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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE LAURA LUGARINI MARTINS

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Academic year: 2021

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FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE

LAURA LUGARINI MARTINS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO E RELATÓRIO DE

ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO EM GADO LEITEIRO:

REVISÃO DE LITERATURA

CURITIBA

2016

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LAURA LUGARINI MARTINS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO E RELATÓRIO DE

ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO EM GADO LEITEIRO:

REVISÃO DE LITERATURA

CURITIBA

2016

Trabalho apresentado como requisito para Conclusão de Curso de Graduaç ão de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná. Professor Orientador Msc João Filipi Scheffer Pereira

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, por todas as bênçãos recebidas, por toda a proteção, por ser meu porto seguro e pela criação de todos os animais, que são o motivo da existência da Medicina Veterinária.

Aos meus pais que como o maior presente que poderiam me oferecer, me proporcionaram estudo, e pela oportunidade de estudar o que eu amo e escolhi. Agradeço por serem pacientes e perseverantes e por se dedicarem com tanto amor às minhas causas.

Aos meus irmãos, Sabina e Heitor, que desde sempre foram meus alicerces, que sempre me incentivaram a exercer a Medicina Veterinária, por todo amor e pela vida dos meus sobrinhos, Ana Júlia e Thomaz, que são como um abrigo que posso encontrar paz.

Aos meus tios, primos, cunhados e avô, por todo o incentivo e cuidado que sempre tiveram comigo. Em especial à tia Jeanine, tio Juliano, tia Andréia, tio Jovani e tia Denise, que me ajudaram tanto no período de estágio curricular.

Ao meu namorado, Rafael, por todo amor, carinho e paciência comigo.

Ao Médico Veterinário Sadi Piasecki, pela oportunidade de realização de estágio e por todo o aprendizado neste período.

A todos os mestres que passaram por minha vida acadêmica e que contribuíram de forma muito importante para minha formação, em especial ao professor João Filipi Scheffer Pereira pela orientação no TCC.

A todas as minhas amizades de fora da faculdade que acompanharam todo o processo de vida acadêmica com muito incentivo, mas em especial às amigas que fiz na faculdade, Júlia, Ketelin, Letícia e Gabrielle, por sermos sempre a força uma da outra, por toda a parceria nestes últimos quatro anos e meio e pela amizade forte que temos.

A todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para minha formação, com meu estágio e com a execução deste trabalho.

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RESUMO

A partir do interesse dos produtores de gado leiteiro em melhorar sua taxa de desempenho, é sugerido investir em biotecnologias reprodutivas, acopladas a um bom manejo sanitário e nutricional. Para isso, os produtores têm implantado programas de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) em seus rebanhos. A IATF elimina a necessidade de observação de estro e é uma excelente ferramenta de melhoramento animal. Estes programas de sincronização de estro são feitos por médicos veterinários que conhecem a fisiologia reprodutiva dos bovinos, bem como o uso correto de hormônios nestes programas. Este trabalho teve por objetivo comparar dois protocolos de IATF revisados na literatura, sendo o primeiro o protocolo “Ovsynch” e o segundo um protocolo utilizando progestágeno associado a Benzoato de Estradiol (BE), bem como quais os efeitos do uso da gonadotrofina coriônica eqüina (eCG) nestes protocolos. No período de estágio curricular foram observados estes dois protocolos, porém sem o uso da eCG.

Palavras chave: IATF, gado leiteiro, sincronização, melhoramento animal,

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ABSTRACT

From the interests of dairy producers improve their enjoyment rate, it is suggested to invest in reproductive biotechnologies, coupled with a good sanitary and nutritional management. For this, producers have implemented programs of artificial insemination at fixed time (TAI) in their herds. The TAI eliminates the need for estrus observation and animal breeding is an excellent tool. These estrus synchronization programs are made by veterinarians who know the reproductive physiology of cattle, as well as the correct use of hormones in these programs. This study aimed to compare two TAI protocols reviewed in the literature, the first protocol "Ovsynch" and the second a protocol using progestogen associated with estradiol benzoate (EB), and any effects of the use of equine chorionic gonadotropin (eCG) in these protocols. In traineeship period these two protocols were observed, but without the use of eCG.

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LISTA DE IMAGENS

IMAGEM 1 Esquema da seqüência de fases do ciclo estral da fêmea bovina, iniciando-se pelo proestro e terminando no diestro ...10 IMAGEM 2 Fases de uma onda folicular: recrutamento, seleção, domi nância

ou atresia ...12 IMAGEM 3 Ciclo estral com duas ondas foliculares. A primeira onda culmina com a atresia do FD por falta de pico pré-ovulatório de LH (fase luteínica), a segunda onda culmina com a ovulação (fase folicular, baixa P4 e pico pré-ovulatório de LH). ...13 IMAGEM 4 Ciclo estral com três ondas foliculares. A primeira e a segunda onda culminam com a atresia dos folículos dominantes por falta do pico pré-ovulatório de LH (fase luteínica). A terceira onda culmina com a ovulação (fase folicular, baixa P4 e pico pré-ovulatório de LH). ...13 IMAGEM 5 Protocolo “Ovsynch” com aplicação de GnRH no dia 0, aplicação de PGF2α no dia 7 e outra aplicação de GnRH no dia 9. IA 16 a 24 horas após o dia 9. ...23 IMAGEM 6 Representação esquemática do protocolo hormona l BE+P4+

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Porcentagens de prenhez em relação ao escore corporal de vacas inseminadas em tempo pré -fixado (IATF)...18 GRÁFICO 2 Porcentagens de prenhez em relação à ciclicidade. Vacas cíclicas apresentaram taxas próximas a 60% enquanto vacas em anestro obtiveram taxas de 45% ...24

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

B19 Vacina de Brucelose Bovina BE Benzoato de Estradiol

BEM Balanço Energético Negativo BVD Diarreia Viral Bovina

CIDR Realeasing Grug Internal Controlled

CL Corpo Lúteo

E2 Estrógeno

ECC Escore de Condição Corporal eCG Gonadotrofina Coriônica Equina EUA Estados Unidos da América FD Folículo Dominante

FIV Fertilização In Vitro

FSH Hormônio Folículo Estimulante

GnRH Hormônio Liberador de Gonadotrofinas IA Inseminação Artificial

IATF Inseminação Artificial em Tempo Fixo IBR Rinotraqueíte Infecciosa Bovina IEP Intervalo Entre Partos

IM Intra-Muscular

LH Hormônio Luteinizante

mg miligrama, unidade de medida equivalente a 10-3 de um grama ng nanograma, unidade de medida equivalente a 10-9 de um grama

P4 progesterona

PGF2α Prostaglandina F2α PIV Produção In Vitro

TE Transferência de Embrião UI Unidade Internacional

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LISTA DE SÍMBOLOS

α letra grega alfa

β letra grega beta

  letra grega tau

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...10

2 FISIOLOGIA REPRODUTIVA DAS FÊMEAS BOVINAS ...10

2.1 Ciclo Estral ...10

2.2 Fisiologia do Ciclo Estral e Dinâmica Folicular ...11

3 FATORES QUE INTERFEREM NA REPRODUÇÃO ANIMAL ...16

3.1 Estresse Térmico ...16

3.2 Sanidade ...16

3.3 Nutrição ...17

4 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL ...19

4.1 Detecção de Estro ...20

4.2 Melhoramento Animal Através da Inseminação Artificial ...21

4.4 Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) ...21

5 HORMÔNIO-TERAPIA PARA SINCRONIZAÇÃO DE ESTRO...22

5.1 Progestágenos ...22

5.2 Prostaglandina F2α (PGF2α) e seus análogos sintéticos ...23

6 PROTOCOLOS DE IATF ...23

6.1 Protocolo “Ovsynch” ...23

6.2 Protocolo de progestágenos associados à Benzoato de Estradiol ...26

6.3 Uso de ECG nos protocolos de IATF ...27

7 CONCLUSÃO ...30

8 RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR...31

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1 INTRODUÇÃO

Com mais de 200 milhões de cabeças de gado, o Brasil está entre os maiores rebanhos bovinos mundiais (IBGE, 2014), gerando média de R$ 67 bilhões em seus dois segmentos, leite e corte (MAPA, 2011).

