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PSICOPATOLOGIA E A RELAÇÃO COM O DIREITO PENAL

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En contro de P esqui sa e Exte nsã o d a F ac uldade Lu ciano Feij ão. mbro de 2017. I S S N 2318.4329.

P SICOPATOLOGIA E A R ELAÇÃO COM O D IREITO P ENAL

JÉSSICA PONTES GOMES1 SAMUEL LEVY PONTES BRAGA MUNIZ2 Resumo: O presente artigo tem como objetivo apresentar as ocorrências penais advindas de comportamentos a partir do perfil psiquiátrico e psicológico dos agentes. Além disso, busca entender as sanções penais para com esses indivíduos, bem como maneiras de ressocialização e a importância no âmbito jurídico. No entanto, a liberação desses indivíduos na sociedade após o cumprimento de suas penas, acaba por fazer com que a reincidência em seus atos criminosos ocorra por falta de soluções eficazes em todo o processo de punição do indivíduo acometido de psicopatologias.

Palavras-chave: Criminalidade. Psicopatologia. Delitos. Sanções.

INTRODUÇÃO

Vê-se constantemente a ocorrência de crimes, devido à perda de lucidez em um dado momento, por pessoas ditas acometidas por algum tipo de psicopatologia. Com isso, tem-se que a loucura, sob o aspecto da medicina legal e da psiquiatria forense, é um aspecto marcante da sociedade atual. A psiquiatria forense é psiquiatria com resultados na lei penal.

Em suma, a psiquiatria tem a finalidade de recolher dados médicos sobre o autor do delito, ou seja, é através dela que se entende a mente criminosa durante a prática da infração penal.

Ela informa sobre a insanidade do agente, o psiquiatra estuda sua mente e através dos resultados procura descobrir qual a intenção do agente criminoso, qual o seu objetivo.

Além disso, a psiquiatria forense tem papel importante nas medidas de segurança, pois é com os exames por ela feitos que se analise o grau de insanidade mental do indivíduo. Ela ajuda a descobrir se a psicopatia é uma doença, ou se somente naquele momento o agente obteve um distúrbio mental. O Direito Penal, como ciência, é um instrumento que visa ao controle e conhecimento por todos das leis que regem o homem em sociedade. A percepção da loucura como móvel de um crime coloca em questão o que se configura como a doutrina clássica do direito que foi impulsionada por César Beccaria, que defendeu a proporção entre a gravidade do crime praticado e pena a ser aplicada, visando à reeducação do delinquente, bem como à reciclagem dos aspectos psíquicos. O aspecto

1 Aluna do 2ͦ período do curso de Direito pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). E-mail:

jessicapontesg77@gmail.com

2 Mestre, Professor na instituição UNINTA, Orientador. E-mail: samuellevybraga@gmail.com

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jurídico faz-se presente para entregar as leis à sociedade e colocá-las ao alcance de todos, independentemente das condições nas quais se apresentam. O objetivo desse trabalho é apresentar o aspecto jurídico da realidade fundamentada na real condição do alienado mental e psicopata ao praticar o ato criminoso e o entendimento do que ocorre no ato, bem como o que pode levar o indivíduo alienado a praticar delitos, pois o saber psiquiátrico e a prática são construídos em uma estreita relação com a justiça criminal.

Trata-se da relação fundamental da psicologia com o Direito Penal, com o objetivo de especulação nas psicopatologias que deveriam ser desenvolvidas de maneiras adequadas. O foco principal é abordar as diversas definições e peculiaridades dos transtornos mentais, bem como as formas tidas como mais adequadas de punição e a efetividade na aplicação de determinadas sanções.

METODOLOGIA

O presente trabalho apresenta metodologia assentada na Psicopatologia Judiciária por meio da abordagem dos aspectos psicológicos das perturbações mentais do ponto de vista da aplicação da justiça, baseados em estudos bibliográficos fundamentados na doutrina especializada.

Analisa-se não somente artigos específicos do código penal destinados aos

"perigosos" e "psicopatas alienados", mas textos de juristas consideráveis.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Devido à complexidade do tema, a sua abordagem acaba gerando diversas controvérsias, e motiva questionamentos relacionados principalmente à fragilidade na aplicação de sanções, as quais, na grande maioria dos casos, não possuem o viés de ressocialização dos indivíduos com determinados tipos de transtorno.

