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FERNANDA FERNANDES CAMPOS INQUÉRITO POLICIAL NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

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FERNANDA FERNANDES CAMPOS

INQUÉRITO POLICIAL NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Belo Horizonte 2015

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FERNANDA FERNANDES CAMPOS

INQUÉRITO POLICIAL NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Monografia apresentada a Famig – Faculdade Minas Gerais, como requisito final para obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador (a): Jaqueline Ribeiro Cardoso Passos Mairink

Belo Horizonte 2015

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FERNANDA FERNANDES CAMPOS

INQUÉRITO POLICIAL NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Aprovada em _________________ de ___________ de _______.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________

Prof. Jaqueline Ribeiro Cardoso Passos Mairink Orientador (a) Faculdade Minas Gerais

________________________________________________

Prof. Ms. (Nome do Professor) Membro (Instituição de origem)

________________________________________________

Prof. Ms. (Nome do Professor) Membro (Instituição de origem)

Belo Horizonte 2015

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A minha família

A Cintia Ribeiro de Oliveira e família A Estela, Luiz, André e família

A Professora Jaqueline Ribeiro Cardoso Passos Mairink A Professora Ângela Araújo Costa

Ao Professor Carlos Henrique Passos Mairink

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RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo analisar as principais mudanças em relação ao Inquérito Policial, no Projeto de Novo Código de Processo Penal. No primeiro capítulo pretende-se analisar o conceito de Inquérito Policial, as suas características, valor probatório, se há contraditório, ampla defesa, prazo de conclusão, arquivamento e encerramento. Não obstante, verificaremos ainda, no segundo capítulo o juiz e o inquérito policial na legislação atual. Já no terceiro capítulo verificaremos o Projeto de Lei (PL) 156, as principais alterações, a sua nova disciplina, os prazos a valorização da vítima, e por fim, não poderíamos deixar de analisar a figura do Juiz das garantias.

O principal objetivo é verificar as mudanças pontuais do Inquérito Policial no Projeto de Novo Código de Processo Penal. Ao final conclui-se que as mudanças se deram em razão de um Código de Processo Penal ultrapassado, que surgiu em razão dos conflitos existentes naquela época e que não mais se adequa a nossa realidade atual.

Palavras-Chave: Inquérito Policial. PL 156/2009/2009. Comparação. Juiz das Garantias

ABSTRACT

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The following paper has for its objectives to analyze the main changes relative to police inquiry in the New Criminal Procedure Code project. In the first chapter it is intended to analyze the concept of police inquiry, its characteristics, probative value, if there is contradictory, legal defense, deadline for the conclusion, filling and closing. None the less, we will verify in the second chapter the judge and the police inquiry in the current legislation. Still, in the third chapter we will check the bill 156, the main changes, its new discipline, the deadlines, and the appreciation of the victim. Finally, we could not help but analyze the figure of the judge of guarantees. The main objective is to check the punctual changes in the New Criminal Procedure Code project. At the end it is concluded that the changes occurred due to an overpassed Criminal Procedure Code which arose because of the existing conflicts of that time in which is not suitable for our current reality.

Keywords: Police Inquiry. PL 156/2009/2009. Comparison. Guarantee Judge

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 6

2 INQUÉRITO POLICIAL ... 8

2.1 Conceito e características ... 11

2.2 Presidência do inquérito policial ... 16

2.3 Valor Probatório ... 17

2.4 Contraditório e ampla defesa no inquérito policial ... 18

2.5 Prazo de duração do inquérito policial ... 19

2.6 Conclusão do inquérito policial ... 21

3 O JUIZ E O INQUÉRITO POLICIAL NA LEGISLAÇÃO ATUAL ... 23

4 O INQUÉRITO POLICIAL NO PL 156 ... 25

4.1 Principais alterações ... 26

4.1.1 Características do inquérito policial e sua nova disciplina ... 29

4.1.2 Prazos ... 30

4.1.3 A valorização da vítima ... 33

5 O JUIZ DAS GARANTIAS... 35

6 CONCLUSÃO...41

REFERÊNCIAS ... 42

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1 INTRODUÇÃO

O atual Código de Processo Penal é do ano de 1941, ou seja, anterior a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Passados quase setenta anos faz-se necessária uma reforma no atual Código de Processo Penal, uma vez que é natural, com o passar do tempo, com a globalização a defasagem, o desuso da aplicabilidade de norma, seja parcial ou total. Assim como o crime evolui, à lei, principalmente, também deve evoluir de forma, que dentro da legalidade, não venha a favorecer o denunciado em detrimento da sociedade, por causa do desuso, da não efetividade da norma.

Como regra geral, a investigação preliminar fica a cargo da Polícia Judiciária, que por meio do inquérito policial, deverá fornecer elementos suficientes para que se inicie a ação penal pelo Ministério Público.

Por isso, a presente monografia tem como problema de pesquisa o Inquérito Policial no Novo Código de Processo Penal, Projeto de Lei 156/2009, de autoria do Senador José Sarney, que ao ser distribuído na Câmara dos Deputados, ganhou o número PL 8045/2010.

Justifica-se a relevância do tema, por se tratar de um projeto de lei que visa reformar o Código de Processo Penal adotado pela legislação Brasileira, que está ultrapassado e em dissonância com a Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, e que quando aprovado fará mudanças substanciais, principalmente, no que diz respeito ao inquérito policial.

Diante da importância desse instituto preliminar a fase processual, que será objeto de análise tanto no Código de Processo Penal em vigor, quanto no PL 8045/2010, o presente estudo foi desenvolvido em 4 (quatro) capítulos para melhor compreensão do tema.

Para tanto, a presente pesquisa tem como principal referencial teórico os doutrinadoras Aury Lopes Jr., Eugênio Pacelli de Oliveira, Fernando Capez, Fernando da Costa Tourinho Filho, Guilherme de Souza Nucci, Luiz Flávio Gomes e Nestor Távora que serviram de base para sua elaboração.

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No primeiro capítulo será analisado o conceito de inquérito policial de acordo com a doutrina, tendo em vista que o código é omisso, as características, a presidência do inquérito policial, valor probatório, contraditório e ampla defesa, prazo de duração e conclusão dessa fase preliminar.

No segundo capítulo será analisada a figura do juiz frente ao inquérito policial, a luz da legislação atual. Neste capítulo será analisada a produção de provas de ofício pelo juiz, a sua participação na fase preliminar, quase que como um investigador, o que para parte da doutrina violaria o sistema acusatório adota pela legislação atual, tendo em vista que comprometeria a imparcialidade inerente a função jurisdicional.

No terceiro capítulo será analisado o inquérito policial no PL 156/2009, as principais alterações, as características e sua nova disciplina, bem como os prazos e a introdução da valorização da vítima.

Por fim, no quarto capítulo será analisada a figura do juiz das garantias, que é considerada por parte da doutrina, umas das principais mudanças recepcionada pelo PL 156/2009, que visa colocar o juiz no seu lugar constitucionalmente demarcado. O juiz deixa de ser um investigador, que atua diretamente na fase preliminar, consequentemente violando a sua imparcialidade e passa a ser responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais.

