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Universidade Federal de São Paulo UNIFESP. Escola Paulista de Política, Economia e Negócios EPPEN BRUNO AZEVEDO BETTA

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Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP

Escola Paulista de Política, Economia e Negócios – EPPEN

BRUNO AZEVEDO BETTA

COMPARAÇÃO DE RENTABILIDADES E SPREADS ENTRE BANCOS DO BRASIL, MÉXICO, COLÔMBIA, CANADÁ E

FRANÇA

Osasco, 2021

(2)

2

Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP

Escola Paulista de Política, Economia e Negócios – EPPEN

BRUNO AZEVEDO BETTA

COMPARAÇÃO DE RENTABILIDADES E SPREADS ENTRE BANCOS DO BRASIL, MÉXICO, COLÔMBIA, CANADÁ E

FRANÇA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentando à Universidade Federal de São Paulo no curso de Bacharelado em Ciências Contábeis.

Orientador: Prof. Dr. Francisco Carlos Fernandes

Osasco, 2021

(3)

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Unifesp Osasco e Departamento de Tecnologia da Informação Unifesp Osasco,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

B565c BETTA, Bruno Azevedo

Comparação de rentabilidades e spreads entre bancos do Brasil, México, Colômbia, Canadá e França / Bruno Azevedo Betta. - 2021.

53 f. :il.

Trabalho de conclusão de curso (Ciências Contábeis) - Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Política, Economia e Negócios, Osasco, 2021.

Orientador: Francisco Carlos Fernandes.

1. Spread bancário. 2. Rentabilidade bancária. 3.

Intermediação financeira. 4. Resultados de juros. 5.

Inadimplência (Finanças). I. Fernandes, Francisco Carlos, II.

TCC - Unifesp/EPPEN. III. Título.

CDD: 332.1

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3 AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família que me apoiou em todos estes anos de estudos, principalmente a minha mãe, que sempre me aconselhou e esteve ao meu lado em todos os momentos que precisei. Agradeço aos meus professores, que me proporcionaram crescer e evoluir como estudante, profissional e pessoa.

Agradeço ao professor Francisco, pela orientação e auxílio na elaboração e

conclusão deste trabalho. Aos meus amigos que incentivaram e tornaram os

estudos mais fáceis e a minha namorada por todo apoio e atenção.

(5)

4 RESUMO

O presente estudo comparou as rentabilidades e spreads bancários dos cinco maiores bancos brasileiros com seus pares em outros países, pertencentes às economias emergentes (México e Colômbia) e desenvolvidas (França e Canadá). A comparação é importante para tentar explicar o porquê de o spread bancário brasileiro ser historicamente elevado, e verificar se as rentabilidades dos bancos brasileiros são maiores que de seus pares em outros países da amostra. O spread bancário é um indicador financeiro de extrema importância para as análises de rentabilidades de bancos, pois é o resultado da principal atividade de um banco, a intermediação financeira, que retrata com veemência a situação financeira de cada banco e do setor dentro da economia. O estudo busca explicitar as principais diferenças entre os mercados bancários dos países estudados, de forma a indicar fatores relevantes para tais diferenças. Os principais achados do estudo foram que o spread bancário brasileiro está em nível superior ao dos países comparados, e além disso, os bancos brasileiros possuem maiores proporções de provisões para devedores duvidosos, revelando comportamento estranho em relação às baixas realizadas de suas carteiras de crédito. Evidência que pode ser oriunda de gerenciamento de resultados dentro do setor bancário brasileiro. A inadimplência é um fator extremamente citado e defendido pela literatura como o principal elemento determinante do alto spread bancário brasileiro, porém análises de contas de perdas com devedores duvidosos revelaram que a baixas brasileiras estão em conformidade com os outros países da amostra, sendo o Brasil o país que menos utiliza suas provisões de PDD.

Palavras-chave: Spread Bancário; Rentabilidade bancária; Intermediação

Financeira; Resultados de Juros; Inadimplência; PDD; Gerenciamento de

Resultados.

(6)

5 ABSTRACT

This study compared the profitability and bank spreads of the five largest Brazilian banks with their peers in other countries, belonging to the emerging economies (Mexico and Colombia) and developed (France and Canada). The comparison is important to try to explain why the Brazilian banking spread is historically high, and to verify whether the profitability of Brazilian banks is higher than that of their peers in other countries in the sample. The bank spread is an extremely important financial indicator for bank profitability analyzes, as it is the result of a bank's main activity, financial intermediation, which strongly portrays the financial situation of each bank and the sector within the economy. The study seeks to explain the main differences between the banking markets of the countries studied, in order to indicate relevant factors for such differences. The main findings of the study were that the Brazilian banking spread is at a higher level than that of the countries compared, and in addition, Brazilian banks have higher proportions of allowance for credit losses, revealing strange behavior in relation to the write-offs of their credit portfolios. Evidence that may come from earnings management within the Brazilian banking sector. Default is an extremely cited and defended factor in the literature as the main determinant of the high Brazilian banking spread, however analyzes of allowance for credit losses accounts revealed that Brazilian write-offs are in line with the other countries in the sample, with Brazil country that least uses its loss provisions.

Keywords: Banking Spread; Bank Profitability; Financial Intermediation; Interest

income; Default; Allowance for Credit Losses; Earnings Management.

(7)

6

Sumário

1. INTRODUÇÃO... 7

1.1. OBJETIVOS ... 8

1.2. JUSTIFICATIVA ... 9

2. REFERENCIAL TEÓRICO ... 10

2.1. INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA E SPREAD BANCÁRIO ... 12

2.2. COMPONENTES DO SPREAD BANCÁRIO ... 15

2.3. SPREAD BANCÁRIO NO BRASIL ... 17

3. METODOLOGIA ... 20

3.1. CARACTERIZAÇÃO ... 20

3.2. AMOSTRA ... 20

3.3. PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ... 21

3.4. PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS ... 21

3.5. HIPÓTESES ... 22

3.6. LIMITAÇÕES DO ESTUDO ... 23

4. RESULTADOS OBTIDOS ... 24

4.1. INDICADORES CALCULADOS ... 24

4.2. RELAÇÕES ENTRE INDICADORES... 40

5. CONCLUSÃO ... 44

5.1. SUGESTÕES DE PESQUISAS FUTURAS ... 46

6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 48

(8)

7 1. INTRODUÇÃO

O Spread bancário, também conhecido como margem bruta das instituições financeiras, é a diferença da taxa de captação de recursos pela taxa de aplicação dos mesmos. O spread bancário brasileiro é conhecido como um dos mais altos do mundo, até mesmo comparado com países da América Latina e Caribe.

A economia brasileira conta com o fato de ter convivido com superinflação entre as décadas de 1960 até 90, quando ocorreu a implantação do Plano Real, que fez a inflação baixar para casa dos dois dígitos, chegando abaixo de 10%

pela primeira vez apenas em 1996 (IBGE). Fator importante conforme enunciado por ARONOVICH (1994), a taxa de inflação é diretamente associada com a variação do spread bancário.

A taxa básica de juros (SELIC), definida pelo Banco Central através da política monetária nacional, também é outro fator bastante responsabilizado pela literatura pela alta taxa do spread brasileiro, e apesar da SELIC atualmente estar na faixa dos 2% (Agosto/2020), nem sempre foi dessa forma, a primeira vez que a SELIC ficou abaixo de dois dígitos ocorreu apenas em Junho de 2009 (BCB).

Com base em Estudo da FEBRABAN sobre Apuração do Spread da Indústria Bancária, a rentabilidade líquida sobre o Capital Próprio (ROE) proveniente das operações de crédito é de 16,89%.

