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ESTADO DO ESPÍRITO SANTO PODER JUDICIÁRIO VITÓRIA - 4ª VARA CÍVEL

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Academic year: 2022

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Não vale como certidão.

Processo : 0022818-16.2016.8.08.0024 Petição Inicial : 201601037490 Situação : Tramitando

Ação : Embargos à Execução Natureza : Cível Data de Ajuizamento: 21/07/2016 Vara: VITÓRIA - 4ª VARA CÍVEL

Distribuição

Data : 21/07/2016 13:38 Motivo : Distribuição por Dependência

Partes do Processo Embargado

RONALDO ALVES

7077/ES - BRUNO DE PINHO E SILVA Embargante

SONIA ALVES DINIZ

5462/ES - SERGIO CARLOS DE SOUZA MARILIA ALVES BLIEIRO DINIZ 5462/ES - SERGIO CARLOS DE SOUZA MARIA GUILHERMINA ALVES BELIEIRO DINIZ 5462/ES - SERGIO CARLOS DE SOUZA CRISTINA ALVES BALIEIRO DINIZ 5462/ES - SERGIO CARLOS DE SOUZA VERONICA ALVES BALIEIRO DINIZ ROMANO 5462/ES - SERGIO CARLOS DE SOUZA Juiz: MAURICIO CAMATTA RANGEL

Sentença

ESTADO DO ESPÍRITO SANTO PODER JUDICIÁRIO

VITÓRIA - 4ª VARA CÍVEL

Número do Processo: 0022818-16.2016.8.08.0024

SENTENÇA

SONIA ALVES DINIZ e outros ajuizaram embargos à execução em face de RONALDO ALVES, alegando, em síntese, que o título exequendo é nulo de pleno direito e, por conseguinte, inexigível a suposta obrigação nele consubstanciada; a atuação do exequente nos autos do precatório em questão, origem do crédito exequendo, só poderia ocorrer após sua

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aposentação, ocorrida em 01.11.2000; para fazer jus a honorários advocatícios e assinar um termo de prestação de serviços jurídicos, na qualidade de credor, o primeiro requisito é que fosse habilitado como advogado, o que não é, tampouco era à época da assinatura do contrato;

o exequente é qualificado como magistrado no título exequendo, contratado para prestar diligências à constituição do precatório em favor da empresa COENCO, com direito ao percentual de 25% do valor percebido pelos contratantes; a afirmação de que se trata de serviço jurídico prestado no passado pelo exequente, juntamente com outro advogado, teria objeto impossível, considerando que, em 1991, o exequente já era juiz e o outro contratado, dr. César Piantavigna, ainda cursava Direito, sem inscrição na OAB; em 1998 seria impossível que tenham atuado conjuntamente, pois o dr. César passou a atuar nos autos em outubro de 1994, e o termo foi assinado somente em 1998; o exequente, por ser magistrado à época, não poderia assinar qualquer petição ou prestar serviços jurídicos, por vedação de assento constitucional (CF 95, par. único, I, II e III) e na LOMAN (art. 36, I); o contrato em foco é nulo em razão de seu objeto ilícito, na forma do CC 166, II; considerando que a sentença já havia concedido os valores pleiteados pela empresa, COENCO, o litígio se limitou aos cálculos de correção e juros, não se chegando ao montante supostamente devido por singelos cálculos aritméticos, inexistindo valor definido no título exequendo, mas apenas um percentual a ser calculado sobre suposto débito remanescente, situação que tira a liquidez do título exequendo.

Com a inicial vieram os documentos de f. 23-138.

