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ANÁLISE ECONÔMICA DA PRODUÇÃO DE LEITE EM PROPRIEDADE ASSOCIATIVISTA DE DRACENA/SP: PERFIL DE DOIS PRODUTORES

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Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

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ANÁLISE ECONÔMICA DA PRODUÇÃO DE LEITE EM PROPRIEDADE ASSOCIATIVISTA DE DRACENA/SP: PERFIL DE DOIS PRODUTORES

ojsabbag@hotmail.com

APRESENTACAO ORAL-Economia e Gestão no Agronegócio

OMAR JORGE SABBAG.

UNESP, DRACENA - SP - BRASIL.

ANÁLISE ECONÔMICA DA PRODUÇÃO DE LEITE EM PROPRIEDADE ASSOCIATIVISTA DE DRACENA/SP: PERFIL DE DOIS PRODUTORES

Grupo de Pesquisa: Economia e Gestão do Agronegócio Resumo

A cadeia produtiva do leite é uma das mais importantes do agronegócio brasileiro, representando o sexto maior produtor mundial de leite, com uma produção de 28.890 mil toneladas. Entretanto, grande parte dos produtores rurais inseridos na cadeia em operação implica em uma necessidade de estruturar, gerir, monitorar e avaliar sua produção. O presente trabalho objetivou avaliar o custo de produção, bem como a análise econômica da produção de leite de dois produtores com perfis diferentes da associação de produtores rurais de Dracena/SP (APRD). As estimativas de investimento e custos de produção foram baseadas no Custo Operacional Total, utilizada pelo Instituto de Economia Agrícola. Como direcionador dos custos variáveis, as operações manuais/mecanizadas e alimentação acabam se tornando um item relevante para a gestão do sistema de produção, representando aproximadamente 74% para o produtor 1 e 50% para o produtor 2 do COE. O índice de lucratividade para o produtor 1 (considerando o COE) foi de 10,37%; necessitando vender ao mínimo 8.067 litros/mês ao valor de R$ 0,63. Já com relação ao produtor 2, a lucratividade mostrou-se negativa (com índice de 68%), reflete em limitações técnicas e por conseqüência, econômicas, no sistema de produção de leite. Em síntese, a permanência na atividade leiteira é dependente do desenvolvimento de esforços conjuntos necessitando, sobretudo, da gestão de custos como ponto fundamental à sobrevivência. Palavras-chaves: bovinocultura de leite, custos de produção, lucratividade.

Economic analysis of milk production in property associativism of Dracena, Sao Paulo state: profile of two producers

Abstract

The milk supply chain is one of the most important Brazilian agribusiness, representing the sixth largest producer of milk, with a production of 28.890 tons. However, most farmers entered the jail in an operation implies the need to structure, manage, monitor and evaluate their production. This study aimed to evaluate the production cost and economic analysis of milk production by two producers with different profiles of the association of farmers from Dracena, Sao Paulo state. Estimates of investment and production costs were based on the total operational cost, used by the Institute of Agricultural Economics. For director of variable costs, the operations manual/mechanized feeding and eventually become an

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important item for managing the production system, representing approximately 74% for producer 1 and 50% for the producer 2 of COE. The profitability index for producer 1 (considering the COE) was 10.37%, needing to sell at least 8067 liters per month to R$ 0.63. But for the producer 2, profitability was found to be negative (with a rate of 68%), reflecting on technical limitations and, consequently, economic, system of milk production. In synthesis, stay in milk production is dependent on the development of joint efforts in need, especially, cost management as a key point to survival.

Key Words: dairy cattle, production costs, profitability.

1. INTRODUÇÃO

A cadeia produtiva do leite é uma das mais importantes do complexo agroindustrial brasileiro. Movimenta anualmente cerca de US$10 bilhões, emprega 3 milhões de pessoas, das quais acima de 1 milhão são produtores, e produz aproximadamente 20 bilhões de litros de leite por ano, provenientes de um dos maiores rebanhos do mundo, com grande potencial para abastecer o mercado interno e exportar (CARVALHO et al, 2002). Ainda assim, o leite está entre os seis produtos mais importantes da agropecuária brasileira, ficando à frente de produtos tradicionais como café beneficiado e arroz.

