• Nenhum resultado encontrado

Efeito do tráfego automóvel na contaminação de solos por metais pesados Cobre (Cu)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Efeito do tráfego automóvel na contaminação de solos por metais pesados Cobre (Cu)"

Copied!
20
0
0

Texto

(1)

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Efeito do tráfego automóvel na

contaminação de solos por metais pesados

– Cobre (Cu)

Projeto FEUP2019/2020 – MIEA

Manuel Firmino Margarida Bastos

Sara Ferreira

Equipa MIEA101_2:

Supervisor: Margarida Bastos Monitor: Inês Valdrez

Estudantes & Autores:

Ana Pereira up201905458@fe.up.pt Mário Furtado up201904615@fe.up.pt

Bruno Rodrigues up201901658@fe.up.pt Mónica Carvalho up201906001@fe.up.pt

Catarina Silva up201905022@fe.up.pt Rita Oliveira up201809449@fe.up.pt

(2)

2

Resumo

Este projeto tem como tema “Efeito do tráfego automóvel na contaminação de solos por metais pesados”, com ênfase no Cobre (Cu) como objeto de estudo. A sua concretização exigiu uma componente prática/laboratorial e teórica, iniciando-se pela recolha de amostras de solo rural, da zona de Lavra, e de solo urbano, da zona da Asprela para que, analisando a concentração de cobre na sua composição, fosse possível comparar a concentração de Cobre(Cu) em ambas as amostras e a partir daí retirar conclusões sobre as consequências do tráfego automóvel, que é mais intenso na zona urbana da Asprela. A diferença da concentração de cobre no solo urbano e rural não é muita, mas significante para se concluir que o tráfego automóvel tem efeito na composição dos solos.

Palavras-chave

Cobre, contaminação dos solos, poluição, tráfego automóvel e remediação dos solos.

(3)

3

Índice

Resumo ... 2 Palavras-chave ... 2 Lista de figuras ... 4 Lista de tabelas ... 4 Glossário ... 5 Introdução ... 6 Solos ... 6

Origem da poluição dos solos ... 7

Metais pesados como poluentes ambientais ... 7

Tráfego Automóvel e a sua influência nos solos ... 8

Implicações na saúde humana ... 9

O cobre nas plantas ... 10

Alternativas para tratamento de solos contaminados ... 11

Parte experimental ... 12

Material e equipamento utilizado: ... 12

Metodologia ... 12

Métodos de medição ... 13

Resultados ... 15

Análise dos resultados... 16

Conclusão ... 17

Bibliografia ... 18

Apêndices ... 20

I - Cálculos para o solo ... 20

(4)

4

Lista de figuras

Figura 1. Digestão ácida da amostra de solo na placa de aquecimento ... 12

Figura 2. Espetrofotómetro de absorção atómica ligado a um computador ... 13

Figura 3. Reta de calibração do cobre ... 14

Lista de tabelas

Tabela 1. Metais pesados e respetivo mecanismo gerador nos automóveis ... 9

Tabela 2 – Resultados e concentração calculada... 15

Tabela 3 - Valores de referência (APA, acedido em 15/10/2019) ... 16

(5)

5

Glossário

Espetrofotometria: é um método analítico que usa a luz para medir as concentrações dos compostos através da interação da luz com a matéria.

Basicamente, mede o quanto uma substância química absorve a luz, medindo a intensidade quando um feixe de luz passa através da solução aquosa da amostra.

Valor de referência: concentração de um contaminante no solo acima da qual pode haver risco inaceitável para a saúde humana e/ou para o ambiente.

Água régia: solução de ácido nítrico e ácido clorídrico concentrados na proporção de uma para três partes. É um líquido altamente corrosivo e de coloração alaranjada.

Digestão ácida: método a partir do qual se pretende separar a matéria orgânica dos metais pesados através da introdução de água régia às amostras de solo uma vez que os metais se dissolvem no ácido.

Aerossol:designação dada a pequenas partículas de um líquido ou sólido que estão em suspensão no ar na forma de um gás.

Antropogénico: atividade derivada de ações humanas.

