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Modos e sentidos da inovação no jornalismo

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SBPJor – Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo 15º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo

ECA/USP – São Paulo – Novembro de 2017

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Modos e sentidos da inovação no jornalismo

Elaide Martins

Resumo: Esta pesquisa busca identificar, analisar e compreender modos, aspectos e sentidos da

inovação no jornalismo. Debruçando-se sobre os relatórios de inovação do New York Times, o trabalho adota dois procedimentos metodológicos de forma complementar: análise documental, uma das vertentes do estudo de caso (YIN, 2001; DUARTE, 2008; CLEMENTE JR, 2012) e as categorias de análise sistematizadas por Rosseti (2013), baseadas na classificação aristotélica do conceito de mudança. A partir de Barbosa (2012), Mazza (2013), Giacomini Filho (2015), Sil-verman (2015), Fonseca (2015) e outros, traz uma importante discussão sobre inovação no jor-nalismo e seus resultados indicam que a mesma se faz presente em produtos, processos, equipe e gestão. Uma análise que aponta novas tendências para o campo do jornalismo.

Palavras-chave: inovação; jornalismo; The New York Times.

1. Introdução

Etimologicamente, a palavra inovação se origina no latim Innovare, que signifi-ca incorporar o novo, trazer a novidade para dentro (MAZZA, 2014), relacionando-se ao ato de inovar (FUCK; VILHA, 2011). Por mais que seja constituído do mesmo prin-cípio do verbo inventar, mudando paradigmas, o conceito de inovação possui suas espe-cificidades. Enquanto invenção pode ser associada à geração de uma ideia ou produto totalmente novo, incluindo desde o desenvolvimento de pequenos artefatos às invenções mais marcantes, como a pólvora, escrita, lâmpada, meios de transporte e de comunica-ção, podemos entender inovação como a introdução de diferenciais ou de melhorias nas descobertas, reconfigurando-as.

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2 combinações. Ele notabilizou-se pelo conceito de ‘destruição criativa’ como elemento essencial do capitalismo, cuja dinâmica “incessantemente revoluciona a estrutura eco-nômica a partir de dentro, incessantemente destruindo a velha, incessantemente criando uma nova” (SCHUMPETER, 1984, p. 113).

Em suas pesquisas sobre a contribuição de Schumpeter para o conceito de ino-vação, Mazza (2013, n.p.) ressalta que o autor considerava inovação “a reforma ou re-volução de um padrão de produção a partir da exploração de uma invenção, ou de forma mais geral, uma possibilidade tecnológica original, para a promoção de um novo produ-to ou serviço”. Nesse sentido, à introdução do novo acrescenta-se a combinação de re-cursos (MAZZA, 2013, 2014), atributo da inovação que tem sido percebido nos mais diferentes campos. No da Comunicação, é nas interfaces tecnológicas e novas mídias que a inovação se evidencia mais nitidamente.

Todavia, a inovação está presente também no impacto social das novas tec-nologias de comunicação e informação, no novo receptor, agora produtor e interativo, nos processos cognitivos, nas linguagens, na estética e até mesmo em novas abordagens metodológicas e teóricas de comunicação. Isso porque a inovação é um fenômeno social, simbólico e tecnológico, presente em toda sociedade contemporânea midiatizada e pode perpassar todo o campo da Comunicação (ROSSETI, 2013, p. 64).

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3 Tais conceitos serão usados como categorias de análise para identificar os mo-dos, significados e as ações de inovação no jornal norte-americano New York Times, um dos mais antigos e influentes do mundo. Esse procedimento metodológico será as-sociado à análise documental, uma das vertentes do Estudo de Caso (CLEMENTE JR, 2012; DUARTE, 2008; YIN, 2001), realizada sobre o Relatório do Grupo 2020, publi-cado em janeiro de 2017 pelo NYTimes. Antes, porém, convém conceituar e contextua-lizar a inovação no jornalismo.

2. Intersecções entre conceitos e aspectos da inovação

A inovação no jornalismo pode ser compreendida sob diversos aspectos, seja em suas formas narrativas, processos produtivos, dispositivos tecnológicos e/ou interativos ou mesmo nas etapas de circulação e consumo das informações. Em uma abordagem sobre práticas para a inovação nas organizações de notícias, Silverman (2015) discute o papel das lideranças, condições para criar uma cultura e estrutura para a inovação, gerar e buscar ideias inovadoras e coletar um feedback da audiência. Ele define a inovação “como o processo de trazer novas práticas, cultura e produtos vivos dentro de uma or-ganização” (2015, n.p., tradução nossa). Ao mesmo tempo em que esse processo busca preservar valores fundamentais, procura atendê-los de forma inovadora. “Acima de tu-do, no entanto, um olhar mais atento sobre a literatura e a prática da inovação revela ser uma combinação de processo, estrutura e cultura. Não é uma coisa ou produto; inovação é sobre como sua organização funciona e se move para a frente” (SILVERMAN, 2015, n.p., tradução nossa).