Põe-se em questão a relação entre loucura e criminalidade, por isso, passou a ser

questionado se a reclusão pura e simples num presídio qualquer seria capaz de curar o

doente mental, pois era preciso libertar o indivíduo do mal que o dominava, visto que as

repercussões negativas refletem-se não somente no âmbito individual do homem, mas no

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ambiente social. Percebe-se claramente que o papel do Judiciário na análise dos delitos praticados por indivíduos com psicopatia torna-se bastante delicado, devido à dificuldade no reconhecimento dos sintomas do transtorno, bem como nos obstáculos encontrados na aplicação de sanções, as quais geralmente não apresentam soluções para a ressocialização dos indivíduos.

Os transtornos de personalidade são anomalias do desenvolvimento psíquico, sendo considerados, na psiquiatria forense, como perturbação da saúde mental. Tem como característica a desarmonia da afetividade, impulsos, das atitudes e das condutas. Os indivíduos portadores de transtorno podem ser vistos como pessoas problemáticas ou de difícil relacionamento. Geralmente são improdutivos e insatisfeitos, e têm, por vezes, um comportamento turbulento, com uma desorganizada vida afetivo-emocional. (HILDA C P MORANA; MICHAEL H STONE; ELIAS ABDALLA-FILHO. 2006)

Do ponto de vista penal, existe o dilema, amplamente discutido, sobre se uma personalidade doente é imputável, especialmente se é de origem psicótica. Mesmo que se trate de uma personalidade doente (exemplos: pessoas sádicas, violadoras, etc.) há tendência para sustentar que há uma punição correspondente, dado que, mesmo doente, a pessoa mantém consciência dos seus atos e pode evitar cometê-los. Os psicopatas, no entanto, muitas vezes conseguem entender que seus atos são errados, porém não conseguem se autodeterminar com relação ao seu entendimento. Ocasionando com isso, os crimes bárbaros, e na maioria das vezes, podem, os psicopatas, tornarem-se assassinos em série. A prisão não é útil aos psicopatas, pois não os recupera, tampouco lhes serve como punição e a medida de segurança lhes é inócuo, pois a doença é incurável. Em quase todos os transtornos mentais, não há claramente apenas uma causa que os justifique. Acredita-se que exista uma combinação de fatores que levam os indivíduos a apresentarem sinais de transtornos mentais, quais sejam: biológicos, culturais, ambientais, psicológicos, entre outros. No caso do transtorno de personalidade antissocial, muitos questionamentos sobre sua causa também ocorrem. (SOUSA, F. 2010)

Quando o indivíduo exerce conduta antijurídica, a primeira coisa a ser analisada é o

estado psíquico do mesmo perante a situação. Pessoas com desordens mentais, não são

consideradas criminosas e por isso, recebem tratamento diferenciado dos que realmente

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possuem total discernimento e consciência do que estão fazendo. A ideia de imputabilidade parte do pressuposto da culpabilidade. Isto porque, a imputabilidade de um modo geral, é a aptidão do ser humano em ser considerado culpado. Está condicionada a duas funções psíquicas: juízo de realidade e volição.

A culpabilidade é, nas palavras de Mirabete, “a reprovabilidade da conduta típica e antijurídica”, o sujeito deve conhecer e entender a ilicitude do fato e que naquelas circunstâncias, se exigisse conduta diversa da cometida por ele, o que torna o fato típico e antijurídico, isto é, que houvesse exigibilidade de conduta diversa. Havendo culpa, haverá pena, logo, a culpabilidade é a medida da pena. Leva-se em conta, para análise dos antecedentes, todos os fatos passados e relevantes do réu, sendo eles positivos ou negativos, e que estejam registrados no inquérito policial ou que sejam informações obtidas durante a fase instrutória.

A conduta social trata, de certo modo, dos antecedentes sociais do réu, considerando seus estudos, relações de trabalho e papéis na sociedade. O direito penal deve andar de mãos dadas com a psicologia, eis porque na eleição da pena, o futuro de um delinquente é menos condicionado pena sanção que seu delito mereça diante do Código Penal do que pela ação provocada por algum tipo de intervenção criminológica. O juízo de realidade está relacionado ao valor que atribuído aos objetos, e a volição relaciona-se com o pensamento de direcionamento remetido a atos voluntários. Segundo Gilberto Ferreira, o fundamento da pena é exclusivamente moral e ético. A pena é justa em si e sua aplicação se dá sem qualquer preocupação quanto a sua utilidade. Ocorrendo crime, ocorrerá a pena, inexoravelmente. O importante é retribuir com o mal, o mal praticado.