Porém, o setor leiteiro ainda passa por duas situações bem distintas, onde parte dos produtores utiliza ferramentas para melhoria das taxas de fertilização, como rotação de pastagem, controle sanitário e uso de alguma biotecnologia reprodutiva, e por outro lado, ai nda há rebanhos sem qualquer controle sanitário ou reprodutivo (JUNQUEIRA et al., 2006). Segundo dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial, Asbia (2014), pouco mais de 11% das fêmeas bovinas em idade reprodutiva são inseminadas artificialmente no Brasil.

A participação da agricultura familiar é muito importante no comercio leiteiro no Brasil uma vez que os pequenos e médios produtores possuem renda regular o ano todo (GUIMARÃES et al., 2013), porém, a remuneração ao produtor ainda é baixa, exigindo alta produção com o menor custo possível, na tentativa de aumentar as margens de lucro (FERRAZ et al., 2008).

Com o investimento em biotecnologias reprodutivas e em programas de melhoramento genético (SEVERO, 2009), o produtor tem a possibilidade de melhorar os índices zootécnicos e reprodutivos do rebanho (JUNQUEIRA et al., 2006).

2 FISIOLOGIA REPRODUTIVA DAS FÊMEAS BOVINAS 2.1 Ciclo Estral

Ciclo estral é o conjunto de fenômenos que ocorrem entre dois períodos de estro. A fêmea bovina é poliestrica anual, apresentando vários ciclos estrais ao longo do ano (NAVARRO, 2013).

O ciclo dura em média 21 dias, variando de 17 a 24 dias (GREGORY et al., 2009). O ciclo estral da vaca é dividido em proestro, estro, metaestro e diestro, ou ainda em fase folicular e fase luteínica e está demonstrado na Imagem 1.

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Imagem 1 – Esquema representando as fases do ciclo estral da fêmea bovina, iniciando -se pelo proestro e terminando no diestro.

(http://cpamn.embrapa.br/publicacoes/folders/2006/ciclo_estral.pdf).

O proestro (fase folicular) é a fase onde ocorre a maturação folicular. Essa fase tem duração média de três dias e seus principais sinais clínicos são: animal urina com freqüência, inquietação, cauda erguida, estresse, liberação de muco, monta em outras fêmeas e não permite que montem sobre ela (FURTADO et al., 2011).

O estro (fase folicular) é marcado pela manifestação do cio e pode durar de onze a dezoito horas. Nessa fase a fêmea demonstra receptividade sexual (NAVARRO, 2013).

O metaestro (fase luteínica) é onde ocorre a ovulação e formação do corpo lúteo. Dura em média três dias e é de difícil caracterização (FURTADO et al., 2011).

O diestro (fase luteínica) é onde o corpo lúteo exerce sua atividade com secreção de progesterona (P4) e se mantém durante 14 dias em média. Essa fase termina com a lise do corpo lúteo (CL) (RAVEDUTTI, 2010).

2.2 Fisiologia do ciclo estral e dinâmica folicular

O GnRH (Hormônio liberador de gonadotrofinas) é sintetizado e armazenado no hipotálamo, liberado em forma de pulsos e sua frequência e amplitude variam durante as fases reprodutivas da fêmea. A sua liberação se dá através do sistema porta-hipotálamo-hipófise e leva a hipófise anterior (adenohipófise) a liberar os hormônios FSH e LH, que atuam nos ovários (SANTOS, 2012).

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O Hormônio Folículo Estimulante (FSH) estimula o desenvolvimento folicular e o Hormônio Luteinizante (LH) estimula a ovulação (FERRAZ et al., 2008; FURTADO et al., 2011; RAVEDUTTI, 2010).

As células da granulosa da parede dos folículos (GINTHER et al., 2003) , sob controle do FSH e LH, produzem um hormônio esteroide, o estrógeno (E2) (FERRAZ et al., 2008).

O estrógeno, quando está na presença de progesterona (P4), suprime a concentração de FSH (GINTHER et al., 2003), induzindo a atresia folicular. Na ausência de P4, causa feed-back positivo ao GnRH e pode induzir ao pico de LH (RAMOS, 2006).

O E2 também é responsável pela demonstração de comportamento de estro (RAVEDUTTI, 2010).

O 17β-estradiol é considerado o principal hormônio estrogênico da fêmea, produzido pelas células da parede dos folículos ovarianos, sob o controle do FSH nas células da teca e do LH nas células da granulosa dos pequenos folículos, e sob o controle do LH nas células da teca e da granulosa dos grandes folículos (FERRAZ et al., 2008).

O processo de crescimento e regressão dos folículos é chamado de dinâmica folicular, o qual pode ser monitorado através da ultrassonografia (PEREIRA et al., 2013).

O processo de foliculogênese inicia na vida fetal da fêmea, onde há a formação de folículos primordiais para que ao nascimento, esta fêmea já possua um número estabelecido destes folículos em seus ovários. No início da puberdade estes folículos ficarão maduros (NAVARRO, 2013).

O desenvolvimento folicular ocorre em padrão de ondas (PEREIRA et al., 2013). Cada onda é caracterizada por um grupo de pequenos folículos que são recrutados e iniciam uma fase de crescimento, até um tornar-se dominante, podendo chegar à ovulação ou à atresia, e os outros sofrem degeneração (PENITENTE-FILHO, 2011).

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Cada onda folicular é dividida em quatro fases, sendo elas: recrutamento, seleção, dominância e ovulação ou atresia (PENITENTE-FILHO, 2011). A imagem 2, da Tecnopec (2008) demonstra as fases de uma onda folicular.

Imagem 2 – Fases de uma onda folicular: recrutamento, seleção, dominância e ovulaç ão ou atresia. (TE CNOPEC, 2008).

A fase de recrutamento de um grupo de folículos ocorre através de fatores de crescimento, depois se desenvolvem até se tornarem responsivos a FSH e LH, onde um folículo é selecionado, sendo esta a fase de seleção (NAVARRO, 2013).

Na fase de dominância, o folículo selecionado cresce mais rápido que os outros, dando início à produção de inibina, uma proteína que é secretada pelas células da granulosa dos folículos. Esta proteína supre a secreção de FSH e estradiol que estimula a secreção de LH (SANTIAGO, 2004). A produção de inibina está ligada ao tamanho do folículo e à sua atividade (FERNANDES et al., 2012). Esta proteína também sinaliza a hipófise sobre o número de folículos em crescimento (RAVEDUTTI, 2010).

O desvio folicular é o fenômeno que causa a mudança nas taxas de crescimento entre o folículo dominante e os subordinados, onde o folículo dominante (FD) apresenta diâmetro em torno de 8,5 mm, passando a ser LH dependente. O folículo pré ovulatório tem em média 15 a 20 mm e produz E2 estimulando picos de LH que levam à produção de PGF2α pelo ovário que desencadeará contrações no mesmo levando-o à ruptura do folículo e á ovulação (NAVARRO, 2013).

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Após a dominância, ocorre a atresia ou ovulação do folículo dominante e a degeneração dos folículos subordinados recrutados no início da onda de crescimento folicular (NAVARRO, 2013).

Em bovinos podem ocorrer de uma a cinco ondas de crescimento folicular por ciclo estral, sendo que a maioria dos animais apresenta duas a três ondas e somente a última origina o folículo ovulatório (FURTADO et al., 2011). O padrão de duas ondas está representado na Imagem 3 e o padrão de três ondas está representado na Imagem 4.

Imagem 3 – Ciclo estral com duas ondas foliculares. A primeira onda culmina com a atresia do FD por falta do pico pré-ovulatório de LH (fase luteínica), a segunda onda culmina com a ovulação

(fase folic ular, baixa P4 e pico pré-ovulatório de LH). (TE CNOPEC, 2008).

Imagem 4 – Ciclo estral com três ondas foliculares. A primeira e a segunda onda culminam com a atresia dos folículos dominantes por falt a do pico pré -ovulatório de LH (fase luteínica). A

terceira onda culmina com a ovulação (fase folicular, baixa P4 e pico pré -ovulatório de LH). (TECNOPE C, 2008).