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4 nuamente renovado, inter-relacionado, contextualizado, trabalhado segundo distintos formatos multimídia” (2012, p.1).

Esse panorama vem contribuindo significativamente para a renovação e/ou cria-ção de distintos modelos narrativos no jornalismo, como as narrativas hipermídia, mul-timídia (LONGHI, 2010), transmídia (ALZAMORA; TÁRCIA, 2012; SCOLARI, 2013; MARTINS, 2015), imersivas (CANAVILHAS; BACCIN, 2015; MARQUES, 2016; ROCHA, 2016; TÁRCIA, 2011) e as de realidade virtual (DIAS, 2016; MARQUES, 2016; SCOTT, 2016). Além desses aspectos, as inovações no jornalismo podem se ma-nifestar de outras maneiras.

Elas seriam produtos novos, desenvolvimento de novos processos, interações individuais e grupais emergentes na organização, na concepção do negócio e no tratamento de questões nos diversos ambientes (SOUSA, 2006). A criação de um anúncio, o lançamento de uma editoria jornalística, a elaboração origi-nal de uma peça de campanha publicitária, um novo ângulo de abordagem de uma matéria na imprensa representam inovações, uma vez que desenvolvem processos e até novos produtos na estrutura organizacional (GIACOMINI FILHO, 2015, p.78).

Mudanças nessa estrutura têm uma relação direta com a gestão, que muitas vezes precisa romper com antigos modelos organizacionais para tentar acompanhar as trans-formações nos produtos das empresas – caso do NYTimes, como indica o Relatório 2020. Para Fonseca (2015, n.p.), mudanças de ordem tão paradigmáticas exigem a reno-vação de todo sistema, incluindo os profissionais, as regras, as rotinas e os modelos de negócios. Ele ressalta “a importância do legado de Schumpeter e sua visão economicista da inovação que nos faz lembrar fatores como a competitividade e geração de riquezas”, fatores que movem as mudanças na gestão.

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5 identificar inovações. “A inovação no jornalismo [...] está relacionada a um contexto da indústria midiática configurada a partir das características da comunicação móvel” (FONSECA; BARBOSA, 2016, p.108). Tanto a incorporação de dispositivos móveis pelo jornalismo quanto a sua aproximação com as redes sociais são fatores que têm im-pulsionado a inovação em diferentes aspectos – e as ações inovadoras representam pos-siblidades concretas de renovar produtos e ampliar e/ou fidelizar seu público, como ve-remos a seguir.

3. Jornalismo orientado para a inovação

Em janeiro de 2017, um dos mais importantes jornais do mundo, o The New York Times, publicou o Relatório do Grupo 2020 com as estratégias e aspirações da re-dação. O documento foi elaborado por sete jornalistas que passaram o ano anterior “conduzindo centenas de conversas com jornalistas do Times e com pessoas de fora; estudando o comportamento do leitor em grupos focais” (LEONHARDT et al, 2017, n.p, tradução nossa). Este grupo deu prosseguimento ao Comitê de Inovação, cujo rela-tório de 2014 admitia a necessidade de repensar a cultura tradicional do jornal a fim de não prejudicar seu crescimento digital. Em sua análise sobre o Relatório de Inovação 20141, Fontoura (2015, p. 187) mostra que “trata-se de um relatório interno que expunha

as falhas do New York Times nos últimos anos em seus esforços digitais. Falhas de pla-taforma, de processo, de distribuição, entre outras”.

Além de diagnosticar o peso da sua tradição, as tendências de mercado e elencar ações para inovar (ABBRUZZESE, 2014; DÓRIA, 2014; MELLO, 2014; TANZER, 2014), esse relatório serviu de guia para renovar o jornalismo e a gestão do NYTimes. Segundo Nguyen (2015) e Soares (2017), todas as mudanças previstas no relatório de 2014 foram introduzidas, inclusive as estratégias de usar multiplataformas para “impul-sionar sua audiência na internet e nos celulares para elevar as vendas com anúncios digi-tais” (ALPERT, 2015, n.p.) e o reforço de treinamento da equipe em 2016

1 Innovation Report é um relatório interno, datado de 24.03.2014. Foi vazado pela imprensa em maio de

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6 NHARDT et al, 2017, n.p., tradução nossa). Tais ações contribuem para mudar a cultu-ra da redação. Mas o Relatório do Grupo 2020 diferencia-se do Relatório de Inovação 2014, segundo seus próprios membros, em dois aspectos importantes.

