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Processo 1274/10.4TBSCR.L1-2 Data do documento 24 de fevereiro de 2011 Relator Vaz Gomes

TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE LISBOA | CÍVEL

Acórdão

DESCRITORES

Expropriação > Indemnização > Arbitragem

SUMÁRIO

Na falta de resposta do expropriado aparente relativamente à proposta indemnizatória, no prazo legal de 15 dias, deve a entidade expropriante promover perante si a constituição e funcionamento da arbitragem em prazo que não deve exceder os 90 dias a contar daquele termo do prazo, sob pena de a requerimento dos expropriados (entretanto habilitados por decesso do expropriado aparente) as funções passarem a ser desempenhadas pelo juiz de direito da comarca do local da situação do bem, nos termos dos art.ºs 35, n.sº 1, 2, 3 e 42 do CExp99.

(Elaborado pelo Relator)

TEXTO INTEGRAL

Acordam os juízes na 2.ª secção Cível do Tribunal da Relação de Lisboa

I – RELATÓRIO

APELANTES/EXPROPRIADOS: “A”, “B” e “C” (Representados em juízo, entre outros, pelo ilustre advogado J..., com escritório no ..., Região Autónoma da Madeira, conforme instrumentos de procuração de fls 713 dos autos).

*

APELADA/EXPROPRIANTE: DIRECÇÃO REGIONAL DO PATRIMÓNIO-REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA *

Com os sinais dos autos. *

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a notificação do Ex.mo Snr. Directo Regional do Património no Funchal para proceder à remessa à juízo do processo de expropriação sobre a parcela 8 da Secção “LL”da freguesia do ..., na expropriação por utilidade pública dos imóveis, necessária à execução da “Obra de Construção da Variante ao Centro do ...”, fazendo-o acompanhar de certidões actualizadas das descrições e inscrições em vigor dos prédios e das respectivas inscrições matriciais e que o Tribunal ordene à expropriante o depósito à ordem da expropriada do valor resultante da peritagem (art.º 20/1/b, conjugado com o n.º 5 b) do mesmo artigo), acrescido de juros moratórios correspondentes ao período em atraso, calculados nos termso do art.º 70/2 do CExp. Em suma alegaram:

· São donos do referido prédio por o terem adquirido por sucessão hereditária ocorrida por óbito do seu pai “D” falecido a 18/05/2010

· Em 17/09/09 foi publicada no JORAM a resolução 263 do Governo Regional de 3/04/08 onde é declarada a expropriação por utilidade pública com carácter de urgência com incidência sobre parte do prédio

· Por ofício de 5/8/2010 os ora requerente são notificados a posterior que em 25/03/2020 a expropriante foi efectivamente investida na posse administrativa após realização da dita vistoria, tendo as máquinas do adjudicatário da obra entrado sobre o terreno dos expropriados.

· A expropriante não depositou à ordem dos expropriados o valor da indemnização cuja obrigação emergia para a expropriante do disposto no art.º 20/1/b do CExp, numa leitura conjugada com o art.º 20/5/a do Mesmo diploma.

· Ora, já decorreram mais de 90 dias sobre a DUP (art.ºs 42/1/b do CExp), já decorreu mais de 1 ano e não existe qualquer dúvida quanto á titularidade do prédio ou entrave jurídico, não foi promovida a arbitragem necessária nem sequer a nomeação de árbitros (art.ºs 42)

Por despacho de 18/08/2010 foi ordenada a remessa a Tribunal do processo de expropriação, no prazo de 10 dias, mas a notificação que lhe foi feita foi no sentido de a entidade expropriante se pronunciar nos termos do art.º 42/3 do CExp.

A entidade expropriante veio por requerimento de 1/09/2010 dizer que não ocorre fundamento para a avocação do processo, devendo o processo permanecer na entidade expropriante que irá diligenciar pelo início da expropriação litigiosa, mediante a promoção e constituição da arbitragem nos termso dos art.ºs 38 e ss em suma dizendo:

· Realizou e notificou a tentativa de aquisição por via do direito privado, a publicação da DUP, a vistoria Ad Perpetuam Rei Memoriam e a Posse Administrativa (cujo auto é de 25/03/2010) e o acto de transmissão da posse administrativa.