O embargado ofereceu impugnação alegando ser lícito o objeto do contrato em foco; o exequente, antes de sua posse como juiz de direito, em 1991, atuou como advogado, regularmente inscrito nos quadros da OAB, inclusive prestando habitualmente serviços ao falecido, Manasses Balieiro Diniz, às suas empresas e, principalmente à sua esposa, ora embargante, como comprovam os documentos que instruem a impugnação; entre o ajuizamento da ação de cobrança que deu ensejo ao precatório e a posse do embargado, como juiz, transcorreram oito anos, e os valores ajustados no “Termo de Fixação de Remuneração”

referem-se às diligências realizadas exatamente neste período, nos termos da cláusula segunda do contrato; o título exequendo, assinado em 1998, refere-se a uma novação ou “remodelação de intenções pré-concebidas” entre as partes, concernentes à remuneração de um serviço prestado anteriormente pelo embargado, com a finalidade de ajuizar ação de cobrança em nome da empresa COENCO, em face do Município de Cariacica; o próprio título indica que o sr. Manassés contratou o embargado para que promovesse a ação de cobrança que deu origem ao precatório, de modo que fica evidenciado que os serviços prestados por este remontam à data da propositura da demanda, no ano de 1983; como o ofício requisitório do precatório fora expedido em 30.08.1985, conclui-se que as diligências prestadas pelo embargado para a constituição do precatório remontam a este período, em que o embargado ainda atuava como advogado; o fato de ter assumido cargo público incompatível om a advocacia, em 1991, não constitui óbice para o recebimento de valores pelo serviço prestado anteriormente; inexiste excesso de execução na pretensão executiva, considerando que corresponde a cerca de 11% do proveito econômico alcançado na causa, sendo que o valor reservado aos advogados, ao final,

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correspondeu a cerca de 22% do benefício financeiro alcançado (f. 146-169).

Com a impugnação os documentos de f. 171-243.

Réplica às f. 246-258.

Audiência de saneamento às f. 267.

Vieram os autos conclusos.

É O RELATÓRIO. D E C I D O.

___________________________________________________________

Pretende o Autor o recebimento de valores decorrentes do contrato exequendo, colacionado às f. 18-21, da execução, intitulado de “Termo de Fixação de Remuneração pelo patrocínio de causa judicial que fazem MANASSÉS BALIEIRO DINIZ, CESAR PIANTAVIGNA e RONALDO ALVES”, em razão de prestação de serviços advocatícios no Precatório 365/98, oponível ao Município de Cariacica.

Pelos embargantes, entre outras alegações, foi arguida a ilicitude do objeto, argumentando que, em 1991, o exequente atuava como juiz de direito e o outro contratado, dr. César Piantavigna, ainda cursava direito, portanto, sem inscrição na OAB.

Aduzem que, em 1998 seria impossível que tenham atuado conjuntamente, pois o dr. César passou a atuar nos autos em outubro de 1994, e o termo foi assinado somente em 1998. O exequente, por ser magistrado à época, não poderia assinar qualquer petição ou prestar serviços jurídicos, por vedação de assento constitucional (CF 95, par. único, I, II e III) e na LOMAN (art. 36, I).

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Em que pese o coleguismo e respeito que sempre nutri pelo embargado, durante nossa caminhada na magistratura, no caso em foco não vejo como prosperar a pretensão executiva, positivada no contrato em foco, em razão da proibição constitucional e infraconstitucional referidas (CF 95, par. único, I, II e III, e na LOMAN, art. 36, I).

Com efeito, a prestação de serviço profissional assegura apenas aos inscritos na OAB o direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência. Se convencionados, como no caso concreto, “exige-se do beneficiário que do contrato já conste o valor exato dos seus honorários ou que o mesmo seja previamente aferido em procedimento preparatório de arbitramento, ou, ainda, que antes haja condenação em processo de conhecimento, no qual se observou o procedimento" (STJ-3ª Turma, Ag 3.805-SP- AgRg, rel. Min. Waldemar Zveiter, j. 27.8.90, v.u., DJU 1.10.90, p. 10.446, "apud" Bol. AASP 1.679/54, em. 9).

Para que fique evidenciado a absoluta incompatibilidade do embargado para firmar o contrato em foco, basta a simples leitura da “Cláusula Quarta – Remuneração”, em que as partes “obrigam-se a pagar aos 1º e 2º Contratados o montante a receber do Precatório 365/85, cabendo a cada qual , isoladamente, o equivalente a 25% do montante acima”.

Ora, se as partes estipularam que o total remanescente do Precatório ainda seria recebido, significa dizer que ainda se fazia necessária a atuação dos contratados na persecução do valor.

