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GERAÇÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL GENERATION OF WASTE IN CIVIL CONSTRUCTION

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http://dx.doi.org/10.35265/2236-6717-209-9232

FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 209. V.9. ANO 2021.

GERAÇÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

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Samira Mansur Monteiro de Barros1

RESUMO

Os problemas oriundos dos resíduos de construção e demolição sempre estiveram em nosso país. A indústria de construção civil é o setor que mais gera resíduos que causam impacto na sociedade é o que mais consome matéria prima. Em virtude disso, é necessário e de extrema importância que haja uma gestão sustentável dos resíduos da construção civil. As disposições irregulares destes resíduos causam muitos impactos negativos ao ambiente, visto que muitas vezes lançados em terrenos baldios, áreas de preservação permanentes, vias e logradouros públicos prejudicando a qualidade de vida da população. A reciclagem pode gerar uma significativa vantagem econômica em relação à destinação final tanto em depósitos regulares e principalmente em relação aos irregulares que tantos danos causam ao meio ambiente. Este estudo buscou coletar informações sobre a atual situação sobre resíduos de construção civil. E para que fosse desenvolvido, o presente trabalho utilizou – se, de pesquisas bibliográficas em livros, revistas especializadas, periódicos, e meios eletrônicos. Se encerrando nas considerações finais, nas quais são apresentados pontos vitais da pesquisa seguidos das estimulações a continuidade dos estudos e das reflexões sobre a geração de resíduos sólidos na construção civil.

Palavras-chave: Resíduos, Construção, Impactos, Ambiente, Reciclagem.

GENERATION OF WASTE IN CIVIL CONSTRUCTION

ABSTRACT

The problems arising from construction and demolition waste have always been in our country. The civil construction industry is the sector that generates the most waste that impacts society and is the one that consumes the most raw materials. As a result, it is necessary and extremely important that there is a sustainable management of construction waste. The irregular dispositions of these residues cause many negative impacts to the environment, since they are often thrown in vacant lots, permanent preservation areas, roads and public places, harming the quality of life of the population. Recycling can generate a significant economic advantage in relation to the final destination both in regular deposits and mainly in relation to the irregular ones that cause so much damage to the environment. This study sought to collect information on the current situation on construction waste. And in order to be developed, the present work used bibliographic research in books, specialized magazines, periodicals, and electronic media. Concluding in the final considerations, in which vital points of the research are presented followed by the stimulations the continuity of the studies and the reflections on the generation of solid residues in the civil construction.

Keywords: Waste, Construction, Impacts, Environment, Recycling

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INTRODUÇÃO

A construção civil é reconhecida como uma das mais importantes atividades para o desenvolvimento econômico e social. Todavia, por outro lado, apresentam-se como grande geradora de impactos ambientais, devido ao consumo de recursos naturais, a modificação da paisagem e a geração de resíduos. O setor tem o desafio de conciliar uma atividade produtiva dessa magnitude com condições que conduzam a um desenvolvimento sustentável consciente e menos agressivo ao meio ambiente (PINTO, 2005).

Uma vez sabido que a construção civil é uma potente geradora de resíduos, e consumidora de matéria prima, conforme Santos (2007) estima-se que a construção civil consome algo entre 20 e 50% do total de recursos naturais consumidos, ficando clara a necessidade de uma mudança de postura da sociedade, da iniciativa privada e dos administradores públicos acerca do problema (PINTO, 2005).

No Brasil, o crescimento das cidades ocorreu, com maior relevância, a partir da década de 70, trouxe sérios agravos à qualidade ambiental, uma vez que este crescimento se deu de forma desordenada e sem um adequado planejamento urbano e ambiental, favorecendo o aumento da geração de resíduos da construção e demolição (RCD), tornando-o um problema de grande destaque (DUARTE, 2012).

Embora existam legislações que regulamentem a gestão dos RCD, as aplicações destas se apresentam pouco efetivas, devido à falta de um corpo fiscal atuante em muitas localidades, uma vez que o gerador não cumpra as políticas previstas e se mantenha impune, ele seguirá degradando a qualidade ambiental dispondo seus resíduos de forma incorreta.

