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Análise do processo de formação dos gestores do Projeto @Nave

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Academic year: 2018

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ANÁLISE DO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOS GESTORES DO PROJETO

@NAVE

Brena Samyly Sampaio de Paula Universidade Federal do Ceará (UFC)

E-mail: samylydepaula@gmail.com

Zayra Barbosa Costa Universidade Federal do Ceará (UFC)

E-mail: zayrinhacosta@hotmail.com

Introdução

Desde de 2003 o Laboratório Multimeios vem

desenvol-vendo projetos com temáticas referentes a Inclusão Digital, o primeiro projeto chamado Centros Rurais de Inclusão Digital (CRID), consiste na instalação de Laboratórios de Informática Educativa (LIE) em locais de acesso público. De acordo com a página na web1 do CRID a gestão do LIE ica sob a

responsa-bilidade das comunidades dos assentamentos rurais, também oferece serviços de inclusão digital, informática educativa, cursos a distância e telecomunicações, num contexto de de

-senvolvimento social e pessoal, econômico e cultural.

Nessa perspectiva, em maio de 2010, através de uma parceria entre o Laboratório de Pesquisa Multimeios da Uni

-versidade Federal do Ceará (UFC) e a Prefeitura de Hidrolân

-dia, surge o Projeto Aprendendo a Navegar (@NAVE) que tem

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como meta a inclusão digital da comunidade do distrito de Irajá e suas proximidades através da capacitação de gestores.

Na construção do Projeto @NAVE foram incorporados vários conceitos do CRID, mas o @NAVE possui suas particu -laridades, tais como: não se localiza em um assentamento e

nos CRIDs eram criados apenas os LIEs.

Em Irajá, por decisão da prefeitura foi construído um centro comunitário denominado Centro Cultural de Irajá

(CCI), em suas dependências encontram-se três espaços: LIE,

Biblioteca e Cine Club.

O LIE tem como proposta trabalhar com a Informáti

-ca Edu-cativa que segundo ( Borges; Oliveira, 2002) se -carc

-teriza pelo uso da informática como suporte ao professor, como um instrumento a mais em sua sala de aula, no qual o professor possa utilizar esses recursos colocados a sua dis

-posição. Nesse nível, o computador é explorado pelo profes

-sor especialista em sua potencialidade e capacidade, tornan

-do possível simular, praticar ou vivenciar situações poden-do até sugerir conjecturas abstratas, fundamental a compreen

-são de um conhecimento ou modelo de conhecimento que se está construindo.

A Biblioteca possui 167 livros doados pela prefeitura de

Hidrolândia. Esses títulos foram catalogados pelos gestores e

organizados no espaço. Algumas formações tinham como

i-nalidade valorizar a Biblioteca e incentivar a leitura por parte dos gestores e de toda a comunidade.

O Cine Club está equipado com um telão, um retropro

-jetor e os asentos. Os gestores já elaboraram vídeos com temá

-ticas diversas, como por exemplo a História da Comunidade de Irajá e realizaram sessões abertas ao público.

Antes de se iniciar as formações foi feito um levanta

-mento de informações para que a equipe responsável pelas atividades pudesse conhecer a comunidade em diferentes as -pectos: social, econômico e cultural.

Em seguida, em parceria com a Secretaria de Educação, foi organizado um encontro para apresentar o @NAVE à co

-munidade e realizar as incrições das pessoas interessadas em participar do Projeto como gestor.

As formações aconteciam aos sábados e domingos em três horários. A equipe de formadores era composta por oito bolsis -tas, por semana viajavam quatro, de forma que a equipe icasse

composta por um técnico em informática e três pedagogos. Após esses encontros iniciaram as formações, que ti

-nham como proposta despertar nos gestores sentimento de apropriação, desenvolver habilidades de manutenção dos computadores e gestão dos espaços.

Os planejamentos das formações eram elaborados em conjunto, alguns conteúdos foram determinados pela equi

-pe por se tratar de conhecimentos necessários para a utili -zação do LIE como: manutenção dos computadores,

instala-ção de sistema operacional livre, softwares livres, cidadania digital, Ambientes Virtuais de Ensino (AVE) e Informática Educativa.