Primeiro, tivemos o benefício de trabalhar em estreita colaboração com a li-derança do Times no ano passado para começar a implementar mudanças. Como resultado, este relatório [do grupo 2020] não pretende ser o guia deta-lhado para a mudança como foi o Relatório de Inovação [...]. Este relatório é, em vez disso, uma declaração de princípios, prioridades e objetivos - um guia para ajudar os membros da redação a entender mais plenamente a direção que o The Times está seguindo [...]. Em segundo lugar, o grupo 2020 foi encarre-gado de questionar o pressuposto subjacente à primeira frase do Relatório de Inovação: "O New York Times está ganhando no jornalismo." Nós estamos realmente ganhando, mas não em uma escala suficiente para atingir os objeti-vos da empresa ou sustentar nossas aclamadas operações de redação (LEO-NHARDT et al, 2017, n.p., tradução nossa).

Dentre esses objetivos, o principal é duplicar a receita digital da empresa, atin-gindo U$800 milhões em 2020. A estratégia é aumentar o volume de assinaturas digi-tais, inclusive para outros países. “Com todos os progressos que fizemos, ainda não construímos um negócio digital suficientemente grande para apoiar uma redação que possa cumprir nossas ambições” (LEONHARDT et al, 2017, n.p., tradução nossa).

Dessa forma, o Grupo 2020 estabeleceu algumas prioridades visando mudar três grandes áreas: reportagem, equipe e gestão. Na primeira, a orientação é praticar um jor-nalismo mais visual, com o uso de infográficos, mapas, fotos e vídeos; mixar textos e formas jornalísticas mais tradicionais com formatos digitalmente nativos, expandindo as formas de contar histórias, adotando um tom menos informal e inovando briefings, ses-sões informativas por turno e ao vivo, “boletins informativos por e-mail, alertas, FAQs, painéis de avaliação, áudio, vídeo”. Além disso, o relatório recomenda valorizar o jorna-lismo de serviço e incentivar a participação e engajamento do público para que este se sinta parte da comunidade do jornal.

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7 multimídia, como jornalistas visuais, que moldam a forma e o conteúdo” (LEO-NHARDT et al., 2017, n.p., tradução nossa). Por conseguinte, as contratações de alta prioridade serão as relacionadas à criação, como repórteres, editores gráficos, fotógrafos, cinegrafistas, editores backfielders e outras de impacto direto sobre o jornalismo, visando a realidade digital.

Enquanto princípio, o relatório recomenda aumentar a diversidade da equipe da redação contratando mais negros, mulheres, jovens, suburbanos e estrangeiros, a fim de produzir reportagens mais ricas e envolventes. Essa é uma estratégia vital para expandir o público jovem e o internacional. Por último, a busca pela inovação também inclui repensar o trabalho freelance, “expandindo-o em algumas áreas e encolhendo-o em outras”, revendo as seções e abordagens às quais vem sendo destinado.

Sobre a terceira área, a gestão, o Grupo 2020 aponta um conjunto de recomenda-ções para mudar a forma de trabalhar, voltadas, especialmente, para se distanciar da cultura do impresso. Por mais mudanças que o jornal tenha feito nas duas últimas déca-das, reconhece que as suas estruturas organizacionais ainda são oriundas do jornal físi-co. Dentre os desafios para avançar enquanto veículo inovador está a missão, para cada departamento, de deixar claro à sua equipe quais são seus objetivos, estabelecer metas e acompanhar seu progresso, como redefinir sucesso a partir de uma métrica mais sofisticada do que pageviews a fim de medir o valor de um artigo para atrair e reter assinantes – compreendendo-se que métrica não é perfeita e deve combinar avaliações quantitativas e qualitativas.