Dessa forma, como o embargado era juiz de direito e o outro contratado ainda cursava a faculdade, a obrigação assumida pelo embargado era impossível, pela vedação de assento constitucional e infraconstitucional.

Nessa linha de raciocínio, não há que se falar em serviços pretéritos prestados pelo embargado, considerando que o próprio afirma, na impugnação, que o contrato consubstancia uma novação. E o que seria uma novação, que, na visão do embargado, não estaria submetida à vedação constitucional?

Segundo o magistério de José Soriano de Sousa Netto, “é essencial o requisito do animus novandi, isto é, que o credor tenha tido a vontade de, mediante a constituição de novo crédito, extinguir o antigo, liberando, desse modo, o devedor, de renunciar, enfim, aos seus direitos ligados a esse crédito. E, como a renúncia de direitos não se presume, deve ser provado que o credor agiu com o animus novandi, o que quer dizer com a intenção, a vontade de realizar a novação” (Da Novação, 2ª edição, p. 253).

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Também Washington de Barros Monteiro, ao cuidar do instituto da novação, leciona: “A novação corresponde a um meio liberatório singular, a um modo especial de extinguir a obrigação. Chega-se a compará-la a um pagamento fictício. Define-se como a “conversão de uma dívida em outra para extinguir a primeira”. É a substituição de uma dívida por outra, eliminando-se a precedente. Desaparece a primeira e, em seu lugar, surge uma nova. Esse conteúdo essencial, aliás duplo: um extintivo, referente à obrigação acima; outro gerador, relativo à obrigação nova. Não existe, pois, tão somente uma transformação; o fenômeno é mais complexo, abrangendo a criação de nova obrigação, que se substitui à antiga” (Curso de Direito Civil - Das Obrigações, IV, p. 32).

“Para que se dê a novação — prossegue o renomado autor — exigem-se os seguintes requisitos: a) a existência de uma obrigação anterior, que se extingue com a constituição da nova, que a substitui: b) criação dessa nova obrigação, em substituição a anterior, que se extinguiu; e c) a intenção de novar — animus novandi.

Ora, ao afirmar na sua impugnação que “o título exequendo, assinado em 1998, refere-se a uma novação ou remodelação de intenções pré-concebidas”, depreende-se que teria havido uma obrigação anterior, extinta pelo novo contrato. Dessa forma, como houve o nascimento de um novo contrato, em substituição e extinguindo a obrigação anterior, apenas advogados habilitados, regularmente inscritos na OAB, poderiam firmar o novo contrato, jamais o embargado, que atuava como juiz de direito.

Admitir-se-ia que até mesmo que o embargado fizesse uma cessão de seu suposto crédito; o que não podia, por absoluta incompatibilidade e proibição, era assinar um instrumento assumindo uma obrigação privativa àqueles regularmente inscritos na OAB.

É elementar em processo que toda execução tem por base título executivo judicial ou extrajudicial, cuja ausência gera nulidade (nulla executio sine titulo) e, no caso em foco, a nulidade decorre da ilicitude do objeto, com base no CC 166, II, impondo-se seja declarada sua nulidade .

Pelo exposto, julgo procedente o pedido formulado pelos embargantes e, por conseguinte, declaro a nulidade do título exequendo, pela ilicitude de seu objeto, tornando sem efeito todas as decisões pretéritas nos autos que atinjam os direitos patrimoniais dos embargantes. Condeno o embargado nas custas e honorários de 10% sobre o valor da causa.

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P.R.I.

Vitória-ES, 2 de agosto de 2021.

VITÓRIA, 02/08/2021

MAURICIO C RANGEL Juiz(a) de Direito

Dispositivo

Pelo exposto, julgo procedente o pedido formulado pelos embargantes e, por conseguinte, declaro a nulidade do título exequendo, pela ilicitude de seu objeto, tornando sem efeito todas as decisões pretéritas nos autos que atinjam os direitos patrimoniais dos

embargantes. Condeno o embargado nas custas e honorários de 10% sobre o valor da causa.

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