A aplicação da pena baseia-se na culpabilidade do agente, limitando-se pela gravidade do delito.

Nas palavras de Fernando Capez:

Sanção penal de caráter aflitivo, imposta pelo Estado, em execução de uma sentença, ao culpado pela prática de uma infração penal, consistente na restrição ou privação de um bem jurídico, cuja finalidade é aplicar a retribuição punitiva ao delinquente, promover a sua readaptação social e prevenir novas transgressões pela intimidação dirigida à coletividade.

Atualmente, já existe uma política de intervenção penal especifica para os doentes

mentais delinquentes. A mais severa das sanções é a pena. Dentre as medidas de repressão

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ou prevenção nos deparamos com a medida de segurança. Entretanto, com a evolução do Direito Penal, a pena vem atenuando cada vez mais. As ideias modernas sobre a natureza do crime acabaram por desenvolver uma série de medidas que tem o intuito de recuperação social do indivíduo, e não apenas de punição. O Direito Penal tem por finalidade proteger os bens mais importantes para a própria sobrevivência da sociedade. A pena, portanto, é o instrumento de coerção que o Direito Penal pode se valer para proteger bens, valores e interesses da sociedade.

A definição de crime é definida como independente da culpabilidade do delinquente, o que é exposto nos artigos 1 e 26 do Código Penal (CP):

Art 1. Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.[...]

Art 26. É isento de pena o agente que, por doença mental, ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar- se de acordo com o entendimento. (BRASIL, 1940. p.1; p.6)

Com base no Artigo 26 acima citado, quando comprovada a insanidade do ato, automaticamente exclui-se a tipicidade, pois esta configura-se causa excludente de imputabilidade. De acordo com a lei, não basta apenas o indivíduo apresentar

“desenvolvimento mental incompleto ou retardado”, é necessário que o agente seja inteiramente incapaz de discernir ou entender a prática de tal conduta considerada a princípio ilícita. O agente pode até entender o fato, mais a ilicitude em si, é incapaz de enxergar. Quanto a sua integridade mental, será sempre comprovada através de exame pericial solicitado de oficio pelo juiz quando o mesmo obtiver dúvidas a respeito.

Para um leigo, um criminoso deve "pagar" pelo o que fez, deve ser feita "justiça", ou seja, ser preso, porém o que não sabem é que essa não seria a melhor "justiça" para um doente mental, pois não traria proteção para a sociedade, o que deve ser prioridade para o Estado. A lei diz que “É isento de pena” trazendo uma ideia de que “não existe crime”.

Ademais, o crime subsistirá se o autor for isento de imputabilidade, sendo assim absolvido de sanção penal, mas sujeitando-se a medida de segurança.

As penas são de natureza retributiva e aplicada a culpabilidade do elemento, de

acordo com sua gravidade da infração. Porém, não se pode comparar um assaltante com

um assassino dos seus próprios pais ou ainda, um assassino em série. Pessoas que

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comentem esse tipo de delito e outros tão absurdo quanto, devem fazer um exame de sanidade mental, e a partir disso aplicar-se o Art. 26 do CP- É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Amparadas na ideia de que a punição ao agente com base no ilícito cometido não era suficiente, e de que a pena aplicada visando somente o caráter retributivista era falha, a finalidade preventiva da punição tornou-se a base para estudiosos a fim de resolver o problema da ineficácia das penas e do anseio de uma nova política de defesa social.

A pena seria substituída por medida de segurança, implicando então em cumprir um regime semi-imputável, tendo caráter preventivo e aperfeiçoado a sua periculosidade.