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2 INQUÉRITO POLICIAL

O inquérito policial, embora não conceituado pela legislação Pátria, é um procedimento de competência da Polícia Judiciária, que tem por objetivo a apuração das infrações penais e de sua autoria. Nos termos do art. 4º, do Código de Processo Penal “A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria”. (BRASIL, 1941).

Consoante assinala Tourinho Filho sobre o surgimento da denominação do inquérito policial:

Tais Inspetores não exerciam a atividades de Polícia Judiciária. Embora houvesse vários dispositivos sobre o procedimento informativo, não se tratava do “inquérito policial” com esse nomen juris. Foi, contudo a Lei n.

2033, de 20-9-1871, regulamenta pelo Decreto-lei n. 4.824, de 28-11-1871, que surgiu, entre nós, o inquérito policial com essa denominação, e o art. 42 da referida lei chegava inclusive a defini-lo: “O inquérito policial consiste em todas as diligências necessárias para o descobrimento dos fatos criminosos, de suas circunstâncias e de seus autores e cúmplices, devendo ser reduzido a instrumento escrito. (TOURINHO FILHO, 2013, p. 228).

Esta fase preliminar de investigação realizada pela polícia judiciária é de suma importância para subsidiar a propositura da ação penal pelo Ministério Público, lastreada em justa causa, ou seja, ela vai fornecer os elementos necessários para que se inicie a ação penal. Neste sentido, Rodrigues e Ferreira afirmam que:

Preocupa-se com o esclarecimento do fato delituoso e a descoberta da autoria, pois isto é fundamental para formular a denúncia. É um procedimento preparatório, informativo e inquisitório, que visa iniciar o processo de esclarecimento de uma conduta, que pareça delituosa. (RODRIGUES;

FERREIRA, 1997, p. 19).

Aury Lopes Jr. conclui que:

O inquérito policial serve, essencialmente, para averiguar e comprovar os fatos constantes na notitia criminis. Nesse sentido, o poder do Estado de averiguar as condutas que revistam a aparência de delito é uma atividade que prepara o exercício da pretensão acusatória que será posteriormente exercida no processo penal. (LOPES Jr., 2014, p. 286).

Não obstante a importância desse instituto há inúmeras críticas em razão de sua adoção pela legislação Brasileira, daí a necessidade de se analisá-lo, neste capítulo.

Destaca-se que há alguns modelos de investigação e o inquérito policial é um deles.

A denominada investigação preliminar policial, conforme os ensinamentos de Aury Lopes Junior (2001) caracteriza-se pela autonomia dada à polícia judiciária para

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conduzir as investigações. Significa que o delegado de polícia pode conduzir a investigação da forma que melhor lhe aprouver.

Nesse modelo de investigação, a polícia judiciária produzirá as provas que forem cabíveis a cada caso, no que diz respeito às provas periciais realizadas pelos peritos de carreira, mediante requisição da autoridade policial. Já no caso das medidas cautelares, o delegado de polícia deverá solicitar ao poder judiciário.

Diante disso, a polícia judiaria é titular da investigação preliminar policial, cabendo a ela determinar de forma discricionária os atos a serem praticados, objetivando elucidar o fato, apontando a autoria e motivação, bem como as provas que foram produzidas, de forma a subsidiar eventual ação penal.

Esse modelo de investigação preliminar policial é muito criticado por ainda ser adotado, visto que é considerado por parte doutrina um modelo arcaico e conforme os dizeres de Aury Lopes Jr. “não satisfaz ao titular da ação penal pública, tampouco a defesa e resulta de pouca utilidade para o juiz (principalmente pela pouca qualidade e confiabilidade do material fornecido)”. (LOPES Jr., 2001, p. 58).

Outro modelo de investigação é a investigação preliminar judicial, na qual o juiz é o titular, portando responsável por conduzir a instrução preliminar. O chamado juiz instrutor tem autonomia investigar e realizar as diligencias que achar cabível, de forma a fornecer ao Ministério Público elementos para eventual acusação ou não e a ele para decidir favorável ou não à pretensão ministerial.

Não obstante, o poder dado ao juiz instrutor para conduzir a investigação, ele é dotado de imparcialidade, mesmo participando da investigação produzindo provas, ele não poderá fazer juízo de valor, terá que fazer juízo de apreciação e decidir de forma imparcial, conforme os ditames legais.

Historicamente, o juiz instrutor atual tem relação com sistema inquisitivo de antigamente conforme explica Aury Lopes Jr. (2001) o juiz inquisidor era responsável por todo o procedimento, desde a investigação até a sentença. Em relação à prova, vigorava o sistema de valoração da prova, sendo que a confissão era a mais importante de todas e, além disso, o sujeito passivo era apenas um objeto do

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processo, não podia produzir prova, não tinha contraditório nem acesso ao procedimento, pois o mesmo era secreto.

Nesse modelo, a figura do juiz instrutor pode ou não acatar a pretensão do Ministério Público ou particular, ou seja, o juiz poderá decidir contrário ao pretendido pelo Órgão Ministerial.

Nesse sentido, nos países que adotam a figura do juiz instrutor, conforme os ensinamentos de Aury Lopes Jr. (2001), este tem o poder para iniciar de ofício uma investigação preliminar, exceto quando ação for privada, participando das diligencias, bem como determinar os atos a serem praticados pela polícia judiciária, visto que esta é totalmente subordinada aquele, que ao final decidirá o pleito.

Este modelo de investigação também é muito criticado, pois, o juiz instrutor poderá cometer abusos diante do poder que detém. Ademais, como titular da investigação, poderá produzir de ofício as provas que achar cabíveis, não podendo afastar a imparcialidade, o que para muitos, não seria possível.

Por fim, cumpre abordar a investigação preliminar a cargo do Ministério público, na figura do Promotor investigador, outro modelo de investigação.

Neste modelo de investigação, conforme salienta Aury Lopes Jr. (2001) o Órgão Ministerial pode ser um mero auxiliar do juiz instrutor ou até mesmo o titular da instrução. Esta tem a possibilidade de ser a mais usual nos países europeus, podendo o Ministério Público iniciar a investigação, porém, quando o juiz entra em cena, ele passa a ser o titular, devendo aquele fornecer tudo o que foi apurado e atuar paralelamente e não mais como titular, por isso, esse modelo também é muito criticado.

No modelo acima mencionado, o promotor instrutor poderá determinar que a polícia judiciária pratique os atos investigatórios, de forma a fornecer elementos para que o mesmo forme a sua convicção, decidindo, então, qual medida a ser tomada, porém, caso decida sobre a propositura de alguma medida cautelar, dependerá da autorização do juiz instrutor, tornando-se subordinado a este.

Percebe-se que por mais que haja uma tendência a dar poderes para o promotor instrutor conduzir as investigações, seja por si só ou através da polícia judiciária, ele

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está vinculado ao juiz instrutor, portanto, essa autonomia e discricionariedade do promotor instrutor não são absolutas.

