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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO

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CURSO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO

GIOVANA GABRIELLI ROCHA GOIS

IGUALDADE DE GÊNERO E EMPODERAMENTO FEMININO COMO 5°

OBJETIVO DA AGENDA 2030 DA ONU NO BRASIL: AÇÕES DOS/AS BIBLIOTECÁRIOS/AS BRASILEIROS/AS

SÃO CRISTÓVÃO – SE 2021

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IGUALDADE DE GÊNERO E EMPODERAMENTO FEMININO COMO 5°

OBJETIVO DA AGENDA 2030 DA ONU NO BRASIL: AÇÕES DOS/AS BIBLIOTECÁRIOS/AS BRASILEIROS/AS

Trabalho de conclusão de curso II apresentado como requisito de conclusão do curso de Biblioteconomia e Documentação do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal de Sergipe.

Orientador: Prof. Me. Fernando Bittencourt dos Santos

SÃO CRISTÓVÃO – SE 2021

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DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PIBLICAÇÃO (CIP)

GOIS, Giovana Gabrielli Rocha

G616i

Igualdade de gênero e empoderamento feminino como o 5° objetivo da agenda 2030 da ONU no Brasil : ações dos/das bibliotecários/as

brasileiros/as / Giovana Gabrielli Rocha Gois; orientador Me Fernando Bittencourt. - São Cristóvão, 2021.

77 f.: il. color.

Trabalho de conclusão de curso (graduação em Biblioteconomia e Documentação) - Universidade Federal de Sergipe, Departamento de Ciência da Informação, 2021.

1. Igualdade de gênero. 2. Empoderamento feminino 3. Bibliotecas brasileiras. 4. Objetivo de desenvolvimento sustentável – ONU. I.Bittencourt, Fernando, orient. II. Título.

CDD 344.01 CDU 344.01 (82)

Ficha elaborada pela bibliotecária: Maria Egleide Silva Santos – CRB-5/2030

(4)

GIOVANA GABRIELLI ROCHA GOIS

Pesquisa apresentada como requisito de conclusão do curso de Biblioteconomia e Documentação do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal de Sergipe.

Nota: __________________

Data de apresentação: ________________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Me. Fernando Bittencourt dos Santos (DCI/UFS) (Orientador)

Me. Solange Francisca Mazzaroto (Membro Externo)

Profa. Dra. Alessandra dos Santos Araújo (DCI/UFS) (Membro Interno)

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A minha família, principalmente a minha mãe, Jailane, que sempre me fez acreditar que eu poderia fazer tudo se realmente me dedicasse aquilo.

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Primeiramente, agradeço a Deus por ter me colocado numa família que me apoia sempre e ter me dado tantas oportunidades maravilhosas.

À minha família, não só mainha e painho, mas também como minha tia/dindinha e vovó que sempre estiveram presente no meu crescimento e que são os meus maiores exemplos na vida, me proporcionando momentos de muitas alegrias e de aprendizado.

Ao meu orientador, Fernando Bittencourt, por ter me acolhido nessa importante etapa da minha vida, por seu apoio no desenvolvimento dessa pesquisa, por sua paciência, sensibilidade e carinho imensuráveis. Muitíssimo obrigada!

A todos os professores do Departamento de Ciência da Informação que me ajudaram a amar esse mundo da biblioteconomia e da informação.

Aos meus amigos maravilhosos, que me ajudaram e ajudam sempre que preciso. Sem vocês eu e este trabalho não seriamos os mesmos. Pelas experiências trocadas na sala do C.A., pelas birras e pelas noites intermináveis recheadas de gargalhadas e catuaba na praça da democracia, Raphaela, Wictor, Mirella, Egleide, Paulo, Djully, Rafaela, Marcos, Raphael e Carol. Saudades eternas dos nossos jantares no Resun.

Ao meu namorado, Mateus, por ter participado desse ciclo da minha vida do começo até o fim. Por sempre me aturar falando das aulas, mesmo não entendo metade dos termos técnicos, eu sei que alugo seu ouvido demais, mas namorado é pra isso mesmo, amo você.

Aos meus chefes por dois anos da BICEN, Fábio e Cristina, muito obrigada por compartilhar o conhecimento de vocês pela profissão.

Às minhas chefes no DIES, Kátia e Idene, meus eternos agradecimentos pelo carinho e aprendizados.

Aos meus companheiros de estágio e colegas de universidade, Edilaine, Julio, Gabriel, Ariane, Mylena e Leo, obrigada por estarem dispostos a escutar minhas histórias e me fazerem companhia.

Às minhas amigas desde infância e adolescência, Kay, Belly, Theia, Rayssa, Fran e Ellen, obrigada por fazerem parte da minha base e do meu desenvolvimento na vida.

Obrigada a todos que direta e indiretamente contribuíram para a construção deste trabalho. Thank you! 감사합니다!

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“I am no bird; and no net ensnares me: I am a free human being with an independent will.”

Charlotte Brontë, Jane Eyre

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Esta pesquisa apresenta como temática o 5° objetivo de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, intitulado “Igualdade de gênero:

alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”. Tem como objetivo principal identificar as ações realizadas pelas bibliotecas brasileiras, e específicos caracterizar o perfil do bibliotecário que aborda tal narrativa em seus respectivos locais de trabalho, além de identificar quais fontes de informação estão alinhadas a igualdade de gênero e empoderamento feminino. Levanta-se a hipótese de que as redes sociais, a exemplo do Facebook, Twitter, Instagram são ferramentas utilizadas como canais informais de informação, caracterizada pela dinamicidade e agilidade na comunicação e compartilhamento de dados, sob a perspectiva do papel social do bibliotecário. Configura-se ainda como uma pesquisa quali-quantitativa, sendo o instrumento de coleta de dados um questionário, com perguntas abertas, semi-abertas e fechadas, baseado na literatura em C.I sobre a temática em tela, no qual foi aplicado a uma amostra de sete profissionais. Como resultado, foi observado que a maioria dos profissionais promove palestras e eventos promovendo a temática em tela, sendo esses profissionais composta por pessoas do gênero feminino, corroborando com o que a literatura aponta. A maioria é lotado em biblioteca universitária. A respeito das fontes de informação, observa-se que cada profissional foca em atender as necessidades da unidade de informação em que trabalha, dessa forma a maioria apontou que ações culturais e aquisição de acervo como as fontes de informação utilizadas. Conclui-se que as ações realizadas pelos profissionais da informação são feitas de acordo com as necessidades da unidade de informação a qual estão ligados. Por fim, é necessário a realização de estudos mais aprofundados sobre as atividades realizadas no Brasil a respeito da igualdade de gênero e empoderamento feminino. Espera-se que este trabalho tenha trazido contribuições significativas para a área da Ciência da Informação, em particular a linha de pesquisa Informação e Sociedade, além de que suscite debates e o desenvolvimento de futuras pesquisas com relação a este tema.

Palavras-chave: Igualdade de gênero; empoderamento feminino; Agenda 2030;

ONU; bibliotecas feministas.