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Com a ruptura folicular, as células que restaram e os vasos sanguíneos sofrem luteinização e formam o corpo hemorrágico. No primeiro dia já pode haver produção de progesterona, mas apenas no terceiro dia é considerado corpo lúteo, atingindo pleno funcionamento no quinto dia em média (MARTIN E FERREIRA, 2009).

O CL produz um hormônio chamado progesterona (P4) que também é produzido pela placenta (WILTBANK et al., 2012). Este hormônio prepara o trato reprodutivo para a chegada do embrião, auxilia na manutenção da gestação durante o terço inicial e atua sinergicamente com os estrógenos. Altos níveis de P4 inibem o estro uma vez que faz feed-back negativo ao hipotálamo, impedindo que exista liberação de gonadotrofinas e consequentemente de FSH e LH (SANTOS, 2012).

A P4 produzida pelo CL mantém os níveis de GnRH baixos, não havendo picos de liberação de gonadotrofinas (FURTADO et al., 2011). O trato reprodutivo sob influencia da P4, viabiliza o desenvolvimento embrionário inicial e o endométrio uterino secreta uma série de proteínas e suas funções, que não são completamente conhecidas, incluem o reconhecimento materno do concepto, a nutrição do concepto e controle de crescimento (NAVARRO, 2013).

Entre o décimo e o décimo quinto dia o embrião produz proteínas específicas chamadas de interferon-responsável pela sinalização de prenhez (FURTADO et al., 2011).

Quando não ocorre sinalização (vacas que não ficaram gestantes), ocorre síntese de ocitocina, que atua no endométrio para iniciar produção de PGF2α (FURTADO et al., 2011). Quando há sinalização embrionária, acontece um feed-back negativo para a PGF2α, garantindo níveis satisfatórios de P4 para o desenvolvimento adequado do concepto (FURTADO et al., 2011).

A prostaglandina F2α (PGF2α) é um hormônio produzido pelo útero, provoca contrações uterinas que auxiliam o transporte espermático no trato reprodutivo feminino e também auxilia no parto (RAVEDUTTI, 2010). Este hormônio está envolvido principalmente no processo de regressão do corpo lúteo (luteólise) e diminuição dos níveis de P4, permitindo o início de uma nova onda folicular (FREITAS et al., 2015).

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O processo de luteólise ocorre em no máximo três dias, finalizando a fase luteal e diminuindo os níveis de P4 sanguínea, iniciando a fase folicular novamente (NAVARRO, 2013).

3 FATORES QUE INTERFEREM NA REPRODUÇÃO

A alta produção leiteira juntamente com a maior ingestão de alimento e maior taxa metabólica podem comprometer a fisiologia dos animais, influenciando a fertilidade das vacas. A lucratividade dos rebanhos depende de uma alta eficiência reprodutiva, a qual está diretamente ligada a um bom manejo nutricional, sanitário e reprodutivo (SILVA et al., 2014).

3.1 Estresse térmico

Em ambientes tropicais, o estresse térmico é causado pelas altas temperaturas e umidade relativa do ar, diminuindo a perda de calor, limitando a produção e reprodução dos animais (SILVA et al., 2012), ao levarem o animal a mudar seu comportamento e respostas fisiológicas, porque tentam atingir a homeostase, causando redução na fertilidade, abortos, maior taxa de mortalidade embrionária, diminuição da produção de leite (SILVA et al., 2014) e redução da manifestação do estro (BARBOSA et al., 2011).

Em regiões afetadas pelo estresse térmico, as taxas de concepção estão entre 40 e 60% no inverno e entre 10 e 20% no verão (TEIXEIRA, 2010).

Para tentar melhorar a eficiência reprodutiva de animais submetidos ao estresse térmico, é importante utilizar nebulização, ventilação (SILVA et al., 2012) e compreender as respostas fisiológicas reprodutivas que podem ser alteradas com as altas temperaturas (SILVA et al., 2014).

3.2 Sanidade

A saúde do rebanho é requisito básico para um bom desempenho reprodutivo. Algumas doenças causam infertilidade, por conta de imunossupressão ou por ação de agentes etiológicos específicos. Deve-se direcionar atenção especial para estas doenças (NAVARRO, 2013).

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A brucelose acomete o sistema reprodutivo, causando aborto e outros problemas reprodutivos, sua contaminação geralmente se dá pela ingestão de resíduos de aborto de vacas portadoras. A vacinação de fêmeas de 3 a 8 meses é imprescindível para controlar essa enfermidade (MINERVINO et al., 2011).

A infecção por leptospirose em vacas prenhas causa transtornos reprodutivos como abortos, natimortos e nascimento de terneiros fracos. A vacina anual é a melhor forma de prevenção da doença (SILVA, 2011).

O protozoário tritrichomonas foetus e a bactéria campylobacter foetus são parasitas obrigatórios do trato reprodutivo dos bovinos. A fêmea se infecta na cópula, produzindo perdas embrionárias, infertilidade e abortos. Para prevenir, é importante limitar o contato sexual utilizando a IA (NAVARRO, 2013).

O herpesvírus bovino causa a rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR) que também causa abortos e natimortos, além da imunossupressão. A vacinação é a principal forma de controle e prevenção . Os animais soropositivos devem ser descartados com o objetivo de erradicar a doença (KAZIYAMA et al., 2012).

A diarreia viral bovina (BVD) possui alta variabilidade de manifestações. Pode ocorrer reabsorção embrionária, abortos, nascimento de bezerros fracos, natimortalidade, entre outros problemas reprodutivos. A vacinação e a eliminação dos animais infectados são fundamentais para o controle da doença (CHAVES et al., 2012).

Para evitar essas e outras doenças capazes de causar perdas produtivas de bovinos, as ferramentas de sanidade devem ser utilizadas, como as vacinações e vermifugações estratégicas ao longo do ano (NAVARRO, 2013).

3.3 Nutrição

A nutrição tem grande importância na reprodução, pois afeta aspectos fisiológicos e o desempenho reprodutivo da fêmea (SARTORI E GUARDIEIRO, 2010).

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A relação entre a nutrição e a reprodução é bidirecional. O status reprodutivo altera demandas nutricionais e os nutrientes absorvidos pela vaca alteram a função reprodutiva (NAVARRO, 2013).

As exigências nutricionais se alteram conforme a fase fisiológica que o animal se encontra. No intervalo entre o parto e uma nova concepção, por exemplo, a demanda energética é muito maior que o normal, por conta da necessidade de recuperação do trato reprodutivo e por ser uma fase de inicio e de pico de lactação, então as vacas perdem condição corporal naturalmente (NAVARRO, 2013).

Na fase intermediária da gestação as exigências nutricionais não são tão altas, porém, no terço final da gestação as demandas aumentam rapidamente, pelo maior crescimento fetal. É fundamental que nessa fase, a vaca tenha um bom escore de condição corporal (ECC) para um bom desenvolvimento e sobrevivência do feto, e adequada produção de leite (NAVARRO, 2013).

A nutrição pode ser uma das causas de balanço energético negativo (BEN), evidenciado por uma queda no escore de condição corporal (ECC) pós-parto (SARTORI E GUARDIEIRO, 2010). O balanço energético negativo (BEN) é demonstrado quando vacas leiteiras de alta produção exigem al ta demanda energética e esta não é suprida pelo consumo de alimentos, havendo ineficiência de consumo, então há mobilização de tecido adiposo em resposta às baixas concentrações séricas de glicose e insulina (LAGO et al., 2004).

O escore de condição corporal (ECC) indica o nível de armazenamento de energia do animal, o que se relaciona diretamente com o retorno de atividade ovariana pós-parto (FERRAZ et al., 2008).

O ECC também indica afetar as taxas de prenhez de animais que são submetidos a programas de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) (FERRAZ ET al., 2008), conforme o Gráfico 1, onde Bó e Cutaia (2006) avaliaram o efeito do escore corporal de vacas sobre as taxas de prenhez após o uso de IATF, demonstrando que quanto maior o ECC das vacas, melhores foram os resultados de prenhez e nas vacas com o ECC baixo, as taxas de prenhez foram menores.