2.1 Conceito e características

Conforme mencionado anteriormente, a legislação Brasileira não conceitua o que vem a ser inquérito policial e, por isso, deve-se usar a doutrina. Para tanto, faz-se necessárias algumas considerações sobre o surgimento da investigação criminal.

Preliminarmente, o inquérito policial é um procedimento administrativo, prévio, inquisitivo e preparatório de eventual ação penal, que tem por finalidade apurar as infrações penais e sua autoria.

Nos dizeres de Araújo “podemos identificar a persecução criminal como o poder-dever do Estado de apurar e punir as infrações penais”. (ARAÚJO, 2012, p. 128).

Sobre o tema, merece destaque o afirmado pelo referido autor:

Estaria esta atividade estatal, então, dividida em duas fases, sendo a primeira destinada à apuração das infrações penais (investigação criminal, e a segunda objetivaria à instrução processual penal, de modo a poder culminar (ou não) em uma sanção penal. (ARAÚJO, 2012, p. 128).

Ainda, para Fábio Roque Araújo “o objetivo da fase preliminar seria a colheita de provas e indícios de autoria ou participação, para subsidiar o fumus comissi delicti, ou seja, a justa causa para se iniciar a ação penal”. (ARAÚJO, 2012, p. 128).

Ainda, consoante os ensinamos de Eugênio Pacelli de Oliveira:

O inquérito policial, atividade específica da polícia denominada judiciária. Isto é, a Policia Civil, no âmbito da Justiça Estadual, e a Policia Federal, no caso da Justiça Federal, tem por objetivo a apuração das infrações penal e de sua autoria (art. 4º, CPP). (PACELLI, 2008, p. 43).

No mesmo sentido, para Aury Lopes Jr. preleciona que “a investigação preliminar pode ser considerada como um inter, uma situação intermediaria que serve de elo de ligação entre a notitia criminis e o processo penal”. (LOPES Jr., 2001, p. 37).

Ademais, referido autor destaca que “é o modelo adotado pelo Direito brasileiro, que atribui à polícia a tarefa de investigar e averiguar os fatos constantes na notícia-crime.

Essa atribuição é normativa e a autoridade policial atua como verdadeiro titular da investigação preliminar. (LOPES Jr., 2014, p. 260).

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Ademais, Aury Lopes Jr., assevera que:

No modelo agora analisado, a polícia não é mero auxiliar, senão o titular, com autonomia para decidir sobre as formas e os meios empregados na investigação e, inclusive, não se pode afirmar que exista uma subordinação funcional em relação aos juízes e promotores. (LOPES Jr., 2014, p. 260).

Já para Guilherme de Souza Nucci:

O inquérito policial é um procedimento preparatório da ação penal, de caráter administrativo, conduzido pela polícia judiciária e voltado à colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma infração penal e sua autoria. Seu objetivo precípuo é a formação da convicção do representante do Ministério Público, mas também a colheita de provas urgentes, que podem desaparecer, após o cometimento do crime. (NUCCI, 2013, p. 155).

Em outras palavras, o Inquérito Policial nada mais é do que a formalização da investigação criminal realizada, regra geral, pela Polícia Judiciária, na qual se busca apurar a infração penal, ou seja, a sua motivação, materialidade e identificar o autor do fato.

Nos termos do art. 4º do Código de Processo Penal “A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria”. (BRASIL, 1941).

Portanto, o inquérito policial é um conjunto de diligências realizadas, regra geral, pela polícia judiciária, durante a investigação criminal, que visa apurar a autoria ou participação e materialidade de um fato ilícito, diligências estas que, ao final, são formalizadas naquele procedimento a fim de subsidiar a propositura da ação penal.

Uma vez conceituado o inquérito policial, importante se faz analisar as suas características para melhor entender o instituto.

O inquérito policial é inquisitivo, característica esta marcante e também muito criticada, pelo fato do indiciado não participar da produção de provas. Nessa fase, conforme os ensinamentos de Nucci:

O inquérito é por sua própria natureza, inquisitivo, ou seja, não permite ao indiciado ou suspeito ampla oportunidade de defesa, produzindo e indicando provas oferendo recursos, apresentado alegações, entre outras atividades provas, que, como regra, possui durante a instrução judicial. (NUCCI, 2013, p. 180).

No mesmo sentido, Fernando Capez aduz que:

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Caracteriza-se como inquisitivo o procedimento em que as atividades persecutórias concentram-se nas mãos de uma única autoridade, a qual, por isso, prescinde, para a sua atuação, da provocação de quem quer que seja, podendo e devendo agir de oficio, empreendendo, com discricionariedade, as atividades necessárias ao esclarecimento do crime e da sua autoria. É característica oriunda dos princípios da obrigatoriedade e da oficialidade da ação penal. (CAPEZ, 2011, p. 117).

Logo, a inquisitoriedade do inquérito policial resume-se no fato de ao indiciado não ser dada a oportunidade de produzir provas, consequentemente ausência de ampla defesa, direitos constitucionais que serão exercidos no curso do processo.

O inquérito policial também é escrito, uma vez que nos termos do art. 9º do Código de Processo Penal “todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade”.

(BRASIL, 1941).

Em relação ao sigilo, outra característica do inquérito, o art. 20 do Código de Processo Penal assevera que “a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade”. (BRASIL, 1941).

No mesmo sentido, Nucci dispõe que “o inquérito policial, por ser peça de natureza administrativa, inquisitiva e preliminar à ação penal, deve ser sigiloso, não submetido, pois, à publicidade que rege o processo”. (NUCCI, 2013, p. 182).

Sobre o tema, também preleciona Nestor Távora:

Ao contrário do que ocorre no processo, o inquérito não comporta publicidade, sendo procedimento essencialmente sigiloso, disciplinando o art.

20 do CPP que “a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade”. Este sigilo, contudo, não se estende, por uma razão lógica, nem ao magistrado, nem ao membro do Ministério Público. (TÁVORA, 2013, p.103).

Ainda, para Távora “o sigilo do inquérito é estritamente necessário ao êxito das investigações e à preservação da figura do indiciado, evitando-se um desgaste daquele que é presumidamente inocente”. (TÁVORA, 2013, p. 103).

Assim, ao inquérito policial não é conferido a publicidade que rege o processo, ressaltando que esse sigilo assegurado pela polícia não se estende ao Ministério Público, juiz e nem ao acusado de forma absoluta, ou seja, não abrange o chamado sigilo interno, mencionado na obra de Aury Lopes Junior (2001).

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Para Aury Lopes Jr. (2001) “O segredo interno não alcança aos órgãos do Estado, de modo que jamais a investigação preliminar poderá ser secreta para o juiz, o promotor, independente de quem seja o titular. Logo, o segredo interno atinge fundamentalmente o sujeito passivo.

Diante disso, imposto o sigilo interno poderá impedir o acesso a determinados atos da investigação no caso do acusado, que poderá interferir no bom andamento da instrução.

Já o sigilo externo, conforme sugeri a nomenclatura, é o sigilo imposto a pessoas que não fazem parte do processo. Significa que somente os sujeitos do processo, ou seja, os envolvidos do processo que terão acesso ao conteúdo da investigação preliminar.

