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Ministério da Educação Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel Departamento de Fitotecnia Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes

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Departamento de Fitotecnia

Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes

Dissertação

CONDIÇÕES DE SEGURANÇA DO TRABALHO EM UNIDADES DE BENEFICIAMENTO DE SEMENTES DE SOJA

Alex Leal de Oliveira

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ALEX LEAL DE OLIVEIRA

CONDIÇÕES DE SEGURANÇA DO TRABALHO EM UNIDADES DE BENEFICIAMENTO DE SEMENTES DE SOJA

Dissertação apresentada a Universidade Federal de Pelotas, sob orientação do Prof. PhD. Leopoldo Mario Baudet Labbé, como parte das exigências do Programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, para obtenção do título de Mestre em Ciências.

Pelotas

Rio Grande do Sul - Brasil 2013

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O48c OLIVEIRA, ALEX LEAL DE

CONDIÇÕES DE SEGURANÇA DO TRABALHO EM UNIDADES DE BENEFICIAMENTO DE SEMENTES DE SOJA / ALEX LEAL DE OLIVEIRA; LEOPOLDO BAUDET, orientador; GIZELE INGRID GADOTTI, co-orientador. – Pelotas, 2013.

56 f.: il.

Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Sementes), Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2013.

1.Glycine max. 2.mapa de ruído. 3.beneficiamento de sementes. 4.ambiente de trabalho. 5.segurança do

trabalho. I. BAUDET, LEOPOLDO , orient. II. GADOTTI, GIZELE INGRID , co-orient. III. Título.

CDD: 633.34

Catalogação na Fonte: Gabriela Machado Lopes CRB:10/1842 Universidade Federal de Pelotas

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Banca examinadora:

_______________________________ Prof. PhD. Leopoldo Mario Baudet Labbé

(Presidente da Banca Examinadora)

_______________________________ Profº Dr. Francisco Amaral Villela

(Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel / UFPel)

_______________________________ Dr. Élbio Treicha Cardoso

(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária / EMBRAPA)

_______________________________ Prof. Dra. Gizele Ingrid Gadotti

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AGRADECIMENTOS

À Deus por me dar a vida e o privilégio de concluir mais um dos meus importantes objetivos.

Aos meus pais, Silvio e Magnólia, por acreditarem sempre em mim, e por terem me dado todo o suporte inicial para que eu pudesse chegar até aqui.

Aos meus irmãos, Max e Lucas, pelo incentivo permanente durante o período longe da Bahia.

Ao indispensável e decisivo apoio de Yasmine Schineder, Fernanda Deiró, Jucilayne Vieira e Cassyo Rufino.

A todos os meus familiares e amigos que mesmo de longe me apoiaram para superar os momentos difíceis.

À EBDA – Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola e toda equipe da Divisão de Produção Vegetal, em especial aos colegas Edson Alva, Eli Santana e Valfredo Vilela, pelo apoio para a realização do curso de mestrado.

Ao Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes da UFPel por me dar a oportunidade de realizar o curso de mestrado.

Ao meu orientador, Prof. Leopoldo Baudet e minha co-orientadora, Dra. Gizele Gadotti, pela amizade, pelos esclarecimentos e empenho em transmitir seus conhecimentos.

Aos novos amigos conquistados ao longo da realização do curso de mestrado, em especial a Carolina, Alberto, César, Cristiane, Mariana, Elisa, Sandro, Flávio e Winícius.

Aos amigos e “colaboradores nas horas vagas”, Ádamo Araújo e Caio Sippel Dorr.

À colaboração dos competentes profissionais, Alexandre Gazolla Neto, Rosária Azambuja e da Prof. Cândida Jacobsen durante a execução dos trabalhos.

Às Unidades de Beneficiamento de Sementes do Rio Grande do Sul, que colaboraram com a realização dos trabalhos de coleta de dados a campo.

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LISTA DE SIGLAS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRASEM - Associação Brasileira de Sementes e Mudas

ACGIH - American Conference of Govermental Industrial Hygienists ANC - Active Noise Control

BS - British Standart

CAT - Comunicação de Acidente do Trabalho

CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CIPATR - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural CLT - Consolidação das Leis do Trabalho

CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento EPI - Equipamento de Proteção Individual

FUNDACENTRO - Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ISO - International Organization for Standardization LED - Light Emitting Diode

LT - Limite de Tolerância

MAP - Máquina de Ar e Peneira

MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MG - Mesa de Gravidade

MTE - Ministério do Trabalho e Emprego NA - Nível de Ação

NHO - Norma de Higiene Ocupacional NPS - Nível de Pressão Sonora

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OHSAS - Occupational Health and Safety Assessments Series OIT - Organização Internacional do Trabalho

PAIR - Perda Auditiva Induzida por Ruído

PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PDCA - PLAN - DO - CHECK - ACT

PNOS - Partículas Não Especificadas de Outra Maneira

PPGCTS - Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes PPR - Programa de Proteção Respiratória

PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais QSMS - Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança RENASEM - Registro Nacional de Sementes e Mudas SE - Separador de Espiral

SST - Saúde e Segurança do Trabalho

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Normas Regulamentadoras de segurança do trabalho em vigência... 5 Tabela 2. Nível de Pressão Sonora (NPS) emitida por Máquina de ar e peneiras (MAP), Mesa de gravidade (MG), Separador de espiral (SE) e NPS Total em quatro Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS... 37

Tabela 3. Iluminamento dos postos de trabalho na Máquina de ar e peneiras (MAP), Mesa de gravidade (MG) e Padronizador (PD) em quatro Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS... 47

Tabela 4. Avaliação quantitativa e qualitativa para poeira em quatro Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS... 49

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Distribuição percentual do número de empregados nas Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS... 19

Figura 2. Percentual de máquinas em circulação na empresa de sementes de soja...19

Figura 3. Distribuição percentual de silos armazenadores nas Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS...19

Figura 4. Distribuição percentual da ocorrência de acidentes do trabalho nos últimos 36 meses nas Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS... 20

Figura 5. Distribuição percentual das Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS, fiscalizadas ou não pelo Ministério do Trabalho e Emprego... 20

Figura 6. Distribuição percentual de profissionais treinados em SST por categoria... 22

Figura 7. Comparativo do rendimento entre os grupos de profissionais em formação na amostra estudada... 24

Figura 8. Disposição do maquinário de beneficiamento da UBS 1. (Dimensões: 25m x 40m)... 33 Figura 9. Disposição do maquinário de beneficiamento da UBS 2. (Dimensões: 10m x 30m)... 33 Figura 10. Disposição do maquinário de beneficiamento da UBS 3. (Dimensões: 12m x 20m)... 34 Figura 11. Disposição do maquinário de beneficiamento da UBS 4. (Dimensões: 15m x 25m)... 34

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1 (a). Distribuição de ruído emitido pela MAP da UBS 1... 42

