• Nenhum resultado encontrado

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: O MEIO EM QUESTÃO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "EDUCAÇÃO AMBIENTAL: O MEIO EM QUESTÃO"

Copied!
28
0
0

Texto

(1)

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: O MEIO EM QUESTÃO

Edneide Brasil Lyra

Orientadora:

Professora Priscila Barcelos

RECIFE JUNHO / 2009

(2)

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: O MEIO EM QUESTÃO

Edneide Brasil Lyra

Apresentação de Monografia à universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Educação Ambiental.

RECIFE JUNHO / 2009

(3)

Dedico este trabalho a todos aqueles que durante suas vidas não mediram esforços para fazer com que este mundo se torne um lugar melhor para se viver: aos famosos e anônimos, aos presentes e já ausentes, àqueles que ainda irão nascer; que eles, assim como nós, possam ainda desfrutar da beleza que há na terra, que possam usufruir da água potável, da beleza da flora e dos encantos da fauna.

Agradeço aos seres humanos que dedicam suas vidas ajudando- nos a compreender um pouco mais acerca do Planeta que habitamos, que a Terra ainda sinta a nossa gratidão por tudo que nos permite aqui viver.

(4)

O tema desta monografia é “Educação Ambiental: O meio em questão”.

O que abordamos em especial nesta produção é o surgimento da EA (Educação Ambiental) como possibilidade de auxiliar os seres humanos a repensarem sua relação com o meio ambiente e modificarem o que for necessário para que haja vida, com qualidade, ainda por um longo período de tempo neste planeta. O tema aqui abordado tem duas vertentes: explicitar a maneira pela qual se chegou à proposta da Educação Ambiental, por meio dos grandes encontros realizados no mundo, que visavam discutir sobre o tema desenvolvimento e preservação ambiental como também, abordar os meios (metodologia) pelos quais a EA pode e deve ser inserido na sociedade de maneira ampla, indo além da educação formal.

Palavras-chave: Educação; Educação Ambiental; Meio ambiente.

(5)

O presente trabalho foi realizado por meio de leituras de bibliografia especializada referente ao assunto Educação Ambiental e reflexão acerca de como o tema foi desenvolvido ao longo da história através dos grandes encontros realizados pela ONU (Organização das Nações Unidas) nas últimas décadas. Essa reflexão perpassa também pelas possibilidades de ensino e aprendizagem da Educação Ambiental.

Os principais autores que utilizamos para o desenvolvimento deste trabalho são Marcos Reigota, Silvia Serrão, Enrique Leff, Genebaldo Dias, dentre outros que tem dedicado parte de suas vidas a auxiliar a sociedade a compreender a relação complexa existente entre o homem e seu meio ambiente, bem como as possibilidades de um relacionamento mais saudável entre esta intrincada rede que forma o ecossistema do qual fazemos parte.

(6)

Introdução...07

Capítulo 1 O MEIO AMBIENTE...09

Capítulo 2 ENCONTROS NACIONAIS E INTERNACIONAIS...12

Capítulo 3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL...18

Conclusão...25

Bibliografia...27

(7)

INTRODUÇÃO

Diante dos muitos desafios encontrados no mundo e que acompanham o progresso, visualizamos a extrema necessidade de uma maior conscientização das ações humanas sobre o meio ambiente.

Afinal, qual o melhor meio de propiciar desenvolvimento e qualidade de vida aos seres que habitam este planeta? Como conciliar utilização de recursos naturais e a preservação do ambiente no qual vivemos? Como ajudar os seres humanos a se perceberem enredados na teia do ecossistema, refletindo sobre como suas ações interferem no mesmo?

Essas são questões que há algumas décadas têm ocupado o pensamento de muitos estudiosos, curiosos, interessados, líderes e da população de uma forma mais ampla. Foi visando encontrar respostas para estas questões que muitos encontros nacionais e internacionais têm sido realizados no decorrer das últimas décadas.