Já OREIRO e DE PAULA (2012) trazem que o elevado spread bancário brasileiro se dá principalmente por fatores macroeconômicos, e os autores PIRTOUSCHEG E SILVA (2015) citam que o elevado spread é explicado tanto por fatores macroeconômicos como por microeconômicos através do modelo GMM System para análise de dados e concluíram que os fatores devem ser analisados em conjunto, sendo problemática a análise separada, como vista na maioria das literaturas.

Segundo GREGORIO (2005), a rentabilidade dos bancos brasileiros não

é suficiente para gerar valor agregado para seus acionistas, em período

estudado de 1997 a 2004.

(9)

8 A rentabilidade de capital próprio no Brasil é diretamente relacionada com a alta taxa de juros que é praticada no país. As instituições financeiras brasileiras possuem rentabilidade de capital próprio bastante elevada (NASCIMENTO, 2018), fazendo com que os bancos fossem uma certeza de alta rentabilidade para acionistas e investidores, até mesmo em cenários de crise econômica, em que outros setores da economia obtiveram drástica redução de receitas, como por exemplo na última década durante crise político-econômica vivenciada no país.

Caso exista relação de influência significativa entre rentabilidade e os spreads bancários em bancos estrangeiros, verificar se essa influência é parecida com a que ocorre nos bancos brasileiros. Outro fator importante de estudo é a inadimplência, visto que os bancos brasileiros costumam justificar os altos spreads principalmente pela inadimplência do mercado. Assim buscar verificar se a inadimplência é justificativa aceitável para os altos spreads praticados no Brasil, e se consegue compor o spread bancário apenas com rentabilidade.

Os dados foram obtidos por meio das demonstrações contábeis anuais disponíveis no site de cada instituição analisada. A amostra é composta pelos cinco maiores bancos de cada país com base em volume de ativos totais, sendo eles Brasil, Colômbia, México, França e Canadá.

1.1. OBJETIVOS

1.1.1. OBJETIVO GERAL

O objetivo geral do trabalho é analisar se a média das rentabilidades e dos spreads bancários dos bancos brasileiros é maior que a média de seus pares em países com economias e setor bancário parecido com o brasileiro, ou países tidos como emergentes, e de países desenvolvidos para eventual diferenciação, dentro do período de 2015 a 2019.

1.1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos do trabalho são os seguintes:

• Analisar a relação entre spread e rentabilidades no setor bancário

brasileiro.

(10)

9

• Verificar se os altos juros praticados no Brasil possui influência significante nas rentabilidades dos bancos brasileiros.

• Verificar os efeitos da concentração bancaria nas taxas de spreads bancários no Brasil e em outros países.

1.2. JUSTIFICATIVA

O presente estudo se justifica pela necessidade de comparar o spread bancário brasileiro com outros países com economias semelhantes ao Brasil e também países desenvolvidos. Verificando assim se a semelhança de mercado é o principal fator determinante no spread bancário de um país.

A inadimplência também é alvo de discussões na literatura, em que se é diretamente acusada pelo alto spread brasileiro, porém a comparação com outros países pode trazer outras perspectivas ao cenário brasileiro.

No âmbito da pesquisa, o trabalho se justifica de modo a auxiliar o entendimento do spread bancário por meio de estudo empírico, que muitas vezes ajudam a esclarecer fenômenos ainda não observados e estudados dentro da área.

Este trabalho está organizado em cinco capítulos principais, sendo o primeiro a introdução. No segundo é delineado o referencial teórico. O terceiro capítulo será apresentada a metodologia utilizada e base de dados levantados.

No quarto capítulo, os resultados e análise dos dados. E por último, no quinto

capítulo, constam as conclusões e considerações finais sobre o estudo.

(11)

10 2. REFERENCIAL TEÓRICO

O Sistema Financeiro Nacional é um conjunto de instituições financeiras e instrumentos financeiras que visam transferir recursos dos agentes econômicos, o sistema é composto por todas as instituições financeiras, públicas e privadas do país.

A estrutura do Sistema Financeiro Nacional (SFN) é composto em três níveis: normativo, supervisor e operacional. O sistema normativo é composto pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é o órgão máximo do SFN, é responsável por normatizar, regular e disciplinar. É o órgão que vai ditar todas as regras do SFN, e por meio dele que o governo consegue implementar sua política monetária nacional. No sistema supervisor existem os órgãos supervisores composto pelo Banco Central do Brasil (BACEN ou BCB) ASSAF NETO (2018).

A alta concentração bancaria no Brasil é motivo de estudo e diretamente relacionado com sugestões do porquê de o spread brasileiro ser tão elevado em comparação com outros países. Segundo GARCIA (2018), a concentração do mercado de operações de crédito no Brasil aumentou de março de 2011 a dezembro de 2017, com base em dados do IF.data, banco de dados do Banco Central.

O presente estudo busca comparar o setor bancário brasileiro com outros países que possuem alta concentração bancária, visando determinar o nível de competitividade existente no Brasil, como evidenciado por SILVA e PIRTOUSCHEG (2015), em que dizem que não existe baixa competitividade no mercado bancário brasileiro (cartel), porém o alto custo do capital influencia diretamente na força do maiores bancos sobre o mercado em relação à entrada de novas instituições financeiras, os cinco maiores bancos de Varejo (Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander) possuem aproximadamente 80% dos ativos do mercado bancário brasileiro.

Em abordagem da Estrutura, Conduta e Desempenho (ECD), a conduta

das instituições financeiras é determinada pela concentração de mercado, ou

seja, um mercado de crédito mais concentrado levaria a maiores spreads

praticados pelas instituições financeiras (BCB, 2018).

(12)

11 A taxa de juros no Brasil é considerada uma das mais altas do mundo, em uma avaliação empírica realizada por OREIRO et al. (2012) a taxa de juros brasileira é uma das principais causas do alto custo do capital. Assim o país era considerado atrativo para investidores, visto que em países emergentes como o Brasil, o crescimento econômico (PIB) foi maior de nos últimos 25 anos, o spread bancário e taxa de juros menor comparado ao Brasil.

Um fator determinante evidenciado pelos autores, é que o spread bancário brasileiro é diretamente influenciado pela taxa básica de juros (Selic), mas que uma redução de tal taxa não trará resultado imediato na variação do spread, apenas em longo prazo uma diminuição da Selic seria reflexo no spread bancário.

Outro fator a ser testado é a de que o custo do capital próprio elevado tem causa no alto custo do capital de terceiros. Além dos fatores supracitados, o mercado financeiro, como flutuações rápidas e instantâneas em relação aos posicionamentos do governo em mudanças na política monetária, cujo impacto só é visível através do aumento significativo da taxa básica de juros.

A inadimplência de Pessoas Físicas é analisada de forma bastante contundente no estudo da FIPECAFI (2004), visto que o Spread Bruto de PF foi de 73,10% enquanto para Pessoas Jurídicas o Spread Bruto era de 48,97%,

Os indicadores de rentabilidade são essenciais para o desenvolvimento da pesquisa, conforme observado em estudo do Congresso USP de 2013, os indicadores de retorno sobre o Patrimônio Líquido e Retorno sobre Ativos obtiveram resultados significativos nas comparações de demonstrações em IFRS (International Financial Reporting Standards) com demonstrações preparadas para o BCB, o que significa que suas diferenças não foram relevantes no estudo realizado no período de 2011 na indústria bancária brasileira.

Os indicadores de rentabilidade se tornam fonte importante para análise do spread bancário no Brasil e principalmente na comparação isonômica entre entidades financeiras para alcance do objetivo da pesquisa.