Esses conteúdos foram contextualizados com as neces

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e socialização dos ambientes do Centro Cultural de Irajá para aproximar e suprir as necessidades da comunidade.

Esses planejamentos tinham como fundamentação te -órica e prática as metodologias de ensino: Sequência Fedathi (2003) e Engenharia Didática (1996).

A Seqüência Fedathi, metodologia de ensino que con

-siste em um processo de mediação, enquanto ação docente é como uma imersão do discente à prática do pesquisador que desenvolve o conteúdo que se pretende ensinar, sendo assim, o papel do professor consiste em criar condições e possibilida

-des para que o aluno seja colocado na posição de pesquisador, e tal fator somente ocorre quando o professor, ao preparar sua seqüência de ensino, se coloca na posição do aluno respei -tando-o como um sujeito construtor de conhecimentos, bem

como, reconhecendo a si mesmo, como um agente ativo na construção do saber que pretende ensinar.

Dentre as etapas da Engenharia Didática izemos uma

análise comparativa entre a análise a priori, etapa que tem como objetivo elaborar as sequências de ensino, consideran

-do os da-dos coleta-dos na análise preliminar (Borges; Santana,

2003) e a análise a posteriori, processo de veriicação das hi-póteses deinidas na análise a priori de modo que seja possível

averiguar como as sequências de ensino funcionaram na prá

-tica da experimentação.

No decorrer das formações surgiu a necessidade de ve -riicar se os objetivos estavam sendo alcançados. Para tanto,

desenvolvemos este trabalho que tem como meta analisar se

o processo de formação dos gestores de Irajá para veriicar se

está ocorrendo de forma satisfatória.

Metodologia

Utilizamos como objetos de estudos os planejamentos

das formações, priorizando os tópicos: análise a priori que é o

processo que corresponde à análise geral de todos os aspectos envolvidos no ensino de conteúdos que se pretende ensinar

(BORGES; SANTANA. 2003) e a análise a posteriori processo de veriicação das hipóteses deinidas na análise a priori, de

modo que seja possível averiguar como as sequências de en

-sino funcionaram na prática de experimentação. (BORGES;

SANTANA. 2003).

Também utizamos as avaliações feitas pelos gestores ao

término de cada formação contendo os seguintes itens: Que

bom? Que Tal? Que pena? Cujo objetivo era saber a opinião dos gestores sobre as formações, sugestões e críticas.

Outro recurso utilizado foram os relatórios de viagens onde os formadores descreviam todos os acontecimentos

ocorridos no período de viagem: comportamentos, falas dos

gestores, horários das formações, contratempos, horários de chegada e saída de Fortaleza.

Com isso, procuramos analisar todos os planejamentos, avaliações e relatórios elaborados de maio de 2011 a novem -bro de 2011 para veriicar se o processo de formação dos

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O estudo aconteceu no mês de fevereiro de 2012 no La

-boratório de Pesquisa Multimeios após o término do projeto;

izemos os levantamentos de todos os dados citados

inicial-mente e discutimos em grupo as falhas, os acertos e resulta

-dos obti-dos nesse período de sete meses de formação.

Resultados e Discussões

A partir dos dados coletados pudemos perceber que as formações dos gestores do CCI em geral aconteceram de for -ma satisfatória. Porém houveram algu-mas variantes, como:

inicialmente o projeto @NAVE tinha a participação de setenta gestores, mas ao longo das formações houveram muitas desis -tências, inaizando o projeto com apenas oito gestores.

O que se percebe, principalmente na fala dos gestores,

é que eles estavam na expectativa de receber um certiicado, mas após esclarecermos o fato de que não haveria certiicação,

muitos deles desistiram das formações. A maioria dos gesto -res são adolescentes o que diicultou o trabalho de

conscien-tização de apropriação e gestão do espaço de forma colabora

-tiva e coopera-tiva.

Nesse processo de construção de apropriação e colabo -ração alguns gestores tiveram diiculdades por conta de serem

muito jovens e não serem respeitados por alguns membros da comunidade, após relatarem a ocorrência desses fatos pas

-samos a pensar em estratégias que pudessem ser utilizadas nas formações para que eles desenvolvessem habilidades de resolução de problemas em grupo, incentivamos a elaboração

de reuniões para que abordassem esses problemas e em gru

-po desenvolvessem algumas medidas a serem tomadas caso esses problemas acontecessem novamente.