O Brasil representa o sexto maior produtor mundial de leite, com uma produção de 28.890 mil toneladas, atrás da União Européia, Índia, Estados Unidos, China e Rússia, apresentando ainda um consumo per capita de 84,37 Kg/pessoa/ano (ANUALPEC, 2008).

A região sudeste, no ano de 2007, participou com 37% da produção nacional. Somente o Estado de São Paulo produziu 1.310.686 mil litros no mesmo período, com um rebanho estimado em 936.546 vacas leiteiras (ANUALPEC, 2008).

Especificamente no Estado de São Paulo, o município de Dracena/SP possui 71.487 ha de estabelecimentos agropecuários, com um rebanho misto de 43.133 cabeças e uma produção estimada em 2.200 mil litros existente em mais de 4.400 unidades produtivas, considerando que 76,5% dos produtores são vinculados à associações ou cooperativas (EDR-Dracena, 2006; LUPA, 2007/2008). Acrescenta-se ainda ao fato de que a região da Nova Alta Paulista apresenta a produção leiteira como terceira maior atividade do agronegócio regional, ficando atrás da cana-de-açúcar e pecuária de corte.

O desenvolvimento da pecuária bovina de leite na região de Dracena, embora não apresente grande nível de incorporação tecnológica, se constitui uma atividade relevante aos pequenos produtores rurais, em virtude da possibilidade de complementariedade da renda das pequenas lavouras, proporcionando uma maior liquidez que contribui para a manutenção das despesas familiares e até mesmo das demais atividades desenvolvidas nos estabelecimentos agropecuários (OLIVEIRA, 2003).

Este fato inspirou uma análise apurada do município de Dracena/SP (Figura 01), a princípio em uma associação de produtores, de modo a analisar economicamente a produção de leite, para que em um futuro próximo, possa representar maior controle de seus custos com maior rentabilidade da atividade, não menosprezando esta atividade relevante para o agronegócio brasileiro.

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FIGURA 01. Mapa da região administrativa de Presidente Prudente, com destaque para a regional agrícola e o município de Dracena/SP.

Fonte: adaptado de IGC (2007) e EDR-Dracena (2006).

Com a evolução da tecnologia e a busca por adquirir produtos de melhor qualidade, o produtor rural necessita desenvolver cada vez mais técnicas tanto na área de produção, como também no gerenciamento financeiro de sua propriedade (SEGALA & SILVA, 2007).

No entanto, apesar da importância econômica do setor agropecuário para a economia regional e nacional e da velocidade com que ele se reestrutura, o modo de organização da produção gera um conjunto de impactos sócio-econômicos negativos, destacando-se entre eles a precariedade das relações e condições em que se realiza o trabalho.

Grande parte dos produtores rurais inseridos na cadeia do leite em operação implica em uma necessidade de estruturar, gerir, monitorar e avaliar sua produção. Tais resultados acabam caracterizando-se por uma relação negativa, em que os custos sócio-econômicos acabam por suplantar os benefícios provenientes dos compradores imediatos nos municípios instalados.

Para que uma empresa se mantenha no mercado atual, independente do ramo de atividade em que atua, é essencial que possua um amplo conhecimento e um gerenciamento apropriado às suas necessidades e às exigências impostas pelo mercado em que está inserida (MIRANDA et al., 2006).

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Nesse âmbito, o desenvolvimento da pecuária bovina de leite tem um importante papel junto ao setor agrícola brasileiro, tanto do ponto de vista econômico quanto social. Por um lado, sua participação é fundamental na formação da renda de um grande número de pequenos produtores rurais, e mesmo na renda nacional; por outro, merece destaque a esfera econômica, onde essa atividade representa cerca de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário nacional. Possui ainda, expressiva participação junto ao setor industrial, onde participa simultaneamente como fornecedora de matéria-prima e como demandante de insumos (OLIVEIRA, 2003).

