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DIDÁTICA E AVALIAÇÃO EM MATEMÁTICA 1

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DIDÁTICA E AVALIAÇÃO EM MATEMÁTICA1

Daniel Lopes Marques2 RESUMO: Este trabalho não é uma análise crítica de como é trabalhado o ensino e aprendizagem da matemática nas Escolas Famílias Agrícolas ou Agroextrativistas (EFAs), muito menos da prática pedagógica dos professores em especial de matemática; a proposta é apresentar novas metodologias de ensino e aprendizagem da Matemática a partir das novas linhas de pesquisa apresentada no curso de Pós Graduação de Metodologia de Ensino e Aprendizagem da Matemática e Física, principalmente sobre a MODELAGEM, RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS, ETNOMATEMÁTICA e AVALIAÇÃO EM MATEMÁTICA, proposta bem aceita pelos alunos, que irão contribuir com alunos e professores sobre a natureza do ensino da disciplina, o ato de se fazer matemática e como se aprende e avalia em matemática. Essas concepções inseridas dentro da proposta da Pedagogia da Alternância, método utilizado pelos Centros Familiares de Formação por Alternância (CEFFA) para desenvolver o ensino aprendizagem nas escolas rurais, aplicada através dos Instrumentos Pedagógicos, que servem de subsídios para fazer uma relação dos conteúdos programáticos com a realidade dos alunos como suporte para a aprendizagem significativa, como: Plano de Estudo, Caderno da Realidade, Colocação em Comum e Projeto Profissional do Jovem (PPJ) neles é possível perceber nitidamente a importância dos conhecimentos da disciplina matemática. Outro aspecto a ser abordado é a Avaliação em Matemática dentro desta proposta onde a principal finalidade seria fornecer informações do processo pedagógico que permitisse aos agentes escolares decidir sobre as intervenções e redirecionamentos necessários ao projeto educativo definido coletivamente e comprometido com a garantia da aprendizagem do aluno. Este artigo traz contribuições para o ensino da matemática nas escolas rurais.

Palavras chave: Escolas Famílias, Pedagogia da Alternância, Matemática, Didática, Avaliação.

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Artigo apresentado ao Curso de Pós Graduação em Metodologia da Matemática e Física, na modalidade à Distância, da Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter).

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Docente do Curso de Pós Graduação a Distância em Metodologia do Ensino de Matemática e Física (FACINTER), TURMA 2008.02, Graduado em Licenciatura em Matemática (UNIFAP). Professor da Rede Estadual do Ensino Fundamental e Médio na Escola Família Agroextrativista do Carvão.

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INTRODUÇÃO

Considerando que o ensino da matemática hoje, ainda tem se constituído como uma situação de carência, caracterizado por um ensino mecanizado em que o aluno é um mero expectador, sem oportunidade para criar, vivenciar situações problemas e fazer matemática. Somente números, fórmulas, quadro de giz não bastam para ensinar matemática. Conseqüentemente essas dificuldades e problemas afetam parte do sistema de ensino em geral e particularmente o ensino nas escolas da zona rural do Estado do Amapá esses problemas não são recentes e têm sido diagnosticados há muitos anos, levando diferentes grupos de estudiosos e pesquisadores a refletirem sobre suas causas e conseqüências. Sobre esta temática D’Ambrósio (apud Silveira e Miola 2008, p. 50) considera que “A matemática é a

única disciplina escolar que é ensinada aproximadamente da mesma maneira e com o mesmo conteúdo para todas as crianças do mundo”. Porém sabe-se que as

realidades são diferentes por vários fatores, econômicos, culturais, geográficos, etc. essas diferenças nos levam a pensar novas formas e metodologias de trabalhar o ensino da matemática. Silveira e Miola (2008, p.50) afirmam que “A forma como se

ensina matemática ainda hoje, na maioria das nossas escolas, nem sempre é compatível com o contexto cultural em que estas se inserem, além de não atender às verdadeiras necessidades dos alunos”. É exatamente baseado nas dificuldades

rurais que o projeto CEFFA tem seu início, descrito a seguir de forma sucinta.