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The theme of this research is the 5th sustainable development objective of the 2030 Agenda of the United Nations, entitled “Gender equality: achieving gender equality and empowering all women and girls”. Its main objective is to identify the actions carried out by Brazilian libraries, and specifically characterize the profile of the librarian who addresses this narrative in their respective workplaces, in addition to identifying which sources of information are aligned with gender equality and female empowerment. It is raised the hypothesis that social networks such as Facebook, Twitter, Instagram are tools used as informal channels of information, characterized by dynamism and agility in communication and sharing of data, from the perspective of the librarian's social role. It is also configured as quali-quantitative research, being the instrument of data collection a questionnaire, with open, semi-open, and closed questions, based on the literature in Information science on the theme in question, which was applied to a sample of seven professionals. As a result, it was observed that most professionals promote lectures and events promoting the theme in question and that these professionals are female, corroborating what the literature points out. Most of them work in university libraries. Regarding the sources of information, it was observed that each professional focus on attending to the needs of their center of information, thus most of them pointed out that cultural actions and collection acquisition are the main sources of information used. It is concluded that the actions taken by the librarians are done according to the needs of the center of information to which they are connected.

Finally, further studies are needed on the activities carried out in Brazil regarding gender equality and female empowerment. It is hoped that this work has brought significant contributions to the area of Information Science, in particular to the line of research Information and Society and that it will encourage debates and the development of future research on this subject.

Keywords: Gender equality; female empowerment; 2030 Agenda; UN; feminist libraries.

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Gráfico 1 Feminicídios 2008-2016 28

Gráfico 2 Vítimas de violência 29

Gráfico 3 Horas dedicadas aos afazeres domésticos 31 Gráfico 4 Participação das mulheres na política brasileira 32 Gráfico 5 Infográfico sobre gravidez na adolescência 32

Gráfico 6 Ações desenvolvidas 57

Gráfico 7 Faixa etária 58

Gráfico 8 Gênero 58

Gráfico 9 Grau de instrução 59

Gráfico 10 Tipologia da Unidade de Informação 61

Gráfico 11 Cargos/funções 62

Gráfico 12 Frequência das ações 62

Gráfico 13 Barreiras no desenvolvimento 63

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Quadro 1 Objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030. 19

Quadro 2 Metas do 5º objetivo da Agenda 2030... 23

Quadro 3 Reflexões para aplicar a Objetivo 5... 34

Quadro 4 Visão do futuro do Objetivo 5... 36

Quadro 5 Cargos/funções... 56

Quadro 6 Desafios enfrentados... 64

Quadro 7 Recursos de informação utilizados... 65

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Figura 1 Objetivos de desenvolvimento sustentável... 21

Figura 2 Infográfico desigualdade de gênero... 27

Figura 3 Ranking feminicídio... 28

Figura 4 Porcentagem casamento antes da maioridade... 30

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BPN BRAPCI

Biblioteca Parque de Niterói

Base de Dados Referencial de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CBBD Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e

Ciência da Informação

CEU Centro Educacional Unificado CI Ciência da Informação

CODIM Coordenadoria de Políticas e Direitos das Mulheres CLT Consolidação das Leis do Trabalho

CRAS Centro de Referência de Assistência Social CRP/SP Conselho Regional de Psicologia de São Paulo DCI Departamento de Ciências da Informação

ENANCIB Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação EUA Estados Unidos da América

FEBAB Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições

IAP International Advocacy Program

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia Estatística IFLA International Federation Library Association IFSP Instituto Federal de São Paulo

GT Grupo de trabalho

ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ONU Organização das Nações Unidas

TIC’s Tecnologias de Informação e Comunicação UAB Universidade Aberta do Nordeste

UECE Universidade Estadual do Ceará UFMG Universidade Federal de Minas Gerais UFS Universidade Federal de Sergipe UI Unidade de informação

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1 INTRODUÇÃO... 13

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... 18

2.1 Agenda 2030 - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável... 23

2.2 Objetivo 5º da Agenda 2030... 23

3 A MULHER NA BIBLIOTECONOMA BRASILEIRA: REVISÃO DE LITERATURA... 38

4 ABORDAGEM METODOLÓGICA... 51

5 ANÁLISE E DISCUSSÕES... 53

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 67

REFERÊNCIAS... 69

APÊNDICE... 76

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1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento sustentável figura-se como uma das temáticas emergentes nos dias atuais, e apresenta caráter interdisciplinar, sendo tema de discussão em diversas conferências nacionais e internacionais. Este está ancorado à concepção de desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente, - de forma holística e integradora e sob diferentes aspectos socioculturais -, sem que se comprometa o futuro das gerações futuras.

Diante desta perspectiva e da necessidade latente de mudanças alinhadas à sustentabilidade, em 2015, foi criada a Agenda 2030, no qual se trata de um documento organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), com representantes dos Estados-membros desta última, que tem a finalidade de estabelecer metas para o desenvolvimento sustentável.

O quinto objetivo da Agenda 2030 de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, intitulado: “Igualdade de gênero: alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”, cria parâmetros/metas com o intuito de auxiliar a sociedade e os governos a se desenvolver de forma consciente, pensando no futuro das próximas gerações, mas atendendo às necessidades do presente.

Na sociedade contemporânea, as temáticas de empoderamento feminino e a igualdade de gênero são debatidas no ambiente acadêmico, assim como também fora desses espaços institucionalizados. Entretanto, uma das problemática é que tais discussões raramente apresentam o alcance desejado, na medida que se pode considerar que o debate sobre a temática em tela é ainda elitizado e quando alcança espaços de fragilidade social, as informações disseminadas nem sempre alcançam o seu objetivo nuclear: o de informar.

Apesar do grande avanço das mídias sociais nas últimas décadas e também da informação estar, acessível para uma parte considerável da sociedade, que possuem acesso à internet, em se tratando de Brasil, o nível de literacia informacional da população é preocupante, ao considerar a compartilhamento de informações não confiáveis no que tange aos estudos de gênero e sexualidade, bem como sobre o feminismo.

Outros aspectos como a cultura machista, misoginia, a desigualdade salarial, o feminicídio, infelizmente são temas recorrentes no cotidiano das mulheres,

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sendo urgente a mudança desses aspectos presentes, nos quais foram construídos historicamente e permeiam os dias atuais, seja nos ambientes de trabalho ou entre amigos ou familiares. Ademais, complementar a esses aspectos, ressalta-se a divulgação do “Mapa da Violência” dentre os anos de 2012 a 2015, que mostrou dados atuais e inéditos sobre a realidade do feminicídio no Brasil.

Levando-se em conta o papel social do (a) profissional bibliotecário (a), a mudança que a informação é capaz de gerar na sociedade, e a sobrevivência dos (as) bibliotecários (as) em um mundo onde a informação e a desinformação se mesclam, figura-se como um dos maiores desafios desses profissionais e diz respeito ao papel que ele deve assumir como agente social transformador em meio ao coletivo, na desconstrução de alguns paradigmas sociais.

Sobrevivência do profissional porque a Biblioteconomia, profissão esta que trabalha com a informação sob diferentes perspectivas, precisa estar na vanguarda das temáticas sociais, fazendo com que mais do que nunca, seja necessário o processo de advocacy,1 onde a International Federation Library Associations and Institutions (IFLA) está fortemente presente advogando desde antes da aprovação do texto dos OD6S para a garantia de que o acesso à informação, às Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e à cultura sejam incluídos na Agenda 2030 (IFLA, 2016), necessitando que as bibliotecas e os (as) bibliotecários (as) sejam parte atuante do desenvolvimento das metas estabelecidas pela Agenda 2030.