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Gráfico 1 – Porcentagens de prenhez em relação ao escore corporal de vacas inseminadas em tempo pré-fixado (IA TF). (Bó e Cutaia, 2006).

Em relação à falta de nutrientes, esta pode ser a principal causa de baixa fertilidade de vacas que são criadas em áreas tropicais e subtropicais (FERRAZ et al, 2008). A adequada mineralização é muito importante para o sucesso reprodutivo do rebanho. A deficiência mineral geralmente ocorre de forma crônica sem evidente sintomatologia clínica e a infertilidade pode estar neste meio (NAVARRO, 2013).

A deficiência de fósforo causa redução de atividade ovariana e aumenta índices de cistos foliculares. A falta de manganês também aumenta índices de cistos, atrapalha as manifestações de estro e aumenta taxas de retenção placentária. A deficiência de sódio e potássio pode levar à morte embrionária. A deficiência de cobre reduz a atividade ovariana e aumenta as taxas de retenção d e placenta e reabsorção embrionária. A falta de selênio aumenta índices de retenção de placenta (NAVARRO, 2013).

A suplementação de cromo pode reduzir o intervalo entre o parto e o primeiro estro e a tendência é aumentar as taxas de prenhez (NAVARRO, 2013).

4 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

De todas as biotécnicas utilizadas na reprodução animal, a inseminação artificial é a mais antiga, mais simples e de maior impacto na produção animal (NEVES et al., 2010).

A inseminação artificial tem grande contribuição para o melhoramento genético de bovinos (DERAR et al., 2012). É uma técnica simples e econômica (NEVES et al., 2010) que consiste na deposição de uma dose de sêmen no útero por meios artificiais (EMBRAPA, 2008).

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A primeira inseminação artificial em mamíferos foi realizada em 1780, através do italiano Lazzaro Spalanzani, em um cachorro (MACHADO et al., 2014). Ilya Ivanovich Ivanov, um professor russo, foi o líder e pesquisador pioneiro da IA na Europa, em bovinos. Por volta de 1928, os russos começaram a inseminar bovinos, aplicando a técnica em 1,2 milhões de vacas naquele ano (EMBRAPA, 2008).

No fim da década de 30 do século XX começaram os trabalhos pioneiros de IA no Brasil (EMBRAPA, 2008). Na década de 1940 a IA assumiu uma nova proporção, tornando a técnica mais rápida e controlada com o desenvolvimento do processo de congelação de sêmen (NAVARRO, 2013).

O Ministério da Agricultura teve importante papel desde a década de 40 até a década de 60, quando começaram a surgir cooperativas para o incentivo da IA no país. No início dos anos 70 surgiram as primeiras empresas de tecnologia de sêmen e a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA), responsável pelas informações estatísticas sobre todo o sêmen bovino produzido e comercializado no Brasil (EMBRAPA, 2008).

Em 1981, mais de 15 milhões de doses de sêmen foram comercializadas nos Estados Unidos (EUA), e 13% destas foram exportadas. O mercado de exportação genética leiteira, principalmente da raça Holandesa, levou à comercialização de 28 milhões de doses nos EUA em 2004, das quais 30% foram exportadas (SEVERO, 2009).

Segundo dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA) (2011), em 1988 foram comercializadas 1,65 milhões de doses de sêmen no Brasil. Em 2011, as empresas filiadas a ASBIA, comercializaram quase 12 milhões de doses de sêmen, com um crescimento de 721% (ASBIA, 2011).

4.1 Detecção de Estro

A pessoa responsável pelo manejo dos animais deve ter o compromisso de visualizar o estro, independentemente de clima, época do ano, horári o ou outras atividades (MENDES et al., 2015).

Juntamente com estes fatores, muitas vezes, os comportamentos estrais não são visualizados ou são identificados incorretamente, fazendo com que as

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fêmeas não sejam inseminadas ou que sejam inseminadas no momento errado. Nos EUA, a perda anual é estimada em mais de 300 milhões de dólares na indústria leiteira por falhas de detecção (PINTO-NETO et al., 2009).

4.2 Melhoramento Animal Através da Inseminação Artificial

A inseminação artificial permite a introdução de material genético de alto valor e proporciona melhor controle reprodutivo do rebanho (FREITAS et al., 2015).

O melhoramento genético em bovinos pode aumentar o número de partos, aumentando a produção de fêmeas e com isso, aumentando a produção de leite, podendo ser feito com as técnicas de inseminação artificial convencional, IATF, transferência de embriões e produção in vitro (PIV) de embriões (MACHADO et al., 2014).

Quando feita em larga escala a IA permite a avaliação de reprodutores, bem como de sua progênie. Como a confiabilidade está relacionada com o número de descendentes, esta avaliação requer tempo e custos para bons resultados (NAVARRO, 2013).

4.4 Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF)

Com o objetivo de melhorar a produtividade dos rebanhos , muitas biotécnicas reprodutivas se destacam e entre elas, a inseminação artificial em tempo fixo (IATF), facilitando o manejo, reduzindo a mão de obra e concentrando as atividades (CUNHA et al., 2013).

A IATF elimina a necessidade de detecção de estros (ALNIMER et al., 2011), sendo um ponto extremamente positivo, pois esta é considerada a mais importante e mais cara falha dos programas de IA, levando ao insucesso da técnica (SEVERO, 2009).

No Brasil, a IATF cresceu significativamente nos últimos anos (CUNHA et al., 2013). Estima-se que em 2010, aproximadamente 5 milhões de protocolos de IATF tenham sido comercializados, com um crescimento médio de 30% em relação aos dados de 2009, levando o Brasil a ser considerado o maior mercado de IATF do mundo (CUNHA et al., 2013).

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Para implantar a IATF nos rebanhos é importante levar em conta o custo/benefício (SEVERO, 2009), bem como acoplar aos programas reprodutivos , o manejo sanitário e nutritivo (BARUSELLI et al., 2012).

As vantagens da utilização da IATF incluem: otimização da mão de obra, eliminação da observação de estro, facilidade de manejo, melhoramento genético do rebanho (uso de animais provados geneticamente), diminuição do intervalo entre partos (IEP), redução da duração do tempo de serviço e concentração de nascimentos (SEVERO, 2009), que pode ser direcionado para um período de condições climáticas mais favoráveis (GUIMARÃES et al., 2013).

5 HORMÔNIO-TERAPIA PARA SINCRONIZAÇÃO DE ESTRO

Para realizar a IATF utilizam-se protocolos, que são combinações hormonais que permitem a manipulação do ciclo estral (PINTO-NETO et al., 2009).

Inúmeros são os protocolos de IATF, que tem por objetivo reduzir a emergência de uma nova onda de crescimento folicular, controlar a duração do crescimento folicular até o estágio pré ovulatório e induzir a ovulação sincronizada simultaneamente nos animais tratados (GOTTSCHALL et al., 2009).

5.1 Progestágenos

Progestágenos são compostos sintéticos com ação semelhante à progesterona, mimetizando a fase luteal do ciclo estral (FERRAZ et al., 2008), e têm sido incluídos aos protocolos de IATF através de um dispositivo intravaginal impregnado com P4 ou por implantes auriculares (BARUSELLI et al., 2012).

O dispositivo intravaginal, conhecido como CIDR (Realeasing Grug Internal Controlled), é produzido em matriz de silicone e impregnado com P4 o suficiente para manter concentrações plasmáticas acima de 2ng/mL por um período de até dez dias (PINTO-NETO et al., 2009).

Nas vacas em anestro, os progestágenos exógenos mantêm a P4 circulante em níveis subluteais (característico da fase folicular). Nas vacas de ciclo normal, pela presença de CL, os progestágenos podem aumentar as concentrações séricas de P4 a níveis que diminuem a pulsatilidade do LH, diminuindo o tamanho do FD.

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Ou seja, os implantes podem mostrar atuação diferente dependendo da fase do ciclo em que se encontram (FERRAZ et al., 2008).