Mapa 1 (b). Distribuição de ruído emitido pela MG da UBS 1... 42

Mapa 1 (c). Distribuição de ruído total da UBS 1... 42

Mapa 2 (a). Distribuição de ruído emitido pela MAP da UBS 2... 43

Mapa 2 (b). Distribuição de ruído emitido pela MG da UBS 2... 43

Mapa 2 (c). Distribuição de ruído total da UBS 2... 43

Mapa 3 (a). Distribuição de ruído emitido pela MAP da UBS 3... 44

Mapa 3 (b). Distribuição de ruído emitido pela MG da UBS 3... 44

Mapa 3 (c). Distribuição de ruído emitido por separador de espiral sem enclausuramento da UBS 3 ... 44

Mapa 3 (d). Distribuição de ruído total da UBS 3... 44

Mapa 4 (a). Distribuição de ruído emitido pela MAP da UBS 4... 45

Mapa 4 (b). Distribuição de ruído emitido pela MG da UBS 4... 45

Mapa 4 (c). Distribuição de ruído emitido por separador de espiral com enclausuramento da UBS 4 ... 45

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CONDIÇÕES DE SEGURANÇA DO TRABALHO EM UNIDADES DE BENEFICIAMENTO DE SEMENTES DE SOJA

AUTOR: Alex Leal de Oliveira

ORIENTADOR: Prof. Leopoldo Baudet

RESUMO - A preparação dos recursos humanos é o principal desafio para implantar programas de segurança, portanto os gestores das Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBS), bem como a mão-de-obra em formação nas universidades, devem estar devidamente sensibilizados sobre o tema. O presente trabalho teve como objetivo a formação de um diagnóstico das condições de segurança do trabalho no beneficiamento de sementes de soja no estado do Rio Grande do Sul. Primeiramente, foi feito um levantamento sobre a percepção da segurança em Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBS) entre os profissionais que estão em capacitação e entre os gestores das UBS. O perfil das UBS pesquisadas, quanto a segurança do trabalho, mostra que 64% das UBS tem entre 1 e 50 empregados, 71% possuem entre 1 e 10 máquinas circulando no interior da UBS e 35% tem entre 5 e 10 silos armazenadores. Em relação aos acidentes, 36% da totalidade das UBS entrevistadas, confirmaram a existência de acidentes do trabalho nos últimos três anos. Sobre a inspeção oficial, 64% afirmaram que já foram fiscalizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, pelo menos uma vez e em relação à existência das CIPA, estão ativas em 59% dos estabelecimentos entrevistados. A mão-de-obra de nível superior em formação para o setor sementeiro não está suficientemente treinada quanto ao tema de saúde e segurança do trabalho em UBS. Na segunda etapa foi conduzido o estudo em quatro UBS localizadas no estado do Rio Grande do Sul, que foram avaliadas in loco, considerando cada particularidade construtiva, de máquinas e equipamentos e nível tecnológico. As avaliações de campo compreenderam aferições de ruído, iluminância e avaliação qualitativa e quantitativa da poeira em suspensão. Nenhuma das UBS pesquisadas está em pleno acordo com a legislação vigente, para os parâmetros investigados, sendo o elevado nível de ruído, o agente físico de maior comprometimento da qualidade do ambiente de trabalho em UBS pesquisadas. Quanto às condições de iluminação das UBS, observa-se que são excessivamente escuras, comprometendo a segurança do trabalhador. Em relação à poeira em suspensão é possível afirmar que o risco está presente, mas a falta de referência oficial para poeiras vegetais originadas do beneficiamento de soja dificulta a interpretação dos resultados e o estabelecimento de níveis seguros para a referida operação.

Palavras chave: Glycine max, beneficiamento de sementes, poeira, luminosidade, mapa de ruído, ambiente de trabalho.

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SAFETY WORK CONDITIONS IN SOYBEAN SEED CONDITIONING PLANTS AUTHOR: Alex Leal de Oliveira

ADVISER: Leopoldo Baudet

ABSTRACT - The preparation of human resources is the main challenge to the implementation of security system, so the managers of the Seed Conditioning Plants, as well as hand-to-work training in the universities should be properly sensitized on the subject. The objective of this study was to compound a diagnosis of the conditions of work safety in the conditioning of soybean seeds in the state of Rio Grande do Sul. Firstly, it was done a survey on the perception of safety in Seed Conditioning Plants among the professionals who are in training and managers. The profile of the seed plants studied, about job security, shows that 64% have between 1 and 50 employees, 71% have between 1 and 10 machines circulating within the units and 35% have between 5 and 10 silos. Regarding accidents, 36 % of all interviewed units, confirmed the existence of occupational accidents in the last three years. About official inspection, 64% said they have been inspected by the Ministry of Labor and Employment, at least once. There is a concern about the existence of CIPA, which are active in 59 % of the establishments surveyed. The study indicates that superior hand-labor is not enough trained on the subject of health and safety. For the second stage of the research, four soybean seed conditioning plants at Rio Grande do Sul were evaluated in situ, considering every particular constructive, machinery and equipment and technological level. The field evaluations cover measurements of noise, brightness and qualitative and quantitative assessment of airborne dust. None of the surveyed units is in full accordance with the law, for the parameters investigated and the high noise level was the main physical agent of quality of the work environment at the plants surveyed. As for the lighting conditions of the seed plants all are overly dark, compromising worker safety. Regarding the suspended dust is possible to say that the risk is present, but the lack of official reference to vegetable dusts arising from the conditioning of soybeans complicates the interpretation of results and the establishment of safe levels for this operation.

Keywords: Glycine max, seed conditioning, dust, brightly, noise level, work ambient.

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SUMÁRIO

1. Introdução Geral ... 1

1.1 Características da produção de soja no RS... 2

1.2 Planejamento operacional de UBS... 3

1.3 Segurança do trabalho no meio rural... 3

1.4. Riscos ocupacionais relacionados com o beneficiamento de sementes... 6

Referências Bibliográficas... 10

2. Capítulo I: Diagnóstico das condições de gestão em segurança do trabalho no setor sementeiro do Rio Grande do Sul ... 13

Resumo... 13 Abstract... 14 Introdução...15 Material e métodos... 16 Resultados e discussão...18 Conclusões... 25 Referências Bibliográficas... 26

3. Capítulo II: Condições do ambiente interno em quatro Unidades de Beneficiamento de Sementes e a segurança no trabalho ... 29

Resumo... 29

Abstract... 30

Introdução... 31

Material e métodos... 32

Resultados e discussão... 36

Avaliação de ruído emitido individualmente pela MAP, MG e SE... 36

Formação de mapas de ruído... 39

Iluminância... 46 Poeira... 48 Conclusões... 51 Referências Bibliográficas... 52 4. Considerações finais ... 54 5. Apêndice... 55

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1. Introdução Geral

O agronegócio brasileiro é altamente rentável e contribui significativamente para o atual momento da economia brasileira, gerando emprego e renda para milhões de famílias rurais.