Ainda, sobre o sigilo no inquérito policial, Fernando Capez dispõe que:

O sigilo não se estende ao representante do Ministério Público, nem à autoridade judiciária. No caso do advogado, pode consultar os autos de inquérito, mas, caso seja decretado judicialmente o sigilo na investigação, não poderá acompanhar a realização dos atos procedimentais (Lei n.

8.906/94, art. 7º, XIII a XV, e § 1º - Estatuto da OAB). Menciona-se que, nas hipóteses em que é decretado o sigilo do inquérito, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que a sua oponibilidade ao defensor constituído esvaziaria garantia constitucional do acusado (CF, art. 5º, LXIII), que lhe assegura, quando preso, e pelo menos lhe faculta, quando solto, assistência técnica do advogado. (CAPEZ, 2011, p. 115).

No que se refere ao sigilo ao advogado, ressalta-se que nos termos do art. 7º, XIII, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, são direitos do advogado “examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada à obtenção de cópias, podendo tomar apontamentos”. (BRASIL, 1994).

Diante do exposto no Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, o sigilo previsto no Código de Processo Penal durante muito tempo foi motivo de polemica, razão pela qual os Ministros da Corte Suprema, em 2009, aprovaram a Súmula vinculante n.14, a saber:

É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. (BRASIL, 2009).

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Pelo exposto na súmula acima o advogado do investigado tem direito a ter acesso aos elementos de prova desde que já documentados.

Por fim, ressalta-se que o sigilo no inquérito é necessário para proteger as provas e atos que necessitem de garantia, sendo a elucidação do fato ou para proteger a sociedade, e é importante também para a proteção da vítima e do próprio indiciado e por obvio não se estende ao juiz e ao Ministério Público, lembrando que se não houver inconveniente ou prejuízo às investigações, nada obsta que se confira publicidade ao inquérito policial.

Já a instrumentalidade do inquérito policial, como a própria nomenclatura sugere, significa que o inquérito policial é o instrumento, o meio a serviço de uma futura ação penal, não sendo ele um fim em si mesmo.

Aury Lopes Jr. explica a instrumentalidade do inquérito policial:

A investigação preliminar não tem por fundamento a pena e tampouco a satisfação de uma pretensão acusatória. Não faz – em sentido próprio – justiça, senão que tem por objetivo imediato garantir a eficácia do funcionamento da Justiça. Por isso, trata-se de uma instrumentalidade qualificada, pois a instrução preliminar está a serviço do instrumento processo. (LOPES Jr., 2014, p. 252).

Em relação à autonomia, outra característica do inquérito policial, Aury Lopes Jr. aduz que:

A autonomia vem dada pela natureza dos atos levados a cabo na instrução preliminar, bem distintos daqueles praticados no processo penal, principalmente no que se refere à natureza da intervenção dos sujeitos (não existem partes) ao objeto (notícia-crime e não a pretensão acusatória) e à forma dos atos (predomínio da escritura e do segredo). (LOPES Jr., 2014, p.

252).

Diante disso, a autonomia do inquérito policial corresponde ao fato de que a existência desta fase preliminar pode, ou não, dar início à instrução processual, ou seja, a fase processual penal pode existir sem necessariamente estar vinculada àquela.

Outra característica do inquérito policial é a oficialidade, e conforme os ensinamentos de Fernando Capez “o inquérito policial é uma atividade investigatória feita por órgãos oficiais, não podendo ficar a cargo do particular, ainda que a titularidade da ação penal seja atribuída ao ofendido”. (CAPEZ, 2011, p. 116).

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Em relação à dispensabilidade do inquérito policial, esta está visivelmente descrita no Código de Processo Penal, no art. 12, que estabelece que “o inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra”.

(BRASIL, 1941).

Pelo exposto, se o Ministério Público ou o ofendido, na ação penal privada, já possuir os elementos necessários que justifiquem a ação penal, ou seja, a justa causa, o inquérito policial é dispensável, o que implica dizer que nem sempre ele acompanhará a ação penal, não sendo indispensável para a propositura desta.

Sobre a dispensabilidade do inquérito policial, são bem elucidativas as palavras de Tourinho Filho:

Desde que o titular da ação penal (Ministério Público ou ofendido) tenha em mãos as informações necessárias, isto é, os elementos imprescindíveis ao oferecimento de denúncia ou queixa, é evidente que o inquérito policial será perfeitamente dispensável. (TOURINHO FILHO, 2013, p. 240).

No mesmo sentido, Aury Lopes Jr. aduz que “O inquérito policial não é fase obrigatória da persecução penal, podendo ser dispensado quando o Ministério Público ou ofendido já disponha suficientes elementos para a propositura da ação penal”.

(LOPES Jr., 2011, p. 120).

Diante disso, não obstante ser o inquérito policial, na maioria dos casos, fundamental para a propositura da ação penal, seja pública ou privada, será dispensável caso haja elementos suficientes para ingressar na fase processual, através da denúncia ou queixa, por parte do Ministério Público e do ofendido nesta ordem.

2.2 Presidência do inquérito policial

A atribuição para presidir o inquérito policial decorre de uma interpretação do Código de Processo Penal e Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988.

Conforme exposto anteriormente, nos termos do art. 4º do Código de Processo Penal,

“a polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria”. (BRASIL, 1941).

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Para tanto, a Constituição da República Federativa do Brasil, em seu art. 144 §4º, esclarece que “as polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares”. (BRASIL, 1988).

Portanto, é do delegado de polícia a competência para presidir o inquérito policial, sendo essa competência definida em razão do local onde se consumou a infração penal, vez que o delegado só tem competência na sua circunscrição.

Dessa forma, a presidência do inquérito policial pode ser conceituada, consoante Tourinho Filho, como:

Essas autoridades são em geral Delegados ou Comissários que dirigem as Delegacias de Polícia, e, em se tratando de infrações da alçada da Justiça Comum Federal, a competência é dos Delgados de Polícia Federal, nos termos do art. 144, § 1º, I, da CF. (TOURINHO FILHO, 2013, p.214).

Nos termos do art. 4º do Código de Processo Penal, in verbis:

Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.

Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.

(BRASIL, 1941).

Diante disso, o art. 4º do Código de Processo Penal estabelece que é competência do delegado de polícia apurar as infrações penais e sua autoria, nos crimes ocorridos na sua circunscrição. Significa que o delegado de polícia tem autonomia para investigar apenas os crimes ocorridos na sua circunscrição, que é dividida pela polícia judiciária tanto por bairros, quanto por tipos de crimes, ai entram em cena as delegacias especializadas.

Logo caso ocorra um homicídio na circunscrição de uma delegacia distrital, não será o delegado titular da mesma o responsável pela apuração da infração penal, bem como a autoria, mas sim, o delegado da delegacia especializada responsável por aquela circunscrição.