Iniciadas no final da década de 60 são experiências que tem, paulatinamente, se firmado como experiência pedagógica inovadora na formação de jovens do campo. Com sua origen na sociedade Francesa, a partir das Maisons Familales Rurales, essas experiências tiveram sua expansão para vários países da Europa e diferentes continentes do mundo. No Brasil os primeiros CEFFAs surgiram no final dos anos sessenta, no estado do Espírito Santo. Atualmente existe em nossa sociedade, a presença de oito diferentes centros de formação por alternância, reunindo 248 experiências educativas no campo, é possível que este número tenha aumentado consideravelmente nestes últimos seis anos. No âmbito destas experiências, os dois CEFFAs mais antigos e mais significativos que, de certa maneira, influenciaram diretamente a implantação dos outros seis, são as Escolas Famílias Agrícolas (EFAs) e as Casas Famílias Rurais (CFRs).

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A despeito de suas especificidades e diferenças, os CEFFAs têm como principio fundamental e norteador do seu projeto educativo a Pedagogia da Alternância. Tal princípio repousa sobre a combinação, no processo de formação do jovem agricultor, de períodos de vivencia no meio escolar e no meio familiar/produtivo. Alterna-se assim, a formação agrícola na propriedade com a formação teórica geral na escola que, além das disciplinas básicas, engloba uma preparação para a vida associativa e comunitária.

Esta experiência bem sucedida de escola rural vem contribuindo para o desenvolvimento do país. Entre elas destacamos as experiências dos Centros Familiares de Formação por Alternância (CEFFAs). Comumente chamadas em algumas regiões do país de Escolas Famílias Agrícolas ou Agroextrativistas que trabalham com a Pedagogia da Alternância, para Gimonet ,(2007, p.29)

A Pedagogia da Alternância dos CEFFAs representa um caminhar permanente entre a vida e a escola. Sai da experiência no encontro de saberes mais teóricos para voltar novamente à experiência, e assim sucessivamente. Desta maneira, coloca-se para o alternante uma dupla relação.

Neste contexto a proposta é trabalhar de forma interdisciplinar e integrada entre as disciplinas do currículo os laboratórios de aprendizagem existentes na escola e a propriedade do aluno por isso é importante que os professores estejam em constante sintonia com os avanços de suas respectivas disciplinas neste caso as diversas pesquisas em Ensino de Matemática apontam para a necessidade da inserção de novas metodologias de ensino e aprendizagem nestas áreas. Essa prática revela a concepção de que é possível aprender matemática através da troca e não apenas na transmissão de conhecimentos,

Numa concepção de ensino da Matemática mais construtivista, em que o professor acredita não ser o “transmissor” do conhecimento matemático e na qual deixa o aluno realizar as suas construções” conceituais e de seus significados livremente, sem muita intervenção, em geral acaba sendo gerada uma certa confusão conceitual entre o saber cotidiano e o saber escolar pela falta de uma maior sistematização, que se faz necessária para que ocorra alguma aprendizagem significativa desse saber.

Nesta concepção o professor, apesar de não se considerar o detentor e o “transmissor” do conhecimento matemático, faz-se presente na ação pedagógica e intervém sempre que necessário no processo de ensino-aprendizagem do aluno. (Wachiliski 2007, p. 18).

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Com isso o professor não pode esquecer o aperfeiçoamento e do conhecimento da realidade onde está inserido para que seu discurso não seja descontextualizado e assim poder responder as indagações da comunidade.

1. O ENSINO DA MATEMÁTICA E A PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA

A pedagogia da alternância, assim como todas as metodologias educacionais, é dotada de instrumentos próprios. Esses instrumentos não são usados totalmente e nem de forma igual entre todos os CEFFAs, pois podem e devem ser adaptados e de acordo com a realidade de cada região.