Com isso, surgiu a ideia do livro de ocorrências para

que o gestor de plantão pudesse anotar situações de

diicul-dade ocorridas em seu período de trabalho, a escala de ges

-tores para que todos alternassem nos horários e pudessem gerenciar o CCI por um período de forma que todos tivessem a oportunidade de atuar como gestor.

As formações aconteciam aos sábados e domingos em três horários. Com a ajuda dos formadores foram criadas re

-gras para que a comunidade pudesse frequentar o CCI. Os computadores do LIE, foram nomeados pelos gestores com nomes de pessoas ou lugares da localidade, após eles realiza

-rem uma pesquisa entre os habitantes da cidade.

A equipe de formadores era composta por oito bolsis -tas, por semana viajavam quatro, de forma que a equipe

icas-se composta por um técnico em informática e três pedagôgos. Após cada viagem a equipe que viajou relatava aos outros componentes todos os fatos ocorridos durante a for

-mação. O planejamento das formações foram elaborados em conjunto, alguns conteúdos foram determinados pela equipe por se tratar de conhecimentos necessários para a utilização

do LIE como: manutenção dos computadores, instalação de

sistema operacional livre, softwares livres, cidadania digital, Ambientes Virtuais de Ensino (AVE). Esses conteúdos foram contextualizados com as necessidades dos gestores e da co

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-senvolver habilidades de gestão, divulgação e socialização dos ambientes do CCI para aproximar e suprir as necessidades da comunidade.

Conclusões

Diante do exposto percebemos que a formação dos ges

-tores do CCI ocorreu de forma satisfatória, muitos conheci

-mentos foram adquiridos outros ainda estão em construção. Embora muitos gestores tenham desistido do processo de formação, o que já era esperado, pois, setenta pessoas seria desnecessário para atuar no Centro Cultural, mas como o pro

-cesso de formação se deu de forma continuada os membros da comunidade tiveram a oportunidade de conhecer nossa metodologia e entender que o objetivo principal do Projeto @ NAVE era propiciar a inclusão digital na comunidade, formar gestores para que pudessem auxiliar à comunidade, desenvol -ver oicinas de incentivo à leitura, ampliar os conhecimentos

mostrar novos horizontes.

Como nos diz FREIRE (2009) o que importa, na

for-mação docente, não é a repetição mecânica do gesto, este ou aquele, mas a comprensão do valor dos sentimentos, das emo

-ções, do desejo, da insegurança a ser superada pela seguran

-ça, do medo que, ao ser “educado”, vai gerando a coragem. É

possível airmar que atualmente os gestores já possuem

ha-bilidades de gestão, já desenvolvem projetos que motivam a comunidade a utilizar e se apropriar de todos os ambientes do Centro Cultural de Irajá.

Referências

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Uma classiicação sobre a utilização do computador pela es

-cola: http://www.multimeios.ufc.br/arquivos/pc/pre-print/ Uma_classiicacao.pdf; acesso em 22/11/2010.

PRÁTICAS EDUCATIVAS E AS FONTES HISTÓRICAS DIGITAIS: UMA

REFLEXÃO SOBRE OS RECURSOS DIGITAIS NA NOOSFERA

Karla Colares Vasconcelos Instituto UFC Virtual

E-mail: karlinha@virtual.ufc.br

Ricardo Maia Sanford Frota Instituto UFC Virtual

E-mail: ricardofrota@virtual.ufc.br

Introdução

Nos últimos anos, diante do desenvolvimento

cientíi-co/tecnológico e sua interferência na dinâmica das estruturas sociais do mundo contemporâneo, temos percebido a adoção de novos mecanismos (e porque não dizer comportamentos) visando nos adaptarmos as transformações decorrentes deste processo. No âmbito educacional percebemos que diante de tais mudanças há a necessidade de que se criem novos para

-digmas, novos meios de direcionar os processos de produção, aquisição e transmissão do conhecimento.

Com o advento das tecnologias digitais surgiram novas possibilidades para a pesquisa em História da Educação. Os recursos digitais podem e devem ser utilizados como fontes históricas na pesquisa. Para compreender o que é tecnologia

McLuhan (1974) diz que as tecnologias são extensão do corpo

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