2.3 Valor probatório

O inquérito policial, tem por finalidade a apuração das infrações penais, autoria, bem

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como a garantia e colheita de provas irrepetitíveis. Não obstante, seja um procedimento importante para subsidiar a ação penal, lastreada em justa causa, o inquérito policial não é indispensável, visto que o Ministério Público ou o ofendido poderão oferecer denúncia ou queixa, caso possuam o mínimo probatório, ou seja, a justa causa para subsidiar a ação penal.

Por outro lado, o inquérito policial por ser inquisitivo, e, portanto, não ser um procedimento com contraditório e ampla, não pode sozinho servir de base para uma condenação, conforme o exposto no art. 155, do Código de Processo Penal, in verbis:

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. (BRASIL, 1941).

Em verdade, não pode o juiz fundamentar a sua decisão exclusivamente com base no que foi apurado no inquérito policial, com exceção das provas cautelares, devendo as provas obtidas no inquérito policial serem corroboradas pelas provas colhidas em juízo sobre o crivo do contraditório e ampla defesa.

Diante disso, na legislação Brasileira, o inquérito policial possui valor relativo, com conteúdo meramente informativo, uma vez que o art.155 do Código de Processo Penal é cristalino ao afirmar que juiz não pode fundamentar a sua decisão exclusivamente naquele, com exceção das provas cautelares.

Destaca-se que nesse contexto, a necessidade de existência do inquérito policial no sistema processual penal Brasileiro, tem sido muito questionada.

2.4 Contraditório e ampla defesa no inquérito policial

Como já abordado no item 2.1, uma das características do inquérito policial, é o fato do mesmo ser um procedimento inquisitivo, o que pode ser resumido em ausência de contraditório e ampla defesa.

Conforme os ensinamentos de Guilherme de Souza Nucci:

O inquérito é, por sua própria natureza, inquisitivo, ou seja, não permite ao indiciado ou suspeito ampla oportunidade de defesa, produzindo e indicando provas, oferecendo recursos, apresentado alegações, entre outras atividades provas, oferecendo que, como regra, possui durante a instrução judicial. Não fosse assim e teríamos duas instruções idênticas: uma realizada sob a

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presidência do delegado; outra sob a presidência do juiz. Tal não se dá e é, realmente, desnecessário. O inquérito destina-se, fundamentalmente, ao órgão acusatório, para formar a sua convicção acerca da materialidade e autoria da infração penal, motivo pelo qual não necessita ser contraditório e com ampla garantia de defesa eficiente. Esta se desenvolverá, posteriormente, se for o caso, em juízo. (NUCCI, 2013, p. 180).

No mesmo sentido, Fernando Capez aduz que “não se aplicam os princípios do contraditório e da ampla defesa, pois, se não há acusação, não se fala em defesa”.

(CAPEZ, 2011, p. 117).

Diante disso, não há o que se falar em contraditório e ampla defesa no inquérito policial, uma vez que, como mencionado, trata-se de uma fase preliminar à fase processual e será nesta que o ofendido terá direito de exercê-lo e produzir todas as provas em direito admitidos, visto que são princípios basilares do Direito Processual Penal, juntamente com a legalidade.

2.5 Prazo de duração do inquérito policial

É importante destacar o prazo legal da duração do inquérito policial, visto que os prazos são diferentes quando o indiciado está preso ou solto. Além disso, conforme sabiamente abordado por Aury Lopes Jr. “não assiste à polícia judiciária o poder de esgotar os prazos previstos para a conclusão do IP, principalmente existindo uma prisão cautelar”. (LOPES Jr., 2014, p. 288).

Ainda, para Aury Lopes Jr. “O inquérito deverá ser concluído com a maior brevidade possível e, em todo caso, dentro do prazo legal. Ademais, não que se esquecer do direito de ser julgado no prazo razoável, previsto no art. 5º, LXXVIII, da Constituição”.

(LOPES Jr., 2014, p. 288).

O prazo legal de conclusão do inquérito policial está descrito no art. 10, do Código de Processo Penal, in verbis:

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. (BRASIL, 1941).

O art. 10 do Código de Processo Penal é bem claro em relação ao prazo de conclusão do inquérito policial, uma vez que estando o indiciado preso, seja em razão de prisão

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em flagrante delito ou preventivamente, o prazo para concluir as investigações é de 10 dias, sendo que a contagem do prazo se inicia na data da prisão. Estando o indiciado solto, o prazo triplica para 30 dias, seja essa soltura mediante fiança ou não.

Importante mencionar que quando o crime for de difícil elucidação e o indiciado, estiver solto, a autoridade policial poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para que sejam realizadas novas diligencias, sendo que estas serão realizadas no prazo determinado pelo juiz, conforme art. 10 § 3º do Código de Processo Penal, in verbis:

§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.((BRASIL, 1941).

Importante aludir que há outros prazos na legislação especial, e no que tange à esfera federal, conforme os dizeres de Aury Lopes Jr. “Nos processos de competência da Justiça Federal, prevê o art. 66 da Lei n. 5.010/66 que o prazo de conclusão do IP quando o sujeito passivo estiver em prisão será de 15 dias – prorrogáveis por mais 15”. (LOPES Jr., 2014, p. 289).

Em relação ao art. 66 da Lei n. 5.010/66, que Organiza a Justiça Federal de primeira instância, e dá outras providências, in verbis:

Art. 66. O prazo para conclusão do inquérito policial será de quinze dias, quando o indiciado estiver preso, podendo ser prorrogado por mais quinze dias, a pedido, devidamente fundamentado, da autoridade policial e deferido pelo Juiz a que competir o conhecimento do processo. Parágrafo único. Ao requerer a prorrogação do prazo para conclusão do inquérito, a autoridade policial deverá apresentar o preso ao Juiz. (BRASIL, 1966).

No que diz respeito à Lei 11.343/2006, que institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – Sisnad, popularmente conhecida como Lei de Drogas ou Lei Antidrogas, o prazo também é diferenciado consoante os dizeres de Aury Lopes Jr.

“Nos delitos de tráfico de entorpecentes, o art. 51 da Lei n. 11.343/2006 prevê que o inquérito será concluído no prazo de 30 dias se o indiciado estiver preso e de 90 dias se estiver solto”. (LOPES Jr., 2014, p. 289).

Ainda, em relação à aos prazos da Lei 11.343/2006, Aury Lopes Jr. aduz que:

Esses prazos, substancialmente maiores do que aqueles previsto no CPP poderão ainda ser duplicados pelo juiz. Destaca-se a possibilidade de um inquérito durar até 60 dias com indiciado preso, o que, dependendo das circunstâncias do caso, pode constituir uma violação do direito fundamental

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de ser julgado em um prazo razoável, previsto no art. 5º, LXXVIII, da Constituição. (LOPES Jr., 2014, p. 289).

Há ainda, o prazo da Lei n. 1.521/51, que altera dispositivos da legislação vigente sobre crimes contra a economia popular, e conforme os ensinamentos de Eugênio Pacelli de Oliveira “Nos crimes contra a economia popular (Lei n. 1.521/51) é previsto o prazo de dez dias para a conclusão do inquérito, estando preso ou não o indiciado/acusado”. (PACELLI, 2008, p. 46).