Neste contexto mesmo sem conhecimento profundo de metodologias como Modelagem, Resolução de Problemas e Etnomatemática, como sugerem (Flávia dias Ribeiro, Marcelo Wachiliski, Silveira e Miola), os professores trabalham os Instrumentos Pedagógicos que são o suporte da aprendizagem e da avaliação escolar

2. A MATEMÁTICA E OS INSTRUMENTOS DA PEDAGOGIA DA ALTERNANCIA

2.1 – ETNOMATEMÁTICA

A Etnomatemática tem como objetivo primordial valorizar a matemática dos diferentes grupos culturais. Propõe-se uma maior valorização dos conceitos matemáticos informais construídos pelos alunos através de suas experiências, fora do contexto da escola. No processo de ensino propõe-se que a matemática, informalmente construída, seja utilizada como ponto de partida para o ensino formal. Procura-se eliminar a concepção tradicional de que todo conhecimento matemático do indivíduo será adquirido na situação escolar e, mais ainda, de que o aluno chega à escola sem nenhuma pré-conceituação de idéias matemáticas. Essa proposta de trabalho requer uma preparação do professor no sentido de reconhecer e identificar as construções conceituais desenvolvidas pelos alunos.

Silveira e Miola (2007) falam da necessidade de preservação da diversidade cultural, por acreditar que nela reside o potencial criativo da humanidade. É

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importante salientar que, ainda segundo ele, embora a Etnomatemática privilegie o pensamento qualitativo do individuo, ela não deve substituir a matemática acadêmica, pois esta é extremamente necessária para a sobrevivência do individuo na sociedade atual; basta verificar a necessidade de se conhecer a matemática que rege as transações comerciais.

Nos CEFFAs o PE é uma pesquisa sobre um tema da vida real (aspectos econômicos, sociais, políticos, religiosos e culturais) escolhido previamente pelos pais, professores (as) /monitores (as) e alunos e alunas. Para Gimonet ( 2007, p.34 ) “As pesquisas ou estudos propostos só apresentam um interesse duradouro se os

alternantes encontrarem neles uma utilidade, um significado, um sentido”; e para

que isso aconteça, três elementos de pertinência devem ser observados: a) Pertinência em relação às atividades, às preocupações, à experiência, ao contexto de vida, aos papeis desenhados no Plano de Formação; b) Pertinência em relação à evolução do jovem em seus interesses, suas sensibilidades, sua capacidade de apreender o meio ambiente, seu comportamento inicial ao abordar uma profissão. C) Pertinencia também em relação à cultura do meio, caracterizada pelos seus modos de pensar, sua linguagem, suas formas de expressão. A diversidade de públicos provoca às vezes situações multiculturais tanto profissionais quanto étnicas no meio dos grupos. O PE deve ser desenvolvido durante a alternância em casa com a família, lideranças da comunidade ou profissionais do meio de acordo o tema em discussão, para ser colocado em comum na sessão seguinte na escola, é neste momento que os alunos (as) conseguem expor seus problemas, suas dificuldades, os anseios e as soluções, que as vezes estão mais simples do que parece ser, este momento deve ser metodológico de forma que não fique nada para traz, tudo deve ser discutido, analisado e compartilhado de acordo com o planejamento.

Os PEs na realidade são os fatores norteadores da educação onde se observa os valores e as necessidades das famílias e das comunidades, é a partir deles que as disciplinas são desenvolvidas na escola, ou seja, a educação no CEFFA segue a realidade onde os alunos (as) estão inseridos. De posse das informações os professores das disciplinas selecionam seus conteúdos e suas estratégias de ensino no campo da matemática são trabalhados aqueles que contribuem com o aluno para a compreensão dos aspectos acima citados.

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2.2 – A MODELAGEM MATEMÁTICA NA PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA A modelagem matemática tem sido utilizada como uma forma de quebrar a forte dicotomia existente entre a matemática escolar formal e a sua utilidade na vida real. Os modelos matemáticos são formas de estudar e formalizar fenômenos do dia a dia. Através da modelagem matemática o aluno se torna mais consciente da utilidade da matemática para resolver e analisar problemas do dia-a-dia. Esse é um momento de utilização de conceitos já aprendidos. É uma fase de fundamental importância para que os conceitos trabalhados tenham um maior significado para os alunos, inclusive com o poder de torná-los mais críticos na análise e compreensão de fenômenos diários. Segundo Barbosa (apud, RIBEIRO, 2008, p. 65) “é um