O tema desta monografia é “Educação Ambiental: O meio em questão”. O que abordamos em especial nesta produção é o surgimento da EA (Educação Ambiental) como possibilidade de auxiliar os seres humanos a repensarem sua relação com o meio ambiente e modificarem o que for necessário para que haja vida, com qualidade, ainda por um longo período de tempo neste planeta. O tema aqui abordado tem duas vertentes: explicitar a maneira pela qual se chegou à proposta da Educação Ambiental, por meio dos grandes encontros realizados no mundo, que visavam discutir sobre o tema desenvolvimento e preservação ambiental como também, abordar os meios (metodologia) pelos quais a EA pode e deve ser inserido na sociedade de maneira ampla, indo além da educação formal.

Os objetivos desta pesquisa são, portanto, explicitar a partir de quando essa preocupação com o meio ambiente se tornou mais presente na sociedade; realizar um levantamento histórico das grandes

(8)

conferências e encontros nacionais e internacionais que permitiram o desenvolvimento de reflexões e idéias que deram forma ao que atualmente conhecemos como Educação Ambiental; abordar os meios pelos quais a EA está presente na sociedade, com algumas visões sobre este assunto.

(9)

CAPÍTULO 1 O MEIO AMBIENTE

As questões referentes ao meio ambiente são objeto de atenção e preocupação do homem de nossa época, de uma maneira mais generalizada, do que ocorria em outros tempos. Na sociedade contemporânea a questão ambiental está presente no cotidiano e representa um novo desafio no que diz respeito à preservação da qualidade de vida dos seres humanos e do meio ambiente em si. Os problemas ambientais têm se agravado nas últimas décadas e a crise ambiental enfrentada hoje tem mobilizado diversos setores sociais tais como: instituições governamentais e não governamentais, autoridades civis e indivíduos que buscam uma forma adequada de lidar com as conseqüências da exploração indevida da natureza e do uso irracional dos bens naturais.

Segundo Dias (2006) o que se verifica no mundo hoje é uma antecipação das mudanças ambientais previstas para até quatro décadas adiante. As profundas alterações climáticas, as catástrofes naturais, o surgimento de novas doenças e a perda da qualidade de vida têm colocado as pessoas em estado de alerta.

Freqüentemente o termo meio ambiente é tratado como sinônimo de ecologia, porém Dashefsky (2001) deixa clara a distinção entre estes dois conceitos. Como ele explicita em seu dicionário de Educação Ambiental, Meio Ambiente é considerado a partir da perspectiva do organismo ao qual nos referimos. Leva em consideração “todos os componentes vivos ou não, assim como todos os fatores, tais como clima, que existem no local em que um organismo vive. As plantas e os animais, as montanhas e os oceanos, a temperatura e a precipitação, tudo faz parte do meio ambiente do organismo” (Dashefsky, 2001, pag.

183, 184). Enquanto Ecologia é o estudo da interação das partes vivas

(10)

com as não vivas e de como os fatores climáticos, dentre outros, influenciam todas as partes.

Reigota (1994, pag. 25) define meio ambiente como “um lugar determinado e/ou percebido onde estão em relações dinâmicas e em constante interação os aspectos naturais e sociais. Essas relações acarretam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e políticos de transformação da natureza e da sociedade”.

A partir desta visão verificamos que meio ambiente é um conceito que vai para além da natureza e dos seres que existem no mundo, estende-se para a forma como se processam as relações entre natureza e sociedade e sua interdependência, que por sua vez, estão em constante processo de mudança.

Os desafios de nossa época não afloraram espontaneamente.

Ainda na segunda metade do século XX, Rachel Carson, cientista e ecologista norte-americana nascida em 1907, publicou o livro “A Primavera Silenciosa”, que se tornou um marco no início da revolução ecológica nos Estados Unidos da América. Esta obra ajudou a desencadear um processo de conscientização e mudança de postura nos Estados Unidos e em outros países e, veio a se tornar, um clássico na luta em defesa do meio ambiente. Nele, Carson afirmava que o uso indiscriminado de agrotóxicos e outros produtos químicos, além de acarretar sérios riscos de doenças, dentre elas o câncer, prejudicaria o planeta e já causavam reflexo na qualidade de vida e nos recursos ambientais (Grun, 1996).