Sendo o Brasil um país essencialmente agrícola, e diante da importância econômica da atividade de produção de sementes para o atendimento da questão da segurança alimentar e nutricional, além da matriz bioenergética, a semente constituiu-se em um importante insumo que contribui decisivamente para o sucesso das lavouras comerciais.

A demanda potencial para a produção de sementes das grandes culturas, na safra 2012/2013, atingiu a grandeza de 2.748.897 toneladas (ABRASEM, 2013). Ao considerar apenas os dados relacionados à cultura da soja, revela-se a importância desta para a agricultura nacional, uma vez que, 60,49% da demanda de sementes produzidas são para o atendimento dos agricultores que cultivam 27.715.200 hectares de soja.

Mesmo considerando a pirataria e a baixa taxa de utilização em algumas regiões, o negócio de sementes de soja no país é robusto, envolvendo 5.450 engenheiros agrônomos, 16.350 técnicos agrícolas, 380 pesquisadores, 48.750 auxiliares de campo, 2.500 auxiliares de laboratório, 29.000 auxiliares de revendas, 110.000 trabalhadores temporários e 2.600 auxiliares envolvidos com beneficiamento e armazenamento de sementes de soja (MENEGUELLO; PESKE, 2013).

Apesar do elevado número de trabalhadores que se dedicam à produção de sementes de padrão superior, entende-se que a avaliação dos riscos ambientais, das condições de trabalho, a adequação do maquinário de beneficiamento, a correção ergonômica, além da prevenção de acidentes ainda é pouco discutida, fiscalizada e aplicada em grande parte das Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBS) brasileiras.

Existem dificuldades para a implantação da segurança do trabalho em unidades agroindustriais, uma vez que são necessários investimentos, eliminação de vícios comportamentais e cumprimento de exigências legais, bem como necessidade de

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maior apoio aos profissionais de segurança, por parte da direção das empresas (VAN DER LAAN, 2010).

Diante de tal cenário, se faz necessária a implementação de estratégias de logística, distribuição e também de gestão de recursos humanos nas UBS, uma vez que a melhoria das condições de trabalho e a qualificação da mão-de-obra envolvida para sua produção e beneficiamento não acompanha o desenvolvimento de tecnologia e inovação existente no setor sementeiro.

1.1 - Características da produção de soja no Rio Grande do Sul

O grão de soja é de grande versatilidade, sendo utilizado na alimentação humana e animal e como de matéria prima para a agroindústria, através do complexo soja. Na safra 2012/2013, o Brasil foi responsável pela maior área cultivada com a Fabaceae, superando a safra norte americana, com a implantação de 27.715.200 hectares, expandindo a área de produção nacional em 10,7%, comparativamente à safra anterior (CONAB, 2013).

O estado do Rio Grande do Sul contribuiu para o bom desempenho da cultura, com o cultivo em área de 4.618.600 hectares na safra 2012/2013, apresentando produtividade média de 2.640kg.ha-1 (CONAB, 2013).

A atividade sojicultora no RS se desenvolveu inicialmente na Região Noroeste, tendo se expandido para outras regiões, entretanto sem afetar a liderança da região na produção estadual. As lavouras de soja deslocaram a pecuária extensiva, transformando áreas de pastagem natural e áreas de mata nativa em lavouras mecanizadas (TRENNEPOHL; NAGEL PAIVA, 2011).

A tecnificação da agricultura gaúcha, associada à adaptação da sojicultura ao estado do Rio Grande do Sul, foram fatores decisivos para o bom desempenho das lavouras, tornando o estado o terceiro colocado em área cultivada, contribuindo com 16,67% da soja produzida no país, na safra 2012/2013.

Apesar do bom desempenho das lavouras no estado, apenas 31% da área destinada às lavouras se beneficia da tecnologia de sementes (ABRASEM, 2013). Assim sendo, existe um grande mercado potencial para a agroindústria sementeira no atendimento aos agricultores gaúchos, no que concerne à oferta de sementes que promovam incremento na produtividade ou na qualidade dos grãos.

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1.2 - Planejamento Operacional de UBS

De maneira generalizada, pode-se conceituar beneficiamento como um conjunto de operações que objetivam o aprimoramento das características de um lote de sementes (TOLEDO; MARCOS FILHO, 1977).

As operações utilizadas para o beneficiamento de sementes variam de acordo com a espécie, cultivar e lote de sementes. Portanto, o responsável técnico pelo planejamento de uma UBS deverá ser capaz de selecionar as máquinas a serem utilizadas para uma determinada espécie e arranjá-las de modo que se mantenha um fluxo contínuo de operação numa sequência eficiente para determinado lote de sementes (PESKE; BAUDET, 2012).

Os critérios adotados para a seleção das instalações, equipamentos e de um sistema de gerenciamento destinado ao beneficiamento e armazenamento de sementes, atualmente, considera muitos elementos, e não se baseia exclusivamente no simples conceito de custo e benefício. Para Tillmann (2006), a implantação de um sistema integrado de gestão permite identificar e minimizar os gargalos que afetam o processo e, consequentemente o produto final. Assim, os fatores tecnológicos, de gestão de pessoal, produção e produtividade, logística de distribuição e os quesitos socioambientais, também são elementos que compõem as decisões de gerenciamento em UBS.

1.3 - Segurança do Trabalho no meio rural

Não há registros de qualquer tipo de medida política ou social que tivesse por objetivo a proteção do trabalhador nos primeiros quatrocentos anos de história do Brasil. A condição de país-colônia por mais de três séculos, onde se utilizava mão-de-obra escrava até o fim do século XIX, contribuiu para a formação do trabalhador atual. No Brasil, a presença do escravismo, além de suas sequelas de ordem econômica, política e social, levou à consolidação das ideias greco-romanas do trabalho, visto e entendido como sofrimento e punição (BRASIL, 2002).

A legislação brasileira referente à saúde e segurança do trabalho, especialmente no meio rural, foi construída vagarosamente. O grande avanço foi a atualização da constituição vigente, que prevê em seu Art. 7:

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Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social.

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança (BRASIL,1988).

Anteriormente a Constituição Federal de 1988, os trabalhadores do meio rural sempre foram tratados de modo diferenciado. Apesar da existência dessa dicotomia entre trabalhadores do campo e da zona urbana, a constituição equiparou os direitos previdenciários entre esses trabalhadores (CHAPARRO, 2011).