O custo para o uso destes dispositivos, geralmente é alto, muitas vezes inviabilizando o processo. Visando melhorar o custo/benefício, esses implantes permitem sua reutilização, sendo assim uma boa alternativa para reduzir os custos. A taxa de gestação é semelhante a aquela observada quando se utiliza dispositivos novos, porém ainda existem dúvidas sobre a viabilidade dessas reutilizações (PINTO-NETO et al., 2009).

5.2 Prostaglandina F2α (PGF2α) e seus análogos sintéticos

A alta eficácia das prostaglandinas sintéticas possibilitou um desenvolvimento rápido de protocolos que agregaram a precisão de sincronização, já que a sua ação luteolítica tem alta confiabilidade (NAVARRO, 2013).

O uso da PGF2α tem a função de baixar drasticamente os níveis séricos de P4. A injeção de PGF2α causa a regressão do CL com cinco dias ou mais de existência, levando rapidamente as concentrações de P4 a níveis basais, permitindo o incremento na frequência de pulsos de LH, aumentando assim a produção de E2 pelo FD e promovendo a indução ao estro e ovulação (PINTO-NETO et al., 2009).

Segundo Oliveira (2013), a sincronização baseada no uso da PGF2α é capaz de oferecer maior taxa de concepção.

6 PROTOCOLOS DE IATF 6.1 Protocolo “Ovsynch”

Desenvolvido em 1992, por Richard Pursley e equipes americanas das Universidades da Flórida e de Wisconsin, o protocolo experimental de sincronização da ovulação, denominado Ovsynch, permite a inseminação em tempo prefixado, sem necessidade de observação do cio (ALVAREZ et al., 2003).

O protocolo consiste em uma aplicação intra-muscular (IM), de 100 µg de GnRH no dia zero do programa, independentemente do dia do ciclo estral, uma aplicação de 25 mg IM de PGF2α no dia sete, no dia nove outra aplicação IM de 100

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µg de GnRH e a inseminação artificial 16 a 24 horas depois (DERAR, 2012), conforme a Imagem 5.

Imagem 5 – Protocolo “Ovsync h” para sincronização de estro. (Adaptado de FERRAZ, 2008 e DERA R, 2012).

A primeira dose de GnRH leva à formação de uma nova onda folicular dois ou três dias após, ocorrendo seleção e dominância em sete dias em média. No dia sete com a aplicação da PGF2α ocorre lise do CL existente, desencadeando diferenciação e maturação do folículo dominante. A aplicação de GnRH 48 horas depois, induz o pico de LH causando a ovulação (FURTADO et al., 2011).

A ovulação acontece em média 28 horas após a segunda aplicação de GnRH. Caso as vacas ovulem mais tarde, pode-se esperar redução de até 10% nas taxas de concepção e aumento de perdas gestacionais (TEIXEIRA, 2010).

As taxas de concepção são prejudicadas quando o Ovsynch é iniciado entre os dias 2 e 4 do ciclo estral, pois o folículo dominante recrutado não está suficientemente desenvolvido e capaz de responder a administração da primeira dose de GnRH. Consequentemente, o FD no momento da segunda aplicação de GnRH estará envelhecido e terá expressado a dominância por cinco ou mais dias, sendo considerado subfértil (TEIXEIRA, 2010).

O tempo de vida do oócito é muito curto depois da ovulação. No momento da ovulação, os espermatozóides precisam estar preparados para a fertilização no oviduto, sendo pior atrasar do que antecipar a inseminação (TEIXEIRA, 2010).

Segundo o estudo de Teixeira (2010), o atraso de 48h para 56h na segunda aplicação de GnRH depois do dia 7, aumentam as taxas de concepção, o que pode estar relacionado com o maior diâmetro do folículo ovulatório. Porém Souza (2008), utilizando esta mesma estratégia, não observou o mesmo efeito, provavelmente

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devido ao intervalo inseminação-ovulação, que foi de 8h. Este intervalo deve ser de 12 a 15 horas (DRANSFIELD et al., 1998).

No estudo de Tei xeira (2010), foi observado que o sucesso do Ovsynch depende da ciclicidade das vacas, onde os animais em anestro apresentaram apenas 22% de prenhez, e as vacas cíclicas, 42%. No estudo de Bó e Cutaia (2006), as vacas cíclicas apresentaram taxas próximas a 60% e as vacas em anestro, pouco menos de 45%, conforme o Gráfico 2.

Gráfico 2 – Porcentagem de prenhez em relação à ciclicidade. Vacas cíclicas apresentaram taxas próximas a 60% enquant o vacas em anestro obtiveram taxas de 45%. (Bó e Cut aia, [2006?]).

Em relação às taxas de concepção, no estudo de Teixeira (2010), o grupo inseminado em tempo pré-fixado obteve taxas de concepção bem semelhantes ao grupo que teve cio observado, diferente do trabalho feito por Alvarez et al (2003), onde as taxas de concepção após o Ovsynch foram de 41,4% e as taxas do grupo de cio natural, obtiveram taxas de 49,1% sendo assim não evidenciado o aumento de fertilidade com o uso do Ovsynch.

Segundo Bó e Cutaia (2006), os resultados das taxas de concepção do protocolo Ovsynch em gado de leite são aceitáveis, diferente do estudo de Baruselli et al (2006) onde os resultados foram ineficientes.

Após vários estudos mostrarem que os programas baseados em GnRH e PGF2α não garantiam bons resultados, devido à falhas na primeira aplicação de GnRH que causava ovulação e luteólise prematura (FERRAZ et al., 2008) e também pela fase do ciclo estral em que o protocolo é iniciado ter demonstrado afetar as taxas de concepção, (BARUSELLI et al., 2012), alternativas foram desenvolvidas

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com o objetivo de aperfeiçoar os resultados de sincronização e concepção (FERRAZ et al., 2008).

Melhores taxas foram obtidas quando foi adicionado um dispositivo de liberação lenta de P4 junto com a primeira aplicação de GnRH no protocolo “Ovsynch”, com remoção no momento da aplicação da PGF2α, mimetizando uma pequena fase luteal, e ao controlar o momento da queda dos níveis de progesterona, espera-se a presença de um folículo dominante capaz de ovular em resposta à segunda aplicação de GnRH (FERRAZ et al., 2008).

6.2 Protocolo de Progestágeno associado à Benzoato de Estradiol (BE)

Entre as alternativas de protocolos hormonais, a prostaglandina e o benzoato de estradiol (BE) têm sido utilizados com frequência, combinados com outros hormônios, como a progesterona (PFEIFER et al., 2007)

O Benzoato de Estradiol (BE) é um derivado sintético do 17β-estradiol (ação estrogênica), possui meia vida curta e apresenta eficiência na indução de uma nova onda de crescimento folicular (TEIXEIRA, 2010), em torno de quatro dias após o início do tratamento (FERRAZ et al., 2008), provavelmente porque a P4 exógena suprime a liberação de LH e/ou do FSH, levando à atresia do FD presente (BARUSELLI et al., 2012), em qualquer que seja o estádio da onda, e dá início a uma nova onda de crescimento folicular (FERRAZ et al., 2008).

Muitas evidências indicam que há possibilidade de melhorar as taxas de concepção com o uso de BE nos protocolos de IATF (TEIXEIRA, 2010).

O tratamento consiste na aplicação de 2,0 mg de BE no momento da inserção do CIDR, sendo este o dia zero. No dia oito, retira-se o implante e aplica PGF2α. No dia nove, aplica-se 1,0 mg de BE e a inseminação se faz de 24 a 36 horas depois (FERRAZ et al., 2008).

Esta segunda aplicação de BE induz um pico nas concentrações de E2 sérico, semelhante ao que ocorre no cio natural (PFEIFER et al., 2007).

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Imagem 6 – Protocolo de IATF utilizando BE, dispositivo de P4 (CIDR) e PGF2α (Adaptado de FERRA Z, 2008).

Vacas tratadas com este protocolo costumam apresentar maior facilidade na detecção de estro (FERNANDES, 2010).

As taxas de prenhez observadas em 2007 no estudo de Pfeifer et al, não demonstraram diferenças dignas de importância entre as fêmeas inseminadas em tempo fixo após o protocolo de PGF2α e BE e as fêmeas inseminadas após observação de cio natural.