Pelo exposto, o inquérito policial, no que diz respeito à competência da Justiça Estadual, no caso da polícia civil, deverá ser concluso, regra geral, no prazo de 10 dias improrrogáveis, caso o indiciado estiver preso, seja em flagrante delito ou preventivamente, e 30 dias se estiver em razão de pagamento ou não de fiança.

2.6 Conclusão do inquérito policial

Uma vez concluída as investigações, a autoridade policial deverá elaborar um minucioso relatório, descrevendo tudo o que foi apurado, mencionando as provas colhidas e autoria, mesmo em caso de negativa, e enviar os autos ao juiz competente.

O encerramento do inquérito policial, nos termos do art.10 § 1º e seguintes do Código de Processo Penal, ocorre na seguinte cronologia:

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.

§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.

§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.

Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito.

Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. (BRASIL, 1941).

No mesmo sentido, Guilherme de Souza Nucci aduz que:

A autoridade policial deve, ao encerrar as investigações, relatar tudo o que foi feito na presidência do inquérito, de modo a apurar — ou não — a materialidade e a autoria da infração penal. Tal providência é sinônimo de transparência na atividade do Estado-investigação, comprobatória de que o princípio da obrigatoriedade da ação penal foi respeitado, esgotando-se tudo o que seria possível para colher provas destinadas ao Estado-acusação.

Ainda assim, pode o representante do Ministério Público não se conformar,

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solicitando ao juiz o retorno dos autos à delegacia, para a continuidade das investigações, devendo, nesse caso, indicar expressamente o que deseja. Se a autoridade policial declarou encerrados os seus trabalhos, relatando o inquérito, não é cabível que os autos retornem para o prosseguimento, sem que seja apontado o caminho desejado. Por outro lado, a falta do relatório constitui mera irregularidade, não tendo o promotor ou o juiz o poder de obrigar a autoridade policial a concretizá-lo. (NUCCI, 2013, p. 183).

Nos termos do art. 16, do Código de Processo Penal “o Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia”. (BRASIL, 1941).

Diante disso, enviado o relatório, o Ministério Público poderá pedir novas diligências, denunciar ou solicitar o arquivamento, lembrando que o delegado de polícia não poderá arquivar o inquérito de ofício.

Pelo exposto, o Ministério Público poderá determinar a remessa dos autos à autoridade policial competente, nos termos do art. 16 do Código de Processo Penal,

“para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia”. (BRASIL, 1941).

Em relação ao arquivamento, dispõe os artigos 17 e 18, ambos do Código de Processo Penal:

Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, à autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. (BRASIL, 1941).

Os artigos acima são bem cristalinos em relação ao arquivamento do Inquérito Policial.

Percebe-se que a autoridade policial, no caso, o delegado de polícia não poderá mandar arquivar o inquérito, uma vez que, cabe somente a autoridade judiciária, de forma fundamentada, determinar o seu arquivamento. Diante disso, quando não houver indícios de autoria e materialidade, ou seja, quando não houver o mínimo probatório, a autoridade judiciária poderá mandar arquivá-lo a pedido do Ministério Público, que é o titular da ação penal.

Consoante os ensinamentos de Fernando da Costa Tourinho Filho, sobre o tema:

O pedido de arquivamento, nos crimes de ação pública, fica afeto ao órgão do Ministério Público. Somente este é que poderá requerer ao Juiz seja arquivado o inquérito, e, caso o Magistrado acolha as razões invocadas por

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ele, determiná-lo-á. Do contrário, agirá de conformidade com o art. 28 do CPP. (TOURINHO FILHO, 2013, p. 326-327).

Art. 28, do Código de Processo Penal:

Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador- geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. (BRASIL, 1941).

Pelo exposto, caso o juiz não concorde como o pedido de arquivamento do Ministério Público, deverá remeter os autos para o procurador-geral de justiça, que segundo Guilherme de Souza Nucci (2008) poderá oferecer denúncia, designar outro representante do Ministério Público para fazê-lo ou até mesmo, concordar como o pedido inicial de arquivamento, obrigando o juiz a acolhê-lo.

Diante do exposto, o inquérito policial é concluso quando a autoridade policial faz um relatório sobre tudo o que foi apurado, bem como as provas produzidas e o encaminha para o juiz competente, que o remeterá ao Ministério Público. Não obstante, poderá o Ministério Público solicitar ao juiz que os autos retornem para a autoridade policial para que sejam realizadas novas diligências, indicando-as.

3 O JUIZ E O INQUÉRITO POLICIAL NA LEGISLAÇÃO ATUAL

Neste capitulo, será analisada a atuação do juiz no inquérito policial, segundo a legislação processual penal em vigor, uma vez que quando se fala em juiz imediatamente pensa-se na sua importante funçã no processo, porém, a sua participação durante a fase preliminar é muito criticada por alguns doutrinadores.

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A crítica sobre a atuação do juiz na fase preliminar é em relação ao seu envolvimento demasiado, deixando de lado a sua própria função constitucional e assumindo quase que uma função de investigador, de titular do inquérito policial, comprometendo, nesse caso, a imparcialidade necessária ao se proferir a sentença.

Nos termos do art. 156, do Código de Processo Penal:

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:

I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;

II – determinar, no curso da instrução, ou antes, de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. (BRASIL, 1941).

Essa aproximação exagerada faria com que o juiz, que participou diretamente da produção de alguma prova, por exemplo, já fizesse um juízo de valor sobre o acusado, e não juízo de apreciação. Logo, o juiz já saberia qual o tipo de sentença caberia ao caso, ferindo assim, o princípio constitucional da presunção de inocência, elencado no art. 5º, inciso LVII, da Constituição da República Federativa do Brasil, ao qual estabelece que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. (BRASIL, 1988).

Pelo exposto, o juiz no inquérito policial tem gerado muitas controvérsias, inclusive quanto à constitucionalidade de alguns atos praticados pelo juiz, uma vez que ele assume um papel de investigador ao produzir provas de ofício, consequentemente afastando sua imparcialidade, ao invés de atuar como um garantidor dos direitos constitucionais do indiciado, através do controle de legalidade.

Essa atuação do juiz na fase preliminar está quase que resolvida, conforme exposto acima, através da inclusão da figura do juiz das garantias, no Projeto do Novo Código de Processo Penal, através do Projeto de Lei 156/2009, que se encontra em tramitação no Congresso Nacional, que ao ser distribuído na Câmera dos Deputados, recebeu o número PL 8045/2010, ao qual será abordado no próximo capítulo.

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4 O INQUÉRITO POLICIAL NO PL 156

Conforme citado do item 3, está em tramitação no Congresso Nacional, o Projeto de Lei 156/2009, de autoria do senador José Sarney, que visa reformar o Código de Processo Penal em vigor, que após ser distribuído na Câmera dos Deputados, recebeu o número PL 8045/2010.

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Em um Estado Democrático de Direito, é urgente e necessária a reforma do Código de Processo Penal, de 1941, que é anterior a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

Diante dessa importante reforma do Código de Processo Penal necessário se faz verificar as mudanças pontuais referentes ao inquérito policial, que é o objeto da presente pesquisa.