Embora a Constituição atente-se para a importância da saúde e segurança do trabalho, alguma coisa já havia sido feita na intenção de salvaguardar a condição do trabalhador brasileiro, como as Normas Regulamentadoras (NRs) e a própria Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

Mesmo com a existência da legislação, a maior parte dos empreendimentos agropecuários ainda não se adequou às NRs. Isso se deve à desorganização do setor agrícola nacional e da insuficiente fiscalização das condições de trabalho no meio rural. Em 2012, foram realizadas 11.019 ações fiscais (BRASIL, 2012), mas isso representa pouco, ao se tomar como referência os 5.175.489 estabelecimentos agropecuários identificados pelo Censo de 2006 (IBGE, 2006).

Por outro lado, no concernente à condição cultural do trabalhador rural, Martins (1999), considera que este é mais um fator limitante para a Segurança do Trabalho, uma vez que o maior índice de analfabetos e semi-alfabetizados encontra-se no meio rural, decorrência da má distribuição das escolas, da falta de professores qualificados e do isolamento geográfico das comunidades rurais. A baixa escolaridade limita os treinamentos e cursos de especialização, dificulta a leitura de rótulos de produtos químicos e manuais de uso de equipamentos.

O despreparo a respeito da Segurança do Trabalho Rural não se limita, no entanto, apenas aos trabalhadores envolvidos diretamente na atividade produtiva. A exemplo, Seifert (2009), estudando a formação dos profissionais de Ciências Agrárias sobre a temática, constatou que tanto os produtores, quanto os futuros profissionais não estão devidamente conscientizados sobre a segurança no meio rural.

Apesar das dificuldades para a adoção das práticas de segurança, algumas estratégias devem ser utilizadas para a promoção da redução de incidentes, acidentes, afastamentos, internações e óbitos relacionados ao trabalho no meio rural.

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Uma alternativa é o emprego do Sistema de Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho (SST), cujo monitoramento dos riscos, associado ao processo educativo permanente, vai permitir a adequação à legislação vigente e às Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego, descritas na Tabela 1.

Tabela 1. Normas Regulamentadoras de segurança do trabalho em vigência

Número Norma Regulamentadora

01 Disposições Gerais 02 Inspeção Prévia 03 Embargo ou Interdição

04 Serviços em Eng. de Segurança e em Medicina do Trabalho 05 CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes 06 EPI – Equipamentos de Proteção Individual

07 PCMSO – Programa de Controle Médico e de Saúde Ocupacional 08 Edificações

09 Programas de Prevenção de Riscos Ambientais 10 Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade

11 Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais 12 Máquinas e Equipamentos

13 Caldeiras e Vasos de Pressão 14 Fornos

15 Atividades e Operações Insalubres 16 Atividades e Operações Perigosas 17 Ergonomia

18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção 19 Explosivos

20 Líquidos Combustíveis e Inflamáveis 21 Trabalho a Céu Aberto

22 Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração 23 Proteção Contra Incêndios

24 Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho 25 Resíduos Industriais

26 Sinalização de Segurança

27 Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no MTB 28 Fiscalização e Penalidades

29 Segurança e Saúde no Trabalho Portuário 30 Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário

31 Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura

32 Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde 33 Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados

34 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval 35

36 Trabalho em Altura Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados

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O sistema de gestão em SST pode ser implantado em qualquer unidade de produção agroindustrial, devendo atender, ao menos, às condições fixadas pelas normas regulamentadoras citadas anteriormente.

Uma definição de sistema de gestão em SST é dada por Teixeira e Teixeira (2003), como sendo um conjunto de medidas planejadas e efetivamente tomadas para evitar a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais.

A implantação de um sistema de gestão em SST consiste, fundamentalmente, em incluir a saúde e segurança do trabalho entre os itens que o empresário deve controlar para que se obtenha o sucesso em seu empreendimento, passando assim a integrar o próprio sistema de gestão da empresa.

A norma britânica BS 8.800 (British Standart) foi a primeira tentativa de estabelecer uma referência normativa para implementação de um sistema de gestão em SST, que vinha sendo associada às normas da Série ISO (International Organization for Standardization), como a ISO 9.000 (Sistema da Qualidade) e ISO 14.000 (Gestão Ambiental) (MILANELI, 2010).

Mesmo ainda em vigor, a BS 8.800 motivou a criação das normas intituladas de OHSAS (Occupational, Health and Safety Management Systems).

Com o crescente aumento das preocupações do poder público, empresários e sindicatos, no que se refere à melhoria das condições de segurança, saúde e meio ambiente, torna-se necessário o planejamento e implementação de um eficiente sistema de gestão de SST, mesmo nas unidades agroindustriais.

1.4 - Riscos ocupacionais relacionados ao beneficiamento de sementes

A fiscalização das UBS é atribuição do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), porém, a atividade empresarial de beneficiamento de sementes também está sujeita a fiscalizações e intervenções de outros órgãos governamentais, a exemplo dos órgãos ambientais e ainda do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

É notório o empenho dos empresários rurais e das instituições na manutenção e no incremento da qualidade das sementes, porém o foco estritamente produtivo, muitas vezes provoca o desamparo do trabalhador rural, que não raramente, se dispõe a trabalhar exposto a todo tipo de risco presente nas unidades agroindustriais que se destinam ao beneficiamento de sementes (OLIVEIRA, 2010).

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Os avanços em saúde e segurança do trabalho não são equivalentes à exigência de desempenho na produção, pós-colheita e beneficiamento. Tal descuido tem favorecido a ocorrência de acidentes causados por: condições inseguras, equipamentos defeituosos, falta de protetores, iluminação e ventilação inadequada, desorganização e pelo comportamento inseguro de alguns trabalhadores (VAN DER LAAN et al., 2012).

Oliveira (2010) identificou a existência de não conformidades em diversas etapas do beneficiamento, e consequentemente, o agravamento dos riscos químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes em UBS de diferentes níveis tecnológicos.

Considera-se uma UBS dotada das estruturas de recepção, pré-limpeza, secagem, beneficiamento e armazenagem, uma unidade agroindustrial adequada para o beneficiamento e armazenamento de sementes. Com a presença desses componentes, a necessidade de gerenciamento de SST se torna ainda mais evidente, uma vez que a Norma Regulamentadora NR-31 prevê legislação específica para a utilização desses equipamentos, através da Portaria 3.214/1978, que dispõe sobre a Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura (BRASIL, 2012).

Investigando sobre os riscos ocupacionais com máquinas e equipamentos para o beneficiamento do café, em Minas Gerais, Carvalho (2008) concluiu que todas as etapas do beneficiamento expõem os trabalhadores ao risco e que a preocupação com a Segurança do Trabalho está intimamente relacionada com o poder aquisitivo dos produtores. Quanto maior o poder aquisitivo, maior a preocupação e o investimento em segurança e a consequente adequação às Normas Regulamentadoras.

No entanto, a condição a qual os trabalhadores exercem suas atividades laborais é de responsabilidade do empregador, que está subordinado à fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), independente do número de funcionários que desempenham suas atividades laborais na unidade agroindustrial.