O fator do Brasil ter historicamente um dos maiores spreads bancários do

mundo o torna interessante se relacionado com o comportamento das

(13)

12 instituições financeiras bancarias, de forma que haja uma dúvida se o retorno e rentabilidade dos bancos brasileiros são acima dos seus pares em outros países.

A rentabilidade do setor bancário brasileiro é consideravelmente superior aos outros setores da economia, em estudo de NASCIMENTO (2018) comparando as Demonstrações dos Valores Adicionados de bancos brasileiros com instituições não-bancarias evidencia, até mesmo em período de recessão e crise político-econômica, que a rentabilidade e retorno do capital investido nos bancos é substancialmente superior aos outros setores.

2.1. INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA E SPREAD BANCÁRIO

As instituições financeiras têm a função de contribuir para a expansão do nível de investimento e oferta de bens e serviços, contribuindo com o crescimento econômico. A poupança nacional tem papel fundamental nesse processo, pois através de sua captação pelos intermediários financeiros, e o direcionamento dos recursos aos agentes deficitários de capital, alocando capital em investimentos produtivos e o incentivando o crescimento e desenvolvimento econômico. Esse papel de transferência de capital entre os agentes superavitários e deficitários pelos intermediários financeiros é importante gerador riqueza nacional.

Intermediação Financeira é a atividade em que as instituições financeiras se relacionam com agentes econômicos superavitários e deficitários, tomando emprestado dos agentes com capital sobrando e emprestando-os à agentes com necessidade desse capital. Se caracteriza por uma relação de oferta e demanda de capital na sociedade, em que o intermediador é a instituição financeira, porém com remuneração sobre a operação, de pegar emprestado e emprestar.

Os agentes econômicos podem ser pessoas físicas, jurídicas e governos,

sendo os superavitários aqueles que possuem fluxo de caixa positivo, enquanto

que os deficitários possuem fluxo negativo. As instituições financeiras podem

atuar em operações ativas e passivas, ou seja, sendo credores ou devedores de

crédito dos agentes econômicos, ilustrado na figura 1 (ASSAF NETO 2018)

abaixo.

(14)

13 F

IGURA

1 O

PERAÇÕES DE

I

NTERMEDIAÇÃO

F

INANCEIRA

FONTE:MERCADO FINANCEIRO –ASSAFNETO(2018)

A relação entre os agentes econômicos superavitários e deficitários poderia ocorrer diretamente entre si, sem a necessidade de um banco para realizar a mediação. Porém os agentes superavitários não possuem as ferramentas adequadas de mensuração de remuneração, e cálculos de risco.

Impossibilitando avaliar com a mesma precisão que uma IFs, se um possível tomador de empréstimos conseguiria honrar com seus compromissos, evitando perdas e fraudes.

Existe outro tipo de intermediação financeira chamada de desintermediação (ASSAF NETO), neste tipo de intermediação a instituição financeira aparece apenas com participação indireta em relação aos agentes econômicos, esse tipo de intermediação ocorre com maior frequência em operações de longo prazo.

A infraestrutura oferecida pelo Sistema Financeiro Nacional, com regulamentações sobre as operações dos bancos, de operações de crédito, analises de riscos, serve de modo a mitigar os riscos sobre o capital investido pelo agente superavitário nas IFs, sendo estas as responsáveis pelas possíveis perdas em relação aos agentes deficitários.

A intermediação financeira possui extrema importância na solução do

problema de transferência de fundos, ou seja, os intermediários financeiros

possuem maior eficiência no processo envolvendo os agentes econômicos, que

perderiam muito tempo e dinheiro se dependessem de si mesmos para se

acharam a condições aceitáveis de finalizar as transações de transferência.

(15)

14 Os principais fatores que afetariam uma possível relação direta entre emprestadores e tomadores de empréstimos seriam os riscos de juros, de crédito, liquidez do capital, a maturação dos contratos e as garantias oferecidas.

O risco de crédito que as instituições tomam frente seus clientes tomadores de empréstimos aumenta a taxa de juros cobrada sobre o montante emprestado, de forma a criar uma diferença entre as taxas do spread bancário, essa diferença é a remuneração das IFs.

A vantagem oferecida pelos intermediários financeiros são as especializações em direcionar a poupança em títulos e valores econômicos no mercado de forma a agradar os agentes econômicos. A rapidez e o custo menor são algumas das vantagens que o intermediador financeiro inserido no mercado tem a oferecer em comparação com agentes econômicos que operam isoladamente.

O sistema financeiro tem papel importante no desenvolvimento e crescimento econômico da sociedade, pois trouxe ao mercado maior liquidez, alternativas de operações e instrumentos financeiros. As principais vantagens da atividade de intermediação financeira são as conciliações de prazos dos participantes do mercado, a alocação eficiente dos recursos, e a gestão de risco, de forma a mitigar os riscos e diminuir as perdas.

O capital é o Fator de Produção demandado pela sociedade em relações de intermediação financeira, e a sua remuneração são os juros. Tanto os pagos pelas IFs aos agentes superavitários, quanto os pagos pelos deficitários às IFs.

A taxa de juros é o mecanismo que visa manter o equilíbrio entra a poupança e investimento na economia.

O Spread bancário, ou margem bruta das instituições financeiras, é a diferença da taxa de captação de recursos pela taxa de aplicação. Segundo o Banco Mundial o spread bancário é utilizado como indicador de eficiência do custo de intermediação financeira (JUNIOR et al, 2018).

O spread bancário é calculado em sua forma bruta e líquida. O spread

Bruto é a diferença da taxa de captação pela taxa de aplicação de recursos e o

Spread Líquido é o cálculo do Spread Bruto menos as tributações (sobre

operações e resultado), inadimplência e despesas operacionais.

(16)

15 2.2. COMPONENTES DO SPREAD BANCÁRIO

O Spread Bancário é constituído por componentes de receita e de custos.

A principal relação que o spread bancário traz é entre as taxas de captação e aplicação dos recursos. Porém ocorrem despesas que devem ser consideradas, pois afetam diretamente o resultado da operação.

Os componentes do Spread Bancário são expressos no quadro abaixo (figura 2):

F

IGURA

2 C

OMPONENTES DO

S

PREAD

B

ANCÁRIO

Taxa de Aplicação Financeira – corresponde às receitas (taxas de retorno) auferidas pela instituição decorrentes das aplicações de seus recursos próprios e de terceiros em operações de crédito, cambiais, prestação de serviços e tesouraria, entre outras.

Taxa de Captação – são todas as despesas (custos) de captação de

recursos financeiros (próprios e de terceiros) processados pelo banco

para lastrear suas aplicações, incluindo o custo do depósito compulsório

sobre captação.

(17)

16

Impostos sobre Operações – compreendem os impostos indiretos de responsabilidade da instituição financeira, como PIS, COFINS, ISS, IOF, contribuições ao FGC etc.

Inadimplência – percentual das aplicações financeiras, centradas principalmente em títulos adquiridos e operações de crédito, considerado como de realização duvidosa. Pode ser calculado pela relação entre a provisão para créditos de liquidação duvidosa e o volume de créditos concedidos.

Despesas Operacionais – envolvem despesas de pessoal, administrativas, judiciais e outras realizadas no período.

Provisão para IR e CSLL – alíquota dos tributos incidentes sobre os resultados do banco, e calculada geralmente no Brasil pela alíquota de 34%.

O depósito compulsório determinado pelo Banco Central. É uma obrigação das instituições financeiras para segurança do sistema financeiro, em que um percentual de todos os depósitos que ocorrem nos bancos (à vista, a prazo ou poupança) devem ser repassados ao BC. Em dezembro de 2019, a alíquota era de 21%, o percentual diminuiu para 17%, valor válido até abril de 2021 (NUBANK). Os depósitos compulsórios ficam em uma conta do Banco Central sem remuneração para os bancos depositantes.