O problema ambiental, considerado sob a perspectiva do movimento histórico, possibilita a verificação de que a desordem existente na biosfera é resultado de uma longa e complexa cadeia de relações entre os seres humanos e o mundo natural. A questão ambiental é, portanto, o reflexo dos conflitos gerados no interior desta relação. Como relata Enrique Leff (2001), o que vemos hoje é o reflexo

(11)

de uma cultura e modo de agir da humanidade que ao longo de sua existência, esteve muito mais disposta a usufruir da natureza considerando-a como bens inesgotáveis e renováveis por si mesmos. A natureza acaba devolvendo ao homem o que ele faz a ela, pois este está enredado no ecossistema e acaba tendo que assumir as conseqüências de seus atos. Com o degelo das calotas polares, o crescente buraco na camada de ozônio, o aquecimento global, observamos uma preocupação mundial crescente com o meio ambiente, o que tem motivado a realização de vários encontros internacionais e locais, visando discutir, encontrar alternativas e elaborar propostas de soluções para os desafios existentes.

(12)

CAPÍTULO 2

ENCONTROS NACIONAIS E INTERNACIONAIS

No ano de 1968, profissionais de várias áreas de conhecimento, oriundos de 10 países, reuniram-se para discutir a pobreza e a deterioração do meio ambiente e, como resultado, criaram o Clube de Roma, publicando em 1972 o livro “Limites do Crescimento”. O relatório publicado a partir desta reunião expôs que o crescente consumo mundial levaria a humanidade, possivelmente, a um colapso ambiental.

Até então não se falava em Educação Ambiental. Foi nesse ano, 1972, que o tema ganhou projeção internacional. Segundo Serrão (1999), foi na 1ª Conferência Internacional sobre Ambiente, realizada em Estocolmo – Suécia, pela Organização das Nações Unidas que se identificou o papel fundamental da educação na busca de soluções para os problemas mundiais relacionados ao meio ambiente. Nesse momento se reconheceu a Educação Ambiental como um caminho para auxiliar na resolução dos problemas ambientais.

Tendo em vista o caráter transformador da educação, este seria o meio mais eficaz para provocar na sociedade de maneira geral, as mudanças desejadas com relação à atenção e cuidados para com o ambiente. Nessa conferência foi constatada a desigualdade econômica e de desenvolvimento industrial entre os países ditos de primeiro e terceiro mundo e o uso desigual, tanto dos recursos naturais quanto da energia.

Esta conferência representa um marco internacional para a criação de políticas ambientais.

Nela foi instituída a educação ambiental com base em princípios estabelecidos no Programa Internacional de Educação Ambiental, em que ficou registrada a recomendação de qual seria sua base, devendo ter, portanto:

(13)

“Enfoque interdisciplinar e com caráter escolar e extra- escolar, que envolva todos os níveis de ensino e se dirija ao público em geral, jovem e adulto indistintamente, com vistas a ensinar-lhes as medidas simples, que dentro de suas possibilidades, possam tomar para ordenar e

controlar o seu meio”.

(http://www.maurolemes.com.br/estocolmo.htm)

As discussões que envolviam o tema na década de 1970 tiveram como ponto de partida a idéia de que a educação, neste âmbito, deveria estar empenhada em auxiliar os homens a se perceberem como parte integrante do ecossistema e não como uma espécie à parte.

Embora esta reunião tenha ajudado o mundo a despertar para a urgência do tema, este não ganhou espaço suficiente para permitir a ampla mudança de comportamento humano, necessária para modificar atitudes relativas à garantia da sobrevivência humana e dos biomas no meio ambiente atual. De acordo com Serrão (1999), já nesta época reconheceu-se a gravidade da degradação ambiental, mas poucos se comprometeram com os objetivos definidos.

Um dos aspectos significativos que marcaram a reunião foi o caráter extra-escolar, tendo em vista que ficou demonstrada a clareza da necessidade do envolvimento de toda a sociedade neste processo e que apenas a escola não teria como suprir a problemática ambiental, pois se limita apenas a uma parcela da sociedade e nem toda a relação de transmissão de conhecimento passa por ela.

Em 1975, durante a Conferência de Belgrado, verificou-se que o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) criado em 1972 pela UNESCO, para coordenar as ações internacionais de proteção ao meio ambiente e de desenvolvimento sustentável não alcançou o sucesso esperado. Reconheceu-se que após três anos a Educação Ambiental encontrava-se ainda em estado embrionário;

segundo Fenshmann, 1978 (cit. Em Serrão - 1999) isso ocorreu devido a

(14)

dificuldades conceituais, metodológicas e à falta de investimento dos governantes.