Neste capítulo, será abordado, portanto, o inquérito policial no PL 156/2009, bem como as principais mudanças em relação a essa fase preliminar, as suas características e a sua nova disciplina, prazo de conclusão do inquérito policial, bem como a valoração da vítima.

4.1 Principais alterações

Preliminarmente, o art. 3º e 4º do PL 156, seguindo as diretrizes da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, e os anseios da doutrina, adota expressamente o sistema acusatório que já era adotado no Brasil, porém não de forma expressa, o que consequentemente gera muitas controvérsias.

Importante se faz destacar inicialmente o art. 8º do projeto, que traz a seguinte redação “A investigação criminal tem por objetivo a identificação das fontes de prova e será iniciada sempre que houver fundamento razoável a respeito da prática de uma infração penal”. (BRASIL, PROJETO DE LEI 156/2009, 2009).

Diante disso, o referido artigo aduz que o objetivo de uma investigação é a colheita, produção de provas, devendo ser iniciada sempre que houver fundamento razoável, indícios de que houve um crime, logo, a autoridade policial deverá iniciar uma investigação sempre que houver indícios de uma infração penal.

Consoante o art. 3º do projeto, “Todo processo penal realizar-se-á sob o contraditório e ampla defesa, garantida a efetiva manifestação do defensor técnico em todas as fases procedimentais”. (BRASIL, PROJETO DE LEI 156/2009, 2009).

Percebe-se que o direito constitucional do contraditório e ampla defesa foi mencionado no referido artigo, bem como a ratificação da efetiva manifestação do defensor técnico em todas as fases procedimentais. Destaca-se no referido artigo, a

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importância e relevância da atuação do defensor está diretamente relacionada ao contraditório e ampla defesa, ou seja, a atuação de um defensor técnico é indispensável para fazer valer tais direitos.

Nos termos do art. 4º do Novo Projeto de Código de Processo Penal “O processo penal terá estrutura acusatória, nos limites definidos neste Código, vedada a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação”. (BRASIL, PROJETO DE LEI 156/2009, 2009).

Primeiramente, é visível uma importante alteração em relação à inicialização do inquérito policial, que no Código de Processo Penal atual, nos termos do art. 5º, é de ofício, ou seja, pela própria autoridade policial, mediante requisição da autoridade judiciária, no caso, o juiz, ou Ministério Público, e a requerimento do ofendido ou seu representante legal, in verbis:

Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:

I - de ofício;

II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

(BRASIL, 1941).

Já no texto do Projeto de Lei 156/2009, que trata da abertura do inquérito policial, nos termos do art. 20, in verbis:

Art. 20. O inquérito policial será iniciado:

I – de ofício;

II – mediante requisição do Ministério Público;

III – a requerimento, verbal ou escrito da vítima ou de seu representante legal.

(BRASIL, PROJETO DE LEI 156/2009, 2009).

Percebe-se que, no Projeto de Novo Código de Processo Penal, a abertura do inquérito policial mediante requisição da autoridade judiciária, no caso o juiz, foi abolida. Diante disso, não mais poderá ser iniciado o inquérito policial a requisição, ou seja, por ordem do juiz. Ainda sobre esta questão, permanece o Ministério Público, a vítima ou seu representante legal, como legitimados a requerer e solicitar a abertura do inquérito policial, respectivamente.

Ainda sobre a questão, no art. 5º, § 2º, do Código de Processo Atual, que trata do despacho de indeferimento do requerimento do ofendido ou seu representante legal, de abertura do inquérito policial, salienta que “caberá recurso para o chefe de Polícia”.

(BRASIL, 1941).

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Não obstante, o projeto acrescentou no art. 20, o § 3º, que trata do recurso de indeferimento do requerimento da vítima ou seu representante, pacificando a questão que antes gerava controvérsias, em razão do encaminhamento ser, até então, para o chefe de polícia civil. Nos termos do art. 20 § 3º do Projeto de Novo Código de Processo Penal:

§ 3º - Da decisão que indeferir o requerimento formulado nos termos do inciso III deste artigo, ou sobre ele não se manifestar o delegado de polícia em 30 (trinta) dias, a vítima ou seu representante legal poderão recorrer, no prazo de 5 (cinco) dias, à autoridade policial hierarquicamente superior, ou representar ao Ministério Público, na forma do § 2º deste artigo. (BRASIL, PROJETO DE LEI 156/2009, 2009).

Diante disso, no Projeto de Novo Código de Processo Penal, o requerimento da vítima ou seu representante legal, nos termos do inciso III, poderá ser escrito ou verbal e deverá ser analisado pelo delegado de polícia no prazo de 30 (trinta) dias, sendo esta outra inovação, porque no código atual, não há prazo para a apreciação pela autoridade policial.

Caso o delegado de polícia não se manifeste no prazo legal, ou seja, 30 (trinta) dias, ou indefira o requerimento, os legitimados poderão interpor recurso no prazo de 5 (cinco) dias ao delegado hierarquicamente superior ou poderão representar ao Ministério Público.

Outra significante inclusão, que conforme dito anteriormente trata da abertura do inquérito policial, é quando houver indícios da infração penal ter sido praticada por policial ou com a sua participação, que nos termos do art. 23, do Projeto de Novo Código de Processo Penal:

Art. 23 – Havendo indícios de que a infração penal foi praticada por policial, ou com a sua participação, o delegado de polícia comunicará imediatamente a ocorrência à respectiva corregedoria de polícia, para as providencias disciplinares cabíveis, e ao Ministério Público, que designará um de seus membros para acompanhar o feito. (BRASIL, PROJETO DE LEI 156/2009, 2009).

Ante ao exposto, percebe-se que quando houver o envolvimento de policial na infração penal, o delegado que presidir o inquérito deverá comunicar imediatamente a corregedoria de polícia para que sejam tomadas as medidas disciplinares cabíveis, bem como ao Ministério Público, que deverá acompanhar o procedimento.

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Outra questão, é que no Código atual, não há a definição do que venha a ser o indiciamento no inquérito policial, por isso, a doutrina é utilizada. Atualmente, indiciado é aquele indivíduo que é o principal suspeito de ter praticado a infração penal. Não obstante, o art. 30, da seção IV do projeto, que trata do indiciamento, define que:

Art. 30 – Reunidos elementos suficientes que apontem para a autoria da infração penal, o delegado de polícia cientificará o investigado, atribuindo-lhe, fundamentadamente, a condição jurídica de “indiciado”, respeitadas todas as garantias constitucionais e legais. (BRASIL, PROJETO DE LEI 156/2009, 2009).

Ainda, nos termos do art. 30 § 1º “a condição de indiciado poderá ser atribuída já no auto de prisão em flagrante ou até o relatório final do delegado de polícia”. (BRASIL, PROJETO DE LEI 156/2009, 2009).