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8 Tais orientações trazem desafios que a busca por inovação impõe tanto ao jornalismo quanto aos modelos de negócios das empresas do setor, que precisam considerar o público em seus processos. Como bem ressalta o Relatório 2020, na era das plataformas de mídia social, “a experiência de ler, ver e ouvir o nosso trabalho tem de ser tão atraente quanto o próprio jornalismo”. Por isso, é preciso estar aberto às mudanças, experimentações e perceber os aspectos culturais e não apenas tecnológicos das inovações. É importante lembrar que as mudanças, sejam negativas ou positivas, estão associadas à inovação. No jornalismo, muitas resultam da incorporação de novas ferramentas tecnológicas aos processos de produção, difusão e consumo de conteúdo, mas hoje muitas já nascem do desejo de oferecer novas experiências – manifestadas nos mais diferentes modos e sentidos de inovar, como veremos adiante.

Os modos e sentidos de inovação no NYTimes

A partir das categorias adotadas por Rosseti (2013), vamos analisar as diretrizes estabelecidas pelo Relatório do Grupo 2020 para identificar distintos modos e sentidos de inovação no NYTimes. Como já dito, esse relatório roteiriza-se a partir de três gran-des tópicos (reportagem, equipe e gestão), examinados aqui a partir do reconhecimento dessas categorias, baseadas na classificação aristotélica do conceito de mudança. Con-vém esclarecer, como bem ressalta Rosseti (2013, p. 67), que mudança é o conceito fundamental para a inovação, considerando-se que toda mudança traz o novo, é capaz de gerar novos estados, mas “por ser um conceito genérico que perpassa várias categori-as, ele não pode ser classificado como uma das categorias de inovação”. Portanto, está na essência das categorias, mas não se trata de uma delas.

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9 cionais com digitais e pelo próprio assunto (uma tragédia), esse especial virou modelo para sites jornalísticos no âmbito mundial e é amplamente discutido pela academia.

Tais tipos de narrativas representam uma inovação substancial no jornalismo, uma vez que constituem algo inédito, completamente novo (ROSSETI, 2013), como também uma inovação qualitativa, ligada à criatividade, aquela que “produz a novida-de” (ROSSETI, 2013, p. 69). Tais modos de inovação podem ser facilmente reconheci-dos nas narrativas transmídia e multimídia, estudadas por Martins e Longhi (2015).

Outro tipo de inovação encontrado nessas reportagens é o espacial, quando a “inovação pode estar fora do produto comunicacional ou do processo comunicativo co-mo um lugar, uma situação, uma posição” (ROSSETI, 2013, p. 70). Neste sentido, as-sume contornos de deslocamento, transição ou passagem, podendo ser vista, segundo a autora, como um salto de um lugar a outro, uma transposição. Isto pode ser percebido na visualidade de certas narrativas do NYTimes, sobretudo quando se usa vídeos.

O conceito de transposição pode ajudar a entender a inovação na Web, quan-do: a transposição é um ato que pode gerar inovação, e pode favorecer o sur-gimento de novas qualidades e propriedades que não existiam no gênero de partida e que são trazidas à luz no gênero de chegada, tal qual um processo tradutório ou de recriação. Tratam de transposições pensadas como arranjos ou adaptações de gêneros, de mídias e de sentidos. Tais arranjos implicam mudanças nas linguagens e, ao mesmo tempo, promovem inovações de for-mato, sintaxe ou conteúdo (ROSSETI, 2013, p. 70).

Ainda em relação às reportagens, destaca-se o modo temporal da inovação, que gera o novo em relação ao tempo. No caso do NYTimes, as transformações em suas narrativas marcadas pela transposição para o digital já vêm acontecendo há pelo menos duas décadas, indicando evolução ou uma certa ruptura no modo de fazer determinado produto – a exemplo do formato das reportagens. Assim como os relatórios do jornal indicam, “a inovação pode acontecer como um processo contínuo de evolução ou aper-feiçoamento” (ROSSETI, 2013, p.70).

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10 Por outro lado, considerando-se que a inovação relativa acontece quando algo que já existe é feito de forma diferenciada ou diversificada (ROSSETI, 2013), tomamos como exemplo o processo de faturamento do jornal, que além da publicidade e assinatu-ras do impresso, passou a contar também com uma parcela significativa de assinantes de conteúdo digital, diversificando-se. Esse modo de inovação também pode ser percebido em outro tópico do relatório, a equipe. A orientação é ampliar a diversidade com contratações de grupos minoritários (negros, mulheres, suburbanos, estrangeiros, etc.) enquanto principio e estratégia para expandir o público, inclusive com assinantes fora do país.

Ainda sobre mudanças na equipe, é possível perceber uma inovação em termos de ação, aquela que acontece quando o sujeito é inovador, exercendo um papel ativo. As práticas que combinam conhecimento e experiência de antigos jornalistas com o uso de novas ferramentas para construir narrativas seriam um exemplo de inovação ativa na equipe? E o trabalho conjunto entre redação e equipes de produtos? Mais do que inovação ativa da equipe, esses exemplos, como também a atuação do público, podem representar também uma inovação de ação do próprio jornal enquanto sujeito.