· Não foi realizado o depósito pois não existem, no processo administrativo, documentos que comprovem a titularidade da parcela (art.º 20/6/b do CExp)

· Efectuadas as buscas nos competentes Serviços das Finanças e Conservatória do Registo Predial não foi possível identificar o titular do prédio em causa, tendo sido informados pelo Dono da Obra que o presumível expropriado era o Snr. “D”, tendo sido publicados os editais 27 e 30/DRPA/2009 referentes à tentativa de aquisição por via do direito privado e declaração de utilidade pública da parcela

· Até 7/5/2010, data da investidura na posse, nada foi dito pelos expropriados, pelo que a entidade expropriante considera-se legitimada para ordenar o início dos trabalhos, na parcela;

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· Por requerimento de 129/7/2010 apresentado pelo advogado dos expropriados foram identificados os Herdeiros do Sr. “D”, de quem se desconhecia o falecimento, mas não foram entregues documentos comprovativos quer da qualidade de herdeiros do expropriado identificado no processo, quer da efectiva titularidade da parcela

· Aos 5/08/2010 foram remetidos ao advogado dos expropriados com procuração no processo de expropriação autos e vistoria, posse administrativa e investidura da posse, sendo requerida a entrega de documentos

· Os atrasos no processo não podem ser imputados à entidade expropriante que como documentalmente resulta tudo fez para dar continuidade ao processo.

Em resposta ao requerimento vieram, ainda, os expropriados dizer:

· O art.º 38do CExp (é evidente lapso pois o art.º que tem essa epígrafe é o art.º 35 do CExp), dispõe que no prazo de 15 dias após a publicação da DUP, e entidade expropriante, através de carta ou ofício registado com A/R dirige proposta do montante indemnizatório ao expropriado e este dispõe de 15 dias para responder e na falta de resposta do expropriado a entidade expropriante dá início à expropriação litigiosa nos termos dos art.ºs 38 e ss do CExp e para além de não ter cumprido os prazos do art.º 36 não deu cumprimento ao disposto no art.º 38; o falecimento de “D” ocorre apenas em 18/05/2010.

· Em Novembro de 2009 os expropriados deslocaram-se pessoalmente aos serviços da expropriante, identificaram-se verbalmente perante os funcionários que os atenderam, deixaram cópias da caderneta predial e registo do prédio, dos quais, por ignorância, não solicitaram recibo, pelo que a entidade expropriante sempre teve provas da titularidade do prédio expropriado, estando o prédio totalmente identificado bem como os seus titulares sem margem de dúvidas conforme documentos 1, 2, 3 que junta · Atenta a falta de resposta à proposta que a entidade expropriante dirigiu, o que ocorre é obstáculo à expropriação amigável, devia a entidade expropriante promover a expropriação litigiosa, para o que dispunha de 15 dias

· O expropriado não aceitou, não tinha que aceitar nem aceita a composição amigável da expropriação pois o preço proposto é ínfima e não tinha que apresentar quaisquer documentos para a realização da escritura que não pretende realizar e a falta de identificação dos expropriados ou registral ou fiscal dos prédios, não impede a DUP (art.ºs 17, n.sº 2, 3, 4 e 11/4 do CExp, não impede o acto de posse administrativa ou a tomada de posse administrativa (art.º 22/1 do CExp), não impede a constituição e funcionamento da Arbitragem Necessária (art.º 47 do CExp) e não impede o processamento judicial da fase litigiosa da expropriação após arbitragem promovida pela expropriante (art.º 53/1 do CExp)

· A entidade expropriante estava na pose da identificação matricial do prédio e se não obteve a identificação registral, onde constava o nome de “D” tal deve-se a culpa grosseira da entidade expropriante, pelo que não respondendo o expropriado a qualquer proposta de expropriação amigável (art.º 36 do CExp) a expropriante deveria ter dado imediato cumprimento ao disposto no artigo 38 do CExp, o que não fez.