ambiente de aprendizagem no qual os alunos são convidados a problematizar e investigar, por meio da Matemática, situações com referencia na realidade”. Como

afirma Bassanezi (apud, RIBEIRO, 2008, p. 66) “a modelagem é eficiente a partir do

momento que nos conscientizamos que estamos sempre trabalhando com aproximações da realidade, ou seja, que estamos sobre representação de um sistema ou parte dele”. De fato a modelagem permite fazer previsões, tomar

decisões, explicar e entender; enfim, participar do mundo real com capacidade de influenciar em suas mudanças.

A proposta do estudo através da Modelagem Matemática nos CEFFAs fica mais visível nas séries finais do Ensino Fundamental e Médio e fica mais acentuada no curso profissionalizante, através do desenvolvimento de Projetos, no Fundamental é trabalhado o Projeto de Orientação Profissional do Jovem (POPJ), é o momento em que a escola junto com o aluno e a família realizam a pesquisa sobre a potencialidade regional, as profissões do meio, e a viabilidade econômica, esse material serve como orientação para as ações junto a família e a definição dos conteúdos a serem estudados. No Ensino Médio o aluno já de posse da orientação dá inicio ao Projeto Profissional do Jovem (PPJ), que será um meio de o jovem concretizar as pesquisas do Plano de Estudo, buscando conhecer melhor a realidade sócio-econômica, cultural, política, profissional e regional. Começa a pensar no futuro como profissional montando um projeto que dê um norte a sua vida sendo aplicado na sua comunidade ou fora dela.

É bom lembrar que apesar dos CEFFAs principalmente os do Amapá trabalharem com projetos eles não seguem a proposta matemática e sim um

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instrumento que norteia todo um projeto educacional dos centros isso ocorre não por falta de interesse mas por desconhecimento de novas pesquisas neste campo do conhecimento. Romanowski (2008, p. 9) diz que “não há ensino de qualidade, nem

reforma educativa, nem inovação pedagógica sem uma adequação formação de professores”. É importante destacar que esses aspectos, presentes na realidade de

quem atua como professor de matemática nas escolas de ensino fundamental e médio pode ser ajustado e/ou contornado à medida que se adquire mais experiências com projetos de modelagem. Nesse sentido iniciar pequenos projetos bem planejados, com duração poucas aulas, é um caminho para a superação de dificuldades. Outra consideração importante é compreender que, ao se desenvolver um projeto de Modelagem, os conhecimentos matemáticos previstos nos programas escolares são igualmente cumpridos. O que muda é que eles não são desenvolvidos linearmente, como costuma acontecer no ensino tradicional de Matemática. Na atividade de Modelagem os conhecimentos matemáticos emergem na medida em que são executadas a formulação e a resolução de problemas, o que lhe confere bastante significatividade, no modelo de projeto de modelagem proposto por Silveira e Miola enfatizam alguns fatores: Questionamento da realidade, Fator motivacional e Fator da Aprendizagem seguindo alguns passos: Escolha de uma Temática; Levantamento de dados; Formulação de Hipóteses e simplificação do problema; Resolução do problema e Validação do modelo proposto.

Esta proposta adaptada a Pedagogia da Alternância o ensino da matemática fica mais eficiente, significativo e apaixonante.

2.3 – A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO CEFFA.

Outra proposta para melhoria do ensino da matemática trabalhada nos CEFFAs é a Resolução de Problemas de Matemática como ação didática, como provocadora do movimento de aquisição do saber, requerer a seleção de problemas que realmente exijam dos alunos alguma habilidade na busca de estratégias de resolução. As operações matemáticas ocorrerão por necessidade na busca pela solução apropriada. Conforme Wachiliski (2007, p. 48) onde enfatiza que.

Ao trabalharmos no processo de ensino-aprendizagem da matemática por

meio da Resolução de Problemas, é importante que exploremos todos os tipos de problema sugerido pelas categorias de BUTTS. Para isso, devemos usar a nossa criatividade e a de nossos alunos na criação de problemas interessantes, pois nem sempre encontraremos todos os

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modelos de problemas presentes nos livros didáticos. Alem disso, os problemas encontrados nessas obras, na grande maioria, não são muito criativos, quase não despertam o interesse dos alunos e dificilmente exploram todos os cinco tipos de problema.