Esses profissionais deverão estar dispostos a sair das estruturas físicas das unidades de informação, atuar de forma ativa no que tange as questões sociais, adequar seus perfis profissionais convergente as necessidades da sociedade contemporânea e não só se ater somente as atividades meios desempenhadas nos espaços de trabalho, mas também potencializar as atividades fins, nas quais se têm uma maior aproximação com os usuários reais, potenciais e os não-usuários da informação, sendo os usuários a razão de ser da existência dos ambientes informacionais físicos e digitais.

Considerando pesquisas prévias sobre a temática em tela, identificou-se uma lacuna de conhecimento sobre as produções científicas relacionada a ODS5 no contexto da Biblioteconomia e Documentação, sendo que esta pesquisa tem a

1Não possui tradução exata para o português, sendo definido pelo tripé: identificar, adotar e promover uma causa. (FERRARI, 2017)

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pretensão de entender como esses profissionais estão atuando para colaborar com a igualdade de gênero e o empoderamento feminino.

Sendo assim, esta pesquisa está ancorada à linha de pesquisa 2 – Informação e Sociedade do Departamento de Ciência da Informação (DCI) da Universidade Federal de Sergipe, cujos objetivos desta linha são: considerar a informação como um fenômeno social, debater sobre a vertente teórica e as relações que constitui a sociedade, a cultura, a história, entre outros aspectos.

Diante do que foi apresentado anteriormente, elaborou-se a seguinte questão de pesquisa, na qual constitui o nosso problema: Quais são as ações dos/as bibliotecários/as brasileiros/as sobre a igualdade de gênero e empoderamento feminino nas unidades de informação onde atuam?

Afim de identificar as ações levanta-se a hipótese de que o profissional bibliotecário, tendo como dever social da profissão, aborda a temática em seu local de trabalho, sendo ela de extrema importância social e educacional, fazendo uso das redes sociais, pois são meios de divulgação, à exemplo do Facebook, Twitter, Instagram, que são consideradas canais informais de informação, nas quais caracterizam-se pela dinamicidade e agilidade na comunicação e compartilhamento de dados e informações.

Outrossim, ancorado no trabalho de Santini, Terra e Almeida (2016) nas quais as autoras assinalam uma nova dinâmica dos movimentos sociais na chamada sociedade em rede a partir da mobilização das mulheres brasileiras nessas redes, onde o alcance das mensagens ultrapassa os domínios da vida social e cotidiana dos indivíduos diretamente envolvidos para infinitas redes de informação online, parte-se da hipótese que os/as bibliotecários/as brasileiros/as atuantes nas unidades de informação, utilizam preferencialmente esses canais nas suas ações em prol do 5°

objetivo da Agenda 2030.

Acerca dos objetivos desta pesquisa, apresenta-se a seguir o objetivo geral e específicos deste trabalho. Identificar as ações das(os) bibliotecárias/os nas unidades de informação que atuam sobre a igualdade de gênero e o empoderamento feminino.

Com relação aos objetivos específicos, apresenta-se os seguintes:

● Caracterizar o perfil dessas/es bibliotecárias/os (em idade, gênero, ambiente de informação que atuam, nível acadêmico e função desempenhada no local de trabalho) e as unidades de informação;

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● Verificar quais as ações sobre igualdade de gênero e empoderamento feminino aplicadas nessa instituição e se foram encontradas barreiras no desenvolvimento dessas;

● Identificar, de acordo com os bibliotecários, quais as fontes de informação alinhadas com a igualdade de gênero e ao empoderamento feminino utilizadas pelos profissionais bibliotecários nas unidades de informação onde atuam.

Como justificativa aponta-se que apesar de grandes avanços na trajetória para a igualdade de gênero, o ideal ainda não foi alcançado. Por conta disso é necessário abordar e incentivar os diálogos a respeito deste tema, tendo em vista as problemáticas atuais sobre a visibilidade feminina e o protagonismo feminino.

Segundo Ortega Y Gasset (2006, p.16) a determinação do papel do bibliotecário é baseada na necessidade social do ambiente em que este profissional está inserido. Os autores ainda assinalam que esta necessidade é “[...]

essencialmente variável, migratória, evolutiva; em suma histórica”.

A escolha deste tema pela autora deste projeto de pesquisa se deu pela leitura do documento da Agenda 2030 no primeiro período do curso de Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal de Sergipe em 2017, ano este em que o tema do Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação (CBBD) foi a Agenda 2030.

Após a apresentação da agenda para os alunos do curso em uma palestra de recepção aos ingressantes do curso de Biblioteconomia e Documentação da UFS, o documento foi abordado outras vezes ao longo da graduação, em outras disciplinas do curso como: Unidades de Informação, Serviço de Informação e Referência, Informação e Cidadania e Ação Cultural em Bibliotecas, despertando o interesse desta pesquisadora na temática em tela, mais especificamente no 5º ODS. Concomitante a isso, esta pesquisadora frequentou um curso de extensão oferecido pela Fundação Demócrito Rocha, em parceria com a Universidade Aberta do Nordeste (UAB) e a Universidade Estadual do Ceará (UECE) com o tema: Enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher2, no qual este curso, em seu conteúdo programático dividido em módulos, aborda temas diretamente relacionados à esta pesquisa.

2 Página do curso: https://cursos.fdr.org.br/course/view.php?id=50. Acesso em: 29 jan. 2021.

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Outra questão que influenciou na escolha do tema foi a escassez de trabalhos relacionados ao 5° ODS no âmbito da Ciência da Informação, e conforme apresentado mais adiante, foi constatado através de um levantamento bibliográfico, que existem alguns trabalhos abordando o feminismo e o protagonismo da mulher, em detrimento de temas que relacionam o papel dos profissionais da informação em convergência com o 5º ODS da Agenda 2030, nos quais as publicações são escassas na C.I.

Este trabalho está dividido em seis seções primárias seus respectivos desdobramentos, descritos a seguir:

Na seção 2, apresenta-se a fundamentação teórica desta pesquisa, onde na primeira parte do próximo capítulo será abordada a Agenda 2030 - Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, na segunda parte sobre o Objetivo número 5 – igualdade de gênero e empoderamento feminino, conceituado tais termos.

Na seção 3, “A mulher na biblioteconomia brasileira: revisão da literatura”, é apresentada a história da mulher na biblioteconomia brasileira, assim como seus avanços e dificuldades perante a sociedade, sendo o tema abordado da perspectiva econômica, científica, acadêmica e também social.

Na seção 4, “Abordagem Metodológica” é apresentado a metodologia utilizada, o objeto de estudo e suas variáveis, além da forma de análise dos dados.

Em seguida na seção 5, “Análises e discussões”, são apresentados os dados coletados na pesquisa e a discussão sob a perspectiva da literatura e a comparação com estudos anteriormente realizados.

Por fim, na seção 6, “Considerações finais”, procurou-se atender as expectativas da pesquisa, informando as conclusões, respondendo ao problema, as hipóteses e aos objetivos. Além de trazer a luz a relevância da temática para a área da Ciência da Informação. Depois dessa seção, são apresentadas as referências.

Na página seguinte será apresentado a seção dois: “Fundamentação teórica.”

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo são abordados os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 – ONU, seus precursores, além da perspectiva brasileira, com um olhar mais atento ao quinto objetivo.

Observando mais atentamente sob a perspectiva brasileira, de forma que se compreenda como o empoderamento feminino e a igualdade de gênero é trabalhada nas bibliotecas brasileiras, além de analisar de acordo com a literatura disponível, como é estudada e disseminada tal narrativa. Na primeira parte deste capítulo é apresentada a Agenda 2030 como um todo.