Existe um enorme desafio entre as propriedades brasileiras, sobretudo em sua maioria, alegando que a realização de cálculos de custos de produção não se faz necessário. Para corroborar ao fato, existem negligências quanto ao processo de apuração de dados, refletindo diretamente na margem de lucratividade e no gerenciamento da atividade em exploração.

O gerenciamento do agronegócio do leite no país indica a necessidade de conhecimentos mais aprofundados não somente no aspecto relacionado à produção de leite, retratado pelos indicadores de desempenho; requer conhecimentos gerenciais para facilitar a tomada de decisão.

Como aponta Bedushi (2009), a falta de conhecimento do valor do patrimônio que eles têm à disposição da produção de leite, bem como dos custos de produção refletem diretamente em não quantificar o potencial da atividade, caracterizando se o que estão produzindo é bom ou não em relação ao valor total que está investido. Efetuar anotações diárias (despesas e ocorrências diversas) deve ser tratada como uma rotina diária na propriedade, bem como calcular o valor dos meios de produção também é essencial para se conhecer o valor da depreciação; fatores estes indispensáveis para medir o desempenho econômico.

Desta forma, avaliou-se através deste estudo multicaso, a produção de leite em uma propriedade associativista do município de Dracena/SP, através da análise econômica1 em dois produtores participantes com perfis diferentes de produção.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1.Custos e rentabilidade na produção leiteira

Devido à nova ordem econômica, os negócios agropecuários revestem-se da mesma complexidade, importância e dinâmica dos demais setores da economia (indústria, comércio e serviços), exigindo do produtor rural uma nova visão da administração dos seus negócios. Assim, é notória a necessidade de abandonar a posição tradicional de produtor para assumir o papel de empresário rural, independente do tamanho de sua propriedade rural e do seu sistema de produção de leite (LOPES & CARVALHO, 2000).

Ainda segundo os autores, a necessidade de analisar economicamente a atividade leiteira é extremamente importante, pois, por meio dela, o produtor passa a conhecer com

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Resultados parciais da pesquisa intitulada “Viabilidade econômica para a produção de leite em um modelo de propriedade associativista de Dracena/SP” desenvolvida com recursos da FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

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detalhes e a utilizar, de maneira inteligente e econômica, os fatores de produção (terra, trabalho e capital). A partir daí, localiza os pontos de estrangulamento, para depois concentrar esforços gerenciais e tecnológicos, para obter sucesso na sua atividade e atingir os seus objetivos de maximização de lucros ou minimização de custos, dentre outras finalidades específicas, como: análise da rentabilidade da atividade leiteira, redução de custos controláveis, identificação do ponto de equilíbrio do sistema de produção de leite, dentre outros.

A finalidade básica da Gestão de Custos é determinar o custo de produção de um bem ou prestação de um serviço. O trabalho do Departamento de Custos é vital para qualquer tipo de empresa, e uma organização não pode sobreviver por muito tempo sem a informação que pode ser obtida através de um sistema de Contabilidade de Custos.

Segundo Hoffmann et al. (1978), o objetivo mais importante dos registros agrícolas em uma empresa agrícola, sob o ponto de vista da administração, é a avaliação financeira e a determinação de seus lucros e prejuízos durante um determinado período, fornecendo subsídios para diagnosticar a situação da empresa e realizar um planejamento eficaz.

Tratando-se do controle de desempenho, cada vez mais as informações de custos assumem importância, exigindo que as estratégias estejam vinculadas às diferentes perspectivas de custos. Ou melhor, de acordo com o posicionamento estratégico, os custos assumem papéis distintivos, permitindo diferentes formas de atuação das administrações (maior ou menor ênfase ao seu controle), independentemente das técnicas a serem utilizadas, pode se transformar em fator diferenciador em relação a concorrentes, pares ou mesmo entre unidades de uma mesma organização (IUDÍCIBUS, 1988).

Quando analisa-se a situação econômica - rentabilidade da empresa -, não devemos analisá-la apenas pelo seu lucro. Significa comparar o lucro com o ativo, visto que é o ativo da empresa que gera receita, e conseqüentemente o lucro. No caso específico da bovinocultura de leite, os bens existentes desde o início do sistema de produção leiteira, como por exemplo, as benfeitorias, darão suporte à produção de leite, constituinte da receita geradora de lucratividade para a associação em estudo.