· Sendo a DUP de 14/08/2009, a obrigação de iniciai a expropriação litigiosa nos termso do art.º 38 do CExp nasceu em 15/09/2009, o que não ocorreu, numa inércia que prejudicou o expropriado que deve ser ressarcido com a contagem de juros sobre a quantia indemnizatória a fazer-se nos termso do art.º 70 em

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paralelo com a actualização do art.º 24/3 do CExp

· Ao responder como responde a entidade expropriante litiga de má fé pelo que deverá ser condenada a pagar multa ou taxa sancionatória especial do art.º 447-B do CPC; termina pedindo que seja depositado à ordem dos expropriados a quantia do art.º 10/4 do CExp e ainda notificada para juntar ao processo certidões actualizadas das descrições e das inscrições em vigor dos prédios na Conservatória e bem assim como respectivas certidões matricial.

Ordenada a notificação da entidade expropriante para responder dizendo que por ofícios de 22/05/07 tentou-se identificar o proprietários dos prédios por ofícios à Repartição de Finanças e Conservatória do Registo Predial e em resposta veio a indicação de que os prédios se encontravam em nome de “D” pelo que a este expropriado forma dirigidas as notificações, nomeadamente a tentativa de aquisição por via do direito provado

Inconformada com as decisões 15/10/2010 que, por um lado, ordena o desentranhamento (assim parece) dos expedientes de fls. 92/111 (resposta dos expropriados à resposta da entidade expropriante e subsequente resposta desta última àquela) julgando inexistir quaisquer atrasos no processo de expropriação que excedam os 90 dias, dela apelaram os expropriantes em cujas alegações concluem:

1 – É nulo o despacho de desentranhamento do requerimento e documentos juntos pelos expropriados, por violação do principio do contraditório previsto nos artigos 3º nº 3 CPC e 20 da CRP e por omissão de pronuncia ao pedido de condenação em litigância de má fé nele formulado, nulidade que atinge a subsequente decisão final de indeferimento do petitório inicial e ainda por ser contrasenso com o uso que este despacho de indeferimento faz desses documentos.

2 – Há erro de apreciação de facto na medida em que, nos fundamentos do despacho/decisão final é feita referencia aos poderes do procurador para a aquisição por usucapião e à forma de aquisição do prédio expropriado – que foi a usucapião - no que se quererá fundamentar a culpa dos expropriados pelo atraso do procedimento expropriativo, sem cuidar que esses poderes nada tem a ver com esse prédio e que o prédio foi adquirido e encontra-se registado desde 1992.

3 – Existe erro de direito por a decisão não ter sido considerado o disposto no artigo 35 CE, que dispõe que em prazos sucessivos de 15 dias após a Declaração de Utilidade Publica deve a expropriante notificar de proposta de aquisição, aguardar 15 dais pela resposta e na falta desta dar inicio à expropriação litigiosa nos termos dos artigos 38º e seguinte, constituindo e promovendo a arbitragem necessária, que á data da avocação – um ano e dois dias depois – ainda não tinha sido promovida.

4 – A Vistoria “Ad rei perpetuam memoriam” e a “Tomada de posse administrativa” são no processo expropriativo actos não necessários e cuja realização é determinada por conveniência da expropriante após ponderação do interesse publico subjacente, não sendo estes actos parte da “fase litigiosa” da expropriação que a expropriante no caso nunca despoletou.

5 – Os 90 dias de atraso a que se refere o artigo 42,nº 2 CE podem ser seguidos ou interpolados, pelo que ainda que não existisse atraso de 90 dias seguidos, o que há, haveria atraso que ultrapassaria largamente os 90 ainda que contados interpoladamente entre cada um dos actos.

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era culpa sua mas dos expropriados, prova que salvo melhor opinião não foi feita.

7 – O expropriado originário manifestou a sua vontade pela forma prevista no artigo 35 nº 2, e a sucessão “mortis causa” que ocorre em Maio de 2010 – 9 meses depois em nada afecta nem “renova” o processo expropriativo (já atrasado por mais de 90 dias) nem suspende ou interrompe qualquer prazo de procedimento.

8 – O prédio estava matricialmente identificado pela expropriante descrito e inscrito no Registo predial desde 1992 a favor do expropriado e qualquer dificuldade de identificação deve-se a dolo ou negligência grosseira da expropriante.

9 – A falta de identificação dos expropriados a existir, o que nem foi o caso, não o impede a DUP (artigo 17, nº 2 e 3 e 11 nº 4) não impede a TPA (artigo 22 nº 1 CE), não impede a constituição e funcionamento da Arbitragem necessária (Artigo 47.º CE) nem impede o processamento judicial da fase litigiosa da expropriação (artigo 53 nº 1).

