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Um dos recursos recorrentes, em estudos acadêmicos e empíricos, para explicar o desempenho

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Academic year: 2021

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Kadígia Faccin* Janaina Macke**

Denise Genari***

Resumo

U

m dos recursos recorrentes, em estudos acadêmicos e empíricos, para explicar o desem- penho de comunidades, nações e redes interorganizacionais, nas últimas duas décadas, foi o capital social, denotado como um recurso marcadamente competitivo. Este estudo tem como objetivo medir o capital social de redes colaborativas vitivinícolas da Serra Gaúcha. Quanto ao método, realizou-se uma extensa investigação teórica sobre o capital social e redes de colaboração. Foram construídas variáveis relacionadas aos contextos das redes, dando origem ao questionário do tipo survey, para medição do capital social. Foram utilizadas técnicas de análise quantitativas e estatísticas descritivas. O estudo demonstrou a presença de altos índices de capital social, no cluster vitivinícola, distribuídos uniformemente entre as três dimensões estudadas: relacional, estrutural e cognitiva. Ainda, perante os resultados, tornou-se possível afi rmar que diferentes combinações de elementos vinculados ao capital social levam a resultados diferenciados, ou a realidades organizacionais idiossincráticas.

Palavras-chave: Capital social. Redes colaborativas. Redes vitivinícolas da Serra Gaúcha. Survey.

Measuring Social Capital in Brazilian Winegrowing Collaborative Networks in Serra Gaucha

Abstract

A

common resource in academic and empirical studies used to explain the performance of communities, nations and interorganizational networks in the last two decades has been social capital.. This study aims to measure social capital in collaborative networks of the wine cluster of Serra Gaúcha (Brazil). Initially, we conducted extensive theoretical research on social capital and collaborative networks in order to build variables related to the networks context and to create a survey in the form of a questionnaire for measuring social capital. We used techniques of quantitative analysis and descriptive statistics. The study shows a presence of high levels of social capital evenly distributed in the Brazilian wine industry in the three dimensions studied: relational, structural and cognitive. The results also show that the different combinations of social capital elements can lead to different results, or idiosyncratic organizational realities.

Keywords: Social capital. Collaborative networks. Wine industry networks of Serra Gaúcha.

Survey.

1 Os autores agradecem ao apoio de suas respectivas afi liações, do Conselho Nacional de Desenvol- vimento Científi co e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

* Doutoranda em Administração pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Professora titular da Faculdade da Serra Gaúcha – FSG, Caxias do Sul/RS/Brasil, e da Faculdade Cenecista de Bento Gonçalves – CNEC-Bento. Endereço: Rua Os Dezoito do Forte, 2366. Caxias do Sul/RS. CEP:

95020-472. E-mail: kadigia@gmail.com

** Pós-Doutorado em Desenvolvimento Territorial (bolsista CAPES), pela Université Joseph Fourier (Grenoble/França). Professora do Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade de Caxias do Sul – UCS, Caxias do Sul/RS/Brasil. E-mail: jmacke@terra.com.br

*** Mestre em Administração pela UCS. Professora Titular da CNEC Bento, Bento Gonçalves/RS/Brasil.

E-mail: denisegenari@hotmail.com

(2)

Introdução

A

s ações dos atores envolvidos em rede são mais do que uma simples adaptação passiva, já que os relacionamentos englobam o enfrentamento das difi culdades co- muns e a busca de soluções conjuntas através das diversas capacitações reunidas e daquelas originadas pela sinergia coletiva (VERSCHOORE; BALESTRIN, 2006).

Diante dessa característica da sociedade do conhecimento, em que a colabo- ração se apresenta como impulsionadora dos resultados e as redes colaborativas parecem facilitar o acesso a informações, recursos e competitividade empresarial, parece oportuno questionar: por que algumas organizações em redes colaborativas têm bom desempenho a longo prazo e outras não? Depende o desempenho de uma rede colaborativa apenas do contexto econômico? São importantes os contextos social e cultural? Enfi m, de que fator ou fatores emerge essa sinergia coletiva que garante vantagens competitivas ou melhoria na competitividade?

Os principais fatores que levam à manutenção dessa sinergia são a confi ança entre os atores da rede, as normas compartilhadas, os valores híbridos, a identidade coletiva, a cultura e, dentre outras mais, as condições históricas. Diante do exposto, esse “coquetel sociológico” fi cou conhecido como capital social.