Além da NR-31, a atividade realizada nas UBS tem grande interação com outras normas regulamentadoras do MTE, como, por exemplo a NR-23 (Proteção Contra Incêndios), NR-33 (Espaços Confinados), NR-6 (Equipamento de Proteção Individual), NR-35 (Trabalho em Altura), NR-17 (Ergonomia) e fragmentos de outras normas dispostas na portaria 3.214/1978, de 8 de julho de 1978, que aprova as Normas Regulamentadoras, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho.

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Ainda no que se refere aos itens presentes numa Unidade de Beneficiamento de Sementes, os silos e os armazéns são construções indispensáveis ao armazenamento das sementes e influem decisivamente na sua qualidade e preço. Entretanto, por sua dimensão e complexidade, podem ser fonte de vários e graves acidentes do trabalho. Por serem os silos locais fechados, enclausurados e perigosos, são classificados como espaços confinados, objeto da NR-33 e complementadas com outras normas regulamentadoras do MTE, a exemplo da NR-23 (Proteção Contra Incêndios), uma vez que o risco de incêndio é permanente nas UBS.

Nos armazéns, os riscos também estão presentes, pois é nessa unidade que ocorre o processo químico de expurgo das sementes, a conservação a baixas temperaturas, além das operações de transporte, movimentação de carga e descarga de sementes, empilhamento e distribuição de lotes beneficiados.

Atualmente, ocorre a veiculação, através da grande mídia, de sinistros e acidentes relacionados ao setor agropecuário. A mídia desempenha papel fundamental na comunicação de massa ao formar a opinião pública. Entretanto, ao divulgar informações sobre riscos, sejam eles em menor ou maior escala, a mídia exemplifica ou exacerba o conteúdo das notícias e reportagens (RINALDI, 2007).

Mesmo com a divulgação dos acidentes, ainda é inexpressivo o registro das Comunicações de Acidente do Trabalho (CAT), junto aos órgãos competentes, portanto, constata-se que o setor agropecuário carece de informações sobre a Saúde e Segurança do Trabalho.

Os acidentes podem ser responsáveis pelo afastamento temporário ou permanente de trabalhadores, sendo que não é incomum a ocorrência de óbitos durante o exercício da atividade laboral. Diante de cenário tão preocupante, a ação fiscalizadora do poder público tem se mostrado presente e apesar das limitações, suas ações fiscais em empresas do setor agrícola alcançaram 838.417 trabalhadores rurais, apenas no ano de 2012 (BRASIL, 2012 b).

Ainda há grande dificuldade na identificação e percepção dos riscos ocupacionais, por parte dos trabalhadores e empregadores rurais. Embora existam metodologias para a identificação, monitoramento e eliminação dos agentes potencialmente nocivos, o desconhecimento expõe empregadores e trabalhadores rurais que desempenham suas atividades laborais no interior das UBS, a riscos de natureza química, física, biológica, ergonômica, além do acidente propriamente dito.

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A determinação de padrões para referência é indispensável para o bom funcionamento de um sistema de gestão de segurança, especialmente em unidades agroindustriais, que de modo geral são tão desprovidas de informação.

Os métodos de identificação de riscos ocupacionais em UBS, bem como, o estabelecimento de padrões para o monitoramento e controle do ruído, luminosidade, temperatura, partículas em suspensão e outros agentes potencialmente prejudiciais, devem ser adotados por empresários e responsáveis técnicos do setor sementeiro, que podem utilizar esse tipo de informação para se ajustar à legislação vigente, evitando prejuízos com indenizações, paradas não programadas e afastamento de trabalhadores. A mesma metodologia também serve como apoio em ações de fiscalização e inspeção de agentes governamentais ou de auditoria independente nas UBS.

Deste modo, identificar os riscos ocupacionais envolvidos no beneficiamento de sementes no Rio Grande do Sul e suas consequências sobre a produção e a segurança dos trabalhadores, irá contribuir para a melhoria do ambiente de trabalho. O estabelecimento de padrões e referenciais para o setor sementeiro serve de embasamento para estudos mais aprofundados sobre esse relevante tema, que é pouco discutido e tão escasso de literatura, assim o objetivo deste trabalho foi identificar a percepção da segurança entre os profissionais do setor sementeiro e determinar referenciais para o monitoramento dos riscos ocupacionais existentes em UBS.

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CAPÍTULO I

DIAGNÓSTICO DAS CONDIÇÕES DE GESTÃO EM SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR SEMENTEIRO DO RIO GRANDE DO SUL

AUTOR: Alex Leal de Oliveira

ORIENTADOR: Prof. Leopoldo Baudet

RESUMO: A percepção dos riscos ocupacionais é o ponto de partida para qualquer mudança relativa à saúde e segurança do trabalho (SST), especialmente nas unidades agroindustrias destinadas ao beneficiamento de sementes (UBS). Como ainda são insuficientes os trabalhos a respeito do diagnóstico e gestão de SST e havendo uma lacuna a ser preenchida sobre esse tipo de informação, conduziu-se o presente trabalho, com o objetivo de identificar a condição atual do setor sementeiro sobre o sistema de SST, através da visão das empresas de beneficiamento de sementes e dos profissionais em formação para o setor. O instrumento de pesquisa utilizado foi a aplicação de questionários a dois grupos. As entrevistas e coletas de dados foram realizadas entre os meses de julho a outubro de 2012, tanto no grupo dos gestores de UBS (A), quanto no grupo da mão-de-obra em formação na academia (B). Para os integrantes do grupo A, as questões tinham como objetivo a identificação dos produtos do beneficiamento, das máquinas e instalações da UBS e também do nível de organização existente nas unidades, através das CIPA formadas, enquanto que os questionários direcionados ao grupo B apresentavam questões estruturadas sobre os temas relacionados à segurança do trabalho. Os resultados mostraram o perfil das UBS pesquisadas, quanto à segurança do trabalho, sendo que 64% das UBS tem entre 1 e 50 empregados, 71% possuem entre 1 e 10 máquinas circulando no interior da UBS e 40% tem entre 1 e 4 silos armazenadores. Em relação aos acidentes, 36% da totalidade das UBS entrevistadas, confirmaram a existência de acidentes do trabalho nos últimos três anos. Sobre a inspeção oficial, 64% afirmaram que já foram fiscalizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, pelo menos uma vez, mas existe uma preocupação em relação à existência das CIPA, que estão ativas em 59% dos estabelecimentos entrevistados. O estudo direcionado para a mão-de-obra de nível superior em formação para o setor sementeiro aponta que este público não está suficientemente treinado quanto ao tema de segurança do trabalho nas unidades agroindustriais. Portanto, o setor sementeiro ainda carece de capacitação para a prevenção de acidentes nas UBS.