Segundo estudo realizado em 2017 pelo Banco Central, chamado de Painel Projeto Spread Bancário, a inadimplência tinha 55,7% de responsabilidade do spread bancário, na média do período de 2011 até 2016 (ILAN GOLDFAJN), percentual demonstrado na tabela abaixo.

As variações no spread se dão pelas variações das taxas de juros de

aplicações e captações dos bancos, segundo SINKEY JR (1992), as variações

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17 nos ativos e passivos sensíveis à essas taxas refletem na variação do Spread, como demonstrado na equação abaixo.

∆𝑁𝐼𝐼 = ∆𝑟 𝑥 𝐺𝐴𝑃 = ∆𝑟(𝑅𝑆𝐴 − 𝑅𝑆𝐿)

A equação é definida pela variação de NII(Net Interest Income), que é a variação de Receitas Líquidas de Juros ou variação do spread bancário, sendo igual a variação de r(rate), que é a taxa de juros, multiplicado por GAP, diferença entre Ativos sensíveis à taxa de juros (RSA - rate-sensitive assets) e Passivos sensíveis à taxa de juros (RSL- rate-sensitive liabilities). Ou seja, o cálculo da variação do spread é diretamente relacionado com as taxas praticadas pela instituição, e os ativos e passivos sensíveis àquelas taxas de juros.

O gerenciamento de ativos e passivos é um processo focado na sensibilidade dos lucros, estes diretamente afetados por mudanças nas taxas de juros praticadas nas operações ativas e passivas, incorrendo em mudanças nas Receitas Liquidas de Juros (Spread bancário).

Os bancos, na gestão dos riscos em que incorrem nas suas operações de crédito, devem considerar e mensurar tanto os riscos de crédito (não recebimento dos montantes emprestado pelo banco, qualidade da carteira de crédito e provisões adequadas), como os riscos de juros, que são as variações que podem incorrer sobre as taxas de juros de mercado, como risco país, taxa SELIC, nível de poupança nacional, entre outros.

2.3. SPREAD BANCÁRIO NO BRASIL

O spread bancário no Brasil é explicado principalmente por aspectos macroeconômicos. Em períodos recentes muitos autores desenvolveram modelos matemáticos que englobaram também aspectos micros econômicos, como demonstrado por NAKANE (2001).

Em estudo de SILVA E PIRTOUSCHEG (2015) foi evidenciado que tantos

os fatores micro quanto os macroeconômicos são relevantes para a composição

do spread bancário brasileiro, através do modelo GMM System (Método

Generalizado dos Momentos) pode-se concluir que os fatores macroeconômicos

são importantes na composição do spread bancário, desde que considerada o

contexto econômico do país e do mercado financeiro em si.

(19)

18 Segundo PEREIRA (2018), spreads bancários elevados podem comprometer o crescimento econômico do país, afetando a capacidade de investimento e de consumo do país.

Em estudo a respeito sobre os fatores macroeconômicos que influenciam o spread bancário do Brasil, JUNIOR et al (2018) apresentam que os principais fatores influenciadores no período de 2011 a 2015 no Brasil foram, de maneira positiva, a inadimplência, os IPIs (Índices de Bens de Produção Industrial) de bens de capital, bens intermediários, bens de consumo duráveis, bens semiduráveis e não duráveis, a Selic, o PIB, a taxa de desemprego e o EMBI+

(Índice de Títulos da Dívida de Mercados Emergentes).

O spread bancário foi determinado por modelo econométrico em estudo de PEREIRA (2018), modelo GMM System na forma de um painel dinâmico, que encontraram a inadimplência, o lucro das IFs e despesas administrativas como os principais fatores determinantes do spread bancário de 2000 a 2017.

Dentre os fatores de maneira negativa, os principais fatores foram, os IPIs bens de consumo e geral, o IPCA, o saldo da carteira de credito e o índice de vendas no varejo. Os autores evidenciaram que um maior progresso da indústria, diminuição na taxa de desemprego e aumento do consumo são os principais fatores para buscar a diminuição do spread bancário.

Em trabalho desenvolvido pela FIPECAFI (2004), sobre a estrutura da taxa de juros no Brasil e apuração do Spread na indústria bancaria, por solicitação da FEBRABAN, foram definidos alguns termos relativos ao spread bancário. Spread Bruto é a diferença entre a receita financeira de aplicação consolidada e a despesa total de captação. Spread Direto é correspondente ao Spread Bruto consolidado deduzido das despesas operacionais. Já o Spread antes do IR/CSLL é o Spread Direto deduzido das despesas operacionais indiretas. E para o IR e CSLL foi considerada a alíquota de 34%, quando resultado positivo e credito tributário de 34% quando resultado negativo.

Após a retenção dos tributos foi considerado o Spread Liquido. Com base

no Spread Liquido é possível calcular a rentabilidade sobre o Patrimônio Líquido,

considerando índice de captação em 11% (índice de Basileia em 2004) do

(20)

19 estudo, o retorno sobre o Capital Próprio (ROE) proveniente das operações de crédito foi de 16,89% no período de 2003.

Segundo BARBOSA (2019), em 2016 o spread bancário brasileiro girava

em torno de 22% ao ano, contra 9,1% no México e 3,9% na Colômbia. Segundo

o mesmo autor, a FEBRABAN publicou estudo técnico em 2016 de forma a

explicar o alto spread bancário brasileiro, e a inadimplência é a principal vilã no

peso do spread bancário brasileiro, tomando cerca de um terço do spread

bancário brasileiro. Outro fator que o mesmo cita é a tributação sobre operações

financeiras, como é o caso do IOF, que está com alíquota zero por decreto do

governo em dezembro de 2020, mas que gira em torno de 1,5% para Pessoas

Físicas e 3% para Pessoas Jurídicas, como taxa adicional de 0,38%, sobre as

operações de crédito quando vigente sua tributação.

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20 3. METODOLOGIA

A metodologia do presente estudo se caracteriza como uma pesquisa descritiva, documental e qualitativa. A principal ferramenta utilizada foi a comparação das médias dos indicadores de cada país. A comparação das rentabilidades dos bancos se dará principalmente pelos indicadores de Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) e rentabilidade sobre o Ativo (ROA).

Os dados utilizados na amostra de pesquisa foram as pelas demonstrações financeiras e contábeis dos cinco maiores bancos de varejo do Brasil, México, Colômbia, França e Canadá durante o período de 2015 a 2019.

As Demonstrações utilizadas como base de estudo foram as Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração do Resultado Abrangente (DRA), Balanço Patrimonial (BP), Demonstrações de Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) e Notas Explicativas.

3.1. CARACTERIZAÇÃO

No tocante aos objetivos do estudo, a presente pesquisa se caracteriza como descritiva, pois visa descrever quais os comportamentos das rentabilidades, do spread e da inadimplência durante o período estudado.

Em relação aos procedimentos, refere-se a uma pesquisa do tipo documental, pois os documentos analisados, as demonstrações financeiras dos bancos, ainda não tiveram um tratamento analítico, não se caracterizando como documentos oriundos de pesquisas cientificas. Os documentos obtidos são caracterizados como de segunda-mão (GIL,1999), pois são documentos oriundos de relatórios das empresas.

A abordagem do problema revela que a presente pesquisa é tida como qualitativa. A contabilidade tida como uma ciência social, revela que esse tipo de pesquisa ajuda a entender a natureza de um fenômeno social. E o presente estudo não trata os dados de forma estatística.