Na segunda parte, o foco se modifica para o 5° ODS, empoderamento feminino e a igualdade de gênero na biblioteconomia brasileira.

2.1 Agenda 2030 - Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

A Agenda 2030 consiste em um documento que visa estabelecer diretrizes de desenvolvimento sustentável a serem cumpridas pelos governos e a sociedade em geral, tornando - se “[...] um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade.” (ONU, 2015). Ela foi desenvolvida pela ONU com representantes dos 193 Estados-membros, depois de mais de três anos de negociações e de intenso envolvimento de várias partes interessadas, foi apresentada na sede das Nações Unidas em Nova York de 25 a 27 de setembro de 2015.

A nova Agenda 2030 das Nações Unidas é um quadro inclusivo e integrado de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com um total de 169 metas que abrangem o desenvolvimento econômico, ambiental e social. Eles estabelecem um plano para que todos os países se empenhem ativamente em tornar o nosso mundo melhor para a sua população e para o planeta.

(IFLA, 2015, p. 3)

Esse plano de ação indica 17 objetivos com finalidade de um desenvolvimento sustentável no planeta, que significa “[...] satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades” (BRUNDTLAND, 1987). Desta maneira, os objetivos da agenda 2030 abrangem:

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Quadro 1 – Objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 1 – Erradicação da

pobreza

O primeiro objetivo aponta para a erradicação da pobreza, tendo como meta principal a erradicação da pobreza extrema.

Também espera reduzir a menos da metade a proporção de homens, mulheres e crianças que vivem na pobreza, assim como também implementar sistemas de proteção social, e garantir que toda população mundial, em particular pobres e vulneráveis tenham acesso a recursos econômicos e serviços básicos.

2 – Fome zero e agricultura sustentável

Esse objetivo está de certa forma associado ao anterior, trazendo características complementares ao primeiro objetivo. Porém ele traz novas dimensões mais voltadas a saúde e produção de alimentos sustentável.

3 – Saúde e bem- estar

Focando na saúde da população e na promoção de bem- estar. Propõe o fim das mortes evitáveis de bebês e crianças, além do combate a doenças.

4 – Educação de qualidade

Pretende assegurar a educação de qualidade, inclusiva e equitativa, além de promover oportunidade de aprendizagem ao longo da vida para todos.

5 – Igualdade de gênero

Como dito anteriormente, visa alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas, eliminando abusos psicológicos e físicos.

6 – Água potável e saneamento

A água é tida como o centro do desenvolvimento sustentável, dessa forma esse objetivo visa assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável da água e saneamento para todos.

7 – Energia

acessível e limpa

Com a demanda de energia crescendo a cada ano, esse objetivo pretende auxiliar no acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível da energia para todos. Levando em conta que combustíveis fósseis e suas emissões de gases de efeito estufa provocam terríveis mudanças climáticas.

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8 – Trabalho decente e crescimento econômico

A revitalização da economia também entra em acordo com este objetivo, contribuindo para a criação de melhores condições de trabalho, pois promove o crescimento econômico de forma inclusiva e sustentável.

9 – indústria, inovação e infraestrutura

Investimento na indústria, infraestrutura e inovação são necessários para um crescimento econômico sustentável e desenvolvimento dos países.

10 – Redução de desigualdades

Sendo a desigualdade um problema global, entende-se que necessita de soluções integradas, este objetivo está em acordo com o objetivo de erradicação da pobreza, focando na redução das desigualdades socioeconômicas e antagonismo a discriminações de todos os tipos.

11 – Cidades e comunidades sustentáveis

Tem como finalidade transformar as cidades e assentamentos humanos inclusivos, que sejam seguros e sustentáveis.

12 – Consumo e produção

responsáveis

Propiciar padrões de produção e de consumo sustentáveis, sendo que a redução da pegada ecológica é considerada indispensável para a produção responsável.

13 – Ação contra a mudança global do clima

Basicamente, visa formular ações urgentes com a finalidade de combater a mudança climática e seus impactos no mundo, por meio do reforço a capacidade de adaptação a riscos de catástrofes naturais, aborda também a educação e conscientização para com o clima global.

14 – Vida na água Os oceanos asseguram alimentação, transporte e fornecimento de energia para a vida humana, por isso esse objetivo visa conservar e promove o uso sustentável dos oceanos, mares e dos seus recursos marinhos.

15 – Vida terrestre Sendo a humanidade e outros animais extremamente dependentes da natureza, o objetivo 15 pretende proteger, recuperar, conservar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres e da água doce, além de reduzir a degradação de habitat naturais e proteger a biodiversidade.

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16 – Paz, justiça e instituições

eficazes

Relacionado com os objetivos 1, 3 e 4, o ODS 16 pretende promover sociedades pacíficas, inclusivas ao desenvolvimento sustentável, acesso à justiça e construir instituições eficazes.

17 – Parcerias e meios de

implementação

Os ODS só serão alcançados com a cooperação da comunidade internacional visando a parceria global e incluindo todos os setores interessados no processo de desenvolvimento sustentável. Dessa forma o objetivo 17 mira fortalecer essas parcerias e seus meios de implementação.

Fonte: adaptado de ONU (2015)

Figura 1: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Fonte: ONU (2015)

Cada objetivo possui metas específicas para eles, de forma que qualquer pessoa da sociedade possa ajudar para desenvolvê-los. Pensar que apenas os governos ou órgãos de poder têm responsabilidade com eles é um mito. Iniciativas públicas e privadas, a sociedade civil, projetos sociais, todos são responsáveis por um mundo melhor e mais sustentável.

Abordando agora como o profissional bibliotecário e a biblioteca podem, e devem, desenvolver atividades em prol da Agenda 2030. Em 2016 a IFLA criou um

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documento chamado Access and Opportunity for All: How Libraries contribute to the United Nations, traduzido para o português pelaFederação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (FEBAB) reivindicando o espaço das bibliotecas como instituições fundamentais para o sucesso da Agenda 2030.

Nesse documento, a IFLA (2015) acredita que a crescente utilização das TICs para acessar informação e conhecimento pela sociedade faz com que “seja possível o desenvolvimento sustentável e mais qualidade de vida para as pessoas”.

De forma a introduzir a biblioteca dentro da discussão sobre o desenvolvimento sustentável.

Sendo assim, a biblioteca atuaria principalmente com o papel de promoção dos ODS, promovendo a alfabetização universal, a inclusão digital pelas TICs, assim como atuação como centro da comunidade acadêmica e de pesquisa, afim de preservar e proporcionar acesso à cultura e ao patrimônio mundial.

Em outro documento, também da IFLA (2015), de título “As bibliotecas e a implementação da Agenda 2030 da ONU” foi produzi com a finalidade de auxiliar no processo de advocacy a nível nacional ou local. Desta forma, garante-se que as bibliotecas e o acesso à informação estejam nos planos de Desenvolvimento Nacionais, como um meio do cumprimento dos ODS.

Esse documento se caracteriza como uma caixa de ferramentas com objetivos de compreender o processo da Agenda 2030 e o advocacy da IFLA, além de monitorizar a implementação dos ODS e manter a sociedade informada sobre tais objetivos.