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CHAPTER I

DIAGNOSIS OF MANAGEMENT CONDITIONS IN OCCUPATIONAL SECURITY IN THE SEED SECTOR OF RIO GRANDE DO SUL

AUTHOR: Alex Leal de Oliveira ADVISER: Prof. Leopoldo Baudet

ABSTRACT - The perception of occupational hazards is the starting point for any changes relating to Occupational Safety and Health (OSH), especially in the seed conditioning at agro industries units. The studies about diagnosis and management of OHS are insufficient and there is a large gap to be filled on information about this subject. So, this study was conducted in order to identify the current condition of the seed sector on the system OSH, through the vision of seed conditioning companies and professionals in training at seed sector. The research instrument used was the application of surveys to the two groups. The interviews and data collections were conducted between July and October 2012, being group (A) the managers of seed units and group (B) the hand labor being training in seed science at the university. To A group, the questions were aimed to identify the conditioning products, the machines and facilities of seed plants and also the level of organization on the units through the CIPA, while the questionnaires to B group had issues structured on topics related to workplace safety. The profile of units about job security shows that 64% of them have between 1 and 50 employees, 71% have between 1 and 10 machines circulating within the units and 35% have between 5 and 10 silos. Regarding accidents, 36% of all interviewed units confirmed occupational accidents in the last three years. On the official inspection, 64% said they have been inspected by the Ministry of Labour and Employment, at least once. There is a concern about the existence of CIPA, which are active in 59% of the units surveyed. The study aimed to hand labor in training for the seed sector indicates that this group is not sufficiently trained on the subject of Occupational Safety and Health at agro industries units, so the seed sector needs training for the prevention of accidents at seeds units.

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Diagnóstico das condições de gestão em segurança do trabalho no setor sementeiro do Rio Grande do Sul

Introdução

A percepção das condições de realização do trabalho é atitude recente na atividade agroindustrial brasileira. As regulamentações da segurança do trabalho no neoliberalismo que, devido às privatizações, reestruturações e precarização do trabalho, mantêm índices elevados de acidentes do trabalho no Brasil, são elaboradas em razão das cobranças efetuadas pelas entidades sindicais, do Ministério do Trabalho e OIT, da qual o Brasil é signatário (KOSIBA, 2011).

Apesar das dificuldades para a adoção das práticas de segurança, algumas estratégias devem ser utilizadas para a promoção da redução de acidentes, afastamentos, internações e óbitos relacionados ao trabalho na agroindústria sementeira.

O Sistema de Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho (SST) é um importante componente da gestão integrada de Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança (QSMS). Cardela (2011), atenta o Sistema de SST é responsável por promover as ações capazes de reduzir danos e perdas provocadas por agentes agressivos de ação física, química, biológica ou ergonômica.

O centro de ação do Sistema de SST é a atividade humana, cujos colaboradores, gestores e pessoal de apoio devem ser envolvidos. Conforme Teixeira e Teixeira (2003), o sistema de gestão em SST é um conjunto de medidas planejadas e efetivamente tomadas para evitar a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais.

O Sistema de Gestão em SST nas empresas sementeiras deve conter estratégias e apresentar ferramentas que permitam o monitoramento dos riscos e das situações de emergência. Para que isso ocorra é preciso que as empresas e seus gestores estejam sensibilizados para os temas associados à saúde e segurança do trabalho, agindo como atores no processo de motivação e sensibilização de todos os colaboradores, especialmente aqueles que desempenham atividades laborais em ambientes de maior risco.

Como a motivação para o trabalho varia bastante entre indivíduos, sendo que o estado motivacional das pessoas produz o clima organizacional e também é por este influenciado (CHIAVENATO, 2006), o ambiente de trabalho mais humanizado,

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certamente trará mais resultados também na atividade agroindustrial, mesmo com todas as suas particularidades. A hipótese básica do trabalho humanizado é que ele promove o “melhor ajustamento” entre os empregados, tarefas, tecnologia e meio ambiente, tornado os processos mais eficientes (DAVIS e NEWSTRON, 2001).

O conhecimento sobre o comportamento organizacional é uma habilidade que pode ser desenvolvida entre os gestores, líderes e coordenadores de operações nas UBS. O estudo sobre o comportamento organizacional se ocupa sobre o que as pessoas fazem nas organizações e de como esse comportamento afeta o desempenho organizacional (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010), inclusive na segurança do trabalho.

Como ainda são insuficientes os trabalhos a respeito do diagnóstico e gestão de SST e havendo uma lacuna a ser preenchida sobre esse tipo de informação, conduziu-se o preconduziu-sente trabalho, com o objetivo de identificar a condição atual do conduziu-setor sementeiro sobre o Sistema de SST, através da visão das empresas de beneficiamento de sementes e dos profissionais de nível superior em formação para o setor.

Material e Métodos

O diagnóstico das condições de segurança em Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBS) no estado do Rio Grande do Sul foi realizado com um levantamento sobre a percepção da segurança entre os profissionais que estão em capacitação na temática de Ciência e Tecnologia de Sementes no estado do RS e com os gestores das UBS.

O grupo dos gestores das UBS foi definido tomando como referência o número de Registro Nacional de Sementes e Mudas (RENASEM), vinculados ao MAPA / Superintendência Regional – RS, com cadastros válidos na modalidade: Beneficiador de Sementes, totalizando 92 empresas.

Foi enviado para todos os cadastrados, questionários para as contas de e-mail vinculadas, na expectativa que as empresas respondessem, de forma voluntária, as questões sobre as condições de segurança das suas UBS. O questionário foi respondido de forma espontânea por 22 UBS, compondo assim um panorama da segurança entre as empresas que se dedicam ao beneficiamento de sementes.

O grupo dos profissionais em formação é composto pelos acadêmicos que se encontram em pós-graduação na Universidade Federal de Pelotas, através do

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Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes (PPGCTS) da instituição. As atividades desenvolvidas sobre o tema na instituição estendem-se desde 1974 (Mestrado Acadêmico), 1985 (Especialização em Ciência e Tecnologia de Sementes), 1991 (Doutorado) e 2001 (Mestrado Profissional), sendo considerada a principal instituição formadora de mão-de-obra para o setor sementeiro no estado do Rio Grande do Sul, servindo de referência nacional e internacional.

Por tratar-se de uma população finita, foram entrevistados os profissionais em formação no período 2012/2013 de modo amostral. A dimensão da amostra foi determinada pela fórmula sugerida por Martins (2001), considerando nível de confiança de 90% e erro amostral de 10%.

As informações foram coletadas através da metodologia de Sudman e Bradburn (1982). Assim foram entrevistados 50 graduandos do curso de Agronomia cursando a disciplina de Produção e tecnologia de sementes, 17 mestrandos, 27 doutorandos e 19 estudantes de Lato Sensu em Ciência e Tecnologia de Sementes.