Partindo desse pressuposto, compreende-se que há uma “meia capacidade”, ou seja, o indivíduo no ato ilícito não era inteiramente incapaz por conta de alguma perturbação mental, mas tinha a capacidade para entender e querer. Nesse prisma, terá a pena reduzida afastando a ideia de imputabilidade, pois, a imputabilidade gera integralmente a incapacidade de o indivíduo entender ou discernir tal conduta. A medida de segurança tem por finalidade a adequada reintegração social (ressocialização) de um indivíduo considerado perigoso para a sociedade. Uma das principais diferenças na aplicação da medida de segurança no lugar da pena, é que o criminoso só será dispensado da primeira no momento em que cessar a sua periculosidade, diferente da pena que é por tempo determinado, levando em consideração apenas a sua culpabilidade. (FREITAS, Ana. 2014)

Inicialmente, o Código Penal não determinou um prazo para o término da medida de segurança, entretanto, conforme dispõe a Constituição Federal, Art. 5º, inciso XLVII, alínea “b”, não pode haver pena de caráter perpétuo, e conforme Art. 75 do Código Penal, a pena privativa de liberdade não pode exceder o prazo de 30 anos. Sendo assim, os Tribunais Superiores firmaram entendimento que, após o cumprimento de no máximo 30 anos da medida de segurança, independentemente da recuperação do agente e de não haver cessado sua periculosidade.

Rogério Greco define a medida de segurança da seguinte forma:

Ao inimputável que pratica um injusto penal o Estado reservou a medida de segurança, cuja finalidade será levar a efeito o seu tratamento. Não podemos

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afastar da medida de segurança, além da sua finalidade curativa, aquela de natureza preventiva especial, pois, tratando o doente, o Estado espera que este não volte a praticar qualquer fato típico e ilícito. (GRECO, 2011, p. 659)

A pessoa acometida por transtorno mental não possui consciência moral e nem empatia, o que pode levar a serem pessoas ameaçadoras sob o ponto de vista legal. Os psicopatas são pessoas que sofrem ou causam sofrimento para a sociedade em virtude de seu comportamento, segundo a definição do psiquiatra alemão Kurt Schneider. (ARAUJO, F., 2011). É equivocado o pensamento de que a violência seja uma característica utilizada pelo psicopata, embora ele possa se utilizar dessa ferramenta. Não é isso apenas que o define, existem mais características que englobam o transtorno de personalidade antissocial.

Outra questão que gera equívoco seria de que os indivíduos com sinais de transtorno de personalidade antissocial seriam loucos, ou seja, que sofrem de uma psicose. Não se trata de uma doença mental, tendo em vista que os mesmos compreendem a realidade a sua volta. A psicopatia pode ser considerada um mal, em alguns casos, e não uma doença necessariamente, pois esses indivíduos são capazes de manter íntegros o discernimento e a auto-determinação. É frequente em quase todo indivíduo com sinais desse transtorno, ser bastante racional e inteligente.

Entretanto, há quem defendeu que o delinquente mentalmente incapaz deveria tornar-se réu e responder igual ao ser dito normal. Para tanto, foi criada a teoria do meio termo para solucionar situações que deixavam implícitas as capacidades do réu. Sob essa ótica, a pena poderia ser reduzida, embora a lei não se manifeste quanto à diminuição, ou até ser substituída por medidas de segurança, caso necessário um tratamento curativo.

Uma das dificuldades encontradas no objetivo da pena (ressocialização) é o papel ressocializador da pena, visto que tenha a finalidade de resgatar o réu para que o mesmo volte a se sentir parte da sociedade, não é o que geralmente acontece. Fica evidenciado que a pena minimiza o sujeito que a cumpre, fazendo com que ele fique a margem da sociedade.

A pena privativa de liberdade tem função preventiva, ou seja, evitar que o

delinquente volte a cometer novos atos ilícitos, e dessa forma, conferir a sociedade maior

segurança.

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Da mesma forma, a função preventiva se manifesta na tentativa de ressocialização.

A ressocialização nesse contexto é uma ideia de igualdade na sociedade através da imposição de uma pena mais humanitária e que se adequa ao orçamento estatal, para que possa alcançar seu objetivo. A ameaça que a pena proporciona é uma forma de intimidar o homem a cometer delitos, porém, não se leva em consideração um ponto relevante, o delinquente possui a confiança de que ninguém irá saber que ele cometeu um delito. Dessa forma, o caráter impositivo e ameaçador da pena não é suficiente para o impedimento do cometimento de algum delito.