A conferência de Belgrado teve como um de seus principais objetivos analisar e desenvolver metodologias que deveriam ser usadas para inserir a Educação Ambiental no ensino básico, médio e superior.

De acordo com Serrão (1999), nesta conferência foi elaborada a Carta de Belgrado, segundo a qual um novo padrão de desenvolvimento deveria ser estabelecido no mundo; um desenvolvimento econômico mais equilibrado onde as nações mais ricas não deveriam desenvolver- se em detrimento das mais pobres. Desta forma, uma nova ética estava sendo proposta ao desenvolvimento. Interessava ao mundo a diminuição dos efeitos danosos ao ambiente e cada cidadão poderia, a partir da Educação Ambiental, ser sensibilizado para perceber a importância que suas ações e escolhas teriam para o meio ambiente, conscientizando-se da importância de sua participação nas questões ambientais.

O objetivo da Educação Ambiental seria exatamente o de despertar a população de maneira geral, para o fato de que o mundo estava correndo risco de ser destruído e que tanto as ações individuais quanto coletivas contribuiriam para modificar essa situação.

Em 1977 na Conferência Intergovernamental de Tbilisi, na Geórgia, a educação ambiental foi definida como sendo um processo de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos. Seu objetivo principal seria o desenvolvimento das habilidades e mudança nas atitudes das pessoas com relação ao meio ambiente, visando compreender e apreciar as inter-relações entre seres humanos, culturas e meio biofísico. Nesta conferência, a UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) sugeriu algo relevante

(15)

acerca das estratégias da ação educativa: a resolução de problemas ambientais locais.

"A característica mais importante da Educação Ambiental é, provavelmente, a que aponta para a resolução de problemas concretos. Trata-se de que os indivíduos, qualquer que seja o grupo da população a que pertençam e o nível em que se situem, percebam, claramente, os problemas que restringem o bem estar individual e o coletivo, elucidem as suas causas e determinem os modos de resolvê-los. Deste modo, os indivíduos estarão em condições de participar na definição coletiva de estratégias e condições de participar nas atividades encaminhadas para eliminar os problemas que repercutem na qualidade do meio ambiente” (UNESCO, 1980).

No Congresso Internacional de Moscou realizado em 1987 deu-se atenção especial à importância de promover a capacitação dos docentes em serviço e os que ainda estavam em formação, encarregados da Educação Ambiental formal (escolar) e não-formal (extra-escolar). Isto deveria ser estabelecido como prioridade pelos países para que as necessidades imediatas da Educação Ambiental fossem atendidas.

Neste congresso foi elaborado o documento “Estratégia Internacional de Ação em Matéria de Educação e Formação Ambiental para o Decênio de 90”.

Da elaboração deste documento participaram mais de 300 especialistas de 100 países. Nele foi ressaltada a necessidade de fortalecer as orientações que haviam sido formuladas na Conferência de Tbilisi, com as devidas adaptações às novas problemáticas surgidas desde 1972. Dentre as questões mais relevantes apontadas, como citado em Herculano (2003) encontram-se: estímulo à organização de redes de informação e comunicação entre profissionais e interessados;

defesa da capacitação de profissionais de formação técnica; inclusão de aspectos conservacionistas relacionados à qualidade de vida humana na terra.

(16)

A Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Conferência Rio-92 ou Cúpula da Terra, ocorreu vinte anos depois da Conferência de Estocolmo, em junho de 1992, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Ela reuniu governantes de 179 países, o maior número de governantes de todos os tempos e de toda a história das conferências realizadas pela ONU. Como resultado desta conferência temos a Agenda 21, onde os governantes firmaram, segundo Mauro Lemes (2009), o mais ambicioso programa de ações conjuntas com o intuito de promover uma nova forma de desenvolvimento em todo o mundo, o desenvolvimento sustentável.