Há uma grande possibilidade de melhorias no processo de ensino-aprendizagem da matemática por meio de resolução de problemas. Uma das estratégias para se aperfeiçoar essa pratica é a reformulação dos problemas porem deve-se estar atento à linguagem que vai ser empregada para não se modificar o sentido e o significado do problema a ser resolvido. Com isso o professor tem um aprendizado mais significativo da resolução de problemas, permitindo que os alunos aumentem seus conhecimentos matemáticos. Um dos principais precursores dessa metodologia foi o matemático húngaro George Polya, que a defendeu segundo alguns passos descritos no seu livro A arte de resolver problemas, publicado no Brasil em 1986. Como: Compreender o problema; Estabelecer um plano, Executar o plano estabelecido e Verificar o resultado, esses passos estão descritos no livro de Everaldo Siqueira e Rudinei José Miola (2008, p. 53 e 54).

Nos CEFFAs após a colocação em comum do PE na seleção dos conteúdos o professor além de destacar os problemas já escritos nos livros didáticos ele também tem a liberdade de criar seus próprios textos, envolvendo o cotidiano do alunos no sentido de dar significado ao estudo e possibilidade de resolução de situações concretas vividas pelas famílias dos alunos.

3. A AVALIAÇÃO NO CEFFA

A avaliação é uma dimensão fundamental do PPP de uma Escola, pois é ela que possibilita interpretar a realidade, reajustar a caminhada, definindo e redefinindo metas e processos a partir dessa interpretação. Nesta perspectiva, a avaliação é uma peça-chave para qualquer projeto educativo inovador. Seria incoerente falar de educação diferenciada se a avaliação continua sendo pensada e exercitada segundo um paradigma tradicional.

A avaliação no CEFFA é continua, levando em consideração todo o sistema de formação. Avaliam-se todos os atores da formação, todo o processo de participação no desenvolvimento de todos os instrumentos. No CEFFA avalia-se o aluno (a) em todas as atividades, considerando a habilidade e convivência, cada monitor (a), avalia-se o conteúdo na sua disciplina. Há uma avaliação em grupo,

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envolvendo alunos (as), monitores (as) e funcionários (as) no inicio e no final de cada sessão escolar para ver as possibilidades de melhora. Nas Assembléias é avaliado todo o projeto, desde a participação dos pais no rendimento do aluno. Os aspectos qualitativos têm a mesma importância que os quantitativos no sentido de atribuir notas, porém, prioriza-se a formação humana.

3.1 – A COMPLEXIDADE DA AVALIAÇÃO

A cultura avaliativa da escola tradicional centra no aluno, classifica-o como bom ou ruim e o exclui se não adaptar ao modelo da escola.

A Escola inovadora propõe quebrar os paradigmas da escola tradicional ao exercitar uma avaliação processual, sistêmica e formativa.

Por principio, o CEFFA é um projeto educativo inovador e complexo, por isso a sua proposta de avaliação é também complexa. Compreendendo a educação como um direito, não cabe avaliar para classificar, excluir ou sentenciar, aprovar ou reprovar, mas para promover e incluir.

A avaliação incide sobre aspectos globais do processo:

• Ensino Aprendizagem;

• Vida de grupo no internato;

• Organização do trabalho escolar na sessão escolar;

• Educador – Monitor;

• Plano de Formação ( Plano de Estudo, atividades pedagógicas em geral, Currículo das disciplinas, o trabalho inter e transdisciplinar, a integração da formação geral e profissional e da escola com a vida );

• Aplicação dos Instrumentos Pedagógicos;

• Relação Escola-Família- Comunidade;

• Participação das famílias na formação dos filhos e na vida associativa;

• Funcionamento da Diretoria da Associação;

• A relação com os parceiros formativos e financiadores;

• Os papéis e responsabilidades de cada ator da alternância;

Assim, não mais procede pensar que o único avaliado é o jovem formando e o seu desempenho cognitivo, mas o sistema CEFFA como um todo.