As entrevistas e coletas de dados foram realizadas entre os meses de julho e outubro de 2012, tanto no grupo (A) dos gestores de UBS, quanto no grupo (B) da mão-de-obra em formação na academia.

Para os integrantes do grupo A, os questionários específicos (Apêndice A) abordavam a caracterização da UBS e uma breve avaliação das condições de segurança, bem como o histórico de acidentes. As questões tinham como objetivo a identificação dos produtos do beneficiamento, das máquinas e instalações da UBS e também do nível de organização existente nas unidades, através das CIPAs formadas.

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Os questionários direcionados ao grupo B (Apêndice B) eram compostos por questões estruturadas que caracterizavam a escolaridade de cada individuo (graduação, especialização, mestrado e doutorado) e suas impressões sobre os temas relacionados à segurança do trabalho, como por exemplo: identificação de agrotóxicos para expurgo de sementes, trabalho em altura na movimentação de pilhas de sacaria, formação de atmosfera explosiva, trabalhos em espaços confinados nas UBS, sinalização de segurança e prevenção e combate a incêndios.

Classificou-se como desempenho satisfatório a questão respondida acertadamente por mais de 50% dos entrevistados e insatisfatória quando respondida equivocadamente por mais de 50% dos entrevistados.

Os dados obtidos dos grupos A e B foram digitados e organizados em planilha eletrônica, onde foi realizada a estatística descritiva. Foi avaliada a frequência e posteriormente a transformação dos dados em percentual, visando a análise, interpretação e compreensão dos resultados obtidos.

Resultados e Discussão

A análise dos dados permitiu a caracterização das Unidades de Beneficiamento de Sementes no Rio Grande do Sul em temas relacionados à segurança do trabalho e a percepção da segurança entre os profissionais em formação para o ingresso no mercado de trabalho.

Entendendo-se que a percepção dos riscos é o ponto de partida para qualquer mudança relativa à SST, especialmente nas unidades agroindustrias destinadas ao beneficiamento de sementes, as informações coletadas permitiram a concepção de um diagnóstico regional sobre SST em UBS.

O questionário enviado para o grupo A foi respondido por 23,91% da população, aproximando-se das respostas obtidas por Reis; Menegatti; Forcellini (2003) utilizando questionários eletrônicos para o público do setor agrícola.

Com a interpretação dos dados oferecidos pelo grupo A, foi observado que 63,64% das UBS tem entre 1 e 50 empregados (Figura 1), 71% possuem entre 1 e 10 máquinas circulando no interior da UBS (Figura 2) e 40% delas tem menos de 5 silos armazenadores (Figura 3). As UBS entrevistadas tem como principais produtos do beneficiamento as sementes de soja, trigo, forrageiras e arroz.

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Figura 1. Distribuição percentual do número de empregados nas Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS.

Figura 2. Percentual de máquinas em circulação na empresa de sementes de soja.

Figura 3. Distribuição percentual de silos armazenadores nas Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS.

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Em relação aos acidentes, 36% da totalidade das UBS entrevistadas, confirmaram a existência de acidentes do trabalho nos últimos 36 meses (Gráfico 4). Conforme Soares (2008), as estatísticas sobre acidentes de trabalho no Brasil são raras e, quando existem, são desprovidas de representatividade e, consequentemente, de credibilidade, sugerindo uma subnotificação de acidentes. Sobre a inspeção oficial, 64% afirmaram que já foram fiscalizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, pelo menos uma vez (Gráfico 5).

Figura 4. Distribuição percentual da ocorrência de acidentes do trabalho nos últimos 36 meses nas Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS.

Figura 5. Distribuição percentual das Unidades de Beneficiamento de Sementes de soja no RS, fiscalizadas ou não pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

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Ao serem questionados sobre a organização interna para a prevenção de acidentes, 59% dos entrevistados informaram que na UBS existe a CIPA/CIPATR. A empresa deve responsabilizar-se plenamente pela segurança de seus colaboradores, portanto deve oferecer todo apoio à CIPA, para que esta possa desenvolver atividades voltadas à prevenção de acidentes de trabalho (FERREIRA et al., 2012).

De acordo com Costa et al. (2012), é possível a ação conjunta da CIPA nos sistemas de gestão integrada, na função de auxiliar o desenvolvimento dos programas para implantação ou manutenção das certificações, sendo uma organização que deve ser fortalecida nas empresas.

Sobre o tratamento industrial de sementes, este procedimento é realizado em 40% das UBS do estado, configurando um risco adicional ao ambiente laboral, merecendo atenção especial.

São em UBS nas condições listadas anteriormente, que muitos profissionais oriundos do PPGCTS exercerão suas atividades laborais e serão responsáveis pela implantação ou melhorias em sistemas de qualidade, especialmente em SST. Cabe a esses profissionais estabelecer padrões e rotinas sobre as operações realizadas nas UBS, contribuindo para a formação de uma “cultura da qualidade e segurança” com os demais colaboradores de todos os níveis hierárquicos. Portanto, é necessário que os profissionais oriundos das instituições de ensino sejam preparados para incorporar essa cultura e transmiti-la para toda a equipe, a partir das condições existentes no ambiente de trabalho.

Estes profissionais serão responsáveis pela formação do ambiente favorável à segurança e saúde ocupacional e pela sua verificação contínua. Essa função de controle consiste na verificação de que as ações ocorram de acordo com o planificado para, em momentos de necessidade, haver a devida correção dos rumos tomados em relação ao planejamento, segundo sugere o ciclo PDCA – Plan, Do, Check and Action (PACHECO; PEREIRA FILHO; PEREIRA, 2000).

As características da cultura de segurança da empresa são importantes para o sistema de gestão da segurança do trabalho ser bem sucedido. Assim, o conhecimento do estágio de maturidade da cultura de segurança é condição essencial para adotar as medidas necessárias para o sucesso deste sistema (GONÇALVES FILHO, 2011).

Ao contrário do que muitos imaginam, o despreparo a respeito da Segurança do Trabalho Rural não se limita apenas aos trabalhadores envolvidos diretamente na atividade produtiva. A exemplo, Seifert (2009), estudando a formação dos profissionais

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de Ciências Agrárias sobre a temática, constatou que tanto os produtores, quanto os futuros profissionais não estão devidamente conscientizados sobre a segurança no meio rural.

Mesmo entre a mão-de-obra especializada do setor sementeiro, percebe-se que as informações sobre saúde e segurança do trabalho encontram-se dispersas, ambíguas e carentes de sistematização.

A análise e interpretação dos dados apresentados pelo grupo B permitiu observar que a insuficiência de treinamento é evidente nas categorias estudadas, sendo os mestrandos os mais capacitados sobre o tema, totalizando 47,05% dos entrevistados nesse grupo (Figura 6). Foi esse grupo que apresentou o melhor desempenho nas questões, podendo se relacionar a boa performance dos mestrandos com o treinamento recebido externamente ou em temas transversais nas disciplinas.