(6)

6

Introdução

Uma das várias preocupações de um engenheiro do ambiente é o solo e a sua composição; o engenheiro estuda a presença de contaminantes e poluentes, um dos quais é o metal pesado, cobre. O tráfego automóvel produz cobre que pode ser carregado pelo ar até o solo mais próximo. Tendo isso em consideração, pretende-se apresentar aos alunos do Mestrado Integrado em Engenharia do Ambiente, bem como a todos os alunos da comunidade académica da FEUP, um estudo sobre o tema “Efeito do tráfego automóvel na contaminação de solos por metais pesados”.

Neste relatório é discutida a origem da poluição dos solos, a influência do tráfego automóvel nos mesmos e as implicações disto na saúde das pessoas e do ambiente. É também apresentada uma atividade experimental que determina a concentração de cobre no solo através do processo de digestão ácida das amostras e da espetrofotometria de absorção atómica por chama.

Solos

Os solos formam-se a partir de material rochoso que gradualmente aumenta a sua espessura, num processo denominado de pedogénese. São parte integrante do ecossistema e funcionam como uma interface entre a hidrosfera, atmosfera, biosfera e litosfera.

O solo é um recurso natural e fundamental que acarreta uma grande importância no ecossistema uma vez que é a base da sustentação de todos os seres vivos, sendo fundamental como fonte de alimentos de origem vegetal e animal servindo ainda como uma barreira de águas subterrâneas atuando como um filtro. Contudo, essa capacidade é limitada, podendo ocorrer alteração da qualidade do solo quando o nível de contaminação ultrapassa os valores estipulados como seguros, sendo que o teor de cobre em solos não contaminados varia normalmente entre 2 a 40 𝑚𝑔/𝑘𝑔 de solo e que a sua concentração depende do valor de pH (a proporção de cobre aumenta geralmente com a diminuição do pH) (Lourenço & Landim, 2005).

Apesar dos seus efeitos nefastos, quando não se encontra em excesso, o cobre tende a fixar-se à matéria orgânica do solo, tendo como função a regulação do transporte de eletrões fotossintéticos e a fixação de radicais livres de oxigénio tornando-os inofensivos (K+S KALI GmbH, “Cobre”, 2017). Nota-se que é por este motivo que não é desejável a ausência total de cobre no solo.

Os solos estão sujeitos a um processo de contaminação por metais pesados a partir de fontes antropogénicas que superam as de fontes naturais (meteorização, erupções vulcânicas, incêndios florestais) (Amaral, 2012).

Um importante foco de consumo de recursos e de emissões poluentes são as áreas urbanas. Como consequência, os solos urbanos recebem uma carga de contaminantes maior que os recebidos em zonas circundantes devido à

(7)

7

concentração de atividades antrópicas. São exemplos de fontes de contaminação urbana a deposição atmosférica, a indústria e a manipulação de pesticidas e fertilizantes. Uma importante fonte de poluição difusa é causada pelo tráfego rodoviário e pelas estradas, sob o meio circundante (Diamantino, 2002). A concentração total de metais pesados no solo é o resultado do balanço entre as entradas no solo (deposição atmosférica, fertilizantes e outros químicos agrícolas, resíduos orgânicos e outros poluentes orgânicos) e as saídas (metais removidos pelas colheitas, por lixiviação e por volatilização).

Origem da poluição dos solos

A poluição dos solos pode ser causada de duas formas:

● Poluição de origem urbana cuja principal fonte de contaminação do solo

nas grandes cidades é a acumulação dos chamados resíduos sólidos urbanos sobre o solo, em espaços abertos, onde sofrem um processo de lixiviação (extração ou solubilização dos constituintes químicos de uma rocha, mineral, solo, depósito sedimentar pela ação de um fluido) pelo qual metais pesados e outros produtos perigosos são absorvidos pelo solo, bem como a presença e a desvalorização do impacto que certas substâncias químicas têm em todo o ecossistema.

● Poluição de origem agrícola causada sobretudo pelo uso impróprio de

substâncias agrotóxicas, técnicas arcaicas de produção, e pela síntese e uso de fertilizantes; sendo estas as principais substâncias prejudiciais à saúde, absorvidas pelo solo que será usado para cultivo de alimentos tornando inevitável a chegada destas substâncias às nossas vidas.