4. A AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

Um dos grandes desafios desta disciplina é a avaliação realizada em sala de aula pelos professores, apesar de tantas pesquisas divulgadas e material disponível, pouco se avançou neste campo. Dessa forma pode-se observar que algumas

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questões ligadas à avaliação da aprendizagem e que podem contribuir com nosso desenvolvimento profissional como professores ou educadores matemáticos são as visões técnico - cientifica e filosófica - política, pois elas ajudam a refletir um pouco mais sobre a importância da avaliação no processo de ensino-aprendizagem. Gronlund (1998, apud, Wachiliski 2007, pg. 59). “As funções da avaliação são de

informar e orientar para a melhoria do processo ensino-aprendizagem”. O estudo

sobre avaliação é um tema muito importante, sabemos que a maioria dos professores se utiliza desse instrumento para medir o conhecimento dos alunos em suas matérias.

Para D’Ambrósio (1986, p. 78). A avaliação deve ser uma orientação para o professor na condução de sua prática docente e jamais um instrumento para reprovar ou reter o aluno na construção de seus esquemas de conhecimento teórico e prático. Selecionar, classificar, filtrar, reprovar ou aprovar indivíduos para isto ou aquilo não são papel de educador. (apud, Educação Matemática em Revista, nº9, ano 8).

Portanto, é necessário assumir uma concepção global da avaliação, uma postura emancipadora, para só então poder mudar a pratica, pois o ‘como’ fazer é decorrente do ‘por que’ fazer. A partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) onde a avaliação quantitativa não pode sobrepor à avaliação qualitativa, (ART. 24, V, a) pg. 25).

Para Marcelo Wachiliski (2007 p.87), o que ocorre com relação à atual forma como a escola básica está organizada é que ela produz sem intenção, mas eficazmente, o fracasso e, por conseqüência, a exclusão. “A avaliação é o elemento

que corrobora e põe a nu essa face da escola, confirmando a necessidade de mudanças urgentes em vários níveis”.

A realidade do aproveitamento dos alunos nas escolas do Ensino Fundamental também tem sido mostrada pelos resultados de avaliações externas realizadas sob essa perspectiva ( SAEB, SARESP etc. ). São avaliações que expõem os defeitos da escola e do seu ensino e têm forte impacto sobre sua dinâmica.

Trabalhos recentes como entre outros o de ( Grégorie, 2000 ) no livro de Wachiliski, (2007, p.86), que indica como finalidade da avaliação melhorar o processo global de ensino-aprendizagem, no qual estão incluídos o aluno, o professor, os programas e o sistema educacional, superando perspectivas que

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privilegiaram, em diferentes períodos históricos, ora a avaliação de habilidades cognitivas dos alunos, ora os objetivos educacionais. Nessa trajetória as formas e instrumentos e instrumentos adotados para avaliar se diversificaram e passam a cumprir objetivos diferentes. Além de testes psicométricos, provas, há análises diagnósticas com vistas à interpretação das dificuldades e erros observados nas práticas de sala de aula. O visível desenvolvimento, no campo das idéias, não tem se refletido completamente no campo da ação. As formas inovadoras de avaliação ainda são tratadas como experimentos localizados.

Algumas metodologias de avaliação foram experimentadas, tenho observado como trabalham os Centros Familiares de Formação por Alternância do Brasil (CEFFAs), que desenvolvem na parte qualitativa vários instrumentos de avaliação, como é o caso da Auto-avaliação, convivência com os colegas, trabalhos de pesquisas realizadas com temas relacionados à realidade local, Caderno da vida do Aluno e Trabalhos práticos realizados referente à economia local, é realizada uma vez a cada mais ou menos cinco semanas dependendo da organização de cada escola, com um grupo de professores da base comum nacional e da parte técnica mas, isto esta longe de responder os verdadeiros objetivos da educação e a formação do ser humano em sua plenitude.