A diferença da Agenda 21 para os outros documentos gerados em conferências anteriores é que este vai além das declarações de intenções e princípios gerados em outros momentos. A Agenda 21 é um guia prático com sugestões, orientações e metodologias para implementação e monitoramento de programas. A pretensão da Agenda 21 é exatamente guiar e orientar os governos na criação de um novo modelo de desenvolvimento. Alguns pontos relevantes neste documento são a ênfase nos processos de cooperação e associação entre países, diferentes níveis de governo e membros da sociedade; igualdade de direitos e atenção especial aos grupos mais vulneráveis ou em desvantagem como anciãos, crianças, indígenas, propiciando a inclusão e participação de todos no desenvolvimento da sociedade; combate à pobreza e respeito à diversidade cultural; a sustentabilidade, estabelecendo a noção de que não pode haver sustentabilidade ambiental sem sustentabilidade social.

Em 1997, realiza-se na Grécia, em Tessalonica, organizada pela UNESCO e pelo governo da Grécia a Conferência Internacional sobre Ambiente e Sociedade: Educação e Conscientização Pública para a Sustentabilidade. Nela estiveram presentes representantes de organizações governamentais, não-governamentais (ONGs),

(17)

intergovernamentais e sociedade civil de mais de 83 países. Segundo Lemes (2009), previamente à realização desta conferência foram realizados muitos encontros e conferências nacionais preparatórias nos países participantes para incentivar debates e promover uma ampla discussão acerca da Educação Ambiental para a sustentabilidade. Em Tessalonica, se reafirmou a importância da Educação Ambiental juntamente com a conscientização pública, para que os objetivos de desenvolvimento sustentável sejam alcançados. A necessidade de reunir esforços de integração e coordenação dos diversos setores sociais e promover uma rápida mudança, não somente nos estilos de vida e comportamento das pessoas, mas também modificar padrões de consumo e produção.

Foi ressaltada também, nesta conferência, a necessidade da sensibilização da mídia e de sua contribuição para difundir conhecimentos acerca da Educação Ambiental, traduzindo-os e tornando acessíveis aos cidadãos em geral.

No ano de 2002 promovido pela ONU, ocorreu a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, em Johannesburgo, África do Sul;

reunião que também ficou conhecida como Rio+10, que teve como objetivo avaliar as mudanças globais ocorridas desde a Conferência Rio/92.

(18)

CAPÍTULO 3

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Percebemos que desde a realização da 1ª conferência internacional em Estocolmo, Suécia, em 1972 até a promovida em Tessalonica, 25 anos depois, houve muito amadurecimento com relação à Educação Ambiental e aos meios que poderiam ser usados para redefinir a relação dos seres humanos com o meio ambiente e consigo mesmos. As reflexões críticas, geradas nos encontros internacionais sobre o meio ambiente, deixaram clara a importância da educação em seus diferentes contextos e possibilidades para alcançar os resultados desejados; bem como a transformação social necessária para gerar mais harmonia na relação do homem com o meio ambiente. Como foi explicitado na Conferência de Tessalonica:

A educação é um meio indispensável para dar a todos os homens e mulheres do mundo a capacidade para conduzir suas próprias vidas, exercitar suas opções pessoais, e a responsabilidade para viver uma vida sem fronteiras, sejam políticas, geográficas, culturais, religiosas, lingüísticas ou de gênero (LEMES, 2009).

A Educação Ambiental surgiu como uma possibilidade de permitir o desenvolvimento da consciência dos indivíduos e da coletividade para as questões referentes ao meio ambiente. É evidente o caráter transformador da educação e, de maneira sábia, esta foi a ferramenta elegida para possibilitar as mudanças necessárias nas relações entre os seres humanos e o meio ambiente.

Na década de 1970 com a realização das primeiras conferências específicas sobre Educação Ambiental, ficou estabelecido que o principal objetivo dela seria propiciar a compreensão da complexidade do ambiente natural por parte dos indivíduos e da sociedade como um

(19)

todo, bem como da interação entre os aspectos biológicos, sociais, físicos, culturais e econômicos. Além disso, permitir o desenvolvimento de valores, habilidades, comportamentos que criassem condições para a participação mais responsável dos seres humanos no mundo, atuando de maneira eficaz na solução e prevenção para os problemas ambientais e na gestão da qualidade de vida (Herculano, 2003).

Segundo Reigota (1994) os objetivos da EA são:

1. Conscientização

A EA deve possibilitar os indivíduos a se conscientizarem dos desafios encontrados no mundo e sensibilizá-los para a importância que suas ações têm diante dos problemas globais.