Percebe-se a inovação em relação à definição do que venha a ser indiciamento, bem como, o fato de a atribuição de indiciado poder constar já do auto de prisão em flagrante delito ou no relatório final. Frisa-se que a atribuição de indiciado no atual Código ocorre, normalmente, posterior a alguma diligência da polícia civil, que visa justamente colher os indícios de autoria e materialidade.

Já no projeto, há a possibilidade do delegado de polícia já atribuir essa condição de indiciado na lavratura da prisão em flagrante, isto porque, é visível que quando o delegado de polícia ratifica o flagrante é porque ele tem certeza que aquele indivíduo é o autor do delito. Forma-se a sua convicção através da materialidade e provas testemunhais, ou seja, há indícios de autoria, logo, justifica-se tal atribuição.

4.1.1 Características do inquérito policial e sua nova disciplina

O item 2.1 foi destinado a conceituar e verificar as características do inquérito policial no Código de Processo Penal vigente. Diante disso, é importante verifica-las

também no Projeto de reforma do Código de Processo Penal.

Incialmente, o sigilo que é fundamental para o sucesso da investigação, por óbvio foi mantido, no seu art. 10 do projeto, o qual estabelece que “Toda investigação criminal deve assegurar o sigilo à elucidação do fato e à preservação da intimidade e vida privada da vítima, das testemunhas, do investigado e de outras pessoas indiretamente envolvidas”. (BRASIL, PROJETO DE LEI 156/2009, 2009).

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Ainda em relação ao sigilo, ocorreu uma importante incorporação da Súmula Vinculante, nº 14, do Superior Tribunal Federal, no texto do projeto, a qual estabelece que “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”. (BRASIL, PROJETO DE LEI 156/2009, 2009).

Pelo exposto, o art. 11, do projeto incorporou a Súmula Vinculante, nº 14, do Superior Tribunal Federal, que sanou as controvérsias sobre o acesso dos autos do inquérito policial pelo advogado. Diante disso, nos termos do art. 11, do projeto “É garantido ao investigado e ao seu defensor acesso a todo material já produzido na investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligencias em andamento”.

(BRASIL, PROJETO DE LEI 156/2009, 2009).

O inquérito policial ainda é um procedimento escrito, e finda a investigação, nos termos do art. 34, do projeto “Concluídas as investigações, em relatório sumário e fundamentado, com as observações que entender pertinentes, o delegado de polícia remeterá os autos do inquérito ao Ministério Público, adotando, ainda, as providencias necessárias ao registro de estatística criminal. (BRASIL, PROJETO DE LEI 156/2009, 2009).

A autonomia do delegado de polícia para conduzir a investigação da forma como lhe aprouver, ainda foi mantida, conforme o art. 19, do projeto, in verbis “O inquérito policial será presidido por delegado de polícia de carreira, que conduzirá a investigação com isenção e independência”. (BRASIL, PROJETO DE LEI 156/2009, 2009).

4.1.2 Prazos

Conforme exposto no item 2.5, que trata do prazo de duração do inquérito policial, nos termos do art. 10 do atual Código de Processo Penal:

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. (BRASIL, 1941).

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Logo, o prazo de conclusão do inquérito policial é de 10 dias, caso o indiciado esteja preso em flagrante ou preventivamente, ou de 30 dias caso solto. Já no projeto o prazo legal de conclusão do inquérito policial é outra inovação.

O prazo de conclusão do inquérito policial, nos termos do art. 31, do projeto, ganhou nova redação, sendo que “O inquérito policial deve ser concluído no prazo de 90 (noventa) dias, estando o investigado solto”. (BRASIL, PROJETO DE LEI 156/2009, 2009).

Diante disso, o prazo que atualmente é de 30 (trinta) dias estando o indiciado solto, no projeto passa a ser de 90 (noventa) dias, mas com as seguintes ressalvas do § 1º:

§ 1º - Decorrido o prazo previsto no “caput” deste artigo sem que a investigação tenha sido concluída, o delegado de polícia comunicara as razoes ao Ministério Público com o detalhamento das diligencias faltantes, permanecendo os autos principais ou complementares na polícia judiciária para continuidade da investigação, salvo se houver requisição do órgão ministerial. (BRASIL, PROJETO DE LEI 156/2009, 2009).

Além da visível mudança no prazo, estando o investigado solto, outra inovação é que findo o prazo, se a investigação não tiver sido concluída, o delegado obrigatoriamente tem que comunicar as razões ao Ministério Público, contendo as diligências faltantes, permanecendo os autos principais ou complementares na unidade policial para dar continuidade à investigação, caso não requeridos pelo Ministério Público.

Ainda, nos termos do § 2º do mesmo dispositivo legal, “A comunicação de que trata o

§ 1º deste artigo será renovada a cada 30 (trinta) dias, podendo o Ministério Publico requisitar os autos a qualquer tempo”. (BRASIL, PROJETO DE LEI 156/2009, 2009).

Ante ao exposto, há previsão da chamada dilação de prazo, retratada no § 2º, visto que, caso o delegado não conclua a investigação no prazo de 90 (noventa) dias, deverá comunicar ao Ministério Público, podendo ser renovada a cada 30 (trinta) dias.

(BRASIL, PROJETO DE LEI 156/2009, 2009).

O prazo para a conclusão do inquérito policial será de 15 (quinze) dias, estando o investigado preso, conforme o § 3º do art. 31, do novo projeto, alterando o prazo de 10 (dez) dia hoje previstos.

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Outra evidente e importante alteração é vislumbrada no § 4º do mesmo artigo, o qual aduz que:

Caso a investigação não seja encerrada no prazo previsto no § 3º deste artigo, a prisão será revogada, exceto na hipótese de prorrogação autorizada pelo juiz das garantias, a quem serão encaminhados os autos do inquérito e as razoes do delegado de polícia, para os fins do disposto no parágrafo único do art. 14. (BRASIL, PROJETO DE LEI 156/2009, 2009).

Pelo exposto acima, caso a investigação não seja concluída no prazo de 15 (quinze), estando o réu preso, a prisão do mesmo será revogada, exceto se houver dilação de prazo autorizada pelo juiz das garantias, a quem deverão ser encaminhados os autos, bem como as razões da autoridade policial, para que o mesmo proceda ao controle da legalidade da investigação criminal, bem como a garantia dos direitos constitucionais do indiciado.

Outra importante alteração no Código de Processo Penal em vigor é a abolição do polêmico art. 28, que gera muitas controvérsias, se é faculdade do promotor ou direito do réu, in verbis:

Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador- geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. (BRASIL, 1941).

O art. 28 foi abolido, conforme bem explicado por Fábio Roque Araújo (2012) no código em vigor, caso o Ministério Público ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial, e o juiz não concordar, o mesmo não mais remeterá os autos ao procurador-geral, que poderá decidir em conformidade com o arquivamento, oferecer a denúncia ou designar ou represente do Ministério Público pra fazê-la.

O art. 38 do projeto, que estabelece que se ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o Ministério Público comunicará a vítima, o investigado, a autoridade policial e a instancia de revisão do próprio órgão ministerial.

Ainda, para Fábio Roque Araújo (2012) o projeto estabelece ainda, que se a vítima, ou o seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial,

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