3.2. AMOSTRA

A amostra da pesquisa se dá pelos cinco maiores bancos de Brasil, México, Colômbia, França e Canadá, apresentados pelos seguintes bancos:

3.2.1. Brasil

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21 Os bancos brasileiros foram o Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Santander do Brasil e Safra*. A Caixa Econômica Federal foi retirada da pesquisa, pois não possuía suas demonstrações contábeis publicadas em formato IFRS nos anos de 2018 e 2019, sendo substituída pelo sexto maior banco brasileiro, o banco Safra.

3.2.2. México

Os bancos mexicanos foram o Banamex, Banorte, BBVA Bancomer, HSBC México e Santander do México.

3.2.3. Colômbia

Os bancos colombianos foram o Banco de Bogotá, Bancolombia, BBVA Colômbia, Davivienda e Itaú Corpbanca.

3.2.4. Canadá

Os bancos canadenses foram o Bank of Montreal, CIBC, Royal Bank of Canada, Scotiabank e TD Bank.

3.2.5. França

Por último os bancos franceses foram o BNP Paribas, BPCE, Credit Agricole, Credit Mutuel e Societe Generale. Interessantes ressaltar que o mercado bancário francês possui um histórico de cooperativas e extenso envolvimento do governo ao longo da história, contribuindo para seu desenvolvimento (Gueslin, 2002 recitado).

3.3. PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados se deu pelo acesso aos sites das citadas instituições financeiras, buscando as demonstrações financeiras e contábeis consolidadas no período do estudo.

3.4. PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS

Os procedimentos de análise se deram principalmente por proporções dos

números coletados, ou seja, indicadores em porcentagem, de forma a eliminar

possíveis diferenças nas demonstrações financeiras, que poderiam estar em

desacordo com as normas internacionais.

(23)

22 As demonstrações das instituições brasileiras, francesas e canadenses foram coletadas de acordo com as normas IFRS. As demonstrações mexicanas e colombianas estavam em conformidade com as normas de cada país, estes que seguem normas internacionais conforme orientação das instituições reguladoras de cada país, porém nas demonstrações de México e Colômbia, foram citadas apenas as normas nacionais de cada país.

Os indicadores de resultados selecionados foram escolhidos de forma a evidenciar as rentabilidades dos juros de spread bancário, estes sobre os ativos, PL e Resultados Líquidos, assim como a Margem Líquida, todos esses indicadores são recomendados pelo FMI, em estudo de 2006.

Os indicadores de inadimplência, como write-off (baixas), saldo da Provisões de Devedores Duvidosos (PDD) no Balanço Patrimonial, Saldos provisionados de PDD em resultado, tiveram importância para evidenciar as relações das despesas provisionadas, as baixas de créditos tirados da carteira, e os saldos de PDD mantidos nos balanços. Estes indicadores de inadimplência, que visa revelar o comportamento das provisões e baixas foram determinados de forma conveniente, para analisar e comparar as curvas dos diferentes países.

Os indicadores foram calculados para cada banco da amostra, e para tirar o número respectivo de cada país, foi feita média simples entre os indicadores de cada banco daquele país. O cálculo da média simples busca tirar a influência do tamanho que cada banco possui dentro da amostra, podendo auferir influência significativa caso os indicadores fossem calculados com média ponderada entre os bancos de cada país.

3.5. HIPÓTESES

Com base na literatura do estudo e os históricos do alto spread bancário brasileiro e altas taxas de juros, as hipóteses levantadas são:

H1: Se a rentabilidade do setor bancário brasileiro é maior que a dos

países da amostra, que possuem mercado financeiro semelhante ao brasileiro e

também comparar com países que possuem mercados financeiros

desenvolvidos.

(24)

23 H2: Se a rentabilidade do setor bancário brasileiro é diretamente relacionada com o alto spread praticado no país e possui importância significativa.

H3: Se a inadimplência possui influência significativa no spread bancário.

3.6. LIMITAÇÕES DO ESTUDO

A não publicação das demonstrações em IFRS pela CAIXA foi uma das principais limitações do estudo, visto que é um dos maiores bancos do mercado brasileiro e possui grande influência nas taxas de credito imobiliário do mercado.

Por ser um banco público, voltado para o desenvolvimento econômico e social, é considerada instrumento do governo brasileiro de modo a influenciar o mercado bancário.

Não foram possíveis alguns cálculos de indicadores franceses de maneira normal, pois não foram achadas as demonstrações financeiras de 2014 do banco Credit Mutuel para cálculo de variação anual de 2014 a 2015, e nas demonstrações financeiras do banco Credit Agricole, não foram encontrados os dados de write-off para os anos de 2015 e 2016. Em todos esses casos, a média do país foi calculada com 4 bancos, retirando esses dados incompletos dos cálculos.

Não foi possível, dentro do cronograma da pesquisa, incluir as

demonstrações financeiras de 2020 e considerar os possíveis efeitos da

pandemia no estudo.

(25)

24 4. RESULTADOS OBTIDOS

4.1. INDICADORES CALCULADOS

Os indicadores utilizados na análise rentabilidade do estudo trazem são sobre o Patrimônio Líquido e os Ativos Totais das Instituições, recomendado em estudo compilado pelo FMI em 2006 (13º CONGRESSO USP, 2013). E a Margem Líquida evidencia a porcentagem que o spread bancário tem sobre os resultados líquidos dos bancos.

4.1.1. RSPL(DRE): Resultado Líquido sobre Patrimônio Líquido

O gráfico acima mostra a média simples dos países, e evidencia que os países emergentes (Brasil, México e Colômbia) apresentam variação significativa durante os anos, enquanto que os países desenvolvidos (Canadá e França) apresentam variação mínima no percorrer dos anos, porém em níveis diferentes, com Canadá tendo mais que o dobro do percentual francês. Brasil e

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2015 2016 2017 2018 2019

RSPL(DRE) = (Resultado Liquido)/(Patrimônio Líquido)

RSPL (DRE)

Média Brasil Média Colômbia Média França Média México Média Canadá

(26)

25 México apresentam comportamento das curvas semelhantes a partir de 2016, enquanto que a média da Colômbia apresentou variação significativa devido à um dos bancos ter registrado Resultado Líquido negativo nos anos de 2016 e 2018.

4.1.2. Independência Financeira: Patrimônio Líquido sobre Ativos Totais

O gráfico acima evidencia a maior independência dos bancos brasileiros, mexicanos e colombianos em relação à franceses e canadenses. As curvas são constantes em todos os países, porém em níveis diferentes, com média 5,6% e 6% na França e Canadá, respectivamente. A média brasileira é de 9,14% no período, e México e Colômbia possuem média de 10,41% e 10,70%, respectivamente. Ou seja, quanto menor o uso de capital de terceiros, menor a incerteza sobre os resultados esperados (ASSAF NETO, 2006). Assim como o nível de capital funciona como proteção para os depositantes nas IFs (13ºCONGRESSO USP, 2013).

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2015 2016 2017 2018 2019

Independência Financeira: IndFin = PL/AT

Independência Financeira (IndFin = PL/AT)

Média Brasil Média Colômbia Média França Média México Média Canadá

(27)

26 4.1.3. RSA(DRE): Resultado Líquido sobre Ativos Totais

O gráfico acima apresenta a média simples dos países, e revela que as variações são significativas no Brasil, México e Colômbia, enquanto que as curvas permanecem estáveis na França e Canadá, porém os níveis de França e Canadá são diferentes, com Canadá tendo o dobro do percentual francês.