2. Conhecimento

As pessoas devem adquirir conhecimento acerca do meio ambiente, este deve ser compartilhado e acessível a todos. E não apenas o conhecimento científico, mas todo ele, que possibilite a criação de mecanismo para lidar de modo adequado com os desafios ambientais.

3. Comportamento

A EA deve conduzir os indivíduos a mudanças de hábitos pela conscientização da importância de suas ações, por menores que pareçam na melhoria da vida no universo.

4. Competência

Possibilitar as pessoas a se apropriarem do conhecimento necessário e desenvolvendo, a partir disto, habilidades técnicas com a ajuda de profissionais da área.

5. Capacidade de avaliação

(20)

A EA deve possibilitar os indivíduos a compreenderem a linguagem técnica científica para avaliar os projetos ambientais e os resultados obtidos a partir destes, por meio da utilização de um linguajar que seja acessível à compreensão de todos.

6. Participação

Deve permitir que os indivíduos compreendam a importância da participação individual para trazer as melhorias necessárias à qualidade de vida de todos.

A Educação Ambiental tem então, como uma de suas prioridades, auxiliar os seres humanos, enquanto indivíduos e sociedade, a refletir e assumir a responsabilidade que se tem diante do progresso e dos desafios que o acompanham. A Educação Ambiental teve seus conceitos, objetivo e princípios construídos ao longo do processo histórico das conferências nacionais e internacionais. Observamos como a compreensão deste conceito evoluiu e ganhou forma com o decorrer dos grandes encontros sobre meio ambiente e das reflexões geradas a partir dos mesmos.

Segundo Herculano (2003) foi em 1977, na Conferência Intergovernamental de Tbilisi, na Geórgia, que “o caráter educativo (da EA) é ressaltado como permanente, visando-se a superação dos limites clássicos do ensino formal, e a necessidade de uma prática interdisciplinar capaz de imprimir sentido avançado e contínuo à Educação Ambiental” (Herculano, 2003, pag. 13).

Como o conhecimento por si só não garante mudanças, uma simples transmissão de informações sobre o meio ambiente e os processos ecológicos é insuficiente para permitir que a EA alcance seus objetivos, uma vez que o que se pretende com a proposta da educação ambiental é que ela ajude os indivíduos a pensar criticamente o meio no

(21)

qual estão inseridos e efetuem as transformações necessárias para mudar a realidade.

Assim sendo é conveniente supor que as orientações pedagógicas devem voltar-se prioritariamente a um maior alcance da educação ambiental e sua proposta central deve residir na transformação da realidade.

Dentre os conteúdos mais encontrados nas atividades da Educação Ambiental, segundo Reigota (1994), destacam-se:

biodiversidade, efeito estufa, saneamento básico, espécies em extinção, poluição, reciclagem do lixo doméstico e industrial, energia nuclear.

Segundo a proposta que envolve o ensino da Educação Ambiental, esta não deveria ligar-se especificamente a nenhuma disciplina escolar, exatamente pelo contexto geral e generalizante do tema meio ambiente, o que deve engajar todos os docentes no ensino desta temática, uma vez que ele perpassa as mais diversas disciplinas.

Os princípios da educação ambiental estão baseados na democracia, na participação da população em geral e na visão holística sobre o meio ambiente, apontando a interdependência entre o meio natural, os aspectos sócio-econômicos e o universo cultural. Para isso, a lei formula uma vinculação entre ética, educação e práticas sociais.

Como bem enfatiza Vasconcellos (1994) é exatamente por sua característica interdisciplinar que a Educação ambiental não é facilmente entendida pelos educadores; muitos acreditam que fazer qualquer observação do cotidiano ou realizar práticas específicas, como plantar hortas ou fazer coleta seletiva é sinônimo de Educação Ambiental, quando na realidade a Educação Ambiental vai além, baseia-se em uma nova visão de mundo e ela não existe efetivamente “a menos que haja reflexão sobre as relações dos seres entre si, do ser humano com ele

(22)

mesmo e do ser humano com seus semelhantes” (VASCONCELLOS, 1994, pag. 269).

