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APELAÇÃO CÍVEL SÉTIMA CÂMARA CÍVEL

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Academic year: 2022

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HABILITAÇÃO DE CRÉDITO. PROCESSO DE INVENTÁRIO. APELAÇÃO. APLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL. 1.

Embora o pedido de habilitação de crédito constitua questão incidente no processo de inventário, a decisão que o defere ou indefere é terminativa dessa relação incidental, não constituindo erro grosseiro a interposição do recurso de apelação, justificando-se a adoção do princípio da fungibilidade recursal. 2. É admissível apenas o pedido de habilitação de crédito de credor do de cujus ou do espólio em vista da transmissibilidade obrigacional própria da sucessão, e não de credor de herdeiro. Recurso conhecido, vencido o Relator e provido à unanimidade.

APELAÇÃO CÍVEL SÉTIMA CÂMARA CÍVEL

Nº 70 007 231 129 ITAQUI

ESPÓLIO DE SÉRGIO BASTOS SILVA, REPRESENTADO PELA INVENTARIANTE, JALVA VICHARA SILVA

APELANTE

COMÉRCIO E

REPRESENTAÇÕES DE INSUMOS AGRÍCOLAS LTDA.

APELADO

ESTADO DO RIO GRANDE DO

SUL INTERESSADO

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Desembargadores integrantes da Sétima

Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, por maioria, conhecer do

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apelo, vencido o em. Relator. No mérito, à unanimidade, dar provimento ao apelo.

Custas, na forma da lei.

Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores Desembargadores Maria Berenice Dias, Presidenta, e José Carlos Teixeira Giorgis.

Porto Alegre, 23 de junho de 2004.

DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES, RELATOR.

R E L A T Ó R I O

DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES - RELATOR – Trata-se da irresignação do ESPÓLIO DE S. B. S., representado por sua inventariante, J. V. S., com a r. decisão que julgou procedente o pedido de habilitação de crédito ajuizado por COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES DE INSUMOS AGRÍCOLAS LTDA. – CIAGRO.

Sustenta o apelante que a duplicata não foi emitida pelo

de cujus, não existindo a possibilidade jurídica da mesma ser cobrada do

ESPÓLIO. Afirma que a dívida está prescrita e que, caso o habilitante

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própria. Garante que a inventariante não foi intimada para responder sobre a habilitação de crédito, pois o despacho de fl. 10 foi no sentido da intimação dos herdeiros e não da inventariante. Pede a anulação ou reforma da decisão recorrida, a fim de que se cumpra a norma processual para intimação da parte e/ou a extinção do processo.

A apelação foi recebida no seu duplo efeito.

Intimada, a apelada deixou transcorrer in albis o prazo para as contra-razões.

O ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, na qualidade de interessado, veio aos autos e se manifestou informando que é credor da habilitada em face de execução de sentença que lhe move. Requer a expedição de mandado de penhora a recair sobre o crédito da devedora, até o montante apurado e a intimação da inventariante para que não pague a sua credora, executada pelo Estado, na forma do art. 671, inc. I, do CPC.

Requer, ainda, a averbação no rosto dos autos da habilitação e do inventário a penhora do crédito da empresa CIAGRO, conforme prevê o art. 674 do CPC.

À fl. 30, manifestação do Juiz a quo dizendo que não foi

possível a análise do feito.

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Sobreveio petição do apelante, fl. 31, requerendo a remessa dos autos à instância superior e dizendo que descabe a habilitação pretendida pelo Estado, visto que o crédito foi combatido e depende de decisão superior.

Não é caso de intervenção do Ministério Público.

É o relatório.

V O T O S

DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES - RELATOR – Não conheço da pretensão recursal.

Com efeito, a postulação feita pelo recorrente foi recebida pelo julgador e autuada como sendo pedido de habilitação de crédito, que é um mero incidente processual e, sendo assim, a decisão que o aprecia é interlocutória consoante expressamente conceitua o art. 162, §2º, do Código de Processo Civil, in verbis:

“Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentença, decisões interlocutórias e despachos.

§1º Sentença é o ato pelo qual o juiz põe termo ao

processo, decidindo ou não o mérito da causa.