No experimento de Bó et al (2009) a taxa de prenhez nas vacas tratadas com implante de P4 e BE foi de 30%, e as vacas tratadas com implante de P4, BE e eCG foi de 45%.

No trabalho realizado por um Laboratório de Especialidades Veterinárias, o Sintex (2005), a taxa de concepção usando o protocolo combinado de BE+P4+ PGF2α+BE foi de 56%, tendo uma importância significativa quando comparado às taxas de concepção do grupo controle, que teve detecção de cio natural e inseminação artificial após 12 horas, foi de apenas 25%.

6.3 Uso do eCG nos protocolos de IATF

A gonadotrofina coriônica equina (eCG) é um fármaco de meia-vida longa (BARUSELLI et al., 2008), podendo chegar a 46 horas (MURPHY, 2012), produzido nos cálices endometriais da égua prenha entre 40 e 130 dias de gestação (BARUSELLI et al., 2008).

É a única gonadotrofina capaz de se ligar tanto aos receptores de FSH como aos de LH, possuindo atividade folículo estimulante e luteinizante. Ao se ligar aos receptores de FSH e LH do folículo, pode promover o crescimento, a maturação folicular e a ovulação (MELLO et al., 2014).

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A sua capacidade para expressar a atividade do FSH em espécies não equinas ainda não foi completamente compreendida (MURPHY, 2012).

A eCG é composta de duas subunidades (α - composta por 96 aminoácidos; e β - composta por 149 aminoácidos). A molécula de eCG possui grande quantidade de carboidratos (aproximadamente 45% de sua massa), principalmente a N-acetil-neuramina (ou ácido siálico), primordialmente presente na subunidade β da molécula de eCG, o que lhe permite uma grande meia-vida (MELLO et al., 2014).

Devido ao alto peso molecular e ao ácido siálico, a eCG é carregada negativamente, dificultando a filtração glomerular, aumentando ainda mais a sua meia-vida (BARUSELLI et al., 2008).

Ao se ligar aos receptores de LH do CL, a eCG pode promover um aumento das células luteais grandes, responsáveis por cerca de 80% da síntese de P4, atribuindo maior capacidade de produção de P4 (MELLO et al., 2014).

Com o objetivo de melhorar os índices de fertilidade, o tratamento com eCG vem sendo utilizado (MELLO et al., 2014) e seu uso tem se mostrado eficiente em rebanhos com baixa taxa de ciclicidade, em animais recém-paridos (menos de dois meses), em fêmeas com baixo ECC (FERRAZ et al., 2008) e em vacas que apresentam FD comprometido pelos altos níveis de P4 nos tratamentos de sincronização da ovulação (aumenta a taxa de ovulação e de prenhez).

O aumento da fertilidade das vacas tratadas com essa gonadotrofina pode ser esclarecido por três efeitos: a eCG pode aumentar o diâmetro do folículo pré-ovulatório, melhorar a taxa de ovulação e aumentar a as concentrações de P4 na fase luteal subsequente (MELLO et al., 2014).

No trabalho realizado por Cunha et al (2013), o grupo controle foi submetido à monta natural pós observação de cio enquanto o outro grupo recebeu um protocolo de inseminação artificial por tempo fixo . No dia zero as vacas receberam BE e a introdução do dispositivo intravaginal de P4. No dia oito o implante foi retirado e foi realizada a aplicação de 400 UI de eCG e uma aplicação de PGF2α. No dia nove foi feita outra aplicação de BE e a IA foi realizada 51 a 54 horas após a retirada do implante. As taxas de concepção do grupo que utilizou eCG foram de

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53%, enquanto que as taxas do grupo controle foram de 33,8%, mostrando uma diferença significativa e digna de importância.

No estudo de Baruselli et al (2008), onde o eCG foi aplicado em um programa de sincronização utilizando um implante auricular de progesterona, as taxas de concepção foram 46,2% no grupo que usou eCG e 20,8% no grupo que não usou eCG. O tratamento com eCG na retirada do implante auricular aumentou o diâmetro do folículo dominante, além de aumentar as taxas de ovulação e de concepção, porém o resultado foi abaixo do esperado (BARUSELLI et al., 2008).

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8 CONCLUSÃO

Com a grande expansão do segmento leiteiro, os produtores vêm investindo em biotecnologias reprodutivas que permitem aumentar a produção e lucratividade. A inseminação artificial em tempo fixo é uma das alternativas para alcançar estes objetivos, pois é uma técnica que aperfeiçoa a mão de obra a partir da concentração das atividades. Para acompanhar o ciclo reprodutivo das fêmeas bovinas e implantar os protocolos hormonais para sincronização do estro, é importante conhecer a fisiologia reprodutiva destes animais, bem como as drogas utilizadas para manipulação do ciclo.

Os estudos a respeito da IATF demonstram os benefícios da técnica, porém os resultados encontrados sobre as taxas de concepção e de prenhez entre os animais submetidos à IATF e os animais inseminados pós-observação de cio, não apresentaram diferença significativa. No protocolo “Ovsynch”, seu sucesso depende do estado cíclico das vacas no início do tratamento. No protocolo que utiliza Benzoato de Estradiol, dispositivo intravaginal de progesterona e PGF2α, os resultados foram mais expressivos , onde os animais submetidos à IATF obtiveram taxas de concepção maiores que as taxas dos animais que não foram controlados hormonalmente. Como alternativa para aumentar as taxas de concepção, alguns protocolos incluem o uso de gonadotrofina coriônica equina (eCG), que possui atividade folículo estimulante e luteinizante. Os autores demonstraram maiores taxas de concepção nos protocolos que utilizaram a eCG.

Aliados às biotecnologias reprodutivas, o bom manejo nutricional e sanitário são de grande influência na reprodução animal. Estes três fatores estão interligados para obter o sucesso esperado.

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE LAURA LUGARINI MARTINS

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

Orientador Professor Msc João Filipi Scheffer Pereira Supervisor de estágio M. V. Sadi João Pisescki Junior

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1 INTRODUÇÃO

O estágio curricular é parte do requisito para conclusão do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, uma vez que a profissão exige conhecimentos teóricos aplicados na prática.

O médico veterinário que atua em reprodução animal, muitas vezes também realiza o trabalho de assessoria nutricional, sanitária e de clínica e cirurgia.

O estágio foi realizado com o acompanhamento de um médico veterinário que presta assessoria veterinária em propriedades criadoras de gado de leite e de corte na região dos Campos Gerais (Paraná).

Os objetivos do estágio curricular incluem o aprendizado prático na área de reprodução animal, sanidade, clínica e cirurgia de bovinos de leite e de corte para adquirir conhecimento real sobre a rotina desta área da veterinária.

1.1 INFORMAÇÕES SOBRE O ESTÁGIO CURRICULAR

O estágio curricular foi realizado em forma de acompanhamento ao Médico Veterinário Sadi João Piasecki Junior, CRMV-PR 7217, formado em Medicina Veterinária na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, no ano de 2006 e atuante como prestador de serviços de assessoria veterinária para produtores de bovinos de corte e leite da região dos Campos Gerais desde então.

A orientação do estágio curricular foi realizada pelo professor da Universidade Tuiuti do Paraná, M. V. Msc João Filipi Scheffer Pereira.

1.2 ESTRUTURA DE ESTÁGIO CURRICULAR

O estágio curricular foi realizado em diversas cidades da região dos Campos Gerais (Paraná) e parte no estado de Santa Catarina, conforme demonstrado no Gráfico 1. Estas cidades são muito distantes entre si, então era necessária uma organização de agenda para que facilitasse os horários para o médico veterinário e para os produtores. Dezesseis propriedades são localizadas na cidade da Lapa (PR), representando 44% do total das propriedades, seis propriedades na cidade de

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Palmeira (PR), quatro em Porto Ama zonas (PR), quatro em Campo Largo (PR), duas em Ponta Grossa (PR) e quatro em Mafra (SC).

Gráfico 1 – Porcentagens de cidades onde as assessorias veterinárias foram realizadas durante o período de estágio curricular

As visitas semanais, quinzenais ou mensais, conforme programa de reprodução estabelecido entre o Médico Veterinário e a propriedade, estão demonstradas no Gráfico 2. A escolha da frequência de visitas do médico veterinário era feita pelos produtores, uma vez que cada tipo de frequência determi nava valores diferentes de cobrança.