O conceito de capital social teve um grande desenvolvimento a partir dos anos noventa, devendo-se principalmente aos trabalhos de Putnam (2002), Coleman (1988), Nahapiet e Ghoshal (1998) e Onyx e Bullen (2000).

Acredita-se que o capital social possa infl uenciar desde aspectos relacionados ao bem-estar e à sustentabilidade em uma sociedade, conforme destacado nos tra- balhos de Fukuyama (1996; 2000) e Christoforou (2011), ou às comunidades (ONYX;

BULLEN, 2000).

Ainda, o capital social pode infl uenciar o desempenho de uma organização individual, como destacam Watson e Papamarcos (2002) e Leana e Buren (1999), ou mesmo aspectos relacionados à sustentabilidade e à manutenção de vantagens competitivas de uma rede de organizações, podendo ser destacados os trabalhos de WU (2008), Su et al. (2005), Kemper et al. (2011) e Badrinarayanan et al. (2011), que consideram o capital social como recurso estratégico.

Neste estudo, tornou-se claro o papel do capital social, na conversão da cola- boração em força produtiva (ONYX; BULLEN, 2000), por meio de uma análise quan- titativa conduzida em duas redes colaborativas localizadas no cluster vitivinícola da Serra Gaúcha. As redes envolvidas no estudo foram a APROVALE (Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos) e a APROBELO (Associação dos Vitivinicultores de Monte Belo do Sul). Acredita-se que as constatações desta pesquisa possam redirecionar os processos de formação e de gestão das redes no que tange a sua evolução, visto que as vinícolas estão adotando, cada vez mais, ações estratégicas coletivas, cuja base de sustentação poderá se pautar no seu estoque de capital social.

Contexto Estudo

O cluster produtivo da serra gaúcha é responsável por 80% da produção na- cional de vinhos (FENSTERSEIFER, 2007) e é a maior área vitivinícola do Brasil, com aproximadamente 31.000 hectares de vinhedos plantados (PROTAS et al., 2011). A produção de uvas no cluster da serra gaúcha é uma atividade rural típica de pequenas propriedades familiares que apresentam em média de 2,5 a 4 hectares plantados.

O cluster vitivinícola é caracterizado por uma ampla cadeia de fornecedores e de organismos reguladores. A melhoria tecnológica é suprida por entidades federais e estaduais, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), a As- sociação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (FEPAGRO), a Empresa de Pesquisa Agrícola de Santa Catarina (EPAGRI), o Centro Federal de Ensino Técnico de Bento Gonçalves (CEFET-BG) e centros de estudo e pesquisa como a Universidade de Caxias do Sul (UCS), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

(3)

A coordenação estratégica do cluster está a cargo do IBRAVIN (Instituto Brasi- leiro do Vinho), instituição responsável pela articulação e encaminhamento de ações coletivas para o setor. Deve ser destacado, também, o consórcio de exportação “Wines from Brazil”, que tem apoio da Agência de Promoção de Exportações (APEX). Apesar da ampla cadeia de articulação existente no cluster, há sistemática diminuição na co- mercialização de vinhos fi nos brasileiros no mercado nacional. Essa situação deve-se, principalmente, à concorrência com os vinhos importados (FENSTERSEIFER, 2007).

Além de um cenário desfavorável de concorrência global intensifi cada, existem condições internas que afetam negativamente a indústria vinícola, como o baixo con- sumo per capita de vinho no mercado nacional, a ausência de uma cultura de consumo regular e moderado de vinho durante as refeições, a falta de imagem como um país produtor de vinho (devido à pouca importância do setor para a economia nacional), além da falta de políticas governamentais de apoio a indústria (como exemplo, pode- -se citar a taxação da importação) e a alta incidência de impostos (FENSTERSEIFER, 2007; UVIBRA, 2006).

Como resultado das pressões competitivas, decorrentes da globalização e das já descritas situações, as empresas em geral têm cada vez mais incorporado a cooperação com outras empresas em suas estratégias. Os efeitos sinérgicos das ações e esforços coletivos, além de reforçar as evidências de uma melhoria quantitativa do desempe- nho, contrapesam as defi ciências do setor e dão sustentabilidade à indústria vinícola.