Assim, no planejamento da produção de leite são altamente relevantes os aspectos

econômicos da atividade. A contabilidade de custos tem duas funções

gerenciais/empresariais relevantes: no auxílio ao controle e na ajuda às tomadas de decisões. No que diz respeito ao controle, sua mais importante missão é fornecer dados para o estabelecimento de padrões, orçamentos e outras formas de previsão e, num estágio imediatamente seguinte, acompanhar o efetivamente acontecido para comparação com os valores anteriormente definidos (MARTINS, 1979).

Segundo Reis (1999), o estudo do custo de produção é um dos assuntos mais importantes da microeconomia, pois fornece ao empresário um indicativo para a escolha das linhas de produção a serem adotadas e seguidas, permitindo a empresa dispor e combinar os recursos utilizados na produção, visando apurar melhores resultados econômicos.

A bovinocultura de leite é um negócio e, portanto, governado pelas leis econômicas. Provavelmente, a maior ferramenta que a pessoa que vai cultivar e negociar têm é o modelo econômico. O modelo permite que veja rapidamente quanto de capital é necessário, qual o custo da operação sob condições variadas e a produção que pode ser estimada. Assim seria de grande importância a coleta de mais informações e a realização

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de mais pesquisas para sugerir um modelo permitindo o criador e o intermediário ver se o projeto a ser implantado é economicamente viável.

Para Nogueira (2004), mais importante ainda que estimar e controlar os custos é que o produtor tome decisões fundamentadas nos dados levantados. Para isso não há modelos corretos e incorretos, alguns são mais rigorosos e outros menos, porém devem permitir que o produtor tome decisões gerenciais e operacionais com base nas informações de custos.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Levantamento de dados

Os dados foram levantados na Associação de Produtores Rurais de Dracena (APRD), localizada no município de Dracena/SP, no encontro aproximado das coordenadas geográficas 21°28’ de Latitude Sul e 51°31’ de Longitude Oeste de Greenwich, com altitude ao redor de 421 metros.

A associação APRD iniciou suas atividades em 2003, que conta atualmente com 200 associados na produção leiteira, nos quais 22% são representados por pequenos produtores, que desenvolvem suas atividades na pecuária leiteira. A produção de leite está em 54.000 litros/mês na seca e 80.000 litros/mês, em que os associados são interessados na busca constante de informações para tecnificação e gestão da produção leiteira local, de forma a visar prospecções futuras de ampliação de suas atividades.

Segundo a classificação do Koppen, o clima da região é do tipo Cwa, com inverno seco, apresentando uma temperatura média anual de 23,6°C e uma precipitação total anual de 1193 mm e umidade relativa média de 55% (EMBRAPA, 2003).

O solo da área foi classificado como argiloso, distrófico, com textura arenosa (EMBRAPA, 1999).

Neste sentido, foram entrevistados em campo dois produtores participantes da atividade leiteira (parte do projeto desenvolvido com o grupo, no tocante à viabilidade econômica), considerando alguns critérios para selecionar em conjunto com técnicos da associação, como número total de animais em lactação, tipo de ordenha, dentre outros indicadores zootécnicos, de forma a caracterizar a estrutura produtiva do rebanho leiteiro da associação em estudo.

Vale destacar que os produtores, embora pertencentes à associação APRD, possuem perfis diferentes. O produtor 1, trabalha com uma infra-estrutura um pouco mais tecnificada, utilizando-se de atividades mecanizadas em seu sistema de produção, com um número mais expressivo de animais e tamanho de área produtiva (apesar de não realizar anotações diárias para composição de custos – este possui um perfil de que “acha que consegue pagar suas contas”). Já o produtor 2, trabalha na atividade, apenas tocando com um pouco mais de um salário mínimo, com poucos animais – quase auto-sustentabilidade – e realiza suas atividades apenas de forma manual, com a utilização de carroça para transporte de seu leite.