Metais pesados como poluentes ambientais

Os metais encontrados nas formas solúveis são aqueles que apresentam maior biodisponibilidade, sendo, portanto, as formas mais preocupantes uma vez que estes elementos não são biodegradáveis e são muito prejudiciais à saúde humana. Na forma solúvel, o cobre está na forma iónica ou na de complexos orgânicos e é facilmente absorvido pelas plantas ou é lixiviado, podendo atingir os lençóisde água subterrâneos (Guedes,2008).

(8)

8

É importante lembrar que as populações estão expostas aos poluentes de várias maneiras. Isso pode acontecer pelo consumo de alimentos, de água ou por inalação. Os metais pesados podem ser tóxicos para o organismo quando consumidos, podendo causar danos em vários órgãos do corpo, como pulmões, rins, estômago e, até, cérebro.

As concentrações dos poluentes são magnificadas nos vegetais e animais, constituindo a chamada bioacumulação, avançando ao longo da cadeia trófica. O cobre é um metal pesado tóxico a todos os seres vivos quando encontrado em altas concentrações no ambiente. Além disso, os ambientes contaminados modificam a população normal de organismos e selecionam organismos resistentes como plantas e microrganismos.

Devido à intensa e contínua utilização de metais pesados pela atividade antrópica, têm-se aumentado a contaminação ambiental, tornando-se um problema pertinente e motivo de intensa pesquisa. Para organismos como plantas, fungos e bactérias, altas concentrações de cobre promovem uma pressão seletiva, sob a qual apenas os organismos resistentes sobrevivem (Atlas, 1997).

Tráfego Automóvel e a sua influência nos solos

Os poluentes resultantes do tráfego automóvel são produzidos pela combustão e, pelo desgaste dos veículos e dos próprios materiais da estrada. As partículas depositam-se na superfície da estrada ou nas proximidades da mesma, assim como em zonas mais distantes, dependendo da velocidade de deposição das partículas e das condições meteorológicas (Diamantino, 2002).

O vento é um fator de dispersão dos poluentes, existindo substâncias de maiores dimensões que se depositam nas proximidades das bermas das estradas, mas existindo também de menores dimensões que permanecem em suspensão por um período de tempo mais longo e que se depositam após percorrerem distâncias maiores. A sua distribuição depende do sentido e velocidade do vento e do tamanho real das partículas. Uma vez que os metais pesados estão associados às frações de partículas finas, a sua mobilização pode ser considerável (Diamantino, 2002).

O material que é depositado na superfície da estrada pode ser mais tarde transportado para as bermas, através de águas de escorrência (que resultam de eventos de precipitação e que transportam um elevado teor de poluição), ou da dispersão aquosa, produzida quando os carros circulam por cima das poças de água. Muitos dos metais pesados são originados pelo tráfego e

(9)

9

podem ser adsorvidos pelas partículas que existem nas águas de escorrência, em quantidades consideráveis. A fração principal de metais que está em suspensão é normalmente mais tóxica (Diamantino, 2002).

Partindo da análise da figura 1, constatamos que as partículas do cobre encontradas nos solos, excluindo aquelas de origem natural, não advêm dos combustíveis e dos óleos, nem da estrutura do veículo, mas sim, do desgaste dos materiais dos pneus e dos travões.

No solo, esses óleos perturbam os micro-organismos existentes ao modificarem as condições hídricas e químicas, e ao reduzirem o crescimento de vegetação. Além disso, estes são cancerígenos, podendo conter outras substâncias associadas, como metais pesados e hidrocarbonetos aromáticos (Basquiroto, 2017).

Implicações na saúde humana

Apesar de alguns mecanismos genéticos controlarem a incorporação do cobre e prevenirem a sua acumulação tóxica no corpo, o cobre absorvido em excesso em relação às necessidades metabólicas pode ser, por exemplo, excretado pela bílis. Por outro lado, a ingestão ou absorção deste em excesso pela ingestão de alimentos cultivados em solos contaminados pode resultar em gastroenterites, náuseas, vómitos e diarreia. (Johnson, 2017)

Uma toxicidade mais elevada poderá ter implicações mais graves para a saúde humana tais como: anemia hemolítica (anemia devido à rutura das hemácias) e diminuição ou supressão da excreção urinária, sendo que em casos extremos podem ser fatais.