A preocupação com aumento constante do consumo, a exploração de recursos naturais vem crescendo em especial nas ultimas décadas, na qual estão perdendo a capacidade da autolimpeza e apresentando claros sinais de deterioração. Pois é observado que milhares de toneladas de resíduos dos mais diversos tipos são lançados no meio ambiente sem qualquer tratamento, e com passar do tempo todos sentirão impactos do mal feito. É necessário cada vez mais pensar em uma maneira autossustentável de gerenciar os resíduos, especificamente os da construção civil (DUARTE, 2012).

A reciclagem pode gerar uma significativa vantagem econômica em relação à destinação final tanto em depósitos regulares e principalmente em relação aos irregulares que tantos danos causam ao meio ambiente (DIAS, 2007). Este estudo buscou coletar informações sobre a atual situação sobre resíduos de construção civil. E para que fosse desenvolvido, o presente trabalho utilizou – se, de pesquisas bibliográficas em livros, revistas especializadas, periódicos, e meios eletrônicos. Se

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encerrando nas considerações finais, nas quais são apresentados pontos vitais da pesquisa seguidos das estimulações a continuidade dos estudos e das reflexões sobre a geração de resíduos sólidos na construção civil.

2 DESENVOLVIMENTO

Com a urbanização no Brasil, houve um aumento da concentração populacional em áreas urbanas. O crescimento nas cidades e nos serviços de saúde, transporte e educação demandou melhorias na infraestrutura e saneamento básico. Porém, o crescimento populacional não acompanhou o desenvolvimento do serviço público de saneamento (DUARTE, 2012).

As obras de saneamento criam toda uma estrutura urbana nos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem e manejo de águas pluviais urbanas, e limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. Em reflexo do grande desenvolvimento econômico, observa-se uma maior quantidade de geração de resíduo da construção civil proveniente de grandes geradores. Quando coletados pela companhia responsável pela limpeza urbana por ser depositado em vias públicas ou locais irregulares, recebem o nome de resíduos sólidos urbanos (SANTOS, 2007).

O gerenciamento de resíduos é o conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implantados para minimizar a produção de resíduos desde sua geração ate sua destinação final, visando à preservação da saúde pública e qualidade do meio ambiente. Isto é um dever de cada município. Umas das explicações desse grande volume de resíduos gerados é o desequilíbrio entre a produção e o consumo, sendo uma necessidade a reciclagem (DIAS, 2007).

2.1 Resíduos gerados na indústria da Construção Civil

A Resolução nº 307, de 05 de julho de 2002, de Conselho Nacional de Meio Ambiente, é um marco na gestão dos resíduos de construção civil, pois estabelecem suas diretrizes, critérios e procedimentos de forma a minimizar os impactos ambientais causados pelo mesmo.

A resolução define como resíduo da construção civil:

Resíduo da construção civil: são os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha. (CONAMA 307/2002, Art. 2º).

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De acordo com Ambiente Brasil (2010), o Brasil no ano de 2002 passou a destacar-se, estabeleceu políticas públicas, normas, especificações técnicas e instrumentos econômicos, voltados à minimização dos problemas resultantes de manejo inadequado dos resíduos da construção civil. Este conjunto de políticas, normas e instrumentos econômicos colocam o país em evidência diante dos outros países situados no Hemisfério Sul. Isto possibilita que todos os envolvidos na cadeia de resíduos desenvolvam iniciativas do processo de gestão.

Atualmente, existe um grande número de construtoras que utilizam sistemas de gerenciamento em seus canteiros de obra muita das vezes em parceria com o governo. Há também um interesse expressivo de empreendedores privados para a abertura de novos e rentáveis negócios nas atividades de triagem, reciclagem e destinação final adequada desses resíduos (DIAS, 2007).

2.2 Legislação

No Brasil, as políticas públicas voltadas ao gerenciamento de resíduos da construção civil - RCC visam impulsionar as empresas geradoras de resíduos a conquistarem uma nova postura gerencial e planejar medidas que visem à diminuição da quantidade de resíduos produzidos.