México é o único país que apresenta a curva crescente durante todo o período estudado, o indicador brasileiro apresenta queda em 2016 e recuperação posterior, já a curva colombiana apresenta queda brusca de um terço em 2017.

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2015 2016 2017 2018 2019

RSA(DRE) = (Resultado Liquido)/(Ativos Totais)

RSA (DRE)

Média Brasil Média Colômbia Média França Média México Média Canadá

(28)

27 4.1.4. ML (Margem Líquida-DRE): Resultado Líquido sobre Resultado de

Intermediação Financeira

O gráfico acima nos mostra que os percentuais de Resultado Líquido sobre Resultados de Intermediação Financeira são maiores na França e Canadá, chegando a ser mais que a metade do Resultado de Intermediação Financeira no Canadá durante todo o período da amostra. Já em Brasil, México e Colômbia as margens giram em torno de 30%, sendo a Colômbia a que obteve maior queda em 2017 devido um de seus bancos apresentarem resultados negativos em 2016 e 2018 e resultado abaixo da normalidade em 2017. Ou seja, da função básica de um banco, os percentuais são maiores no Canadá e França.

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2015 2016 2017 2018 2019

ML(DRE) = (Resultado Liquido)/(Resultado de Intermediação Financeira)

ML (DRE)

Média Brasil Média Colômbia Média França Média México Média Canadá

(29)

28 4.1.5. RSPL(DRA) = Resultado Abrangente sobre Patrimônio Líquido

O gráfico acima revela que os Resultados Abrangentes franceses e canadenses possuem maior volatilidade em relação ao Resultado Líquido, apresentando queda do indicador de 2015 a 2017, assim como a Colômbia. Já os indicadores de Brasil e México possuem curvas crescentes no mesmo período, com México estendendo o crescimento por mais um ano, enquanto que a Colômbia apresenta recuperação em 2019.

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2015 2016 2017 2018 2019

RSPL(DRA) = (Resultado Abrangente)/(Patrimônio Líquido)

RSPL (DRA)

Média Brasil Média Colômbia Média França Média México Média Canadá

(30)

29 4.1.6. RSA(DRA) = Resultado Abrangente sobre Ativos Totais

O gráfico acima mostra as curvas do Canadá e França semelhantes, e maior variação nos indicadores de Colômbia e México, a primeira em queda e os mexicanos em crescente. Já o indicador brasileiro mantém leve crescimento durante o período, com maior acentuação em 2019.

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2015 2016 2017 2018 2019

RSA(DRA) = (Resultado Abrangente)/(Ativos Totais)

RSA (DRA)

Média Brasil Média Colômbia Média França Média México Média Canadá

(31)

30 4.1.7. ML (Margem Líquida-DRA): Resultado Abrangente sobre

Resultado de Intermediação Financeira

Os percentuais de três países, Canadá, França e Colômbia, mostram queda brusca em 2016, França e Colômbia continuam ainda em 2017. México e Brasil apresentam curvas semelhantes durante o período, se cruzando em 2018, porém não apresentando alta volatilidade em suas respectivas curvas. Já o indicador francês possui extrema volatilidade, com queda e crescimento bruscos, atingindo valor mínimo em 2017, se recuperando nos anos seguintes.

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2015 2016 2017 2018 2019

ML(DRA) = (Resultado Abrangente)/(Resultado de Intermediação Financeira)

ML (DRA)

Média Brasil Média Colômbia Média França Média México Média Canadá

(32)

31 4.1.8. Resultado de Intermediação Financeira sobre Saldo das

Operações de Crédito Líquidas de Provisões

O indicador acima, possui um padrão em comum em todas as curvas, porém em níveis diferentes, sendo França e Canadá os menores, e Colômbia, México e Brasil os maiores, nessa ordem. O nível do indicador brasileiro é seis vezes maior que o francês e quatro vezes o canadense, e ainda comparando com México e Colômbia, é 20% e 40% maior, respectivamente, na média do período.

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2015 2016 2017 2018 2019

Resultado de Intermediação Financeira (Receita líquida de juros) / OpCred Líquidas de PDD(BP)

Resultado Juros/CCred

Média Brasil Média Colômbia Média França Média México Média Canadá

(33)

32 4.1.9. Resultado de Intermediação Financeira sobre Patrimônio Líquido

O gráfico acima mostra constantes nas curvas de França e Canadá, em níveis de 15% e 25%, respectivamente. Já Brasil, México e Colômbia apresentam níveis maiores do indicador, girando em torno de 50% na média dos três países durante todo o período. O Brasil é o país que apresenta maior queda no período, registrada em 2017, com 6,5 p.p., e terminando com o segundo maior indicador em 2019 (51,51%).

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2015 2016 2017 2018 2019

Resultado de Intermediação Financeira (Receita líquida de juros) / PL

Resultado Juros/PL

Média Brasil Média Colômbia Média França Média México Média Canadá

(34)

33 4.1.10. Resultado de Intermediação Financeira sobre Ativos Totais

O gráfico acima mostra constante nos indicadores de França e Canadá durante todo o período, assim como visto no gráfico anterior. México, Brasil e Colômbia possuem níveis semelhantes de curvas, porém mantém a constante nos valores durante o período, não obtendo ganhos, diferente de Colômbia e México, que obtiveram curvas crescentes durante ao longo do período.

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2015 2016 2017 2018 2019

Resultado de Intermediação Financeira (Receita líquida de juros) / Ativos Totais

Resultado Juros/AtivosTotais

Média Brasil Média Colômbia Média França Média México Média Canadá

(35)

34 4.1.11. Saldo da Provisões de Perdas Duvidosas sobre Saldo das

Operações de Crédito Líquidas de Provisões

O gráfico acima evidencia o menor nível dos indicadores em Canadá e França, respectivamente, com a média canadense com valor máximo de 0,63%, e francês apresentando leve queda durante o período, de 2,70% em 2015 para 1,94% em 2019. A curva mexicana apresenta mesmo padrão da curva francesa, em nível de aproximadamente 1,20% acima da francesa.

Colômbia e Brasil apresentaram crescimento, sendo o indicador colombiano o que apresentou maior alta durante o período, terminando com 5,37% em 2019. Os níveis brasileiros são os maiores durante todo o período da amostra, acima de 6,10% de 2017 até 2019, com maior valor justamente em 2017 (6,39%), mais que o dobro do indicador francês no mesmo ano, e 11 vezes maior que o canadense.

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2015 2016 2017 2018 2019

Saldo da Prov PDD(balanço)/OpCred Líquidas de PDD(BP)

Saldo PDD/CCred

Média Brasil Média Colômbia Média França Média México Média Canadá

(36)

35 4.1.12. Variação anual do Saldo da Provisões de Perdas Duvidosas

O gráfico acima mostra a variação anual dos saldos da conta de Provisão de Devedores Duvidosos. As curvas de Brasil e Colômbia são as que possuem maior variação no período, com queda brasileira de 25% de 2015 para 2016, e queda colombiana de 39% de 2018 para 2019. A curva colombiana é também a que apresenta maior alta no período, de 2016 a 2018, com alta de 23,48%

nesses dois anos. As médias dos indicadores dos dois países são, 14,34% e 21,61%, positivos, respectivamente.

A curva francesa é a única que possui todos os valores negativos na amostra, apresentando média do indicador de 2,52% negativo. As variações mexicanas também possuam alta volatilidade, com picos de 8,25% e -0,20%, obtendo média do indicador de 4,21% no período estudado. O Canadá possui média do indicador de 6,12%, com valor máximo em 2019, atingindo 12,34% de variação anual em sua conta de PDD.

Obs.: Média francesa em 2015 foi calculada com 4 bancos (banco Credit Mutuel não apresentou o dado na DF de 2014).