Acrescenta-se ainda que “a deficiência de cobre” no organismo pode causar problemas como manchas na pele, neutropenia, ou seja, uma redução da contagem de neutrófilos (ou glóbulos brancos) no sangue, osteoporose e doenças neuro degenerativas como Alzheimer e Parkinson e problemas na tiroide (Johnson, 2017; Stuppiello, 2019).

(10)

10

O cobre nas plantas

O cobre é um mineral essencial para o crescimento das plantas uma vez que participa na síntese de proteínas. Apesar de ter funções importantes no seu funcionamento, a acumulação do cobre pode causar um desenvolvimento[U1]

problemático que pode variar de acordo com a espécie da planta e, principalmente, com as propriedades do solo.

Sendo este um metal essencial para o seu crescimento, as plantas apresentam uma certa tolerância ao excesso de cobre uma vez que este se acumula principalmente na raiz impedindo a sua chegada à parte “aérea” da planta. Ainda assim, a má formação dos tecidos radiculares, causados por este excesso, altera o crescimento e o desenvolvimento de outras partes da planta.

Quando presente em altas concentrações, está também relacionado com um decréscimo na clorofila (com a redução do número e volume dos cloroplastos), que irá consequentemente afetar a fotossíntese. (Mantovani, 2019)

(11)

11

Alternativas para tratamento de solos contaminados

Atualmente, existe uma maior preocupação e contextualização no que toca ao meio ambiente, mais especificamente à contaminação dos solos, pelo que são cada vez mais procuradas formas inovadoras, económicas e menos perigosas para o tratamento da contaminação destes, tais como:

● A biorremediação, tratamento de solo que fornece uma solução de reciclagem económica e consciente do meio ambiente para solos contaminados não perigosos. São utilizados microrganismos que são introduzidos no ambiente contaminado como um produto granular, com uma mistura adequada de nutrientes, ajudando naturalmente no processo biológico da degradação dos compostos orgânicos, para estimular o seu crescimento enquanto quebra os contaminantes no solo. Esta técnica apresenta um elevado potencial de recuperação das áreas contaminadas, uma vez que é uma técnica mais económica e amiga do ambiente do que os tratamentos físico-químicos. A fitorremediação é um processo de biorremediação que utiliza plantas para remover metais pesados do ambiente, sendo esta técnica eficiente e mais acessível. (Andreazza et al., 2013)

● A solidificação, que é um processo de remediação, ou seja, usado para tratar/anular os efeitos nocivos do solo contaminado com hidrocarbonetos ou com metal, envolve a estabilização de material contaminado, misturando-o com outro material e, em seguida, tratando-o com certos aditivos químicos para formular um material específico. Este tratamento de solo contaminado evita a lixiviação (Diário de Notícias, 2018).

● A lavagem do solo, que consiste na escavação e remoção do solo do local original tratando-o posteriormente com aditivos (geralmente um ácido orgânico ou inorgânico) sendo o ph corrigido após o processo de devolução do solo ao local de origem.

● A remedição eletrocinética, técnica que se baseia na aplicação de uma corrente elétrica de baixa intensidade entre dois ou mais elétrodos de modo a mobilizar os contaminantes. Os contaminantes são mobilizados na forma de espécies carregadas ou partículas, a corrente aplicada mobiliza espécies carregadas eletricamente, partículas e iões presentes no solo.

(12)

12

Parte experimental

Material e equipamento utilizado:

● Espetrofotómetro de absorção atómica por chama

● Placa de aquecimento ● Balança analítica ● Gobelé ● Vidro de relógio ● Vareta ● Balão volumétrico (50,00 𝑚𝐿) ● Pipeta graduada (±0,5 𝑚𝐿) ● Filtro de papel ● Funil ● Espátula

● Água régia (9,00 𝑚𝐿 de ácido clorídrico concentrado e 3,00 𝑚𝐿 de ácido nítrico concentrado)

● Água destilada

● Amostras de solos urbanos

Metodologia

Na atividade laboratorial, os operadores foram equipados com os requisitos de segurança necessários, como bata, óculos de segurança e luvas descartáveis, para evitar acidentes.

Foram utilizados uma balança analítica (±0,0001 𝑔) e um gobelé onde a massa de solo urbano e rural para a experiência foi pesada e registada para cálculos futuros. A massa pesada para cada amostra foi de aproximadamente 0,5000 𝑔. Este processo foi realizado recorrendo a três pares de amostras.