A Educação Ambiental para ser mais eficiente em seu propósito de provocar uma mudança de comportamento a partir da conscientização da importância de toda a sociedade com relação ao meio ambiente deve basear-se em especial na experiência vivida pela comunidade, uma vez que não há um conteúdo específico que deva ser transmitido para provocar essa mudança; porém quanto mais a teoria se aproximar da experiência de vida dos indivíduos mais envolvente e comprometedora se tornará a proposta, sendo mais viável o alcance dos objetivos de provocar um engajamento por parte dos indivíduos.

Realizar o processo desta maneira implica em aproximar as ações educativas da realidade dos educandos, o que representa uma melhor oportunidade para compreender, refletir e enfrentar as questões de ordem ambiental. Há um maior processo de implicação dos indivíduos quando eles têm que encontrar soluções para desafios que influem diretamente no seu cotidiano e que afetam suas comunidades, do que questões globais como as queimadas nas florestas, a extinção de espécies ou o comércio do lixo tóxico.

Tal instrumento, a resolução de problemas ambientais locais, desperta o sentimento da visão crítica e da responsabilidade social dos indivíduos pertencentes à comunidade e tem um valor altamente positivo uma vez que coloca em foco a relevância da participação do cidadão e de sua mobilização para a gestão em seu ambiente de vida cotidiano.

A metodologia de ensino da EA é tão variada e com tantas possibilidades quanto o tema em si. Nesta irá se destacar a criatividade do professor e sua disponibilidade para interagir com os alunos e propiciar um ambiente onde questionamentos possam ser feitos e idéias possam ser criadas a partir das experiências e vivências permitidas neste ambiente instigante que pode ser a sala de aula. Este ensino

(23)

permite uma relação interdisciplinar quando professores de diferentes disciplinas realizam atividades em comum, o que permite visões diferenciadas sobre um mesmo objeto.

Reigota (1994) cita alguns métodos que podem ser usados no ensino da Educação Ambiental:

- O Método ativo

Permite ao aluno questionar, propor, criar e apresentar soluções sobre um determinado tema. Nesta metodologia ele participa ativamente das atividades. Realizada desta forma, a construção do conhecimento permite uma abertura democrática e dialógica entre os alunos, estes e os professores, a direção da escola e a comunidade na qual está inserido o ambiente escolar.

- O método passivo

Em que só o professor fala - O método descritivo

Em que os alunos aprendem definições de conceitos e descrevem o que eles puderam observar numa atividade realizada

- O método analítico

Os alunos completam sua descrição com dados e informações e respondem a uma série de questões sobre o tema.

Como podemos observar a Educação Ambiental e os meios pelos quais ela pode ser inserida tanto na educação formal quanto na educação informal são diversos. O importante é que haja criatividade e sensibilidade dos profissionais e interessados para permitir a inserção deste tema nos mais variados âmbitos da sociedade.

(24)

Vasconcellos (1994) faz uma reflexão sobre o tema que nos ajuda a pensar sobre as possibilidades da EA:

“A direção que se toma ao se desenvolver a EA vai no sentido de converter: a competição em cooperação, a visão do particular em visão interdisciplinar, desperdício em otimização do uso, irresponsabilidade social e ambiental em participação consciente do cidadão que reconhece os seus direitos e deveres, exercitando ambos para o seu bem e de todos sobre o planeta Terra. A EA é um processo lento e contínuo, que inclui decidir coletivamente e influi nas relações mais íntimas entre os seres humanos” (Vasconcellos, 1994, Pag. 2).

(25)

CONCLUSÃO

A Educação Ambiental surgiu como uma possibilidade de permitir o desenvolvimento da consciência dos indivíduos e da coletividade para as questões referentes ao meio ambiente. Através desta conscientização haveria melhores condições de se lidar com os desafios vislumbrados em nossa época com relação ao ambiente e ao melhor uso dos recursos naturais, bem como de sua preservação.

Um longo caminho foi trilhado desde a década de 1960 até os nossos dias. Os grandes encontros mundiais realizados, em especial pela ONU, lançaram mais luz e conhecimento sobre o intrincado relacionamento dos seres humanos com o meio ambiente. Mas ainda há muito a ser feito. Sem dúvida elencar a educação como um meio pelo qual as mudanças necessárias poderiam ocorrer foi uma magnífica idéia e percebemos que tem proporcionado excelentes resultados.