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Para o cálculo do custo de produção foi utilizada a estrutura do custo operacional de produção utilizada pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), proposta por Matsunaga et al (1976). O custo operacional compõe-se dos seguintes itens: operações mecanizadas, operações manuais, materiais, depreciações e encargos financeiros. Nas operações que refletem o sistema de cultivo, foram computados os materiais consumidos e o tempo necessário de máquinas e mão-de-obra para a realização de cada operação, definindo nestes dois casos, os coeficientes técnicos em termos de hora/máquina e homem/dia. Os preços médios foram coletados na região em Real (R$) referentes ao período de Fevereiro/2010.

As despesas foram calculadas com base nos seguintes itens: A) Operações mecanizadas

Foram considerados os seguintes itens:

– Quantidade de combustível (óleo diesel) consumido pelo trator multiplicado pelo valor (em litros);

– Lubrificantes: 20% do valor das despesas com óleo diesel;

– Reparos e manutenção: 8% a.a. do valor inicial da máquina dividido pelo número de horas que a máquina trabalha em um ano;

– Tratorista: custo hora em Reais (R$);

– Abrigo: 1% a.a. do valor inicial da máquina dividido pelo número de horas trabalhadas no ano; e

– Seguro: 0,75% a.a. do valor inicial da máquina dividido pelo número de horas trabalhadas no ano.

A soma de todos estes gastos resultou no custo horário das operações mecanizadas.

B) Operações manuais

Foi realizado um levantamento das necessidades de mão-de-obra nas diversas fases da produção leiteira, relacionando-se para cada operação realizada, o número de homens/dia (HD) para executá-la. Em seguida multiplicou-se os coeficientes técnicos de mão-de-obra pelo valor médio da região (R$ 30,00/dia para mão-de-obra comum).

C) Materiais

Os gastos com materiais referiram-se às despesas com silagem, concentrados, sal mineral, medicamentos, vacinas, etc. Esses gastos foram obtidos mediante o produto entre a quantidade dos materiais usados e os seus respectivos preços unitários.

D) Outras despesas

Considerou uma taxa de 5% do total das despesas com operações mecanizadas, manuais e insumos.

E) Juros de custeio

São os juros sobre as despesas de custeio, e foram calculadas sobre 50% do custo operacional efetivo (COE), a uma taxa de 6% ao ano.

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F) Depreciação de máquinas e benfeitorias

As depreciações serão calculadas pelo método linear.

Os indicadores de lucratividade utilizados no trabalho foram os considerados por Martin (1997):

A. Receita Bruta (RB): foi obtida multiplicando-se a produção pelo preço médio pago aos produtores, que se resume através da expressão:

RB= R x Pu, onde: R: rendimento da atividade/unidade de área

Pu: preço unitário do produto

B. Lucro Operacional (LO): obteve através da diferença entre a receita bruta e os custos totais, ao qual este indicador mede a lucratividade da atividade no curto prazo, mostrando as condições financeiras e operacionais da atividade agropecuária, que se resume pela expressão:

LO= RB - COT

C. Índice de Lucratividade (IL): mostrou a proporção da receita bruta que se constitui em recursos disponíveis, após a cobertura do COT, através da expressão:

IL= LO/RB x 100

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O investimento total necessário para produção de leite, através dos dois produtores analisados da associação de Dracena/SP encontra-se detalhado a seguir:

Tabela 01. Estimativa de custo de implantação (R$) de produção de leite em Dracena/SP, Fevereiro/2010. Item* Produtor 1 % Caminhonete 15.000,00 9,7 Trator MF 87 20.000,00 12,9 Roçadeira 5.000,00 3,2 Barracão 25 m2 10.000,00 6,5 Poço artesiano 18.000,00 11,7 Animais (lactação) 80.000,00 51,8

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9 TOTAL 154.500,00 100 Item* Produtor 2 % Sala de ordenha 2.500,00 14,4 Carroça 1.500,00 8,6 Animais / novilha 11.400,00 65,5

Cerca para pasto 2.000,00 11,5

TOTAL 17.400,00 100

*Itens depreciativos (considerou-se a vida útil de 10 anos);

Fonte: dados da pesquisa.