No gobelé, 10,00 𝑚𝐿 de água destilada e 12,00 𝑚𝐿 de água régia foram adicionados e o mesmo foi tapado com um vidro de relógio e colocado na hotte, para evitar que os gases nocivos vindos da solução escapassem e levassem a uma perda de amostra.

Figura 1. Digestão ácida da amostra de solo na placa de aquecimento

(13)

13

O gobelé foi colocado na placa de aquecimento por 15 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜𝑠 para permitir que a mistura digerisse. Ocasionalmente o gobelé foi removido e agitado para garantir que o solo estava em contacto com a solução.

Recorrendo a um funil de vidro e filtro de papel, a solução foi filtrada e colocada num balão volumétrico (±0,01 𝑚𝐿) de 50,00 𝑚𝐿. A solução foi diluída com água destilada até perfazer o volume do balão. Por fim, a amostra foi analisada no espectrofotómetro de absorção atómica a 213,9 𝑛𝑚 para avaliação de concentração de cobre presente.

Métodos de medição

“A fotometria de chama é a mais simples das técnicas analíticas baseadas em

espectroscopia atómica” (Okumura, 2004)

O método de análise utilizado foi a espetrofotometria de absorção atómica por chama, mas a teoria por detrás de todas as técnicas embasadas em espetroscopia atómica é similar.

Um átomo possui um núcleo com eletrões que o orbitam. Os eletrões podem existir em várias orbitais, mas nunca fora dessas. Cada orbital é um estado de energia, e para se deslocar entre uma orbital e outra, um eletrão precisa ganhar ou perder uma quantidade exata de energia. Quando há radiação incidente num átomo os eletrões deste absorvem energia e excitam-se. A radiação por sua vez perde energia num comprimento de onda específico, dando origem ao espectro de absorção do elemento.

O espectrofotómetro usa esse princípio para avaliar a concentração de metais, neste caso o cobre, presente na amostra. A amostra líquida é aspirada e passa para um nebulizador onde passa a aerossol, o equipamento mantém uma chama acesa que é alimentada por este. A solução sofre os processos de evaporação e atomização, dando origem a átomos livres de cobre no estado gasoso. Uma lâmpada específica para o cobre irradia luz que é absorvida pelos átomos livres. Isso é necessário já que o cobre absorve um comprimento de onda específico/único e a lâmpada emite radiação apenas nesse comprimento de onda. A absorção de radiação dos átomos é medida pelo detetor e assim o equipamento dá-nos um valor de concentração de cobre (Costa, 2013; Digimed, 2018).

Figura 2 - Digestão ácida da amostra de solo placa de aquecimento

Figura 3 - Espetrofotómetro ligado a um computador

Figura 2. Espetrofotómetro de absorção atómica ligado a um computador

(14)

14

Antes das amostras serem analisadas, o equipamento foi devidamente calibrado por um técnico de laboratório. Esta calibração foi verificada recorrendo a água destilada, tida como o “zero” da calibração. No final da análise a água destilada é utilizada novamente, visando credibilizar os valores obtidos nas concentrações dos solos, visto que se o “zero” inicial e final fossem diferentes o equipamento estava mal calibrado e os resultados não seriam fiáveis, mas visto que os valores obtidos foram iguais, todos os resultados dados pelo espectrofotómetro estão de acordo com a realidade. Além disso foram usadas várias soluções padrão com concentrações de cobre conhecidas. Essas soluções foram introduzidas no espetrofotómetro, sendo que foram apontadas as respetivas absorvâncias; a partir disso foi obtida a reta de calibração.

(15)

15

Resultados

Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3

Rural Urbano Rural Urbano Rural Urbano

Absorvância 0,068 0,085 0,100 0,074 0,072 0,089 Concentração na solução(aq) (mg/L) 0,523 0,668 0,795 0,574 0,557 0,701 Massa de Cobre (Cu) (g) 0,026 0,033 0,040 0,029 0,028 0,035 Massa de solo (g) 4,890 4,920 4,990 4,990 4,990 5,000 Concentração no solo (mg/kg) 5,353 6,788 7,962 5,753 5,589 7,019

A partir dos resultados de concentração de cobre no solo para as três amostras, a média aritmética foi calculada; o desvio padrão não foi incluído já que apenas dois resultados foram considerados para a média. O solo rural teve 5,471𝑚𝑔 de cobre a cada 𝑘𝑔, o urbano teve 6,904 𝑚𝑔/𝑘𝑔.