O gerenciamento de resíduos sólidos da construção civil é elaborado de modo a considerar todas as legislações vigentes no âmbito Federal, Estadual e Municipal. Além disso, considerar as normas técnicas e regulamentações específicas conforme é possível observar neste tópico.

2.2.1 Aspectos legais em esfera Federal

As principais legislações federais utilizadas no gerenciamento de resíduos sólidos da construção civil estão descritas a seguir:

Lei Federal nº 12.305 de 2010

Em 2010, foi publicada a Lei Federal nº 12.305 (Brasil, 2010) que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluindo os resíduos da construção civil, as responsabilidades dos geradores e do poder público e os instrumentos econômicos aplicáveis.

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• A visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública;

• O desenvolvimento sustentável;

• A ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços competiti-vos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta; • A cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais

segmentos da sociedade;

• A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;

• O reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania;

• A razoabilidade e a proporcionalidade.

A referida legislação classifica ainda os resíduos sólidos quanto à periculosidade e quanto à origem. Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal nº 12.305/2010), ficam responsáveis pela elaboração e execução do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos as seguintes atividades:

• Geradores de resíduos da construção civil; • Geradores de resíduos de saneamento básico; • Geradores de resíduos de serviços de saúde; • Geradores de resíduos industriais;

• Geradores de resíduos da mineração;

• Geradores de resíduos não perigosos, não enquadrados como domiciliares pelo Poder Público Municipal;

• Terminais ou outras instalações de serviços de transporte;

• Atividades agrossilvopastoris conforme exigência do órgão ambiental ou de vigilância sanitária.

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Resolução CONAMA nº 307 de 2002

Em vigor desde janeiro de 2003, a Resolução CONAMA 307/2002 estabelece obrigações para os geradores e para os municípios.

Para o gerador, evidencia que ele deve ter como objetivo principal a não geração de resíduos e,

subsidiariamente

, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final.

Como resultado da Resolução CONAMA nº307 de 2002, os geradores de resíduos da construção civil recebem algumas responsabilidades, tais como:

• Identificar e quantificar os resíduos gerados; • Triar os resíduos conforme sua classificação;

• Acondicionar adequadamente os resíduos para a reutilização ou reciclagem futuras; • Contratar empresa legalizada para o transporte dos resíduos;

• Destinar os resíduos de forma adequada à sua classe.

Segundo a Resolução CONAMA nº307 (Brasil, 2002), os resíduos da construção civil são classificados em quatro classes:

• Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou reciclados como agregados. • Classe B: são materiais recicláveis para outras destinações;

• Classe C: são resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplica-ções economicamente viáveis que permita a sua reciclagem/recuperação;

• Classe D: são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção.

Outras resoluções do CONAMA foram divulgadas posteriormente como um acréscimo da Resolução CONAMA nº307 (BRASIL, 2002).

Em 2004, foi publicada a Resolução CONAMA nº348 (BRASIL, 2004), incluindo o amianto na Classe D. Essa mudança foi baseada na Resolução CONAMA nº235 (Brasil, 1998), que trata da classificação de resíduos para o gerenciamento de importações, e classifica o amianto em pó (asbesto) e outros desperdícios de amianto como resíduos perigosos Classe 1, de importação proibida (CONAMA, 2004).

Em 2011, foi publicada a Resolução CONAMA no431 (Brasil, 2011) que modifica o art. 3o da Resolução CONAMA nº307, classificando o gesso como resíduo reciclável, alterando, portanto, da Classe C para Classe B.

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2.2.2 Aspectos legais em esfera Estadual Resolução INEA nº 144/2015 (NOP 27/2015)

Em 2015 foi publicado a NOP 27/2015 e de acordo com a Resolução INEA 144/2015, define as normas e diretrizes a serem adotadas para a coleta e o transporte de resíduos da construção civil. Estabelece também, as condições gerais e específicas para o licenciamento destas atividades, quando elas ocorrerem em áreas que ultrapassem os limites municipais (ou seja, que atuem em dois ou mais municípios).

Resolução Conema nº 79 (NOP 35/2018)

A NOP 35/2018 tem como objetivo:

Estabelecer a metodologia do Sistema Online de Manifesto de Transporte de Resíduos – Sistema MTR, de forma a subsidiar o controle dos Resíduos Sólidos gerados, transportados e destinados no Estado do Rio de Janeiro. (NOP 35, 2018).