A internação possui natureza detentiva privando o agente de sua liberdade, o submetendo ao tratamento previsto no Art. 99 do Código Penal. Essa medida pode ser aplicada tanto aos semi-imputáveis quanto aos inimputáveis, tendo finalidade de tratamento. A internação por restringir a liberdade do agente, é aplicada aos considerados com maior nível de periculosidade.

A percepção quanto a ineficácia da pena e a necessidade de uma política de defesa social fez surgir duas correntes. A primeira corrente defendia a pena deveria permanecer como única modalidade de sanção penal por ser suficiente, alegando a desnecessidade de criação de uma nova modalidade para combater o problema da criminalidade, entretanto, ao homem que necessitava de tratamento, a pena seria convertida ao caráter preventivo e não mais ao caráter retributivo. Para a segunda corrente, deveria ser criada ao lado da pena, que possuía caráter retributivo, uma nova modalidade de sanção

penal de caráter eminentemente preventivo.

Por fim, em virtude do descaso do sistema prisional, o réu acaba por desenvolver

postura delituosa ao ser visto pela sociedade como marginal por estar no presídio. E pela

falta de apoio e estrutura para a ressocialização, o delinquente, sai do sistema prisional sem

emprego, sem família, sem dignidade, o que vai gerar um ciclo vicioso no qual o recluso

não tem a menor chance de reinserção social, reforçando assim, apenas valores negativos

do apenado. A probabilidade de reincidência funda-se na ideia de que os doentes mentais

são movidos por impulsos de seus distúrbios, sendo assim, é provável o cometimento do

ilícito, sendo necessário que este agente seja recolhido a uma das modalidades de medida de

segurança para que seja tratado.

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A principal dificuldade encontrada pelos detentos é a de reingressar no mercado de trabalho, auxiliando de forma direta no aumento da reincidência da criminalidade.

Muito se discute acerca da forma como deve ser aplicada a pena ao indivíduo com transtorno de personalidade antissocial. Aplicar uma pena sem uma avaliação prévia de sua condição psicossocial é não se preocupar com as consequências que poderão vir desse ato judicial, o que implicará na não recuperação social do condenado. O direito penal, antes de mais nada, deve levar em consideração as peculiaridades do infrator no que se refere a culpabilidade, e ao que se refere a aplicação da pena.

CONCLUSÃO

Portanto, nesse trabalho fica evidente que o estado psíquico do indivíduo influencia no momento da atitude do delito, logo vale salientar que o Direito Penal buscou respostas em outras ciências com o intuito de compreender as ações criminosas e o perfil dos delinquentes acometidos por insanidades mentais.

Conclui-se também que a psiquiatria forense exerce função importantíssima na busca pela responsabilização do infrator, além disso, tem papel importante na ressocialização desses indivíduos.

Outrossim, visou-se esclarecer o tratamento dado os psicopatas, quando considerando a imputabilidade, além de analisar a impossibilidade de pena de caráter perpétuo no sistema jurídico brasileiro e qual a eficácia de cada pena que pode ser aplicada ao psicopata.

Existem controvérsias sobre a possibilidade de cura e que os crimes são cometidos

com consciência do ilícito penal ou se realmente não têm discernimento da gravidade de

suas condutas. A prisão não necessariamente ressocializa, mas pode chegar a humilhar e

corromper ainda mais, por isso busca-se um modelo de justiça penal em que se elimine a

repressão e sejam adotadas medidas consensuais. Por fim, é fundamental crer que com o

avanço da medicina legal e da psiquiatria forense pode-se chegar cada vez mais perto da

realidade do réu.

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REFERÊNCIAS

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>http://marianareina.jusbrasil.com.br/artigos/15186414/a-figura-do-psicopata-no-direito-penal-brasileiro VIEIRA, V. As funções do Direito Penal e as finalidades da sanção criminal no Estado Social Democrático de Direito. Âmbito Jurídico, Rio Grande, v. 10, n. 37, fev. 2007.Disponível em:

<http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos _leitura&artigo_id=1691>. Acesso em: 29/03/2018

Borges, T. A função social da pena e a ressocialização da Penitenciária Lemos Brito. Disponível em:http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_ leitura&artigo_id=8275.

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RIGONATTI, Sérgio Paulo (coord.), SERAFIM, Antonio de Pádua (org.), BARROS, Edgard Luiz de (org).

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