Figura 6. Distribuição percentual de profissionais treinados em SST por categoria

Os temas foram divididos em oito questionamentos (Q1 a Q8), tratando dos principais problemas nas UBS, sendo os dados coletados organizados na Figura 7.

A primeira temática discutida em Q1 foi o uso de agrotóxicos para a operação de expurgo de sementes. Mesmo sendo um produto conhecido e amplamente utilizado no setor, menos da metade dos entrevistados de todas as categorias foi capaz de relacionar a cor do rótulo com a classe toxicológica do produto, sendo o erro mais comum a classificação toxicológica.

O trabalho em altura foi o assunto abordado em Q2. A legislação específica considera aquele realizado em altura acima de 2m. Para esse questionamento, a categoria que apresentou o melhor desempenho foram os mestrandos entrevistados. A

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maior parte das respostas equivocadas considerou o trabalho em altura como aquele realizado acima de 5m, havendo uma satisfatória percepção sobre o trabalho em altura para todas as categorias, exceto para a dos graduados.

Sobre a formação da atmosfera explosiva, o desconhecimento do tema atingiu todas as categorias em Q3. Embora esse tema seja tão pouco discutido sabe-se dos riscos existentes em unidades de beneficiamento e de armazenamento, podendo haver grandes perdas humanas e materiais em UBS onde não são monitoradas essas condições de explosividade.

Embora aparentemente “inofensivos”, sob determinadas condições, os pós podem gerar explosões de considerável magnitude. Apesar de todo conhecimento adquirido ao longo dos anos de atividades agrícolas e a industrialização de seus produtos no mundo, a explosão de pó ainda é de origem pouco estudada e por isso torna-se um risco imprevisível, perigoso e que causa temor (BETENHEUSER; FERREIRA; OLIVEIRA, 2005).

Os espaços confinados foi o tema da Q4, apresentando desempenho satisfatório entre todas as categorias. Segundo Moraes Junior (2008), um dos grandes problemas do trabalho em espaços confinados é que nem todas as pessoas são capazes de identificá-los, distinguindo-os dos demais locais de trabalho, e, principalmente, avaliar o risco envolvido nas ações efetuadas neste ambiente. Para quem não conhece, trabalhar neste ou naquele lugar não faz muita diferença, principalmente no que diz respeito aos riscos ali presentes.

O desempenho dos entrevistados foi satisfatório em Q5 que tratava da Sinalização de Segurança.

Sobre a identificação dos riscos ambientais, objeto da Q6, o desempenho foi semelhante entre as categorias: graduados, especialistas e mestrandos, sendo inferior entre os doutorandos.

Em relação à prevenção e combate a incêndio, a identificação da classe de fogo é o ponto de partida para a extinção do incêndio em seu princípio. O assunto foi abordado em Q7, com desempenho insatisfatório entre todas as categorias.

O ultimo tema tratado (Q8), foi sobre as causas de acidentes. Para Sampaio (2002), as causas de acidentes podem se combinar de distintas maneiras para determinar sua ocorrência. A relação de causas de acidentes só adquire valor analítico mais útil caso sejam investigados os fatores que os antecedem.

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Eles podem acontecer, frequentemente, devido ao “Ato inseguro” e/ou a “Condição insegura”. Essa percepção existe entre a maioria dos entrevistados, independentemente de sua categoria, mas os mestrandos foram os que melhor demonstraram esse entendimento.

Figura 7. Comparativo do rendimento entre os grupos de profissionais em formação na amostra estudada (Temática: Q1 – Agrotóxicos; Q2 – Trabalho em Altura; Q3 – Atmosfera Explosiva; Q4 – Espaços Confinados; Q5 – Sinalização de Segurança; Q6 – Riscos Ambientais; Q7 – Prevenção e Combate a Incêndios; Q8 – Causas de Acidentes).

Com o presente estudo procurou-se contribuir para a melhor identificação das condições de segurança em UBS e do ambiente educacional onde é formada a mão-de-obra especializada para o setor sementeiro nacional. É necessário se ter o entendimento de que muito ainda precisa ser feito para que o sistema de gestão da segurança do trabalho se torne uma rotina que permita a melhoria das condições no ambiente de trabalho.

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Conclusões

Foi caracterizado que 2/3 das Unidades de Beneficiamento de Sementes possuem até 50 empregados e 3/4 possuem até 10 máquinas agrícolas e até 10 silos armazenadores.

As Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA) estão ativas em 59% dos estabelecimentos.

Sobre a inspeção oficial, 1/3 das Unidades de Beneficiamento de Sementes não foram fiscalizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

A mão-de-obra em nível de graduação e pós-graduação não apresenta adequada formação quanto ao tema de saúde e segurança do trabalho em UBS.

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CAPÍTULO II

CONDIÇÕES DO AMBIENTE INTERNO EM QUATRO UNIDADES DE BENEFICIAMENTO DE SEMENTES E A SEGURANÇA NO TRABALHO AUTOR: Alex Leal de Oliveira

ORIENTADOR: Prof. Leopoldo Baudet

RESUMO - Com a profissionalização do setor agrícola nacional, as ações de segurança do trabalho e de monitoramento dos riscos ambientais vêm ganhando maior importância. Desta forma, o objetivo principal deste estudo foi a avaliação das condições do ambiente interno em quatro Unidades de Beneficiamento de Sementes (UBS) de soja, que operam com máquina de ar e peneira, mesa de gravidade e com ou sem separador de espiral. As UBS estão localizadas no estado do Rio Grande do Sul, e foram avaliadas in loco, considerando cada particularidade construtiva, de máquinas e equipamentos e o nível tecnológico. As avaliações de campo compreenderam aferições de ruído, iluminância e avaliação qualitativa e quantitativa da poeira em suspensão. Foi observado que nenhuma das UBS pesquisadas está em pleno acordo com a legislação vigente, para os parâmetros investigados, sendo o elevado nível de ruído, o agente físico de maior comprometimento da qualidade do ambiente de trabalho em UBS pesquisadas. A elaboração de mapas de ruído pode ser utilizada para o monitoramento do ambiente interno das UBS. Quanto às condições de iluminação das UBS, observa-se que são excessivamente escuras, não atingindo os padrões mínimos de iluminamento, comprometendo a segurança do trabalhador. Em relação à poeira em suspensão é possível afirmar que o risco está presente, mas a falta de referência oficial para poeiras vegetais originadas do beneficiamento dificulta a interpretação dos resultados e o estabelecimento de níveis seguros para a referida operação.

Palavras chave: Beneficiamento de sementes, mapa de ruído, estudo luminotécnico, agentes químicos.

Referências

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