As amostras foram analisadas por diferentes operadores, e portanto o resultado de cada amostra está associado aos possíveis erros dos operadores que a manipularam. Ao analisarmos os resultados obtidos para cada amostra, notámos que as concentrações da amostra 2 não iam ao encontro dos valores das concentrações das amostras 1 e 3, e, portanto, foram desprezados no cálculo da média aritmética. É plausível que os resultados estejam simplesmente invertidos, mas como é um erro decidimos ignorá-los. Em geral, as concentrações de Cobre (Cu) eram maiores nas amostras de solo urbano do que no solo rural.

É preciso notar também que na condução da experiência, a solução aquosa contendo solo urbano da amostra 1 foi diluída mais do que o necessário, e por isso os resultados têm um valor mais baixo do que o esperado.

(16)

16

Análise dos resultados

Até este momento, em Portugal e na União Europeia não há legislação específica que delimite os valores máximos de metais permitidos nos solos. Por outro lado, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) disponibilizou recentemente guias técnicos contendo valores de referência que podem e devem ser usados como um limite ideal. A tabela 2 foi preparada a partir de dados da APA que apresentam valores de referência para solos pouco profundos1.

Número CAS

Contaminante

Valores de referência (mg/kg peso seco) Com utilização de água

subterrânea

Sem utilização de água subterrânea Uso urbano Uso agrícola Uso urbano Uso industrial 7440-50-8 Cobre (Cu) 140 180 140 230

Em Portugal hoje há apenas guias técnicos com valores de referência no assunto, mas na Holanda já existe uma legislação que dita os valores de referência e os valores de intervenção para as concentrações recomendadas e consideradas de perigo, respetivamente, apresentados na Tabela 3.

Contaminante

Valores de referência Valores de intervenção

Solo [mg.kg-1]

Com água subterrânea [µg. l-1] Solo [mg.kg-1] Com água subterrânea [µg.l-1] <10m >10m Cobre (Cu) 36 15 1.3 190 75

1 “Considerando-se um solo pouco profundo quando, em pelo menos 1/3 da área do local, a camada de solo sobre o substrato rochoso é igual ou inferior a 2 m, contabilizada desde a sua superfície e excluindo qualquer camada artificial” (Agência Portuguesa do Ambiente, acedido em 15/10/2019)

Tabela 3 - Valores de referência (APA, acedido em 15/10/2019)

(17)

17

A média das concentrações de Cobre(Cu) obtidas nos resultados da experiência foi inferior aos valores apresentados nas Tabela 3. Deste modo podemos concluir que os solos recolhidos para as amostras estão abaixo dos valores de referência, logo não apresentam risco para a saúde dos ecossistemas.

Foi possível comprovar o efeito do tráfego automóvel na contaminação dos solos já que as concentrações de Cobre(Cu) eram mais elevadas no solo urbano do que no solo rural; mesmo levando em consideração as incertezas nos resultados, a diferença entre as concentrações nos solos parece ser significante.

Apesar dos resultados obtidos, é impossível isolar a variável dos efeitos do tráfego automóvel nos solos, uma vez que existem muitos outros fatores, tais como a morfologia e origem dos solos.

É ainda visível que não existe uma diferença abrupta nos valores obtidos, o que nos leva a concluir que o tráfego automóvel pode não ser um fator com tanto peso para a acumulação deste metal pesado nos solos.

Por este motivo, é sugerido que nos próximos trabalhos sobre este tema, sejam realizados testes usando solo da mesma área só que extraídos de pontos diferentes. Um ponto seria perto de uma estrada, semáforo ou qualquer lugar com um grande tráfego automóvel, e o outro o mais longe possível. Deste modo, o seu efeito no solo seria mais claro.

Conclusão

A ação antropogénica, como podemos concluir através deste relatório, tem influência na contaminação dos solos por metais pesados, neste caso, pelo Cobre(Cu).

