo interdisciplinar: Estrutura e Sentido do Texto Item do programa: Relações semânticas

Subitem do programa: Ironia

Objetivo: Reconhecer efeito irônico de sentido produzido por afirmação no interior do texto. Comentário da questão:

Em termos literais, qualquer pessoa, de qualquer classe social, pode ter enxaqueca. Quando o poeta diz que "ter enxaqueca não era para todos", no mesmo sentido em que se diz "ter casa na praia não é para todos", ele faz uma ironia, sugerindo, no contexto, que enxaqueca é uma espécie de luxo dos ricos, que podem ficar sem fazer nada porque estão com enxaqueca, ou com qualquer outra moléstia.

(55)

Memórias do cárcere, do romancista Graciliano Ramos, contam as desventuras do autor enquanto foi preso político no Presídio da Ilha

Grande, em 1936.

Apesar de ser um livro autobiográfico, o autor expõe, logo na abertura, as dificuldades de reconstrução da memória.

A consciência de Graciliano Ramos em relação ao caráter parcialmente ficcional das suas memórias está evidenciada no seguinte trecho: (A) Resolvo-me a contar, depois de muita hesitação, (l. 1)

(B) Também me afligiu a ideia de jogar no papel criaturas vivas, (l. 6) (C) Outros devem possuir lembranças diversas. (l. 26-27)

(D) conjugam-se, completam-se e me dão hoje impressão de realidade. (l. 27-28)

Item do programa: Natureza e estrutura de textos literários Subitem do programa: O narrativo

Objetivo: Exemplificar reflexão metalinguística sobre a narrativa autobiográfica no texto. Comentário da questão:

O texto de Graciliano Ramos apresenta uma reflexão sobre o limite da verdade mesmo em textos que não se pretendem ficcionais, como biografias e autobiografias. Ao perceber que as memórias de cada pessoa se alteram com o tempo, o que dificulta bastante distinguir o que foi ou não realidade no passado, o escritor assume a possibilidade de reconstrução ficcional das suas próprias lembranças. Ao dizer que suas memórias "conjugam-se, completam-se e me dão hoje impressão de realidade", ele justifica o fato de escrevê-las e publicá-las mesmo reconhecendo que nem ele nem ninguém podem dizer a verdade toda sobre o passado, mas apenas

(56)

passar para os leitores uma razoável "impressão de realidade". Percentual de acertos: 47,36%

As palavras classificadas como advérbios agregam noções diversas aos termos a que se ligam na frase, demarcando posições, relativizando ou reforçando sentidos, por exemplo.

O advérbio destacado é empregado para relativizar o sentido da palavra a que se refere em: (A) utilizá-las em história presumivelmente verdadeira? (l. 8-9)

(B) Certamente me irão fazer falta, (l. 17)

(57)

Item do programa: Enunciação e relações dêiticas Subitem do programa: O ponto de vista do narrador

Objetivo: Reconhecer sentido pontual de emprego de advérbio no texto. Comentário da questão:

Quando se diz que um advérbio pode relativizar o sentido do termo a que se liga, quer se dizer que o termo não pode ser tomado em sentido absoluto, mas apenas em sentido relativo a determinada circunstância. No caso, o advérbio "presumivelmente", em "utilizá-las em história presumivelmente verdadeira?", de fato relativiza o sentido do adjetivo "verdadeira": a história não é absolutamente verdadeira, mas verdadeira apenas em relação ao que presume quem a conta, isto é, de que deve ser verdadeira.

Graciliano Ramos busca dar uma explicação mais objetiva ao leitor sobre os motivos que justificam seu relato. Entretanto, já nesta explicação, o autor lança mão de recursos da linguagem figurada, frequentes no discurso literário.