O valor total é da ordem de R$ 154.500,00 para o produtor 1 e de R$ 17.400,00 para o produtor 2, ao qual deve-se destacar as despesas com a aquisição de animais, representando 51,8% para o produtor 1 e 65,5% para o produtor 2. Vale destacar que os valores referentes aos bens adquiridos para o investimento na atividade de leite são discrepantes, de acordo com a infra-estrutura de produção (em função dos recursos produtivos utilizados, como área de pasto, nº animais e perfil de produtor associado).

A estimativa mensal de custo operacional efetivo encontra-se na Tabela 02. Verifica-se que o maior dispêndio para a produção mensal foram as operações mecanizadas restringe-se ao produtor 1, resultando em 44,6% do COE, seguida das despesas com ração/suplemento, que perfizeram 29,1% do COE. Já para o produtor 2, com menor capacidade produtiva de leite, as operações no sistema se deram apenas de forma manual, representando 32,3% do COE, seguido das despesas com ração (17,2%).

Para os produtores 1 e 2, os custos operacionais totais (COT) foram respectivamente de R$ 6.805,75 e R$ 837,50, incluindo a depreciação dos bens incorporados ao sistema de produção.

Tabela 2. Estimativa mensal (R$) do Custo Operacional da produção de leite, Dracena/SP, Fevereiro/2010.

Descrição Produtor 1 Produtor 2

Mão-de-obra manual 520,00 228,00 Mão-de-obra mecanizada 2.520,00 - Energia elétrica 120,00 60,00 Vacinas/Medicamentos 325,00 72,00 Adubo (Uréia) 225,00 90,00 Esterco de galinha - 105,00 Ração/Suplemento 1.647,00 121,80 Material de ordenha/inseminação 170,00 - Sal mineral 120,00 30,00

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Depreciação de máquinas e equipamentos1 1.158,75 130,50

Custo Operacional Total (COT) 6.805,75 837,30

1 Itens depreciativos (vida útil de 10 anos)

Fonte: dados da pesquisa.

Deve-se destacar que a depreciação não é um desembolso monetário real para o produtor, mas deve ser computado, pois representa a desvalorização da máquina ou equipamento. É o valor que ao final da vida útil do bem, o produtor deverá desembolsar para comprar um novo. Logo, o valor inicial de qualquer capital cuja vida útil ultrapassa um ano, deve ser distribuído entre as despesas dos vários exercícios, nos quais ele prestará serviços.

Analisando a Tabela 3, verifica-se que a receita bruta está diretamente relacionada com a produtividade obtida e o preço médio alcançado pelo produtor. Foi considerado o preço médio pago aos produtores associados em Fevereiro/2010 (R$ 0,70/litro). A maior produção foi obtida com o produtor 1 com 9.000 litros/mês, o que proporcionou maior receita bruta (R$ 6.300,00) e margem líquida (R$ 653,00). O índice de lucratividade, que indica a proporção da receita bruta que se constitui em lucro após a cobertura dos custos (neste caso, do COE), foi de 10,37%; bem como para equilibrar os custos de produção, a propriedade precisa vender no mínimo 8.067 litros/mês, assim como vender o leite ao valor mínimo de R$ 0,63, valor este 10% inferior ao valor recebido mensalmente.

Neste caso, vale reforçar que os gastos diferem dos custos, ou seja, exclusivamente para o produtor 1, considerando-se a depreciação, haveria uma reversão nos valores acerca da rentabilidade de sua produção, haja vista que seus resultados permaneceriam negativos (margem líquida e lucratividade negativas em R$ 505,75 e 8,03%), necessitando portanto, de um melhor gerenciamento de seus recursos produtivos, o que na prática poderá ter uma melhoria de seus indicadores econômicos, através de ações estratégicas em conjunto, como compra conjunta de insumos, dentre outras.

Tabela 3. Rentabilidade mensal do Custo Operacional da produção de leite, Dracena/SP, Fevereiro/2010.