10 – O legislador no artigo 13 nº 3 ao cominar de caducidade para a expropriação á qual falte a arbitragem necessária decorrido um ano sobre a publicação, mostrou claramente à margem de qualquer juízo de culpa que não considera aceitável um atraso dessa grandeza. No caso à data da avocação haviam passado um ano e dois dias sobre a publicação da DUP pelo que ainda que houvesse culpa do expropriado, o que não se admite, sempre estaria esgotado aquele limite.

11 – Foram arguidas irregularidades no processo expropriativo designadamente na TPA sobre a qual a decisão recorrida não se pronunciou.

Termos em que deve ser dado provimento ao recurso, revogando-se as decisões recorridas, mantendo a resposta do expopriado e documentos nos autos e substituindo decisão final por outra que ordene a avocação do processo conforme peticionado, aprecie o pedido de indemnização em litigância de má fé, bem como ordene a expropriante que efectue o depósito previsto no artigo 20º n° 1 al b) e 5 al a) CE, no prazo de 10 dias a ordem dos expropriados

Questões a resolver:

a ) Saber se o despacho que ordena o desentranhamento do requerimento e documentos juntos pelos expropriados é nulo por violação do disposto no art.º 3/3 e 20 da CRP e por omissão de pronúncia ao pedido de condenação em litigância de má fé.

b) Se ocorre erro de julgamento na decisão recorrida ao não considerar o art.º 35 do CEXp99 e por isso o decurso do prazo legal da resposta dos expropriados sem que tivesse ocorrido e a consequente e imediata constituição da fase litigiosa da arbitragem, sendo que o auto de vistoria ad perpetuam rei memoriam e a tomada de posse administrativa são no processo expropriativo actos não necessários e cuja realização é determinada por conveniência da entidade expropriante, havendo atraso superior a 90 dias nos termos do art.º 42 do CExp99.

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A decisão recorrida considerou ou seguintes factos documentalmente provados:

· Da certidão predial referente ao imóvel constante de fls. 24 e 25 encontra-se registada pela AP. 17/041192 a aquisição, por usucapião, do direito de propriedade em nome de “D” e mulher “E”, casados sob o regime da comunhão geral

· A tentativa de aquisição por via do direito privado (fls. 39)

· Publicação da declaração de utilidade pública em 14/08/09 e proposta de acordo amigável, nos termos dos art.º 33 e 35/1 do CExp, por 48.604,00 €, datada de 17/08/09 (fls. 45)

· Auto de vistoria Ad Perpetuam Rei Memoriam, datada de 19/01/2010, cujo teor foi notificado a “D” por carta de 25/02/2010 (fls 47 a 49)

· Auto de posse administrativa de 25/03/2010 e carta enviada a “D” datada de 31/03/2010, dando conta da mesma (cfr. fls. 53 a 57)

III- FUNDAMENTAÇÃO DE DIREITO

Conforme resulta do disposto nos art.ºs 660, n.º 2, 664, 684, n.º 3, 685-A, n.º 3, do CPC[1] são as conclusões do recurso que delimitam o seu objecto, salvas as questões cuja decisão esteja prejudicada pela solução dada a outras e as que sejam de conhecimento oficioso. É esse também o entendimento uniforme do nosso mais alto Tribunal (cfr. por todos o Acórdão do S.T.J. de 07/01/1993 in BMJ n.º 423, pág. 539).

Com base nestes factos o Tribunal recorrido entendeu que os elementos foram enviados muito antes das datas das procurações que os herdeiros do expropriado conferiram ao seu ilustre advogado, gozando o titular inscrito da presunção de que o direito lhe pertence e que a entidade expropriante apenas teve conhecimento de que haveriam herdeiros do titular no dia 19/07/2010 ao receber as missivas do Ilustre advogado dos requerentes constantes de fls. 88/89, tendo a entidade expropriante reagido de imediato no dia 5/08/2010, solicitando esclarecimentos e documentos que comprovassem a titularidade do direito arrogado, nada os requerentes tendo feito até à data da resposta da entidade expropriante a este Tribunal. Conclui o Tribunal que não houve atrasos no processo de expropriação que tenham excedido os 90 dias mas que se atrasos houve eles são imputáveis ao expropriado, tal como resulta da interpretação a contrariu sensu do art.º 42/2/b do CExp.