Como temática basilar desta pesquisa, será utilizada a cartilha dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) da ONU. Embora não se trate apenas do cuidado com o meio ambiente, mas também com a questão social do desenvolvimento e seu impacto para com a humanidade, os debates providos dessa questão são extremamente importantes para se descobrir o papel da sociedade, em especial os/as bibliotecários/as, em conjunto com os governantes na criação de um futuro mais sustentável para todos/as.

O objetivo central a ser abordado nesta pesquisa será o 5º da Agenda 2030, referente ao alcance da igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas, a seguir na seção 2.2.

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2.2 Objetivo 5º da Agenda 2030

A agenda trouxe, como já dito anteriormente, 17 objetivos e 169 metas, sendo que um deles é “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas” (ONU, 2015). Para tal façanha a ONU (2015) destrinchou-o em 9 metas listadas abaixo:

Quadro 2 – Metas do 5º objetivo da Agenda 2030 1 Acabar com a discriminação para com meninas e mulheres;

2 Dar fim a todas as formas de violência contra as mulheres e meninas nas áreas públicas e privadas;

3 Banir todas as práticas danosas, como os casamentos prematuros, forçados e de crianças;

4 Reconhecer e valorizar o trabalho de assistência e doméstico não remunerado, por meio da disponibilização de serviços públicos, infraestrutura e políticas de proteção social, assim como a promoção da responsabilidade compartilhada dentro do lar e da família;

5 Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança;

6 Assegurar o acesso universal à saúde sexual e os direitos reprodutivos, como acordado no Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento e com a Plataforma de Ação de Pequim;

7 Realizar reformas para dar às mulheres direitos iguais aos recursos econômicos, bem como o acesso à propriedade, serviços financeiros, herança e os recursos naturais, de acordo com as leis nacionais;

8 Expandir o uso de tecnologias de base, principalmente as tecnologias de informação e comunicação para a promoção do empoderamento feminino.

9 Admitir e encorajar políticas públicas e legislações aplicáveis para a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas.

Fonte: adaptado de ONU (2015).

(26)

No Brasil, a igualdade de gênero é assegurada pela Constituição Federal, e ressalta que homens e mulheres devem ser tratados da mesma forma:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; (BRASIL, 1988)

O 5° ODS é de grande importância para um mundo sustentável e sexualmente igualitário. O economista brasileiro Canuto (2018) afirma que a igualdade de gênero aumentaria o crescimento econômico do país. No entanto, essa não é a realidade brasileira, onde a escolaridade feminina é maior, mas os salários das mulheres ainda são menores que seus colegas do gênero oposto, fato reforçado pela matéria liberada pelo site G1 ao apontar que “As mulheres ganham menos do que os homens em todos os cargos. É o que aponta pesquisa salarial da Catho que avalia 8 funções, de estagiários a gerentes.” (KOMETANI, 2017).

Numa análise sobre a crise econômica no Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE aponta que “[...], o cenário de crise econômica parece ter contribuído para levar mulheres para a força de trabalho, sua taxa de participação em 2017 permaneceu bem aquém à dos homens, 52,7% e 72,5%, respectivamente”

(IBGE, 2018). Existe ainda uma grande disparidade entre mulheres e homens quando se trata de trabalho, apesar da maior escolaridade das mulheres, a força de trabalho ainda é predominante masculina.

Os resultados do obtidos pelo IBGE para a pesquisa sobre estatísticas de gênero de 2019 não mostram grande diferença. De acordo com Guedes (2021) do site CNN, o censo de 2019 (divulgado em 04 de março de 2021) as mulheres recebem o equivalente a 77,7% do salário dos homens em 2019, tendo uma diferença ainda maior em relação a cargos de liderança, nesse último as mulheres recebem apenas 61,9% do rendimento dos homens.

Esse cenário se mostra persistente mesmo quando mais mulheres portam diploma de ensino superior “[...] entre 25 e 34 anos, 25,1% das mulheres concluíram o nível superior, contra 18,3% dos homens, uma diferença de 6,8 pontos percentuais”

(GUEDES, 2021). Pode-se ver um espelho dessa situação dentro das instituições de graduação, onde menos da metade (46,8%) dos professores são mulheres, mesmo

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tendo melhorado nos últimos anos, pois em 2013 as mulheres não passavam de 43,2%. Na matéria da CNN3, o autor ainda aborda pela vertente política, onde no Brasil as mulheres representam apenas 14,8% dos deputados federais, sendo a menor proporção da América do Sul e deixando o país na 142° posição de um ranking com dados de 190 países (GUEDES, 2021).

A desigualdade de gênero é conferida tanto às práticas discriminatórias no mercado de trabalho, quanto na divisão do gênero nas atividades domésticas.

Enquanto as mulheres atribuem, em média, 20,9 horas semanais a afazeres domésticos no domicílio, os homens dedicam menos da metade desse valor (IBGE, 2018).

São inúmeras as dificuldades enfrentadas pelas mulheres na sociedade, não só brasileira, como mundial. Quando conseguem força no mercado de trabalho algo sempre às estagna. A herança cultural machista, enraizada na sociedade, faz com que seja difícil o avanço das mulheres no mercado de trabalho.

A união feminina nessa luta é essencial para um futuro onde as mulheres se sintam seguras e tenham possibilidades de vida melhores que as atuais, uma vez que o “empoderamento feminino é a consciência coletiva, expressada por ações para fortalecer as mulheres e desenvolver a equidade de gênero” (ASSIS, 2017).

Apesar do termo igualdade ser utilizado no objetivo de desenvolvimento sustentável, a palavra em português que mais se encaixa no momento é a equidade.

A equidade de gênero se fundamenta na ideia de ser justo para qualquer identidade de gênero. De forma que as autoras Lisboa e Manfrini (2005) dizem que para garantir essa neutralidade é necessário a adoção de providências que visem corrigir as desvantagens históricas e sociais que mantêm os homens e as mulheres distantes de usufruir das mesmas oportunidades.

Com o início da pandemia em março de 2020 e se estendendo até o presente momento, em julho de 2021, a autora deste trabalho faz outros questionamentos; com tantas dificuldades já existentes na vida das mulheres, nesse caso principalmente as brasileiras, de que forma a pandemia modificou a vida no trabalho e em casa dessas personagens?

Tendo a pandemia modificado a maioria das atividades do dia a dia, levando escritório para o íntimo das casas dos seus funcionários, em formato de home

3 https://www.cnnbrasil.com.br/business/2021/03/04/mulheres-ganham-77-7-dos-salarios-dos- homens-no-brasil-diz-ibge. Acesso em: 25 mar. 2021.

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office, como ficou a situação das mulheres e também dos homens com relação a dupla jornada de trabalho, ao provável aumento da carga horária, quais foram as diferenças no fluxo de trabalho? As modificações na rotina de trabalho e além da possível redução salarial.

No âmbito do Brasil o Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (Grupo de Trabalho Agenda 2030), este trabalha em consonância com a Agenda 2030 para efetivar as ações no país. Foi formado a partir da junção de Organizações da Sociedade Civil que já vinham se esforçando para defender os direitos humanos, combatendo a desigualdade e respeitando o planeta.

O Grupo de Trabalho Agenda 2030 (GT Agenda 2030) foi formalizado em 9 de setembro de 2014, como resultado de vários encontros entre essas organizações não governamentais. Atua na disseminação, promoção e monitoramento da Agenda 2030, divulgado os ODS a fim de estimular a sociedade civil e impulsionar o governo brasileiro e sistema das Nações Unidas para a sua execução.