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2015 2016 2017 2018 2019

Variação anual do Saldo de PDD(balanço)

Variação PDD ano a ano

Média Brasil Média Colômbia Média França Média México Média Canadá

(37)

36 4.1.13. Baixas de PDD sobre Despesa Constituída de PDD no

período

O gráfico acima mostra a relação entre as baixas contra resultado (write- off) da conta de PDD (créditos que o banco desistiu de recuperar) contra a despesa constituída na conta de PDD (valor alocado).

A curva canadense se mantém sempre acima de 111%, com pico de 141,84% em 2018, obtendo média de 126,12%. O México é o que mais se aproxima da curva canadense, com média de aprox. 97% e pico de 109,30% em 2016. Colômbia é o país que apresenta menores valores do indicador, com média de 63,41%, porém terminando 2019 no mesmo nível de Brasil, México e França, com 97,85%.

França e Brasil convergem para o mesmo nível em 2019, porém tem níveis diferentes em suas curvas ao longo do período, os franceses batendo mínimo de 40,57% em 2016 e brasileiros com máxima de 109,75% em 2018.

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2015 2016 2017 2018 2019

Write Off (Castigos financieros)/Despesa de PDD(despesa constituida do periodo)

Baixa/Despesa Constituída de PDD

Média Brasil Média Colômbia Média França Média México Média Canadá

(38)

37 4.1.14. Baixas de PDD sobre Saldo da Provisões de Perdas

Duvidosas

O gráfico acima evidencia as baixas sobre o saldo de PDD. O México é o país com maior nível, beirando 96% em 2015 e 2016, obtendo média de 89,75%

no período estudado. Canadá mantém nível constante durante todo o período, obtendo média de 61,86%.

O indicador francês é o de menor nível entre os países estudados, obtendo média de aproximadamente 13% no período, com picos positivos e negativos de 16,48% e 7,04%, respectivamente.

Colômbia e Brasil convergem para um mesmo nível em 2019 (aprox.

43%), porém com queda brasileira, batendo pico de 76,27% em 2016 e alta colombiana, iniciando a série com 36,84%.

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2015 2016 2017 2018 2019

Write Off/Saldo PDD (BP)

Baixas/Saldo PDD(BP)

Média Brasil Média Colômbia Média França Média México Média Canadá

(39)

38 4.1.15. Baixas de PDD sobre Saldo das Operações de Crédito

Líquidas de Provisões

O gráfico acima mostra o nível de baixas dos bancos em relação à Carteira de Créditos Líquida de Provisões. As curvas de Canadá e França são extremamente semelhantes e constantes, beirando 0,35% na média.

Colômbia possui uma curva crescente durante o período, terminando com 2,15% em 2019. Brasil e México possuem curvas semelhantes, terminando 2019 juntos com 2,95%.

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2015 2016 2017 2018 2019

Write Off/OpCred Líquidas de PDD(BP)

Baixas/OpCred Liquidas

Média Brasil Média Colômbia Média França Média México Média Canadá

(40)

39 4.1.16. Baixas Líquidas / Despesa de PDD

O gráfico acima revela a relação das Baixas Líquidas (Write-Off menos Recuperações) com a Despesa Constituída de PDD no período.

As curvas revelam que Canadá e França, apesar das diferentes variações de cada um, possuem médias parecidas, com aproximadamente 96,6% e 94,2%

respectivamente. A França teve a maior variação no período (aprox. 79%), indo do mínimo de 61,1% em 2016 para o maior valor (140,2%) em 2017. O México é outro país que possui curva com níveis próximos de 90%.

Colômbia e Brasil possuem média aproximadas de 61% cada, porém a curva brasileira possui menor variação, enquanto que a curva colombiana obteve picos de 80% e 81,3%, em 2016 e 2019, respectivamente.

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Baixas Líquidas / Despesa de PDD(despesa constituida do periodo)

Baixas Líquidas / Despesa Constituída PDD

Média Brasil Média Colômbia Média França Média México Média Canadá

(41)

40 4.1.17. Despesa Constituída de PDD sobre Operações de Crédito

Liquidas de Provisões:

O gráfico acima revela o percentual de Despesa Constituída de PDD sobre o Saldo da Carteira de Créditos Líquida.

Pelos comportamentos observados, é notável que os países desenvolvidos possuem grau bem inferior em relação aos países emergentes.

França e Canadá possuem curvas com percentuais abaixo de 0,50%, sendo 0,44% e 0,30% respectivamente.

México, Colômbia e Brasil terminam a série no mesmo nível, aproximadamente 3,2%, porém Brasil e México possuem quedas durante todo o período, com médias de 4,10% e 3,28% respectivamente, sendo os países com maior percentual de constituição despesa de PDD em relação à Carteira de Crédito.

4.2. RELAÇÕES ENTRE INDICADORES

O indicador de Independência Financeira traz um comportamento diferente do esperado. Segundo NETO (2018), quanto maior o uso de capital de terceiros, maior a incerteza sobre os resultados esperados. Porém como o indicador RSPL(DRE) mostra, os resultados dos bancos dos países emergentes possuem maior variação e instabilidade durante o período analisado do que os países desenvolvidos, que possuem curvas mais constantes e com

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0,50%

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2015 2016 2017 2018 2019

Despesa de PDD(despesa constituida do periodo)/OpCred Liq de PDD

Despesa Constituída de PDD/OpCred Liq

Média Brasil Média Colômbia Média França Média México Média Canadá

(42)

41 comportamento padrão, sendo estes países os de menor independência financeira.

As rentabilidades sobre o PL e sobre o Ativo Total trazem curvas constantes dos países desenvolvidos, mesmo em níveis diferentes, Canadá e França demonstram comportamentos de resultados esperados constante durante o período da amostra. Enquanto que no mesmo período, Brasil e México possuem curvas crescentes de rentabilidades, terminando a série em aproximadamente 17%, mesmo nível inicial do Brasil em 2015. Assim o retorno médio sobre o PL do Brasil foi de 15,6% no período. Vale destacar que o Brasil enfrentou grande crise político-econômica no período que a amostra abrange.

Os indicadores de Resultados de Intermediação Financeira (Receitas Líquidas de Juros) mostram comportamentos interessantes dos países emergentes. O Retorno do Juros sobre o PL nos três países possui curvas semelhantes, com média de aproximadamente 50%, enquanto que França e Canadá trazem aproximadamente 23% e 16%, respectivamente. Esses dados evidenciam que o spread nos países emergentes (estudados) é muito superior aos países desenvolvidos (estudados), mesmos estes tendo altos níveis nos indicadores de margem líquida. O mesmo comportamento é visto no indicador de Resultado de Juros sobre Ativos Totais, com os países emergentes muito acima de Canadá e França, que possuem curvas constantes e sem crescimento.

Os Resultados de Intermediação Financeira (Resultados de Juros) sobre o Saldo da Carteira de Crédito revela que os níveis do spread brasileiro está muito acima dos países desenvolvidos, sendo seis vezes maior que o canadense, e quatro vezes o francês, levando em consideração que a Margem Líquida desses países é maior que a brasileira, ou seja, mesmo com a diversificação dos produtos no mercado brasileiro, a rentabilidade do spread continua alta no país, diferente do que ocorre com Canadá e França. E mesmo comparado com países considerados pares ao Brasil, Colômbia e México, o nível do indicador é no mínimo 20% maior.

Conclui-se, portanto, que o spread brasileiro é o maior da amostra

estudada. E a análise dos indicadores de inadimplência se torna extremamente

importante para verificar se é suficiente para explicar o nível de spread bancário

brasileiro, conforme veiculado por estudo pela FIPECAFI 2004.