Gráfico 2 – Porcentagens de frequência de atendimentos

As propriedades produtoras de leite trabalham com as raças: Holandesa e Jersey. Algumas propriedades apenas com Holandesa, outras apenas com Jersey e

Lapa 44% Palmeira 16% Porto Amazonas 12% Ponta Grossa 4% Campo Largo 12% Mafra 12% Mensal 68% Semanal 9% Quinzenal 23%

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algumas as duas raças juntas. A única propriedade atendida de gado de corte trabalha com a raça Nelore, se localiza na cidade de Campo Largo e foi visitada poucas vezes, já que o período de estágio não compreendeu a estação de monta de gado de corte. No Gráfico 3 está demonstrado a porcentagem de raças atendidas durante o período de estágio.

Gráfico 3 – Porcentagens das raças das propriedades onde eram realizadas as assessorias

As propriedades apresentavam grandes diferenças entre si. Alguns produtores investiam muito em sua estrutura enquanto outros trabalhavam com a estrutura mínima.

Imagem 1 – Instalaç ões para vacas com ventilação e cobertura na cidade de Ponta Grossa, Paraná. Holandesa e Jersey 36% Holandesa 54% Jersey 5% Nelore 5%

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Imagem 2 – Instalaç ões para vacas na cidade de Campo Largo, Paraná.

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Imagem 4 - Sistema automático de limpez a de dejetos na cidade de Palmeira, Paraná.

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Imagem 6 - Abrigo para bezerros na cidade da Lapa, Paraná.

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Imagem 8 - Balança para pesagem de gado na cidade da Lapa, Paraná.

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2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As atividades incluíram avaliação reprodutiva das fêmeas bovinas por meio de ultrassonografia e palpação retal, diagnósticos clínicos, cirurgias e programas sanitários. Estas atividades estão contabilizadas na Tabela 1.

Tabela 1 – Atividades realizadas no período do estágio curricular divididas em números e porcentagens em relação ao total.

2.1 PALPAÇÃO RETAL E ULTRASSONOGRAFIA

As vacas eram todas submetidas à palpação retal e ultrassonografia, com o objetivo de definir o seu estado reproduti vo naquele momento: se apta ou não para a vida reprodutiva. Dependendo da situação encontrada, havia uma recomendação para o produtor.

Quando as vacas eram encontradas em anestro prolongado, piometrite ou após alguma retenção de placenta ou aborto, elas eram tratadas com 3 ml de Cipionato de Estradiol (E.C.P. ®).

Quando encontradas com corpo lúteo, era indicado ao produtor a aplicação de 2 ml de PGF2α (Ciosin ® ou LutaLyse ®) para regredir o corpo lúteo e permitir o início de um novo ciclo.

Nas vacas encontradas com cistos foliculares o tratamento indicado era aplicação de 3 ml de GnRH (Sincroforte ®). Quando os cistos eram persistentes, a aplicação era de 5 ml de Sincroforte ®.

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Quando estavam com o folículo dominante em torno de 18 mm, a indicação ao produtor era que a inseminação fosse realizada nas próximas horas.

2.2 DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO

Um dos principais objetivos do uso da ultrassonografia e da palpação retal, além da avaliação reprodutiva da fêmea bovina, é o diagnóstico de gestação, indicando a idade fetal, sexagem fetal e até mesmo a condição do feto.

Os diagnósticos eram realizados com ultrassom a partir do 25º dia após a cobertura ou i nseminação artificial e com palpação retal a partir do 35º dia após possível prenhez.

Dentre as avaliações reprodutivas por palpação e ultrassonografia retal, 523 casos foram diagnósticos de gestação, dos quais 312 foram positivas, representando 59% do total.

2.3 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO

A inseminação artificial em tempo fixo era realizada em apenas 5 propriedades das que foram atendidas no período de estágio. Dessas propriedades, 3 localizadas na cidade da Lapa (PR), 1 na cidade de Ponta Grossa (PR) e 1 na cidade de Palmeira (PR). Foram realizados 147 protocolos de IATF durante o período de estágio curricular.

Os protocolos de IATF eram dois, sendo o proprietário responsável pela escolha de qual protocolo utilizar em seu rebanho.

O primeiro protocolo, o “Ovsynch”, consistindo em uma aplicação de GnRH no dia 0 do programa, uma aplicação de Lutalyse ® ou Ciosin ® (PGF2α) no dia 7, outra aplicação de GnRH no dia 9 e inseminação após 24 horas em média, sem observação de estro.

O segundo protocolo consiste na aplicação de 2ml de Benzoato de Estradiol (BE) juntamente com o implante intravaginal de progesterona (CIDR ®) no dia 0, aplicação de 2ml de D-Cloprostenol (análogo sintético da PGF2α) no dia 8, aplicação

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de 2ml de BE no dia 9 e inseminação artificial após 24 a 36 horas, sem observação de estro.

Imagem 10 – Aplicação de implante vaginal de progesterona na cidade da Lapa, Paraná 2.4 PRÁTICAS DE SANIDADE

2.4.1 Tuberculose

Para diagnosticar tuberculose em um rebanho, eram realizados testes alérgico-cutâneos. Ao injetar tuberculina na pele de um animal infectado por micobactérias, há uma resposta de hipersensibilidade retardada com endurecimento e edema progressivo no local da inoculação. A intensidade da reação cutânea pode ser quantificada pela mensuração do tamanho do endurecimento ou do engrossamento da pele.

Para realizar o teste de tuberculinização, é indispensável uma seringa com dosador automático de 0,1 ml, agulhas pequenas (3 a 4 mm) e finas (Ø< 26 G) sempre limpas e esterilizadas, material para tricotomia e material para mensuração, chamado de cutímetro.

As tuberculinas eram transportadas e conservadas em temperatura entre 2ºC e 8ºC, protegidas da luz solar direta.

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O teste realizado era o cervical comparativo. Os locais das inoculações de tuberculina PPD (Purified Protein Derivative – Derivado Protéico Purificado) bovina e aviária na região escapular ou cervical eram demarcados com dois pontos de tricotomia, com uma distância média de 15 e 20 cm entre eles e medidos com cutímetro em mm. O PPD aviário era aplicado cranialmente e o PPD bovino, caudalmente. A inoculação era de 0,1 mm por via intradérmica. O lado da aplicação era sempre o lado direito em todo o rebanho.

A leitura e interpretação eram feitas após 72 horas em média após a aplicação das tuberculinas. O aumento da espessura da dobra de pele era calculado da seguinte maneira: da medida da dobra de pele, subtrai-se a medida da dobra de pele do dia da inoculação para a tuberculina PPD aviária (ΔA) e a tuberculina PPD bovina (ΔB). Os resultados são anotados.

A diferença de aumento da dobra de pele provocado pela inoculação da tuberculina PPD bovina (ΔB) e da tuberculina PPD aviária (ΔA) é calculada subtraindo ΔA de ΔB. Os resultados são anotados.

Os resultados das diferenças ΔB – ΔA são interpretados de acordo com os critérios do Regulamento Técnico do PNCEBT. Resultados abaixo de zero até 1,9 mm consideram-se negativos. Resultados entre 2,0 e 3,9 mm são inconclusivos e resultados acima de 4,0 mm são positivos.

Durante o período de estágio curricular foram realizados 244 testes de tuberculose utilizando o método cervical comparativo dos quais todos foram negativos.

Caso algum animal apresentasse resultado inconclusivo, deveria ser submetido a outro teste cervical comparativo, 60 dias após o primeiro teste. Caso apresentasse resultado inconclusivo novamente, seria considerado positivo.

2.4.2 Brucelose

O controle da brucelose era feito com vacinações em massa de fêmeas entre três e oito meses do rebanho, utilizando a vacina B19. A vacinação de machos e de fêmeas gestantes ou em idade inferior a três meses e superior a oito meses, não é recomendada. Durante e vacinação, o médico veterinário que aplica a vacina, deve

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ter o máximo cuidado, pois pode se infectar. O descarte de seringas e frascos de vacinas também era feito com cuidado.