Possui cerca de 50 membros de setores distintos que juntos acompanham todas as áreas dos 17 ODS;

O grupo incide sobre o Estado brasileiro e as organizações multilaterais, principalmente a Organização das Nações Unidas (ONU), promovendo o desenvolvimento sustentável, o combate às desigualdades e às injustiças e o fortalecimento de direitos universais e indivisíveis, com base no pleno envolvimento da sociedade civil em todos os espaços de tomada de decisão.

(GT Agenda 2030)

É responsável por comunicar e visibilizar a relevância dos ODS e a potencialidade da implementação desses objetivos. Em adição ele reúne, analisa e produz conteúdos que informam a “sua incidência e ações de controle social, o que inclui a produção, a cada ano, do Relatório Luz4”.

Relembrando aqui as metas do 5° ODS, veja no Quadro 2, o GT Agenda 2030 disponibiliza dados que mostram como o Brasil está a respeito dos ODS com relação à meta 1, o Relatório Luz (GT Agenda 2030, 2020) aponta que com o desmonte das políticas públicas e a redução de recursos entre 2014 e 2019;

4 O Relatório Luz, documento elaborado pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030/GTSC A2030), analisa a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no Brasil e mostra o que o país precisa fazer para cumprir o compromisso que assumiu junto à ONU de alcançar as metas globais até 2030. Disponível em:

https://gtagenda2030.org.br/relatorio-luz/. Acesso em: 06 jul. 2021.

(29)

As violações sistemáticas aos direitos das mulheres e meninas crescem, mas o governo federal foca no “combate à ideologia de gênero”, sem políticas que abordem as desigualdades e violências sofridas pela população LGBTI+.

Esses dados comprometem a meta 5.1. (GT AGENDA 2030, 2020)

O infográfico a seguir aponta como a discriminação, principalmente com relação a emprego e remuneração não melhoram com o passar dos anos por falta de interesse e incentivo do governo.

Apesar da Constituição Federal e várias normativas proibirem a discriminação e o tratamento diferenciado em razão do sexo, mesmo trabalhando mais e tendo um nível educacional maior, as mulheres recebem, em média, 76,5%

dos rendimentos dos homens. (GT AGENDA 2030, 2018)

Figura 2: Infográfico desigualdade de gênero

Fonte: GT AGENDA 2030 (2018)

Passando para a meta número 2, ainda segundo o Relatório Luz, a situação chega a ser ainda mais grave “Estima-se que entre 16 e 20 milhões de brasileiras tenham sofrido algum tipo de violência no período de um ano” (GT Agenda 2030, 2020). O GT Agenda 2030 aponta que cerca de 4,5 homicídios por 100 mil habitantes foram feminicídios como exibido no gráfico a seguir;

Gráfico 1 – Feminicídios 2008-2016

(30)

Fonte: GT Agenda 2030

Ainda sobre a meta 2, os dados apontados no Relatório Luz mostram que a situação ainda é preocupante.

Em 2018, os feminicídios corresponderam a 29,6% dos homicídios dolosos de mulheres, um crescimento de 4% em relação ao ano anterior. O governo federal não apresentou dados sobre a taxa de feminicídios no Brasil em 2019 e a política de divulgação periódica e sistematizada dos dados sobre registros de violações, como os da Central de Atendimento à Mulher — Ligue 180, foi abandonada. (GT AGENDA 2030, 2020)

Figura 3: Ranking feminicídio

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Fonte: GT AGENDA 2030 (2018)

Dados do Instituto DataSenado, apresentados no Relatório Luz (2020) apontam que em aproximadamente 24% das vítimas ainda convive com seus agressores, 34% são dependentes financeiramente, e 31% não fez nada com relação a violência sofrida, sugerindo um alto nível de subnotificações.

Gráfico 2: Vítimas de violência

Fonte: GT AGENDA 2030 (2018)

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Abordando a meta 3, o relatório aponta que se manteve estagnada a despeito da lei que proíbe o casamento infantil ter sido sancionada recentemente5. O GT Agenda 2030 (2020) aponta que:

O diploma tem limitações, já que impede que pessoas menores de 16 anos se casem formalmente, mas não se dirige às questões subjacentes ao casamento infantil - como, por exemplo, a pobreza - que fazem com que o país ocupe o posto de quarto no mundo em números absolutos de casamentos infantis, com 36% da população feminina se casando antes de completar 18 anos de idade. (GT AGENDA 2030, 2020)

Figura 4: Porcentagem casamento antes da maioridade

Fonte: GT AGENDA 2030 (2020)

Sobre as metas 4 e 5, o documento aborda não haver nenhum avanço.

Focando na meta 4 o “Relatório luz da Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável:

síntese II” (GT AGENDA 2030, 2018), explana que;

somando as horas de trabalhos remunerados às de cuidados de pessoas e do lar, as mulheres continuam a trabalhar em média, 54,4 horas semanais versus 51,4 horas semanais dos homens. Em 2016, segundo a PNAD65, as brasileiras dedicaram quase 73% mais tempo que os homens ao cuidado de pessoas e/ou afazeres domésticos (18,1h contra 10,5h), sendo a região Nordeste a mais desigual: elas dedicaram 19 h/semana, 80% a mais do que os homens. As pretas ou pardas registraram 18,6 horas semanais. (GT AGENDA 2030, 2018)

5 Lei 13.811/2019. Disponivel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13811.htm

(33)

Gráfico 3 – Horas dedicadas aos afazeres domésticos

Fonte: GT AGENDA 2030

Olhando para a meta 5 a desigualdade de gênero fica ainda mais explícita, tendo em mente que 52,68% do eleitorado brasileiro é composto por mulheres a relação com a representação feminina em cargos políticas ainda é muito aquém do desejado, ocupando apenas 31,8% das candidaturas nas eleições de 2018. Tendo outro dado também preocupante é o número de candidatas pretas ou pardas “[...]

correspondiam, respectivamente, a 13,44% e 34,34% das candidaturas, e as indígenas a tão-somente 0,53% do total” (GT AGENDA 2030, 2020, p. 31).

O Brasil está entre os 70 países do mundo que alcançaram paridade entre homens e mulheres para papéis técnicos e profissionais, com cerca de 40%

dos papéis de liderança preenchidos por mulheres (27º lugar global), mas não houve avanço na participação das mulheres em cargos diretivos na iniciativa privada: em conselhos de administração de empresas no Brasil elas representam 8,4%, quando a média nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 22,3%. (GT AGENDA 2030, 2020, p. 31)

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Gráfico 4: Participação das mulheres na política brasileira

Fonte: GT AGENDA 2030 (2020, p.31)

Indo para a meta 6, sobre saúde sexual e reprodutiva e os direitos reprodutivos o Brasil fica ainda mais atrasado. De acordo com o GT Agenda 2030 (2018, p. 25) as mulheres brasileiras enfrentam altos índices de “gestações não planejadas e de mortes em decorrência de complicações durante a gravidez, o parto e o pós-parto e entre elas cresce a incidência de infecções de doenças sexualmente transmissíveis”;

O IBGE indica que 7 em cada 10 das mães com idade entre 15 e 19 anos são negras. Em 2016, dos 2.854.380 nascimentos registrados, 500.630 foram de mães com menos de 19 anos, das quais 16,7% portavam o vírus do HIV, a taxa que manteve-se praticamente igual em relação ao ano anterior. (GT AGENDA 2030, 2018, p. 25)