(43)

42 As baixas para prejuízo (write-off) sobre o Saldo de PDD do Balanço Patrimonial revelam que os países mais assertivos em suas provisões foram México e Canadá, o último obteve percentuais de baixas acima de 60% do valor provisionado, e o México acima de 80% no período estudado, enquanto que Brasil possui uma curva decrescente a partir de 2016 (76,27%), chegando a 43,77% em 2019, mesmo nível da Colômbia, que manteve um padrão durante todo o período.

No período estudado o Brasil provisionou mais do que suas baixas líquidas para créditos irrecuperáveis, esse comportamento também é visto no indicador de percentual das provisões constituídas de PDD (alocadas) sobre o saldo da Carteira de Crédito Liquidas de Provisões, obtendo os maiores níveis de 2015 a 2017, quando houve uma queda, porém se mantando no mesmo nível de México e Colômbia, e com valores extremamente maiores que França e Canadá.

Os indicadores de nível mínimo observado nos dois países desenvolvidos (França e Canadá) podem ser resultado de uma melhor carteira de crédito de seus bancos, com PIB per capita muito acima dos países emergentes (Brasil, México e Colômbia), a diferença entre a qualidade da carteira de créditos pode ser um dos motivos pelo menor percentual de baixas de seus ativos.

O indicador que traz o nível de perdas baixadas para prejuízo (write-off) sobre o valor de provisão alocado do período são próximos entre Brasil, México e Canadá, sendo o último tendo mais baixas do que provisões, sem contas as recuperações nesse indicador, ou seja, as provisões constituídas estão sendo utilizadas pelos bancos.

O comportamento dos indicadores revela que os países desenvolvidos

são os que menos provisionam em relação à carteira de crédito, enquanto que

Canadá e México são os que melhores usam suas provisões, utilizando quase

todo o saldo provisionado e até saldo histórico da carteira. Enquanto que

Colômbia e Brasil utilizam menos as provisões, porém o Brasil é aquele que mais

provisiona sobre a carteira de crédito líquidas e aquele que menos dá baixas em

relação ao valor provisionado.

(44)

43 Ressalvado o período estudado, não generalizando as conclusões, percebe-se que as altas provisões vistas no mercado brasileiro podem estar afetando significativamente os resultados.

Segundo GOULART (2007), esse comportamento pode ser identificado como um processo de gerenciamento de resultados, por meio da utilização das provisões para perdas, de forma a suavizar os resultados das instituições financeiras brasileiras, dando maior confiabilidade aos usuários externos sobre a situação robusta das entidades. Assim os altos níveis de rentabilidade encontrados no Brasil poderiam ser maiores, caso o saldo da PDD fosse constituído da mesma maneira que em países como Canadá e México, que são os países que possuem relações de baixas com despesas provisões mais próximas de 100%.

O setor bancário brasileiro é o mais rentável no país, em comparação com setores não-bancários, segundo NASCIMENTO (2018), o spread bancário brasileiro é capaz de produzir lucratividade até mesmo em períodos de crises (como a amostra do trabalho) em que empresas de outros setores sofrem com prejuízos altos, sendo um porto seguro para os investidores alocarem seus recursos.

Os saldos das contas de PDD (BP, despesa constituída, baixas e

recuperações) revelam que o Brasil é o país, dentro da amostra no período

estudado, que mais provisiona estimativas de perdas sobre carteira de crédito e

aquele que menos dá baixas em suas estimativas. E também um dos países com

maior variação em saldo de PDD.

(45)

44 5. CONCLUSÃO

O alto spread bancário brasileiro é alvo de múltiplos estudos durante as últimas décadas, buscando justificar o elevado percentual do indicador. Existem estudos que levam em consideração fatores macroeconômicos, como taxa básica de juros (SELIC), risco Brasil, concentração bancária, competitividade do setor bancário, taxa de desemprego, PIB e PIB per capita, taxa de depósitos compulsórios.

Outros autores indicam que os elementos microeconômicos são os principais fatores que influenciam no alto spread bancário visto no Brasil, como taxa de inadimplência, qualidade da carteira de crédito, nível de provisões para perdas com devedores duvidosos, tributos incidentes sobre as instituições financeiras, custo do FGC, custos de captação. Esses fatores influenciam diretamente nos resultados do banco.

Também existem modelos que trazem fatores macroeconômicos e microeconômicos para o cálculo do spread bancário. Diversos estudos trabalham sobre quais são os fatores relevantes para explicar o spread bancário.

No Brasil, a média anual do retorno das Receitas Liquidas de Juros sobre os Ativos Totais e sobre o PL são de aproximadamente 4,6% e 51,2%, respectivamente dentro da amostra. Resultados parecidos com os outros países emergentes da amostra. Porém valores maiores se comparados com França e Canadá, que obtiveram aprox. 0,9% e 1,5%, sobre os Ativos Totais, e 16,4% e 25,5% sobre o PL, respectivamente.

Esses resultados esclarecem que os spreads dos países emergentes são essencialmente maiores que em países desenvolvidos, essa diferença pode ser explicada pelos fatores macroeconômicos, como crises político-econômicas enfrentados com maior frequência por esses países. A maior dificuldade de retomada do crescimento e desenvolvimento econômico nesses cenários afetam diretamente o risco de credito, fazendo com que os bancos aumentem as taxas de empréstimos.

Porém quando relacionado o resultado de intermediação financeira sobre

a carteira de crédito, o comportamento das curvas difere do que é visto quando

contra ativos e PL. O nível brasileiro desse indicador é de aprox. 12,3%, 2% a

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45 mais que o indicador mexicano e 5,3% a mais que o colombiano. Se comparado com os países desenvolvidos, a diferença se torna descomunal, com as taxas francesa e canadense em torno de 1,9% e 2,9%, respectivamente. Tal diferença é a evidência de que o spread bancário brasileiro é um dos mais altos de todo o mundo, mesmo comparado com países emergentes, semelhantes ao Brasil.

No presente estudo é visto que as provisões de PDD praticadas no Brasil são relativamente maiores que o praticado em outros países emergentes, como México e Colômbia, expressamente maiores comparados com países desenvolvidos economicamente, como Canada e França.

O comportamento das curvas de provisões relacionadas às baixas efetivas realizadas nos bancos mostra que os bancos brasileiros, dentro da amostra e período estudado, provisionam percentual muito elevado às reais baixas de carteira de crédito.

A inadimplência é um fator importante nas operações de credito de um banco, e muito indicada como um dos principais fatores do alto spread bancário visto no Brasil. Porém as baixas liquidas das carteiras de crédito (write-off menos recuperações), mostram que os valores baixados como perda pelos bancos brasileiros não chegam a utilizar nem metade dos valores provisionados para perdas.

Esse comportamento das curvas de PDD e Baixas Líquidas evidenciam que o Brasil é o país, dentro da amostra, que provisiona valores a mais do que utiliza.

O comportamento das contas de PDD podem ser indevidas, visto que em outros países as provisões são utilizadas quase que integralmente, o aumento da PDD resulta diretamente no resultado da instituição. Esse comportamento pode ser oriundo de gerenciamento de resultados, como citado em tese de GOULART (2007). Os gestores das IFs podem estar procurando suavizar os resultados para passar maior robustez ao mercado e menor variação em seus lucros, o que traria maior confiança à possíveis investidores.

As maiores provisões de PDD afetam diretamente a rentabilidade dos

bancos, ou seja, caso esteja com cenário de gerenciamento de resultados, os

bancos brasileiros possuem rentabilidades ainda maiores das já apresentadas

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