Podemos pensar em mudar a avaliação por meio da mudança da organização, da estratégia e habilidade em desenvolver novas técnicas para desenhar mediações válidas e confiáveis baseadas, por exemplo, no desempenho do aluno dentro e fora da sala de aula.

5. A PEDAGOGIA DA ALTERNANACIA E A LEGISLAÇÃO

A Pedagogia da Alternância desenvolvida pelos Centros Familiares de Formação por Alternância – CEFFAs encontra-se reconhecida, com unanimidade de votos, pelo Conselho Nacional de Educação – CNE e publicada no diário oficial da União do dia 15 de março de 2006, seção I, p.39 (ZAMBONI, 2006).

A partir da LDBEN/96, a luta por uma educação do campo/rural, pública e de qualidade, com garantia de acesso e permanência, foi incorporada à pauta de diferentes organizações e entidades, constituindo-se num amplo movimento

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pedagógico rural. Desde então, diversos Governos Estaduais e Municipais, com suas respectivas Secretarias, várias ONG’s, Pastorais, Escolas de Formação Sindical e Organizações Rurais vêm formulando uma nova concepção pedagógica, ajustando a organização curricular e estrutura da escola à realidade das populações rurais, comprometendo esta nova escola com a construção de um projeto de sustentabilidade para o Brasil rural.

Como um marco histórico, a constituição de 1988, abriu caminhos para a sociedade discutir como seria essa nova escola, mais adequada aos interesses do campo. Anos depois, a LDBEN (1996), abriu a perspectiva de consolidação de um novo modelo, no artigo 28, ao anunciar:

“Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação, as peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: a) conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; b) organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e as condições climáticas; c) adequação a natureza do trabalho na zona rural” (BRASIL, 1996, p.26).

A partir deste marco, instituiu-se o direito à igualdade do acesso à educação e do respeito às diferenças, possibilitou-se mudanças significativas nas constituições estaduais e a abertura de caminhos para uma educação do campo/rural que respeite a realidade regional, além de fixar-se, no artigo 1º, um conceito bem mais amplo e complexo do sinônimo de ensino.

“A educação deve abranger os processos formativos que se desenvolvem nas instituições de ensino e pesquisa, na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” (BRASIL, 1996, p.17).

No capitulo II, da Educação Básica, na seção I, das disposições gerais, em seu art. 22 e 23.

A Educação Básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. No art. 23 – a educação básica poderá organizar-se em séries anuais, semestrais, ciclos, de alternância regular, de período de estudo, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. (BRASIL, 1996, p.24)

Nesta perspectiva que segundo Queiroz (2004), as características fundamentais das experiências brasileiras de formação em alternância apóiam-se em quatro pilares centrais que, por sua vez, podem ser identificados como sendo

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duas finalidades e dois meios. Assim, as finalidades de um CEFFA são a FORMAÇÃO INTEGRAL dos jovens e o DESENVOLVIMENTO DO MEIO onde vivem. Para alcançar estas finalidades, eles utilizam dos seguintes meios: a ASSOCIAÇÃO LOCAL e a ALTERNANCIA.

6. A RELAÇÃO DA PA COM A PROPOSTA DE ENSINO DE MATEMÁTICA

A educação matemática nos CEFFAs tem como objetivo principal aproximar a aprendizagem dos alunos de sua realidade, através da Pedagogia da Alternância, os professores (as) e os alunos (as) apropriam-se dos conhecimentos através das pesquisas realizadas nos Planos de Estudo e aplicam o na vida diária.

No entanto, observa-se nos relatos anteriores que o profissional de matemática nestas escolas tem um grande universo de possibilidades de aplicar os conceitos matemáticos em sua prática pedagógica, mas, no entanto o que vem acontecendo é um distanciamento da essência da proposta pedagógica e da realidade do aluno em relação aos conteúdos aplicados dentro da escola, pois os professores têm que trabalhar todos os instrumentos da Pedagogia da Alternância e ainda assumir a responsabilidade nos laboratórios didáticos e de produção, os quais são: suinocultura, aviário, hortas, apicultura, informática biblioteca, banco de sementes e ainda acompanhar os alunos em sua propriedade, e avaliar todo o processo, com isso o momento de planejamento e avaliação que são peças fundamentais no processo de ensino aprendizagem ficam comprometidos, a rotina intensa também impede o profissional de buscar capacitação ficando resumido aos cursos oferecidos na própria escola.