Gráfico 5: Infográfico sobre gravidez na adolescência

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Fonte: GT AGENDA 2030 (2020, p.32)

Partindo agora para a meta 7, o Relatório luz afirma que “O acesso à propriedade e o controle sobre a terra [...], continuam razão de duros e violentos conflitos. (GT AGENDA 2030, 2018, p. 25)” O Relatório Luz de 2020 (GT AGENDA 2030, 2020, p. 33) ainda apresenta a mesma informação;

A enorme concentração fundiária no Brasil, o aumento dos conflitos por territórios e da violência contra as mulheres do campo32, associados à falta de adequado suporte de financiamento e aos impactos dos desastres ambientais e econômicos — comumente maiores para as mulheres —, levam a uma análise de retrocesso também na meta 5.a. (GT AGENDA 2030, 2020, p. 33)

Abordando agora a meta 8, o GT afirma ser difícil de se alcançar levando em conta que a quantidade de profissionais mulheres de TIC ainda é muito baixa;

Segundo a PNAD, entre mais de 580 mil profissionais de TI no país, apenas 20% são mulheres76. Segundo pesquisa da Unlocking the Power of Women For Innovation and Transformation (UPWIT), Catho e Revelo, com mais de mil profissionais da área de tecnologia em 2018, 19% dos homens foram promovidos mais de 3 vezes, contra 10% de mulheres; 51% delas afirmam já terem sofrido discriminação no trabalho, versos 22%77 de homens. (GT AGENDA 2030, 2018, p. 26)

O governo brasileiro vem destruindo as políticas de gênero contrariando a meta 9, “Em 2016, a Lei 13.341 extinguiu todos os ministérios com agenda transversal [...] em 2018, avançam projetos de leis e normativas que retrocedem em direitos das

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mulheres, meninas, da população negra e população LGBTI [...]”. (GT AGENDA 2030, 2018, p. 26)

Para um (a) bibliotecário (a) aplicar atividades na biblioteca que visem o desenvolvimento do 5º objetivo, o profissional deve refletir como a temática da desigualdade, vulnerabilidade e violência pode ser atrelada a mulher, principalmente no Brasil, estabelecendo diálogos e conexões em como o seu ambiente de trabalho pode contribuir para a temática. Pensando nisso, Cabral e Gehre (2020) no Guia agenda 2030 apontam como um profissional pode estabelecer estas reflexões e que são apresentadas no quadro a seguir:

Quadro 3 – Reflexões para aplicar a Objetivo 5

Questionamento Reflexões

Você sabia que seu trabalho em educação pode ajudar com as questões do ODS 5? Procure refletir e propor ações sobre os seguintes pontos:

O que é a desigualdade de gênero e quais são as suas dimensões?

• Quais são as variáveis culturais que naturalizam a violência machista?

• Quais grupos populacionais são mais vulneráveis à violência de gênero? Por quê?

• É possível reduzir a exposição e a vulnerabilidade de mulheres em eventos extremos, como desastres econômicos, sociais e ambientais?

• Quais políticas devem ser implementadas e quais ações realizadas para garantir essa segurança?

Como a Agenda 2030 e o ODS 5 se relacionam com o Brasil?

• Como se define a desigualdade de gênero no Brasil e quais as suas dimensões?

• Quais são as medidas que estruturam a desigualdade de gênero no Brasil?

• Como raça, sexualidade e classe transversalizam a questão de gênero no Brasil?

• Como garantir, no contexto político e econômico brasileiro, uma mobilização significativa de recursos para implementar medidas contra as violências de gênero?

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Você sabia que podemos construir

diálogos e

estabelecer conexões entre diferentes campos de atuação e o tema da igualdade de gênero?

O que sua área de conhecimento é capaz de produzir e implementar em relação à promoção da igualdade de gênero?

• Quais reflexões e pesquisas as diversas áreas de conhecimento realizam e podem realizar sobre essa temática?

• Como as maneiras de conectar essas iniciativas podem auxiliar a erradicar a violência de gênero?

• Quais outros saberes poderiam ser acessados para estabelecer este diálogo e estas conexões?

• Quais marcos políticos sólidos podem ser criados para mobilizar investimentos nas ações de promoção da igualdade de gênero?

• Quais medidas políticas e econômicas podem ser utilizadas de modo a garantir a participação plena de mulheres em diversos espaços de atuação profissional, principalmente no que tange a tomada de decisões políticas?

• Como construir políticas públicas sustentáveis e efetivas no que se refere à questão de gênero?

• Sistemas e medidas de proteção social: quais são eles e como se dá a implementação? Quais suas falhas e potencialidades no contexto brasileiro?

Fonte: Adaptado de Cabral e Gehre (2020, p.58)

Através de tais reflexões e pensando na potencialidade de mediação de informações que a biblioteca pode representar, Garcia (2020) destaca a presença de entidades vinculadas ao empoderamento feminino em se unir as bibliotecas, no intuito de conscientizar a comunidade local através de workshops, reuniões e atividades que favoreçam o diálogo sobre questões sociais, culturais e políticas envolvendo a mulher.

A autora cita o caso da Universidade Camilo José Cela (UCJC) em Madri, na Espanha, que promove, durante uma semana na comemoração do dia da mulher, exposições de obras criadas ou editadas por mulheres e seleção de obras relacionadas a violência, representatividade e gênero.

Com a aplicação das OD5, frente as condições de vida de mulheres para luta dos direitos básicos e as barreiras que impactam para sua concretização, Cabral e Gehre (2020) elaboraram um guia agenda 2030 e afirmam que ao ser aplicado as

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metas do 5º objetivo, é possível que no futuro seja alcançado a redução a descriminação contra todas as mulheres através do estabelecimento de parcerias com instituições, assim como políticas que garantam os direitos as mulheres por lei, além de proteção para qualquer ato de violência:

Quadro 4 – Visão do futuro do Objetivo 5

1 Redução gradativa até a eliminação de todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas em toda parte; isto é, todas as formas de violência nas esferas públicas e privadas, incluindo o tráfico e exploração sexual e de todos os tipos, e toda forma de prática nociva, como casamentos prematuros, forçados e de crianças e mutilações genitais femininas;

2 Estabelecimento de parcerias a fim de alcançar a igualdade de gênero, garantindo a arrecadação, com apoio institucional, de recursos a partir de fontes diversas (públicas e privadas), a fim de promover a igualdade de gênero, especialmente no contexto dos países em desenvolvimento 3 Adoção e fortalecimento de políticas sólidas e legislação aplicável para a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas, considerando as interseccionalidades e dimensões variadas, a partir das perspectivas das populações vulnerabilizadas; considerando a necessidade de atuação da mulher em cargos de liderança nos processos de tomada de decisão na vida política, econômica e pública e de um acesso universal à saúde sexual e reprodutiva e aos direitos reprodutivos;

4 Realização de reformas políticas voltadas a garantir às mulheres direitos iguais aos recursos econômicos, bem como o acesso a propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, serviços financeiros, herança e os recursos naturais;

5 Reforço de políticas de proteção imediata para mulheres vítimas de violência doméstica e em situação de vulnerabilidade social, que promovam a garantia de acesso a direitos e atendimento de todas as necessidades básicas.