O fragmento do texto que melhor exemplifica o uso de linguagem figurada é: (A) dar-lhes pseudônimo, fazer do livro uma espécie de romance; (l. 7-8)

(58)

(B) Outros permaneceram junto a mim, ou vão reaparecendo (l. 13) (C) quantas demoradas tristezas se aqueciam ao sol pálido, (l. 19-20)

(D) às vezes necessitamos confirmação, apelamos para reminiscências alheias, (l. 34-35)

Eixo interdisciplinar: Estrutura e Sentido do Texto Item do programa: Figuras de estilo

Subitem do programa: Metáfora

Objetivo: Identificar construção de metáfora no texto. Comentário da questão:

O fragmento que melhor exemplifica o uso da linguagem figurada é "quantas demoradas tristezas se aqueciam ao sol pálido". Tanto "tristezas" quanto "sol" recebem adjetivos que os personificam: este se mostra "pálido" como uma pessoa doente, aquelas se mostram "demoradas", como pessoas lentas, que ainda por cima decidem se "aquecer" ao sol, como se uma tristeza pudesse ser aquecida. Percentual de acertos: 82,24%

(59)

Não resguardei os apontamentos obtidos em largos dias e meses de observação: num momento de aperto fui obrigado a atirá-los na água. (l. 15-16)

O fragmento acima poderia ser reescrito com a inserção de um conectivo no início do trecho sublinhado. Esse conectivo, que garantiria o mesmo sentido básico do fragmento, está indicado em:

(A) porque (B) embora (C) contudo (D) portanto

Subitem do programa: Relações lógico-semânticas de sequenciação Objetivo: Discriminar relação de sentido estabelecida em um período. Comentário da questão:

O narrador não guardou ou resguardou os seus apontamentos porque foi obrigado, num momento de aperto - por exemplo, a chegada de um guarda de prisão -, a jogá-las na água, possivelmente, para não se comprometer ou para não comprometer alguém. O fragmento sublinhado indica, portanto, a causa de o narrador não ter guardado suas notas.

(60)

Em sua reflexão acerca das possibilidades de recompor a memória para escrever o livro, o narrador utiliza um procedimento de construção textual que contribui para a expressão de suas inquietudes.

Tal procedimento pode ser identificado como: (A) encadeamento de fatos passados (B) extensão de parágrafos narrativos (C) sequência de frases interrogativas (D) construção de diálogos presumidos

(61)

Comentário da questão:

No trecho de Memórias do cárcere apresentado, há pelo menos 9 perguntas retóricas, várias delas encadeadas uma depois da outra. Esse procedimento de construção textual não apenas ajuda o leitor a refletir junto com o escritor, como se estivessem conversando, como também expressa suas inquietudes e dúvidas.

Nesta reconstituição de fatos velhos, neste esmiuçamento, exponho o que notei, o que julgo ter notado. (l. 25-26)

O uso do verbo "julgar", no fragmento acima, promove uma correção do que estava dito imediatamente antes. Essa correção é importante para o sentido geral do texto porque:

(A) questiona a validade de romancear fatos (B) minimiza o problema de narrar a memória (C) valoriza a necessidade de resgatar a história

(62)

(D) enfatiza a dificuldade de reproduzir a realidade

Subitem do programa: Compreensão pontual e global do texto

Objetivo: Explicar relação do emprego específico de um vocábulo com o sentido global do texto. Comentário da questão:

Quando o narrador diz "exponho o que notei, o que julgo ter notado", ele corrige a ideia mais categórica, representada por "notei", alterando-a para "julgo ter notado", ou seja, preferindo uma expressão menos categórica, menos assertiva, mais dubitativa, portanto. E ele não apaga, no entanto, a primeira expressão, mantendo ambas, logo, deixando explícita sua hesitação, consequentemente, sua "dificuldade de reproduzir a realidade".

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Essas coisas verdadeiras podem não ser verossímeis. (l. 22)

Com a frase acima, o escritor lembra um princípio básico da literatura: a verossimilhança − isto é, a semelhança com a verdade − é mais importante do que a verdade mesma.

A melhor explicação para este princípio é a de que a invenção narrativa se mostra mais convincente se: (A) parece contar uma história real

(B) quer mostrar seu caráter ficcional (C) busca apoiar-se em fatos conhecidos (D) tenta desvelar as contradições sociais

Item do programa: Natureza e estrutura de textos literários Subitem do programa: O narrativo

Objetivo: Explicar conceito básico de verossimilhança, explicitado pelo narrador, em uma narrativa literária. Comentário da questão:

Uma mentira pode ser verossímil, isto é, pode parecer verdadeira, enquanto uma verdade pode ser inverossímil, isto é, pode parecer uma mentira. Por isso, uma narrativa "convence" melhor o leitor se ela se mostra verossímil, isto é, se ela parece verdadeira, se ela "parece contar uma história real".