O que se buscou primordialmente ao se pensar em Educação Ambiental foi à criação de uma estrutura, que permitisse aos indivíduos mudanças comportamental e de pensamentos, que os deixassem mais bem preparados para pensar sobre o ambiente e agir de maneira coerente e condizente com o conhecimento que estariam adquirindo e construindo. Percebemos que a educação é de fato o meio mais adequado de transformar atitudes modificando a relação dos seres humanos com o meio ambiente. Muitas idéias e novos métodos vêm sendo desenvolvidos no decorrer destes anos para possibilitar que a Educação Ambiental alcance o seu objetivo.

É uma grande responsabilidade que disseminadores e construtores do conhecimento têm acerca de tornar acessível à sociedade meios adequados, de forma adequada, para lidarem de

(26)

maneira mais consciente e coerente com progresso, meio ambiente e vida com qualidade na terra.

Afinal, hoje não podemos mais pensar ou falar em progresso sem olhar ao redor e perceber que interferência as ações humanas tem exercido sobre o meio ambiente e as conseqüências destas para o mesmo.

(27)

BIBLIOGRAFIA

DASHEFSKY, H. Steve. Dicionário de Educação Ambiental – Um guia de A a Z – Editora Gaia, São Paulo, 2001.

DIAS, G. F. Educação e Gestão Ambiental – Editora Gaia, São Paulo, 2006.

GRUN, M. Ética e Educação Ambiental – A conexão necessária – Editora Papirus, Campinas/SP, 1996

HERCULANO, E. de A. Caminhos da Educação Ambiental e o ensino da geografia – Monografia de Especialização – FAFIRE/Recife, Nov/2003.

LEFF, E. Epistemologia ambiental – Editora Cortez, São Paulo, 2001.

LEMES, Mauro - www.maurolemes.com.br em 20/01/2009

REIGOTA, Marcos, O que é educação ambiental – Editora Brasiliense, São Paulo, 1994

SERRÃO, Silvia Maria artigo: Conferências, tendências e concepções de Educação Ambiental - Periódico: Gestão e desenvolvimento;

Universidade São Francisco, Bragança Paulista jan/1999, vol. 4, número 1.

UNESCO. La educación ambiental: las grandes orientaciones de la Conferencia de Tbilisi. Paris: ONU, 1985.

VASCONCELLOS, M. das M.N. Educação Ambiental: Ponte entre diferentes áreas do conhecimento – Dissertação de Mestrado.

PUC/Rio de Janeiro, 1994.

(28)

FOLHA DE AVALIAÇÃO

TÍTULO DA MONOGRAFIA

Educação ambiental: O meio em questão AUTORA

Edneide Brasil Lyra DATA DA ENTREGA:

AVALIADO POR:

CONCEITO:

Referências

Documentos relacionados

No caso de sinistro indenizado, a propriedade dos bens (salva- dos) passa automaticamente para a seguradora, não podendo o segurado dispor dos mesmos sem expressa

Deve-se compreender que dentro de uma canção existem diversos elementos, e uma série de termos que ajudam a decodificar, ainda que de maneira sucinta, o

Feocromocitomas são os neoplasmas mais comuns da camada medular da adrenal, sendo mais frequentes em cães e bovinos (Capen 2007) e, neste estudo, correspon- deram a 25% dos

A Agência Nacional de Transportes Terrestres por meio da Resolução Nº 44 de 04 de julho de 2002, publicada no Diário Oficial da União em 12 de julho de 2002, estabelece critérios

A pesquisa investiga uma problemática, pertinente para área da comunicação, especificamente na publicidade, que é o estudo do comportamento humano através da

Tabela 3 – Percentual de larvas de Helicoverpa armigera no 4o, 5o e 6o estádio de desenvolvimento aos 15 dias de experimento com fornecimento oral de RNAdf rieske em diferentes

A presente Dissertação de Mestrado contempla duas das principais técnicas de manejo que influenciam o crescimento, desenvolvimento e a produtividade de capítulos florais e

A proposta de desenvolvimento de um software capaz de avaliar o nível de integração de cadeias de abastecimento com origem na produção familiar fez parte de um projeto