Outra grande preocupação dos professores é com relação à quantidade de conteúdo trabalhado. Para eles o conteúdo a ser trabalhado é a prioridade de sua ação pedagógica, ao invés da aprendizagem do aluno. É difícil o professor que consegue se convencer de que seu objetivo principal do processo educacional é que os alunos tenham o maior aproveitamento possível, e que esse objetivo fica longe de ser atingido quando a meta do professor passa a ser cobrir a maior quantidade possível de matéria em aula.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A postura dos educadores junto aos jovens tem fundamental importância no processo do ensino e da aprendizagem. Tornar as atividades atraentes e ao mesmo tempo provocadoras de perturbações, que têm o potencial de desencadear nos jovens a vontade de mudanças, exige dos educadores muita pesquisa e estudo sobre diversas formas de conduta e de técnicas.

A conduta do educador de forma não-autoritária, capaz de ouvir os jovens e organizar suas idéias auxilia na disposição do jovem para aprender mais e permanecer na formação. O rol de técnicas permite o desenvolvimento da percepção nos jovens e ao mesmo tempo permite que eles adquiram instrumentos para o exercício do protagonismo juvenil e do empreendedorismo produtivo.

Vivemos na era do conhecimento, o volume de informações cresce exponencialmente, e o nosso conhecimento, além de se tornar obsoleto, sofre um processo inflacionário, pois representa cada vez menos em relação ao que existe para ser conhecido. A única vantagem competitiva que podemos ter neste mundo em constante renovação é a habilidade de aprender mais, e mais rapidamente, pois o sucesso profissional, hoje está diretamente relacionado à capacidade que temos para aprender coisas novas. “A aprendizagem contínua, portanto, é a opção

preferida. Somos eternos aprendizes” (Lair ribeiro 2003, p. 55).

“Há muito por fazer, por investir, por valorizar. A rejeição de não desistir e

continuar na busca em construir uma prática coletiva supera o espaço escolar e vai alem da transmissão do conhecimento ao aluno”. Romanowski (2008, p. 177). Os

cursos de graduação e pós-graduação a distância tem nos dado a oportunidade da capacitação e formação continuada e em serviço. O profissional não apenas de matemática Física, mas como de todas as áreas têm que buscar novos conhecimentos novas técnicas de trabalho para melhorar seu desempenho no mercado seu trabalho é inconcebível em pleno século XXI com tanta fonte de informação professores e educadores ficarem estático no tempo, espero que este trabalho desperte os leitores no sentido da busca de novas metodologias de ensino e de avaliação nas áreas de matemática e física e com isso amenizar o baixo rendimento dos educandos nestas áreas.

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Nos CEFFAs a sensibilidade e a habilidade de alternar as formas de abordagem dos conteúdos se desenvolvem aos poucos na prática pedagógica cotidiana, desde que os educadores estejam abertos a rever posturas e a estar numa contínua avaliação de suas ações. eles tem um campo muito fértil para a aplicação dos conteúdos de matemáticas como toda ação dentro do projeto envolve planejamento e orçamento é possível inseri-los dentro das aulas como exemplo calcular áreas, fazer orçamentos, planilhas, compras, dosagem de medicamentos ou percentuais na composição de ração alternativa, nas propriedades ou laboratórios.

Toda a trajetória educacional do CEFFA é para dar condições para o aluno (a) a

ter uma vida mais digna e independente, usando técnicas apropriadas a vida camponesa de nossa região, pois sabemos que a pobreza é muito grande em nosso município. Dar subsídios para a transformação do campo é uma missão que o movimento dos CEFFAs luta a cada dia para elevar a vida do homem e mulher das comunidades rurais, o tema não esgota neste trabalho espero contribuir para maiores discussões e que este sirva de incentivo os demais colegas que tem interesse de melhorar sua prática pedagógica e conseqüentemente a educação do país.

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REFERENCIAS

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Referências

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