Durante o período de estágio curricular, foram acompanhadas 179 vacinações contra brucelose nas propriedades atendidas.

A porcentagem de vacinações contra brucelose e testes de tuberculose estão demonstradas no Gráfico 4.

Gráfico 4 – Porcentagens de atividades relacionadas à sanidade acompanhadas no período de estágio curricular

Imagem 11 – Vacinação contra brucelose em novilhas de 3 a 8 meses de idade na cidade de Ponta Grossa, Paraná.

58% 42% Teste de Tuberculose Vacinação contra Brucelose

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2.5 CLÍNICA MÉDICA

Como complemento à assessoria veterinária às propriedades, a clínica médica tem grande importância. Não foram muitos os casos acompanhados de problemas clínicos durante o período de estágio curricular.

Foram realizados 23 atendimentos clínicos, dos quais 13 foram diagnosticados como deslocamento de abomaso esquerdo, 8 diagnosticados como Tristeza Parasitária Bovina, 1 caso de peritonite e 1 caso de torção de útero, conforme demonstrado em porcentagem no Gráfico 5.

Gráfico 5 – Porcentagens de diagnósticos em relação ao total de atendimentos clínicos

Dos 13 casos de deslocamento de abomaso e o caso de torção de útero , todos foram submetidos à correção cirúrgica.

A única vaca que apresentou peritonite estava destinada a descarte pelo produtor, então não foi realizado nenhum protocolo de tratamento. Seus movimentos ruminais estavam normais e ela apresentava febre.

Nos casos de Tristeza Parasitária Bovina, o médico veterinário era chamado uma vez que os produtores percebiam a alta temperatura dos animais. O tratamento indicado era o uso de 20ml de dipirona sódica (D-500 ®) com o objetivo de diminuir a alta temperatura corporal (febre), 25 ml de Ganaseg ® (derivado da diamidina) contra a babesia e 50 ml de Oxitrat LA Plus ® (tetraciclina de longa ação) contra anaplasmose. Caso não houvesse melhora era indicada uma nova aplicação de Oxitrat LA Plus ® após 2 dias.

56,50% 34,70% 4,40% 4,40% Deslocamento de abomaso Tristeza Parasitária Bovina Peritonite Torção de útero

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CLÍNICA CIRÚRGICA

Treze animais diagnosticados com deslocamento de abomaso foram submetidos à cirurgia, a qual consistia em realizar uma laparotomia exploratória. A abordagem do flanco foi realizada do lado direito do animal em todos os casos.

A cirurgia era realizada com o animal em pé, era realizada tricotomia do local da incisão e de pelo menos 20 cm a sua volta completa. Após a tricotomia o local era lavado com CB-30 TA (desinfetante) diluído em água. A anestesia era feita em linha reta vertical com 80 ml de Lidovet ® (lidocaína), atingindo pele, subcutâneo e camada muscular até o peritônio.

A incisão de em média 30 cm era feita verticalmente no meio da fossa paralombar, sempre de forma contínua para não rasgar os tecidos incisados. A incisão é através do músculo abdomina l transverso e do peritônio.

Com o braço introduzido na cavidade abdominal, o abomaso era encontrado e recolocado no local correto anatomicamente, e transfixado ao animal com um fio de algodão.

A incisão do flanco era fechada em três camadas. O peritônio e o músculo abdominal transverso eram fechados conjuntamente com sutura simples usando categute cromado número 2 ou 3. Os músculos abdominais externos e interno e a fascia subcutêna eram fechados em uma segunda camada continua simples com categute número 3. Esta linha de sutura era ancorada no músculo transverso profundo em diversos intervalos para obliterar o espaço morto. O fechamento da pele era realizado com padrão de sutura simples interrompido, com fio Urso (fio de algodão).

Para o pós-operatório destes animais, foi indicado o uso de 50 ml de D-500 ® (dipirona) durante três dias, 40 ml de Oxitetraciclina (Terramicina) como antibiótico durante três dias, e spray prata durante três dias. A retirada do fio era feita após 8 dias da cirurgia.

A vaca que apresentou torção de útero foi submetida a correção com o auxílio de palpação retal e vaginal e o bezerro morto foi retirado através de tração com o auxílio de correntes e âncoras colocadas nos olhos do mesmo. Foi recomendado

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observar a vaca após esta situação para que caso houvesse alguma alteração, o médico veterinário fosse avisado para tomar as providências necessárias, porém não houve necessidade e a vaca ficou em bom estado.

Imagem 12 - Tração de bezerro pós correção de torção de út ero na cidade da Lapa, Paraná.

Imagem 13 - Tração de bezerro pós-correção de torção de útero na cidade da Lapa, Paraná.

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OUTROS

Na Tabela 1, a linha “outros” se define como casqueamento de vacas e mochação de bezerros. 18 casos dos 21 foram mochação realizadas com o auxílio de mochador em aço inox submetido ao fogo. 3 casos dos 21 foram casqueamento em vacas.

DADOS OBSERVADOS NO PERÍODO DE ESTÁGIO

Durante o período de estágio curricular, foram realizadas anotações de diversas informações a respeito da produção e reprodução de 20 propriedades. Estas informações foram cedidas pelos produtores e pelo médico veterinário.

Estas informações foram contabilizadas a partir de dados retrospectivos dos últimos 11 meses anteriores ao final do estágio curricular (junho de 2015 a maio de 2016).

Ao fim do estágio, os dados obtidos foram contabilizados no programa Microsoft Excel e foi realizada a média entre as propriedades, conforme a Tabela 2.

Tabela 2 – Médias de informaç ões entre 20 propriedades atendidas no período de estágio curricular.

O objetivo inicial de contabilizar estas informações, era avaliar o efeito do estresse térmico sobre as taxas de concepção, uma vez que na região dos Campos Gerais, houve um longo período de calor intensivo. Porém, por conta da falta de outros dados, não foi possível realizar a estatística completa.

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ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO ESTÁGIO

Aspectos positivos:

 Adquirir prática no trabalho a campo.

 Conhecer as diferentes ‘classificações’ dos produtores em relação a investimento, infra-estrutura, conhecimento, interesse e outros fatores.

 Aprendizado teórico e relação com a prática.

 Adquirir conhecimento prático a respeito das ferramentas de trabalho. Aspectos negativos:

 Trabalho a “campo aberto”, sob condições climáticas muitas vezes desfavoráveis.

 Estrada/rodovias perigosas diariamente.

 Dificuldade de comunicação com alguns produtores, principalmente aqueles que não possuem muita informação.

 Dificuldade de seguir tratamento em alguns animais quando os proprietários não levam a sério a prescrição de medidas feitas pelo médico veterinário.

As experiências e conhecimentos da vida acadêmica auxiliam muito na realização do estágio, como a ultrassonografia, a sensibilidade na palpação e a diferenciação de estruturas anatômicas, o conhecimento de drogas e hormônios e quais seus usos e aplicações, etc.

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CONCLUSÃO

O estágio curricular é parte essencial para a formação do médico veterinário. É neste período que se adquire a experiência prática unida a todo o aprendizado teórico no decorrer da faculdade. Para atuar em assistência veterinária com foco em reprodução na bovinocultura, é necessário estar atualizado a respeito de tecnologias e novidades da área, bem como obter conhecimento em todas as áreas que envolvem a produção destes animais, incluindo nutrição, sanidade, comportamento, clínica médica, clínica cirúrgica e reprodução.

O conhecimento da fisiologia reprodutiva é de extrema importância e exige muito estudo a respeito. Também é essencial dominar as ferramentas de trabalho, como a ultrassonografia, a sensibilidade na palpação retal, os medicamentos, os materiais de coleta de material biológico, os materiais cirúrgicos e clínicos e os outros materiais gerais que podem ser usufruídos.

No período do estágio curricular foi possível obter a base de conhecimentos que um médico veterinário precisa para atuar na prática do dia a dia e estar ciente de que cada caso é diferente do outro, sendo muito importante saber diferenciar os problemas encontrados, bem como apresentar as possíveis maneiras de tratamento ou atitudes para tal ocasião.

Referências

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