Entendem os recorrentes em suma:

· Ocorrer nulidade por omissão de pronúncia sobre a questão da litigância de má fé e por ser um contrasenso com o uso que o despacho de indeferimento faz dos documentos junto com os articulados cujo desentranhamento foi ordenado sendo nessa parte também nulo o despacho de desentranhamento por violação do contraditório (art.ºs 3/3 e 20 da CRP)

· Datando a DUP de 14/08/09, tendo a expropriante notificado o expropriado da proposta de indemnização em 17/08/09, o senhor “D”, então ainda vivo, dispunha de 15 dias para responder, prazo que terminou em 1/09/2009 (é evidente lapso a referência a 2010), pelo que nos termos do art.º 35/3 deveria ter da entidade expropriante dado início á fase litigiosa com a constituição da arbitragem logo em 1/09/2009, o que não

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fez, sendo certo que o prazo de 90 dias do art.º 42/2/b pode ser seguido ou interpolado

· Não se vê que culpa possa ser assacada aos expropriados e a tal não se reconduz a falta de aceitação da proposta de expropriação amigável

· Qualquer busca na Conservatória do Registo predial permitiria eliminar qualquer dúvida quanto á titularidade do prédio (que no caso nem sequer havia), e também não pode ser assacada qualquer culpa aos recorrentes pelo facto de o expropriado seu pai apenas ter falecido em 18/05/2010 e lhe terem sucedido

· Ainda que alguma razão houvesse no despacho recorrido estaria claramente ultrapassado o prazo limite que o Código das Expropriações estabelece para promover a arbitragem sob pena de caducidade da DUP e tal prazo é de um ano.

Entende a entidade expropriante em suma que:

· A expropriante tentou a aquisição por via do direito privado, requereu ae publicou a DUP, notificou a proposta de acordo amigável aos interessados, notificou os interessados da data da realização da vistoria ad perpetuam rei memoriam e do autos de posse administrativa e do auto de transmissão da posse administrativa (datas de 23/11/09, 25/01/2010, 31/03/2010, 7/04/2010 e 7/04/2010 respectivamente). · As notificações realizadas tiveram por base o princípio da legitimidade aparente, pelo que a não participação dos verdadeiros titulares no procedimento expropriativo não invalida os actos praticados · Na sequência do requerimento do mandatário datado de 19/07/2010, alegando que os seus constituintes são titulares do imóvel em questão a Direcção Regional através do ofício de 5/08/2010 solicitou a entrega da documentação comprovativa dessa titularidade e os interessados não dirigiram a esta entidade os documentos solicitados até à data

· A entidade expropriante agiu sempre de boa fé

· O depósito prévio do valor da avaliação é dispensado nos termso do art.º 20 quando não haja inequívoca identificação do titular e por se terem suscitado dúvidas acerca da titularidade a Direcção solicitou documentos que comprovassem a mesma nada tendo sido assegurado pelos requerentes

· Após 19/08/2010 deu entrada nesta Direcção Regional de cópia não autêntica da certidão de registo predial e em 22/09/2010 em anexo à notificação do Tribunal de 21/09/2010 dispunha de uma copia da certidão matricial sob o art.º 8.º da secção LL e perante estes indícios de titularidade e atendendo à alteração da titularidade de ordem de processamento do depósito da posse em 11/10/2010 diligenciou-se pelo respectivo procedimento, aguardando-se a recepção do comprovativo da respectiva guia que está dependentes da Tesouraria do Governo

· Em 9/11/2010 a Direcção promoveu a designação de árbitros, pelo que existe inutilidade superveniente do alegado.

a ) Saber se o despacho que ordena o desentranhamento do requerimento e documentos juntos pelos expropriados é nulo por violação do disposto no art.º 3/3 e 20 da CRP e por omissão de pronúncia ao pedido de condenação em litigância de má fé.