Discriminação Produtor 1 Produtor 2

Receita Bruta (R$) 6.300,00 420,00

COE (R$) 5.647,00 706,80

Margem Líquida (R$) 653,00 (286,80)

Preço Médio do leite (R$) 0,70 0,70

Produção Total (litros) 9.000 600

Índice de Lucratividade (%) 10,37 (68,29)

Produção de Equilíbrio (litros) 8067 1010

Preço de Custo (R$) 0,63 1,18

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Neste contexto, conforme cita Majadas (2010), o que o produtor menos enxerga são os chamados custos fixos do negócio, como é o caso da depreciação. A não observância deste parâmetro compromete a sua atividade, tendo em vista que ele não terá mais capital para investir num novo bem que já está supostamente em estado de sucata, após seu período de vida útil. Em outras palavras, o produtor tem dificuldade para conciliar a relação técnica do sistema produtivo com a parte econômica, limitando seu poder de tomada de decisão com relação aos supostos resultados “falhos” de rentabilidade.

Já com relação ao produtor 2, os resultados se deram de forma negativa (em relação ao COE e/ou depreciação aplicada), refletindo num produtor de menor condição técnica e financeira, necessitando maior exigibilidade em termos de investimento e gerenciamento de recursos na produção de leite. Este fato se deve pela participação recente na associação, bem como foi caracterizada pelo perfil de um produtor ainda em estágio auto-sustentável na produção leiteira. Desta forma, para que o mesmo pudesse equacionar os custos de sua atividade, deveria produzir ao mínimo 1.010 litros ou então vender a R$ 1,18 (condição quase improvável no processo de comercialização deste produto no mercado).

Através da Figura 1, pode-se comparar os resultados entre os produtores 1 e 2, no tocante ao COE, Receita Bruta e Lucro Operacional da produção de leite.

FIGURA 1. Custo Operacional Efetivo, Receita Bruta e Lucro Operacional da produção de leite, Dracena/SP.

Fonte: dados da pesquisa.

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Como direcionador dos custos variáveis no custo operacional efetivo, as operações manuais/mecanizadas e alimentação acabam se tornando um item relevante para a gestão do sistema de produção, representando aproximadamente 74% para o produtor 1 e 50% para o produtor 2 pesquisado.

Baseando-se nos resultados apontados, pode-se concluir que a associação APRD de produtores de leite em Dracena/SP reflete em limitações técnicas quanto aos produtores associados, e por conseqüências econômicas, no sistema de produção de leite.

A permanência na atividade leiteira é dependente do desenvolvimento de esforços conjuntos que visam financiar o suprimento das necessidades encontradas nos diferentes sistemas produtivos. Em suma, fica evidenciada a necessidade do estabelecimento de um responsável pela associação, destacando-se, sobretudo, da gestão de custos (redução de custos operacionais e aumento da lucratividade) como ponto fundamental para garantir sua sobrevivência. Em contrapartida, através de estudos posteriores, espera-se ainda que a produção conjunta dos associados reflitam em melhores resultados econômicos para a atividade.

6. AGRADECIMENTOS

À FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo), pelo apoio neste trabalho, através do auxílio à pesquisa vigente.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANUALPEC 2008: anuário da pecuária brasileira. São Paulo: FNP, 2008.

BEDUSHI, G. Gerenciamento da propriedade. In: Boletim do Leite (CEPEA-ESALQ), nº 178 – Junho/2009. p. 06.

CARVALHO, L. A. et al. Importância econômica da produção de leite. Embrapa Gado

de Leite, Sistema de Produção 2, 2002. Disponível em

<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Leite/LeiteCerrado/im portancia.html.> Acesso em 28 Jun 2009.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: C, 1999. 412p.

_____. Banco de dados climáticos do Brasil, 2003. Disponível em

<http://www.bdclima.cnpm.embrapa.br/resultados/index.php?UF=sp>. Acesso em 27 Jun 2009.

ESCRITÓRIO DE DESENVOLVIMENTO RURAL DE DRACENA. Perfil sócio-econômico do município de Dracena/SP, 2006 (relatório da bacia hidrográfica do rio Peixe/Aguapeí). 314 p.

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HOFFMANN, R. et al. Administração da empresa agrícola. São Paulo: Pioneira, 1978. 325p.

IGC – INSTITUTO GEOGRAFICO E CARTOGRÁFICO. Mapa da região

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Referências

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