Conforme determinado, todo o transporte de Resíduos Sólidos deverá ser declarado no Sistema Online de Manifesto de Transporte de Resíduos – MTR.

2.2.3Aspectos legais em esfera Municipal Resolução SMAC nº 027/2020

Após a publicação da Resolução CONAMA nº307 (Brasil, 2002) foram desenvolvidas leis municipais para dialogar do assunto em algumas cidades no Brasil. No município do Rio de Janeiro, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente estabeleceu a Resolução SMAC nº 027, de 08 de outubro de 2020.

Esta resolução supracitada disciplina a apresentação de Planos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil – PGRCC para fins de licenciamento ambiental no município do Rio de Janeiro. Conforme art. 1º deverá ser apresentado PGRCC para aprovação técnica em processos de licenciamento ambiental para as atividades de construção, reforma, ampliação, demolição e movimentação de terra, com área total construída igual ou superior a 10.000 m², obras que requeiram movimento de terra com volume superior a 5.000 m² e demolições de edificações com área total construída igual ou superior a 10.000 m², ou volume superior a 5.000 m³.

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Normas Técnicas sobre Resíduos da Construção Civil e Demolição

Em 1987, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou a primeira norma a estabelecer uma classificação distintiva para os resíduos sólidos no Brasil, a NBR 10004 que foi revisada em 2004, modificando a classificação dos resíduos sólidos (ABNT, 2004).

De acordo com a NBR-10004 tem como objetivo classificar os resíduos sólidos conforme aos seus riscos potenciais ao meio o ambiente e a saúde pública, para que estes resíduos possam ter manejo e destinação adequados.

A ABNT publicou uma sequência de normas relacionadas aos resíduos da construção civil em 2004.

O conteúdo relacionado a estas normas complementa o referenciado nas diretrizes propostas pela Resolução CONAMA nº 307 (Brasil, 2002).

De maneira geral, estas normas tratam da disposição dos RCD em áreas de transbordo, aterros, áreas de reciclagem e o seu uso como agregados reciclados na construção civil. As normas referidas acima são:

• NBR 15.112/2004 – Resíduos da Construção Civil e resíduos volumosos – Áreas de transbordo e triagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação (ABNT, 2004a); • NBR 15.113/2004 – Resíduos Sólidos da Construção Civil e Resíduos Inertes –Aterros

– Diretrizes para projetos, implantação e operação (ABNT, 2004b);

• NBR 15.114/2004 – Resíduos Sólidos da Construção Civil – Áreas de reciclagem – Di-retrizes para projeto, implantação e operação (ABNT, 2004c);

• NBR 15.115/2004 – Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção Civil – Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos (ABNT,2004d); e

• NBR 15.116/2004 – Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção Civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos (ABNT, 2004e).

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2.3 Classificações dos resíduos NBR 1004:2004

A NBR 10.004 foi reformulada em 2004 (ABNT, 2004), alterando a classificação dos resíduos sólidos. Pela nova classificação, os resíduos são divididos em apenas duas classes:

a) Classe I – perigosos e;

b) Classe II – não-perigosos, sendo a Classe II dividida em duas subclasses: i. II A – não-inertes e;

ii. II B – inertes.

Segundo Costa (2003) apud Tozzi (2006), os resíduos da construção civil e demolição (RCD) pela classificação da NBR 10.004 eram considerados, em sua grande maioria, como inertes, o que os tornava inócuo à sociedade, redirecionando a atenção em relação aos problemas que sua geração originava.

Resolução CONAMA nº307

Segundo as Resoluções CONAMA nº 307 (Brasil, 2002), CONAMA nº348 (Brasil, 2004) e CONAMA nº431 (Brasil, 2011) os resíduos da construção se dividem em:

• Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou reciclados como agregados, tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes ce-râmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e con-creto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;

• Classe B: são materiais recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, pa-pel/papelão, metais, vidros, madeiras, embalagens vazias de tinta imobiliárias e gesso.

