AGVDO CONDOMÍNIO EDIFÍCIO EVEREST PARTE(S) ANA KWASNEY
A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, os desembargadores desta turma julgadora da Seção de Direito Privado do Tribunal de Justiça, de conformidade com o relatório e o voto do relator, que ficam fazendo parte integrante deste julgado, nesta data, deram provimento ao recurso, por votação unânime.
Turma Julgadora da 33- Câmara
RELATOR : DES. CLARET DE ALMEIDA 2
9
JUIZ : DES. SÁ DUARTE
3
2
JUIZ : DES. LUIZ EURICO
Juiz Presidente : DES. LUIZ EURICO
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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE SÃO PAULO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Agravo de Instrumento n° 1.116.739-0/8
AGRAVANTE AGRAVADO PARTE COMARCA
33
a
Câmara
ABDUL RAHMAN MAKANSE CONDOMÍNIO EDIFÍCIO EVEREST ANA KWASNEY
SÃO PAULO
Agravo de instrumento - Cobrança de despesas condominiais - Cumprimento de Sentença - Intimação do Devedor - Multa (CPC, art. 475-J) - Executado representado pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo - Intimação Pessoal - Necessidade -Recurso Provido*
VOTO N° 14.454
Agravo de instrumento interposto contra
despacho que, nos autos de ação de cobrança de despesas condominiais,
em fase de execução, assim dispôs: "Vistos, Intimem os réus de que têm
o prazo de quinze dias para cumprir a condenação, conforme os cálculos
apresentados pela credora, sob pena de incidência da multa a que alude
o art. 475-J do Código de Processo Civil, bem como de prosseguimento
da execução, com expedição de mandado de penhora e avaliação
Expeça-se mandado para intimação da ré Ana Kwasney, providencia/mo
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Agravo de Instrumento n° 1.116.739-0/8
o autor o recolhimento das diligências do Oficial de Justiça. Dê-se vista ao PAJpara intimação do réu Abdul R. Makanse. Int. "
Sustenta este último, como agravante, em apertada síntese, que a intimação do executado - na pessoa do advogado - está prevista apenas no parágrafo primeiro do art. 475-J do CPC, não na hipótese descrita no caput do mesmo artigo, sendo necessária, para efeito de pagamento voluntário sob pena de multa, a intimação pessoal do devedor, por mandado ou correspondência, sob pena de ofensa ao devido processo legal. Ressalta que está sendo patrocinado pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, o que demonstra, por si só, que não tem condições de pagar o valor que lhe é cobrado. Aduz que ''nem sempre a Defensoria obtém êxito em estabelecer contato com a parte assistida, não se podendo impingir à parte tamanho prejuízo em face da ausência de intimação pessoal". Tece considerações sobre a expressão
"advogado" constante do caput do art. 475-J do CPC, na qual não se enquadrariam os Defensores Públicos e quem exerça cargo equivalente, porque eles "não têm poderes especiais para receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso. Quanto mais para receber intimação para prática de ilícito processual (que, definitivamente, não existiu"). Aponta inobservância da norma do art. 16, parágrafo único, da Lei n° 1.060/50.
Requer o provimento do agravo, para que seja determinada a sua intimação pessoal, por mandado ou correio, para que cumpr;
voluntariamente o julgado de primeira instância.
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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE SÃO PAULO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Agravo de Instrumento n° 1.116.739-0/8
Recurso processado apenas no efeito devolutivo (fls. 90), e contraminutado (fls. 94/95).
É o relatório.
Procede o inconformismo recursal.
Acerca da questão posta em discussão, transcrevo, por sua absoluta pertinência, trecho do voto proferido pelo eminente Desembargador EGIDIO GIACOIA, no julgamento do AI n°
1.084.746-0/1:
"A intimação como prevista pelo art.
475-J do Código de Processo Civil passou a assumir relevância na nova sistemática adota pelo Legislador, em especial pela imposição de penalidade ao devedor representada por multa no percentual de 10% (dez por cento).
Somente após o decurso do prazo legal para o cumprimento voluntário da obrigação pecuniária é
que será lícita a incidência daquela multa.
Por certo nossos Tribunais saberão encontrar a melhor interpretação para a questão do inicio do prazo de 15 dias para o pagamento voluntário pelo devedor.
Entretanto, cinge-se a hipótese dos autos ao exame da validade dessa intimação quando feita na pessoa do Defensor Público, estando o assistido em gozo dos benefícios da assistência judiciária gratuita.
Encontrando-se a agravante assistida no
processo pela Procuradoria Geral do Estado, forçoso
reconhecer a desnecessidade da juntada de procuração ao
Procurador integrante da entidade de direito público, ou
nomeado em razão de convênio entre o Estado e a OAB.
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Agravo de Instrumento n° 1.116.739-0/8
Note-se que, em última análise, a assistida não participou da escolha e nem nomeou voluntariamente o Procurador.
Discorrendo sobre a nomeação judicial de Advogado, leciona ARNALDO MARMITT, "in" Mandato, Aide Editora, l"Ed.,p. 61/62, que:
"Quando o julgador nomeia advogado para defender direitos de algum cidadão, é o Estado que, através do Magistrado, nos casos previstos em lei, investe nos poderes o causídico nomeado. Nestas hipóteses dispensa-se a procuração, porque não há mandato. Sempre que o Poder Público apodera o advogado ou o curador especial, através de providência judicial, não constitui mandatário".
Assim
f
levando-se em conta as conseqüências da sanção prevista pelo art 475-J do Código de Processo Civil, a par também do caráter precário da estrutura da Procuradoria de Assistência Judiciária, fato de conhecimento notório, forçoso convir que a intimação do devedor para os fins do art 475-J do Estatuto Processual deverá se dar na sua própria pessoa, quando estiver representado no processo pela Procuradoria Geral do Estado - PGE.
Pelas razões expendidas, necessária a prévia intimação pessoal do devedor para o cumprimento voluntário da sentença nos termos do art 475-J do Código de Processo Civil, quando estiver assistido nos autos pela Procuradoria Geral do Estado ".
Nessa linha de entendimento, dou provimento ao agravo de instmmerjícC pgra a finalidade reclamada.