Fonte: Adaptado de Cabral e Gehre (2020, p.55-56)

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Depois da finalização desta pesquisa o Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 lançará o Relatório Luz 2021. O lançamento acontecerá no dia 12 de julho via transmissão pelo YouTube no perfil e-Democracia da Câmara dos deputados.

Através da temática da igualdade de gênero e como as bibliotecas e a biblioteconomia podem se inserir no espaço para o desenvolvimento das metas do objetivo 5 da ODS, apresenta-se, a seguir, uma revisão da literatura, com a apresentação de trabalhos relacionados à pesquisa em tela.

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3 A MULHER NA BIBLIOTECONOMIA BRASILEIRA: REVISÃO DE LITERATURA

A revisão de literatura consiste no levantamento de trabalhos científicos relevantes para uma área de pesquisa ou tópico, a exemplos de artigos de periódicos, livros, teses e dissertações, anais de eventos científicos, entre outras fontes de informação. Foi buscado nessa seção, apresentar alguns trabalhos ancorados ao tema deste projeto de pesquisa.

O trabalho de Gama, Baptista e Novais (2019), tem como tema a Agenda 2030 de objetivos de desenvolvimento sustentável, contendo 17 objetivos com 169 metas, tendo o foco voltado ao 5° ODS Igualdade de gênero. O seu objetivo é analisar dados que mostram a evolução do Brasil de acordo com as metas da agenda comparando com a Islândia. A metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica, exploratória e descritiva.

Como resultado foi notado grande diferença com relação a quantidade de mulheres na política no Brasil para com a Islândia, as autoras afirmam que apesar do Brasil ter leis que incentivam a participação feminina na política, o apoio dos partidos não é tanto quanto o desejável e não há fiscalização para o cumprimento da lei. Além disso existe a barreira cultural apresentada no texto. O processo de inclusão feminino na Islândia é antigo e as mulheres já reconhecem e usufruem dos seus direitos, quanto no Brasil a maior parte da população desempregada ainda é feminina. Apesar do índice de desemprego dos últimos anos estar próximo entre os homens e as mulheres, a desigualdade persiste em cargos de liderança e de igualdade salarial.

Os autores concluem que o Brasil ainda está “engatinhando” em comparação com a Islândia e que falta fiscalização do governo no processo de igualdade de gênero, mas que o Brasil não está inerte com relação ao 5°ODS da agenda 2030 da ONU. Apesar de termos dados concretos sobre a desigualdade de gênero, não estão sendo tomadas medidas assertivas para reverter essa realidade.

No trabalho de Romeiro e Silva (2019) o tema é a mulher na biblioteconomia e ciência da informação, seu espaço e suas ações nesse meio, expostos pela aplicação de uma oficina durante o evento científico 36° Painel Biblioteconomia em Santa Catarina, em 2018. Possui o objetivo de apresentar a experiência vivida pelas autoras de aplicação de uma oficina que visou discutir a formação e atuação profissional com enfoque nas contribuições de mulheres na

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Biblioteconomia e Ciência da Informação. A pesquisa de campo aliada com pesquisa bibliográfica exploratória e relatos de experiência.

A oficina alcançou os resultados esperados ao ser aplicada durante o 36°

Painel de biblioteconomia em Santa Catarina, com a participação de vinte pessoas, sendo dezoito mulheres e dois homens. Desenvolvida em quatro passos, na primeira atividade foram apresentadas duas obras sem revelar a identidade de seus autores, em seguida a mediação questionou os participantes em como eles imaginavam a pessoa que havia escrito as obras. A maioria atribuiu as obras a um autor homem cisgênero branco. No entanto, uma das obras era de uma pesquisadora mulher e a outra de um homem. A última atividade desenvolvida na oficina evidenciou a facilidade dos participantes em citar autores homens da área de Biblioteconomia e CI, em comparação com mulheres.

As autoras acreditam que a formação do imaginário referente ao protagonismo da mulher na área ainda precisa ser fortificada, apesar do fato da área ser majoritariamente feminina. Após o relato de experiência sobre a oficina, as autoras contextualizaram o sistema de opressão determinado pelo patriarcado que ainda faz parte das relações sociais, profissionais e científicas. Elas citaram diversas autoras e ativistas dentro do campo. Finalizaram o trabalho com a esperança de ter despertado em outras pesquisadoras o interesse em aumentar a visibilidade da produção científica e atuação profissional de mulheres no contexto brasileiro.

Acredita-se que esse relato abre um pouco mais o olhar dos leitores sobre a importância da visibilidade feminina na Biblioteconomia e na CI. É realmente interessante e paradoxal que uma área com a maioria de profissionais mulheres sofra esse tipo de problema no século XXI.

Levando em conta que na história da biblioteconomia brasileira, a mulher esteve em constante participação, sendo que o segundo curso de Biblioteconomia do Brasil, criado em São Paulo em 1929 no Mackenzie College, recebeu grande influência da Biblioteconomia tecnicista americana da Columbia University e foi orientado pela bibliotecária americana Dorothy Muriel Gedds Gropp (CASTRO, 2000 apud ALMEIDA, 2013). Mas isso não significa que as vidas das bibliotecárias brasileiras tenham menos dificuldades quando comparadas aos bibliotecários homens.

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A história da mulher bibliotecária conta que apesar das adversidades, nenhuma mulher aceitou continuar em condições inferiores socialmente e tampouco tenham desistido da evolução na carreira.

De acordo com Ferreira (2010), existe uma carência nas produções acadêmicas e científicas sobre o gênero feminino na Biblioteconomia, o que se têm são meras pesquisas quantitativas sobre o gênero na área, no entanto não existem pesquisas sobre outros aspectos a respeito do desenvolvimento da mulher na profissão. Para fortalecer essa ideia Ferreira (2010) diz em seu trabalho que

“obtiveram a dimensão necessária que dê conta de compreender as muitas imbricações dessa temática relacionadas com o mercado de trabalho, com as relações de poder e com a desvalorização da profissão no mercado”.

Sousa (2014), com base em Olinto e Targino aponta também que apesar das mudanças ocasionadas ao longo dos anos que ocasionaram diversificações no campo de trabalho por conta da introdução das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s), as bibliotecárias ainda não são reconhecidas pelo trabalho feito por elas, socialmente e financeiramente falando, assim como uma discriminação extremamente antiquada através de estereótipos depreciativos.

A divisão existente entre profissões femininas e masculinas, são novas formas de soberania do homem para com a mulher no mercado de trabalho. Criando a ideia de que profissões femininas são inferiores, social e economicamente falando, às profissões masculinas. E isso reverbera a desigualdade de gênero dentro do mercado de trabalho.

Na sua tese de doutorado, Sousa (2014) aborda um estudo feito nos Estados Unidos da América (EUA) sobre o mercado de trabalho da bibliotecária, onde aponta que mesmo a mulher sendo presença dominante no ramo, os cargos de chefia e gestão são predominantemente de homens. E como os homens assumem posições mais elevadas nas instituições eles têm salários maiores que os das bibliotecárias.

Percebe-se que essa situação é espelhada no Brasil.

Outrossim, no trabalho “Biblioteconomia – Uma questão de gênero”, as autoras Lobão et al (2017) abordam o gênero dentro da biblioteconomia do estado de Santa Catarina, possuem o objetivo de auxiliar na reflexão sobre a biblioteconomia enquanto um campo profissional, a partir da análise da quantidade de mulheres atuantes na profissão e discutir o destaque delas ao longo da história da

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