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Cabe ressaltar que o gesso teve sua classificação alterada pela Resolução CONAMA nº 431/11, passando da classe C para a Classe B.

E as embalagens vazias de tintas imobiliárias, aquelas cujo recipiente apresenta apenas filme seco de tinta em seu revestimento interno, sem acúmulo de resíduo de tinta líquida, são classificadas como resíduos “Classe B”, de acordo com a Resolução nº 469/15, a qual altera o art. 3º da Resolução Conama nº 307/02.

Adicionalmente, a referida Resolução indica para este tipo de classificação (Classe B) a adoção de sistema de logística reversa:

“§2°As embalagens de tintas usadas na construção civil serão submetidas a sistema de logística reversa, conforme requisitos da Lei nº 12.305/2010, que contemple a destinação ambientalmente adequada dos resíduos de tintas presentes nas embalagens” (Resolução nº469/15).

• Classe C: são resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permita a sua reciclagem/recuperação, tais como os produ-tos oriundos do gesso.

• Classe D: são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como: tin-tas, solventes, óleos, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas, e re-paros de clínicas radiológicas, instalações industriais.

2.4 Impactos ambientais dos resíduos da construção civil

Considera-se como impacto ambiental, segundo a resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986, qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

I. A saúde, a segurança e o bem-estar da população; II. As atividades sociais e econômicas;

III. A biota;

IV. As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V. A qualidade dos recursos ambientais.

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Todas as etapas da indústria da construção, desde extração de matéria-prima à utilização e demolição, afetam tanto diretamente quanto indiretamente os aspectos acima citados. É visível que o meio ambiente sofre alterações devido à exploração minerária ao longo da cadeia da produção civil.

Os impactos ambientais associados à produção e destinação final de resíduos da construção civil - RCC devem ser incorporados como oportunidades ao empreendedor já que são numerosos.

Os impactos ambientais causados pela gestão indevida de RCC são originados da destinação final dos resíduos em locais não autorizados. Estes fatos associados a um gerenciamento ambiental não eficaz resultam em um grande número de áreas degradadas, denominadas de bota-foras clandestinos ou de deposições irregulares (PINTO, 2005).

Deve–se utilizar um ciclo fechado que seria um sistema mais eficiente no aproveitamento dos recursos, pois utiliza de forma otimizada todos os recursos investidos.

2.5 Alternativas para redução do impacto ambiental

Os profissionais da construção civil buscam implementar processos, desenvolver pesquisas e devem ser capacitados para que possam divulgar mudanças e derrubar as regras existentes na cadeia da construção civil brasileira.

Como base para a sustentabilidade na indústria da construção civil, tem-se os seguintes critérios:

• Redução do consumo energético e da extração dos recursos minerais; • Conservação das áreas naturais e de biodiversidade;

• Manutenção da qualidade do ambiente construído.

Baseados nas ideias de John (et. al., 2000), foi proposta uma Agenda 21 para indústria da construção civil do Brasil. A Agenda 21 Brasileira é um processo e instrumento de planejamento participativo para o desenvolvimento sustentável e que tem como eixo central a sustentabilidade, compatibilizando a conservação ambiental, a justiça social e o crescimento econômico.

Esta Agenda foi implementada em 2003 e baseia-se nas seguintes propostas:

• Redução das perdas de materiais com o melhoramento dos processos construtivos; • Reciclagem dos resíduos da indústria da construção civil, para que estes

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• Durabilidade e manutenção de edificações.

A indústria da construção civil, para ser sustentável, deve investir na redução da geração de resíduos, na utilização de materiais recicláveis, reutilizáveis ou secundários, no desenvolvimento tecnologias limpas e na coleta e deposição de materiais inertes (PINTO, 2005).

A Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) nº. 307/2002 representou o início da participação do setor da construção civil em discussões a respeito da responsabilidade pela destinação final de seus resíduos sólidos.

2.6 Reciclagem

O acelerado desenvolvimento da economia neste século tem ocasionado um aumento expressivo da geração de resíduos sólidos. Historicamente, a atividade construtiva sempre se caracterizou como grande geradora de resíduos, além de ser potencial consumidor dos resíduos gerados por ela ou por outras atividades. Assim, torna-se inevitável o desenvolvimento de políticas que estimulem o tratamento e reutilização dos resíduos, visto que os recursos naturais são finitos e estão cada vez mais escassos (DIAS, 2007).