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Data venia, os conceitos de decisão interlocutória e de sentença estão postos no Código de Processo Civil com clareza solar. E, no caso em tela, foi resolvida, precisamente, uma questão incidente no processo de inventário, e evidentemente o juiz não pôs termo ao processo.

Logo não se tratava de uma sentença, mas de mera decisão interlocutória.

Em se tratando de mera decisão interlocutória, o recurso cabível era mesmo o agravo de instrumento, consoante expressa dicção do art. 522 do Código de Processo Civil, ficando o recurso de apelação reservado para as sentenças (art. 513 do CPC).

A adequação do recurso é um dos requisitos postos na lei para a sua admissibilidade e, dentro do sistema processual, descabe o uso indiscriminado de qualquer recurso para impugnar uma decisão desfavorável. O legislador previu de forma clara e objetiva que, para cada provisão judicial, existe um remédio jurídico adequado, atentando cada modalidade recursal para a exata proporcionalidade da relevância ou da complexidade do ato judicial hostilizado.

A adoção do princípio da fungibilidade recursal visa

atenuar o rigorismo formal a fim de que a questão de fundo não seja

obstaculizada por mera irregularidade de forma. Essa conversão de um

recurso em outro, no entanto, é admitida apenas quando não se tratar de um

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erro grosseiro, isto é, quando se verificar imprecisão legal acerca da via impugnativa.

No caso em exame, inexiste qualquer imprecisão legal acerca do recurso cabível e, assim, tenho que o erro da parte é inescusável e viola frontalmente disposição expressa de lei, sendo inaplicável o princípio da fungibilidade.

ISTO POSTO, não conheço do recurso de apelação.

DESA. MARIA BERENICE DIAS – Os procedimentos de habilitação de crédito correm em autos apartados. Não entendo por que interpor um agravo de instrumento contra decisão que o aprecia. Como a decisão é terminativa do incidente, é lógico que o recurso seja juntado ao procedimento, pois esses incidentes correm em autos apartados, e a decisão do Juiz põe fim ao incidente. A finalidade é pragmática: a apelação termina com o processo, a decisão interlocutória não termina, daí a necessidade do agravo. Este é o princípio que norteia os recursos. Se há incidentes que correm em autos apartados, a irresignação tem que ser entranhada dentro nos próprios autos e remetidos para a instância superior.

Conheço do apelo.

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DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES - RELATOR – Ficando vencido, passo ao exame do mérito e tenho que é procedente a irresignação.

Com efeito, o habilitante é credor de O. V. S. herdeiro do inventariado S. B. S. e não do falecido ou da sucessão, razão pela qual deveria ter promovido contra o devedor o devido processo de cobrança, seja pela via ordinária, seja pela via monitória, seja pela via executória, onde poderia pedir, inclusive, a penhora do direito hereditário do devedor, caso ele não dispusesse de recursos para saldar a dívida ou bens para garantir o seu pagamento.

No entanto, é rigorosamente descabido o pleito de habilitação formulado no inventário. É admissível, pois, apenas o pedido de habilitação de crédito de pessoa credora do de cujus ou do espólio, em vista da transmissibilidade obrigacional própria da sucessão, e não de credor de herdeiro, sendo que a indiligência do inventariante silenciando quando instado a se manifestar sobre o pedido não induz, por óbvio, o acolhimento da habilitação. Ou seja, não existe crédito do postulante em relação ao inventariado ou ao espólio. E essa falta de título em relação à sucessão implica pretensão juridicamente impossível.

ISTO POSTO, dou provimento ao recurso para rejeitar o

pedido de habilitação de crédito.

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DESA. MARIA BERENICE DIAS – De acordo com o Relator.

DES. JOSÉ CARLOS TEIXEIRA GIORGIS – De acordo com o Relator.

DESA. MARIA BERENICE DIAS – PRESIDENTA – Apelação Cível nº 70 007 231 129, de Itaqui.

“POR MAIORIA, CONHECERAM DO APELO, VENCIDO O EM.

RELATOR. NO MÉRITO, DERAM PROVIMENTO AO APELO, À UNANIMIDADE.”

JUIZ A QUO: Dr. Rogério Delatorre.

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