Apesar de os resultados mostrarem uma tendência que nos leva a concluir que os solos urbanos, por possuírem uma maior concentração de Cobre(Cu), sofrem uma maior influência do tráfego automóvel em suas composições que os rurais, compreendemos que os solos são de origens diferentes, logo existirão muitos outros fatores que podem contribuir para que a concentração do Cobre(Cu) varie. A realização do Projeto FEUP permitiu-nos aprender mais sobre as propriedades do Cobre(Cu) na contaminação dos solos através do tráfego automóvel e das implicações na saúde, muitas vezes fatais quando em grandes concentrações.

(18)

18

Bibliografia

Andreazza, Robson, Flávio Camargo, Zaida Antoniolli, Maurízio Quadro e Amauri Barcelos. 2013. "Biorremediação de áreas contaminadas com cobre". Revista De Ciências Agrárias, 2013.

http://www.scielo.mec.pt/pdf/rca/v36n2/v36n2a01.pdf. (Acedido em 4 de outubro, 2019)

Amaral, Marco. 2012. "Poluição dos solos por metais pesados na zona urbana de Ponta Delgada: Implicações na saúde pública". Tese de mestrado,

Universidade dos Açores.

https://repositorio.uac.pt/bitstream/10400.3/1896/1/DissertMestradoMarcoAlbi

noBentoAmaral2013.pdf (Acedido em 2 de outubro, 2019)

Atlas, Ronald, e Richard Bartha. 1997. “Microbial Ecology: Fundamentals and Applications”. Menlo Park, CA: Benjamin/Cummings Publ. Comp., Inc. Agência Portuguesa do Ambiente. 2019. Solos Contaminados - Guia Técnico.

Ebook. Amadora.

https://apambiente.pt/_zdata/Politicas/Solos/Guia%20Tecnico_Valores%20de

%20Referencia_2019_01.pdf. (Acedido em 15 de outubro, 2019)

Basquiroto, Fernando. 2017. "Como os carros poluem os solos?". Blog 2

Engenheiros. https://2engenheiros.com/2017/06/03/como-os-carros-poluem-o-solo/. (Acedido em 10 de outubro, 2019)

Carlon, C. 2007. “Derivation methods of soil screening values in Europe. A review and evaluation of national procedures towards harmonization”. Ebook.

Luxemburgo: Comissão Europeia, Centro Comum de Investigação, Ispra, p.304.

https://esdac.jrc.ec.europa.eu/ESDB_Archive/eusoils_docs/other/EUR22805. pdf. (Acedido em 16 de outubro, 2019)

Costa, Sandra. 2013. “Espectrofotometria de absorção atómica”. Apresentação, Lisboa, 29 de novembro, 2013.

http://repositorio.insa.pt/bitstream/10400.18/1920/1/Espectrofotometria%20de %20Absor%C3%A7%C3%A3o%20At%C3%B3mica%20com%20chama%20e %20camara%20de%20grafite.pdf

Diamantino, Catarina, Teresa Leitão e Manuel Silva. 2002. "Poluição causada pelo tráfego rodoviário nos solos e nas águas subterrâneas. um caso de estudo na EN10 - Recta do Cabo". Dissertação de Mestrado, FCUL.

Diário de Notícias. 2018. "Uminho desenvolve solução saudável para limpar solos contaminados com petróleo". https://www.dn.pt/lusa/uminho-desenvolve-

solucao-saudavel-para-limpar-solos-contaminados-com-petroleo-9969463.html. (Acedido em 16 de outubro, 2019) Digimed. 2018. “Fotômetro de Chama - Digimed”. Vídeo.

https://www.youtube.com/watch?v=eqRIMuabYpM. (Acedido em 6 de

(19)

19

Guedes, Italo. 2008. "Metais pesados em solos: metais como poluentes

ambientais". Geófagos.

http://scienceblogs.com.br/geofagos/2008/08/metais-pesados-em-solos-metais-como-poluentes-ambientais/ (Acedido em 6 de

outubro, 2019)

Johnson, Larry. 2017. "Cobre - Distúrbios Nutricionais". Manuais MSD Edição para Profissionais.

https://www.msdmanuals.com/pt- pt/profissional/dist%C3%BArbios-nutricionais/defici%C3%AAncia-e-toxicidade-minerais/cobre. (Acedido em 5 de outubro, 2019)

K+S KALI GmbH. 2019. “Cobre”. K+S KALI GmbH.