A reciclagem de resíduos da própria construção vem sendo praticada há milênios e tem como vantagens preservação de recursos naturais com a substituição destes por resíduos, prolongando a vida útil das reservas naturais e reduzindo o impacto ambiental; Redução da necessidade de áreas para aterro devido à diminuição do volume de resíduos a serem depositados; Redução no gasto de energia, seja para produção de um novo bem, seja com o transporte e gestão do aterro; Geração de empregos com o surgimento das empresas para reciclagem; Redução da poluição emitida com a fabricação de novos produtos; Aumento da durabilidade da construção em determinadas situações como, por exemplo, na adição de escória de alto forno e pozolanas ao cimento (DUARTE, 2012).

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em consequência da elevação do nível de vida, do crescimento demográfico e do desenvolvimento tecnológico, é cada vez maior a quantidade de resíduos sólidos gerados. Conforme observado, o destino dos resíduos é de suma importância, pois além de degradar o ambiente, trata-se de um volume expressivo. Sua forma de impactar o ambiente refere-se tanto na produção, exploração dos agregados, quando na destinação final.

Garantir a sustentabilidade na construção civil é uma tarefa complexa, que envolve a adoção de atitudes nas várias etapas do processo construtivo e também nas várias empresas que fornecem insumos para a atividade de construção.

Existem diversas alternativas de técnicas e procedimentos que auxiliam na redução dos resíduos gerados no processo construtivo, e vem sendo adotadas como resultado de políticas ambientais de algumas empresas da construção civil como a redução do desperdício no canteiro de obra e reaproveitamento de material quando necessário. Muitos instrumentos regulamentam a gestão de resíduos sólidos no Brasil, sendo que para os RSCD tem fundamental importância a Resolução CONAMA 307, de 05 de julho de 2002.

O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos surge como uma forma de catalisar ações dentro da instituição que ajudam a sensibilizarem dirigentes e funcionários a promover mudanças de hábitos necessários para o desenvolvimento de uma nova cultura de responsabilidade socioambiental, que torne possível a incorporação da dimensão ambiental em suas ações. Dentro da realidade, observa-se a necessidade do deobserva-senvolvimento de um trabalho de educação ambiental junto às pessoas envolvidas tendo como meta principal a mudança de posicionamento ante a problemática de geração de resíduos sólidos.

Conclui-se, por meio da pesquisa realizada, que as ferramentas para melhoria da gestão dos RSCD aqui apresentadas, por si só, não representam solução definitiva para o problema dos resíduos sólidos da construção civil. Ainda existem algumas dificuldades em conscientização com um todo na responsabilidade ambiental dos dirigentes de empresas e dos funcionários da construção civil em produzir uma “obra limpa” e, assim contribui para uma gestão responsável, obtendo melhores resultados na produção de bens, serviços e benefícios à sociedade.

Atuar de maneira socialmente responsável é mais do que uma tendência atual. É um modelo de gestão empresarial não associado somente à filantropia, mas capaz de permitir ao empresário descobrir que ser socialmente responsável também garante sustentabilidade no negócio. E para ser sustentável, qualquer empreendimento humano deve ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15112. Resíduos sólidos da

construção civil e resíduos inertes: Áreas de Transbordo e Triagem de RCD. 2004a.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15113. Resíduos sólidos da

construção civil e resíduos inertes: Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e

operação. 2004b.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15114. Resíduos sólidos da

construção civil: Área de Reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e

operação. 2004c.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15115. Agregados reciclados

de resíduos sólidos da construção civil: Execução de camadas de pavimentação –

Procedimentos. 2004d.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15116. Agregados reciclados

de resíduos sólidos da construção civil: Utilização em pavimentação e preparo de

concreto sem função estrutural. 2004e.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14001. Sistema de Gestão

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>. Acesso em 07 de maio de 2020.

BRASIL. Decreto Lei n°1.413, de 14 de agosto de 1975. Estabelece o controle da

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BRASIL. Lei n°6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do

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Referências

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