Aplicável ao caso o CExp99 atenta a data da publicação da Declaração de Utilidade Pública da Expropriação e que é de 2009

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O art.º 42/2 do CExp99 dispõe: “O disposto nas alíneas b), c), d) e e) do número anterior depende do requerimento do interessado, decidindo o juiz depois de notificada a parte contrária para se pronunciar em 10 dias”

Estatui, por seu turno, a alínea b) do n.º 2 do art.º 42 do citado diploma: “As funções da entidade expropriante referidas no número anterior passam a caber ao juiz de direito da comarca do local da situação do bem ou da sua maior extensão, se o procedimento de expropriação sofrer atrasos não imputáveis ao expropriado ou aos demais interessados que, no seu conjunto, ultrapassem 90 dias, contados nos termos do art.º 279 do Código Civil”

Se for ordenada a remessa ou a avocação do processo, o juiz fixa prazo para a sua efectivação não superior a 30 dias sob pena de multa até 10 unidades de conta (art.º 42/4 do mesmo diploma)

Trata-se de um procedimento simplificado que só admite duas peças: o requerimento dos expropriados e a resposta da entidade expropriante.

Já se viu que a secretaria sobrepondo-se ao despacho inicial que ordenava a remessa notificou a entidade expropriante para responder no termos do n.º 3 do art.º 42, tramitação que é a correcta, não tendo havido qualquer arguição de nulidade quanto a tal.

Depois da resposta seguiu-se nova resposta dos expropriado em que suscitam a litigância de má fé e voltam a corroborar os factos inicialmente aduzidos; depois disso o Meritíssimo Juiz ordena a notificação da entidade expropriante para responder a que se seguiu o despacho ora em recurso de desentranhamento das peças espúrias.

Ora, como bem se diz no despacho recorrido não havia lugar à resposta dos expropriados à resposta da entidade expropriante e, por consequência, nenhum outro requerimento sobre a questão suscitada pela resposta à resposta era admissível.

Por conseguinte, bem andou o Tribunal recorrido em não admitir os requerimento em questão. Não ocorre, também por isso, qualquer nulidade por omissão de pronúncia sobre questão introduzida por requerimento não admissível nos termso legais.

b)Se ocorre erro de julgamento na decisão recorrida ao não considerar o art.º 35 do CEXp99 e por isso o decurso do prazo legal da resposta dos expropriados sem que tivesse ocorrido e a consequente e imediata constituição da fase litigiosa da arbitragem, sendo que o auto de vistoria ad perpetuam rei memoriam e a tomada de posse administrativa são no processo expropriativo actos não necessários e cuja realização é determinada por conveniência da entidade expropriante, havendo atraso superior a 90 dias nos termos do art.º 42 do CExp99.

A parcela a expropriar, é, segundo tudo indica e resulta do relatório de vistoria ad perpetuam rei memoriam, realizada em 15/12/09 (cfr. fls. 19/22, mais visível a fls. 48/52), da parcela 8 LL a destacar do prédio rústico inscrito na matriz cadastral sob o n.º 8 da secção LL da freguesia do ... e concelho de ..., parcela essa identificada como pertencente a “D” e com uma área de 975 m2. O prédio em questão é prédio misto com a área de 7430 m2, com parte urbana e rústica, descrito na Conservatória sob o n.º 01206, datada de 4/11/92, estando inscrita a aquisição a favor de “D” e “E” desde essa data conforme fls. 27/28.

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A mencionada “E” faleceu aos 15/08/03 conforme escritura de habilitação de 30/01/2006 junta a fls. 27/28, sucedendo-lhe o cônjuge “D” e os filhos “A”, “B” e “C”, e o mencionado “D” faleceu aos 18/05/2010 deixando como herdeiros os mencionados filhos (cfr. fls. 30/31)

Tendo sido tomada a Resolução de requerer a declaração de utilidade pública da expropriação da mencionada parcela aos 4/5/09 (cfr. fls. 39), encetou a Direcção Regional do Plano e das Finanças da Região Autónoma da Madeira as diligências com vista à aquisição por via do direito privado em conformidade com o disposto no art.º 11 do CExp99, notificando o senhor “D” da proposta de aquisição (cfr. fls. 39).

Por conseguinte a entidade expropriante ordenou a notificação do mencionado “D” que era o titular aparente em conformidade com o que constava do Registo Predial, e mais não lhe era exigível, carta que veio devolvida confiro e fls. 43/44..

