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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA

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Academic year: 2021

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Campus Universitário – Trindade – Sala 309 – 88.040-900 – Florianópolis – SC

Disciplina: PGL: 3122 - Teorias Críticas III

Curso: Sobre o conceito de história em Walter Benjamin Ministrante: Dr. Claudio Celso Alano da Cruz

Horário: 09 às 12 Horas (quinta –queira) Duração: 15 semanas – 4 créditos

E-mail:claudio.alano@pq.cnpq.br

PROPOSTA GERAL:

O curso insere-se dentro de uma pesquisa mais ampla que pretende investigar os principais conceitos de Walter Benjamin. Depois de cursos dedicados aos conceitos de

alegoria e experiência, o que se busca nesse semestre (2011/2) é uma investigação em

torno do conceito de história, e que deverá ser complementada no semestre seguinte (2012/1) com um curso em torno do conceito de memória na obra do referido autor. O texto-guia do curso só poderia ser o “Sobre o conceito de história”, também conhecido como “Teses para a filosofia da história”, uma reunião de 18 teses redigidas em 1940, fase inicial da Segunda Guerra Mundial e ano da morte de Benjamin. Foram escritas sob o forte impacto causado pelo inusitado acordo de não-agressão estabelecido entre Stálin e Hitler. Não obstante isso, a origem do texto é bem anterior, como o próprio autor confessa em carta a sua amiga Gretel Adorno ao lhe falar dessas teses: “a guerra e a constelação que a rodeia me levaram a registrar por escrito alguns pensamentos que havia guardado dentro de mim nos últimos vinte anos”. Trata-se, portanto, como a crítica em geral corretamente aponta, de um autêntico legado deixado por Benjamin no que diz respeito à sua obra. Isso porque, em grande parte, as referidas teses vieram a se constituir num verdadeiro ponto de chegada de todas as suas reflexões anteriores. Momento em que, para usar uma de suas mais conhecidas imagens, os seus principais conceitos como que se organizam constelacionalmente em torno de uma “idéia” de história. Daí a importância, cada vez maior, que as chamadas “teses sobre a história” de Walter Benjamin vêm merecendo. A ponto de serem objeto, apesar da sua brevidade, de extensos e pormenorizados estudos dedicados exclusivamente a elas. Por tudo o que foi dito acima, não deve nos surpreender as afirmações de vários comentadores de Benjamin que garantem que as teses foram formuladas com a finalidade de servir como um pórtico de abertura do seu monumental Passagenwerk, obra que se propunha como uma espécie de “pré-história da modernidade”. Como se sabe, esse Trabalho das

Passagens ficou apenas em torso, mas nem por isso deixou de se constituir numa das

mais ricas e extraordinárias obras críticas do século XX. Dessa perspectiva, estudar as “Teses para uma filosofia da história” não deixa de equivaler também a um estudo introdutório aos principais conceitos benjaminianos, tais como o de imagem dialética,

aura, linguagem, além dos anteriormente citados, reunidos todos, direta ou

indiretamente, nessa sua grande obra inacabada que recebeu na tradução brasileira o simples nome de Passagens.

Mas independente do que foi dito acima e de tudo que já se escreveu sobre as referidas teses, o certo é que elas trazem para o debate algumas idéias e concepções

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absolutamente atuais, quando não revolucionárias, mesmo decorridos mais de 70 anos de sua redação. Assim, no que diz respeito à área cultural, e literária em particular, as teses de Benjamin podem mostrar-se fecundas e instigadoras de mudanças e aberturas de caminhos outros nos referidos campos de conhecimento.

Dadas as suas conhecidas exigências e dificuldades de leitura, pretende-se analisar e debater cerca de uma ou duas dessas teses em cada um dos quinze encontros previstos no semestre, tendo como apoio principal a obra de estudiosos que dedicaram pesquisas exclusivamente voltadas para as teses, tais como Michael Löwy e Reyes Mate, assim como aqueles que trouxeram ao tema contribuições marcantes: Giorgio Agamben, Susan Buck-Morss, Irwing Wohlfarth, Jeanne-Marie Gagnebin e Norbert Bolz, entre outros.

A proposta metodológica, portanto, seguirá a orientação de um modo de leitura que o próprio Löwy denomina de “talmúdica”, no sentido de ser uma leitura minuciosa e lenta. Neste sentido, um “modo de ler” muito próximo daquele que o historiador Ginzburg chama de “slow reading”. Trata-se, sem dúvida, de um método hermenêutico compatível com a construção extremamente densa e sintética das teses, mesmo para os exigentes e conhecidos padrões benjaminianos de escritura. Há trechos das teses, inclusive, em que os comentadores chegaram a utilizar a expressão “esotéricos” para caracterizá-los. Isso se deve, em grande parte, como já sabemos hoje, a uma dupla e inusitada perspectiva adotada por Benjamin nesse escrito em particular, qual seja, a de operar tanto com um ferramental teórico vincadamente materialista como também com recursos intelectuais advindos da teologia e da mística judaica; colocadas essas em termos seculares de um modo originalíssimo, e que, aparentemente, só Benjamin teria conseguido realizar. Seja como for, o certo é que hoje contamos com inúmeros trabalhos críticos que têm contribuído de forma decisiva para um melhor conhecimento de seus principais textos, entre eles as “Teses para a filosofia da história”, das quais nos ocuparemos do primeiro ao último encontro.

Quanto ao Cronograma e à Bibliografia completa, serão ambos fornecidos na segunda semana de aula, em função do número de inscritos, dos seus interesses de pesquisa e da consequente distribuição dos trabalhos ao longo do semestre.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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Campus Universitário – Trindade – Sala 309 – 88.040-900 – Florianópolis – SC

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Lisboa:Relógio D’Água,1992. p.177-196.

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Vanguardias, historias, estética y literatura. Una visión latinoamericana.

Referências

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