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11 Já a inovação passiva é tida como a inovação no âmbito da paixão, “em que o objeto inovado sofreu a ação que gerou nele a inovação. É o efeito da inovação que gera um produto inovado” (ROSSETI, 2013, p. 70). Os editores do Relatório 2020 percebe-ram o valor da paixão enquanto modo de inovação, sugerindo narrativas mais dinâmicas e envolventes para fidelizar o público. “Em termos simples, precisamos de menos cabe-ça e mais coração em nossa narrativa. A emoção não é algo que tendem a abracabe-çar, e deveríamos. É um dos principais motores de lealdade! (LEONHARDT et al, 2017, n.p., tradução nossa).

Assim, enquanto inovação passiva, a paixão acontece quando o objeto é inova-do, pois nesta categoria a inovação está no objeto como seu fim, a exemplo das narrati-vas verticalizadas do jornal. É o novo que surge como resultado do processo de inova-ção – ao contrário da inovainova-ção em termos de ainova-ção, que diz respeito ao sujeito e não ao objeto em si. (ROSSETI, 2013). Portanto, não apenas mais um modo, mas um modo importante de gerar inovações e novos sentidos para o jornalismo contemporâneo.

Considerações

Discorrer sobre inovação no jornalismo não é uma tarefa simples, até porque ela se manifesta de várias maneiras e está presente não apenas nos produtos, mas nos pro-cessos, na equipe e na gestão. Como diz Rosseti (2013, p. 64), “a inovação é um fenô-meno social, simbólico e tecnológico, presente em toda sociedade contemporânea midi-atizada”. Nesta pesquisa, vimos em Silverman (2015) que não se trata somente de uma coisa ou produto, mas do fluxo, do funcionamento. Portanto, um processo multiforme, com modos e significados distintos, que podem se manifestar tanto na ação de um sujei-to inovador, como no processo e no resultado desse processo de inovação, fazendo o novo chegar ao produto, como bem demonstrou Rosseti (2013). Nos seus distintos mo-dos, o dinamismo é um agente importante de inovação para o jornalismo (Barbosa, 2012).

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12 empresas de notícias. Assim, analisando um jornal secular como o NYTimes, fundado em 1851, cuja tradição sustenta-se na qualidade de seu produto, percebe-se a complexi-dade que os aspectos inovadores podem representar, especialmente quando sua dinâmi-ca impõe uma certa velocidade para mudar. Mais do que conviver ou aceitar tais mu-danças, é preciso enraizá-las e considerar seus desdobramentos, a exemplo de ter que lidar com uma audiência mais crítica, participativa e ativa e entender o seu comporta-mento para não a perder para a concorrência. Ou seja, é necessário compreender a ino-vação no âmbito cultural.

Apesar do teor extremamente autocrítico do Grupo 2020, ressaltamos que o seu relatório dirige pouca atenção para a forte presença das redes sociais no ecossistema midiático e nas suas relações com o jornalismo, uma tendência cada vez mais explícita. Ele também fala em diversidade, mas não trata de ferramentas de acessibilidade para seu público e essas realidades precisam ser consideradas em tempos de convergências.

As mudanças de comportamento, valores e princípios que a sociedade vem so-frendo com o passar dos tempos, afetam sua própria cultura. E os aspectos culturais pre-cisam ser pensados pela redação e pela gestão das empresas de jornalismo, uma vez que a cultura é um fenômeno comum, compartilhado. Urge reconhecer que a mentalidade e a dinâmica nas redações, hoje, passam por transformações. Os tempos são de experi-mentações, de um ecossistema midiático diversificado, de múltiplas plataformas de pro-dução, compartilhamento e consumo de conteúdo, inclusive, gratuito. Muitas empresas de jornalismo sentem-se forçadas a repensar seus modelos de negócios e tendem a cons-truir novos hábitos para que o público volte a consumir seu conteúdo diariamente.

No entanto, apesar de todas as renovações e inovações e da consequente neces-sidade de ser flexível e de se ajustar às mudanças de tempo, uma característica precisa sobreviver no jornalismo: a sua qualidade e consequente credibilidade. Mantê-las frente a todas as transformações que se revelam em nosso dia a dia, é um dos grandes desafios do jornalismo na contemporaneidade.

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Referências

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