Depois em 17/08/09 a entidade expropriante notificou o mesmo “D” de que por resolução do Conselho do Governo n.º 901/2009, de 6/08/09, publicada no jornal oficial (JORAM), I.ª série, n.º 83, de 14/08/09 foi declarada a utilidade pública da expropriação, apresentando, nos termso dos art.ºs 33 e 35 como proposta de indemnização pela expropriação da parcela o montante de 48.604,00 €, carta essa datada de 17/08/09 e relativamente à qual a entidade expropriante esperava 15 dias pela resposta, a contra da recepção, podendo incluir contraproposta fundamentada nos termso do art.º 35/2 (cfr. fls. 45 e 46).

Depois disso a entidade expropriante realiza os actos com vista à pose administrativa, entre eles a realização do auto de vistoria ad perpetuam rei memoriam, cujo relatório é de 15/12/2010.

Na falta de resposta à proposta do montante indemnizatório coincidente com aquele indicado na fase de aquisição pelo direito privado, tinha a entidade expropriante de dar início à expropriação litigiosa, não tendo que notificar o expropriado “D” posto que o mesmo não tinha respondido (art.º 35/3 do CExp99). E a fase litigiosa a que se refere o art.º 38 e ss começa com a arbitragem que em princípio funciona perante a entidade expropriante (art.ºs 38 e ss e 42/1 do Cexp99).

Ora, a arbitragem não foi constituída no prazo de 90 dias, nem o foi até à data da entrada em juízo do requerimento de avocação em 16/08/2010. Diz a recorrente que o foi agora em Novembro de 2010, do que não temos nenhum elemento de prova. Acresce que por força do disposto no art.º 13/3 do CExp99 a DUP que foi publicada em 15/08/09 caducaria no prazo de um ano se não fosse constituída a arbitragem, sem prejuízo da renovação da mesma nos termso do art.º 13/5 do mesmo diploma.

Não se trata aqui, porém, da caducidade da DUP, antes da ultrapassagem do prazo de 90 dias contados nos termso do art.º 279 do CCiv para a constituição da arbitragem, como se entendeu no Acórdão da Relação do Porto de 14/11/2005, publicado na Colectânea de Jurisprudência sobre o tema “Expropriações por Utilidade Pública”, págs, 366/367.

Não há assim que aguardar o prazo de um ano para a constituição da arbitragem, já que a arbitragem deveria ter sido constituída no prazo de 90 dias a contar da falta de resposta do mencionado “D”, pelo que terminado o prazo de 15 dias para a resposta no dia 1/09/2009, contando-se a partir daí os 90 dias nos termso do art.º 279 do CCiv, pelo que, terminando o prazo em dia feriado (1/12/09), o termo do prazo ocorreu em 2/12/09.

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da arbitragem perante o juiz da Comarca (cfr Ac da RE de 29/04/04 referido em anotação ao art.º 42 do CExp por J.A. Santos “Código das Expropriações”, 4.ª edição Dislivro.

A questão do depósito à ordem da expropriada do valor resultante da peritagem (art.º 20/1/b conjugado com o n.º 5 b) do mesmo artigo suscitada no requerimento inicial não foi (nem tinha que ser) objecto de decisão do procedimento do art.º 42 do cExp99.

IV- DECISÃO

Tudo visto acordam os juízes em julgar parcialmente procedente a apelação , e em consequência:

1. Revogar a decisão recorrida que deverá ser substituída por outra que determine a avocação dos autos de expropriação como foi requerido.

2. Manter no mais a decisão recorrida.

Regime de Responsabilidade por Custas: Inexistindo isenção de custas por parte da entidade expropriante, por se não verificarem os pressupostos do art.º 4/1/g do RCP, as custas ficam a cargo da entidade expropriante que decai (art.ºs 446, n.ºs 1 e 2)

Lisboa, 24 de Fevereiro de 2011

João Miguel Mourão Vaz Gomes Jorge Manuel Leitão Leal Henrique Antunes

---[1] Na redacção que foi dada ao Código do Processo Civil pelo DL 303/2007 de 24/08, entrado em vigor a 1/1/08, atenta a circunstância de acção ter sido autuada inicialmente em 17/08/2010 no 31º Juízo do Tribunal Judicial de ..., Região Autónoma da Madeira,, como resulta dos autos e o disposto no art.º 11 e 12 do mencionado diploma; ao Código referido pertencerão as disposições legais que vierem a ser mencionadas sem indicação de origem.

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