https://www.kali-gmbh.com/ptpt/fertiliser/advisory_service/nutrients/copper.html#anchor0. (Acedido em 10 de outubro, 2019)

Lourenço, Roberto, e Paulo Landim. 2005. "Mapeamento de áreas de risco à saúde pública por meio de métodos geoestatísticos". Cadernos de Saúde Pública 21 (1): 150-160. doi:10.1590/s0102-311x2005000100017.

http://www.scielo.br/pdf/csp/v21n1/17.pdf

Mantovani, Analú. 2009. "Composição Química de solos contaminados por cobre: Formas, sorção e efeito no desenvolvimento de espécies vegetais". Tese de doutoramento, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/17085/000710287.pdf?seq uence=1

Okumura, Fabiano, Éder Cavalheiro, e Joaquim Nóbrega. 2004. "Experimentos simples usando fotometria de chama para ensino de princípios de

Espectrometria Atômica em cursos de Química Analítica". Química Nova, 17 de julho, 2004. http://www.scielo.br/pdf/qn/v27n5/a26v27n5.pdf (Acedido em 16 de outubro, 2019)

Stuppiello, Bruna. 2019. "Cobre é importante para a saúde da pele e cérebro". Minha Vida”. https://www.minhavida.com.br/alimentacao/tudo-sobre/17982-cobre. (Acedido em 4 de outubro, 2019)

(20)

20

Apêndices

I - Cálculos para o solo

1.Cálculo da concentração mássica na solução aquosa:

De modo a calcular a concentração mássica (mg/kg) de Cobre (Cu) em cada uma das amostras foi necessário utilizar a reta de calibração que nos foi fornecida (Figura 4).

𝑦 = 0,1179𝑥 + 0,0063 → 𝐴𝑏𝑠 = 0,1179𝑐 + 0,0063 →

𝑐 = (𝐴𝑏𝑠 − 0,0063)/0,1179

2.Cálculo da massa de Cobre (Cu) presente na solução aquosa:

A concentração mássica de Cobre (Cu) em cada uma das amostras foi calculada no primeiro passo e a partir dessa mesma, conseguimos deduzir a sua massa. Vbalão volumétrico = 50,00 𝑚𝐿

Como sabemos que a

𝑐 =

𝑚

𝑣, então

𝑚 = 𝑐 × 𝑣

3.Cálculo da concentração de Cobre (Cu) no solo:

Como sabemos a massa de Cobre (Cu) na solução, que é igual a massa de Cobre (Cu) na amostra do solo, logo para determinarmos a concentração no solo temos que dividir a massa de Cobre (Cu) pela massa total de solo:

𝑐 = 𝑚(𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒) 𝑚(𝑠𝑜𝑙𝑜)

II - Cálculo da média aritmética da concentração de cobre para

o solo

𝜇 =

𝑐(𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 1) + 𝑐(𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 3)

Referências

Documentos relacionados

ü The germination tests must be conducted at constant temperature 30ºC for 28 days; ü The addition of gibberellic acid and alternating temperature were ineffective for seed

LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Mapa hidrográfico da bacia do Rio Preto20 Figura 02 – Unaí: município da RIDE29 Figura 03 – Eficiência no uso da água para irrigação36 Figura 04

The Anti-de Sitter/Conformal field theory (AdS/CFT) correspondence is a relation between a conformal field theory (CFT) in a d dimensional flat spacetime and a gravity theory in d +

No módulo 37, ainda na parte do violoncelo, temos mais uma vez o material de tremolo na mão esquerda; porém, dessa vez Santoro o coloca junto com um glissando, de cuja primeira

A orientação da prática de Ensino Supervisionada é realizada por um docente da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, adiante denominado orientador

Assim, ao longo deste relatório estão descritas as responsabilidades do farmacêutico hospitalar e mais precisamente a realidade do Hospital Privado da Boa Nova, tais como, a

Assim, existem gavetas destinadas aos cremes, géis e pomadas, outras destinadas aos enemas, supositórios e produtos de introdução vaginal, ainda as gavetas reservadas aos

7.&#34; Uma outra doença que como já disse, pode confundir-se também com a siringomielia, é a esclerose lateral amiotró- flea; mas n'esta doença, além de ela ter uma evolução