Capital Social em Redes de Empresas

Medir o capital social tornou-se importante, tendo em vista que ele é um recurso produtivo, que facilita a cooperação espontânea, aumenta a efi ciência da sociedade, facilita as ações coordenadas, tornando-se um atributo da estrutura social (PUTNAM, 2002). Assim, medir o capital social é importante para a determinação do potencial competitivo, já que ele pode ser considerado um recurso relevante para as organiza- ções em redes colaborativas.

Neste sentido, o capital social é uma cola que prende todos os agentes sociais;

inclui a partilha de valores e regras de conduta social, o qual se expressa em rela- cionamentos pessoais, confi ança e um senso comum de responsabilidade que torna a sociedade mais do que apenas uma coleção de indivíduos (WORLD BANK, 2011).

Dada a importância da avaliação do capital social, torna-se necessário reco- nhecer as principais defi nições encontradas na literatura sobre capital social e como o assunto vem se desenvolvendo ao longo do tempo, conforme se pode observar no quadro abaixo:

Quadro 1 - Defi nições de Capital Social

Referência Defi nição Tocqueville, apud

Putnam (2002)

Não utilizou o termo capital social, mas destacou em sua obra Democracy in América a arte das associações na manutenção da democracia (publicado pela primeira vez em 1830).

Seeley (1950),

apud Araujo (2003) A afi liação de moradores suburbanos a clubes e associações facilitava o acesso a outros bens e a direitos, ainda que simbólicos.

Hanifan (2008)

Defi niu-o como o conjunto dos elementos intangíveis que mais contam na vida quo- tidiana das pessoas, tais como a boa vontade, a camaradagem, a simpatia, as re- lações sociais entre indivíduos e a família. Hanifan parte da ideia de que as redes sociais podem ter valor econômico (publicado pela primeira vez em 1916).

Jacobs (1992)

O termo ‘capital social’ destaca a importância chave – para a sobrevivência e funcio- namento das comunidades – das fortes redes de relacionamento pessoal desenvol- vidas ao longo do tempo, as quais proveem a base para a confi ança, cooperação e ações coletivas nessas comunidades (publicado pela primeira vez em 1965).

Loury e Light (1970), apud Araujo (2003)

Usaram a expressão, quando verifi caram a relativa ausência de pequenos negócios entre os negros e evidenciaram que essa incapacidade de cooperar e confi ar era um dos legados da escravidão (consideraram o histórico).

– Continua –

(4)

Fonte: elaborado pelos autores para servir como referencial teórico.

As diferentes concepções de capital social levam, também, a diferenças de concepções de suas fontes e determinantes. Entre as principais fontes para a criação de capital social estão as normas partilhadas e a confi ança (PUTNAM, 2002). O efeito combinado desses construtos cria um grupo forte pautado na colaboração (ONYX;

BULLEN, 2000).

As normas sociais são regras informais que condicionam o comportamento. De maneira geral, não são escritas, mas compreendidas segundo os padrões de com- portamento valorizados ou socialmente aprovados. Uma das principais normas é a

“reciprocidade” (COMISSION RESEARCH PAPER, 2003), pois destaca um compromisso de retribuição de favores entre aqueles que cooperam.

A confi ança permite que a colaboração ocorra na ausência de sanções (ONYX;

BULLEN, 2000); ela é a expectativa que nasce em um grupo que tem comportamento estável, honesto, cooperativo, baseado em normas compartilhadas (FUKUYAMA, 1996).

Granovetter (1985) enfatizou o potencial que as redes têm para promover a confi ança, já que esta nasce das regras de reciprocidade e dos sistemas de participação cívica (PUTNAM 2002; COLEMAN, 1988).

O capital social difere de outras formas de capital, na medida em que é ge- ralmente “criado e transmitido por mecanismos culturais como religião, tradição ou hábito histórico” (FUKUYAMA, 1996, p. 41). Putnam (2002) afi rma que é possível produzir capital social mudando hábitos e dinâmicas sociais, porém, isso demandaria anos. Logo, o legado histórico traz importantes contribuições para os determinantes do capital social de um grupo.

Ao estudar a importância do capital social e sua infl uência na criação de capital intelectual, Nahapiet e Ghoshal (1998) propuseram três dimensões de análise para o

Bourdieu (2001, p.

134)

Ao abordar questões relacionadas ao espaço social, o autor afi rma que “o capital representa um poder sobre um campo (num dado momento) e, mais precisamente, sobre o produto acumulado do trabalho passado (...)”. Também destaca que “as espécies de capital, à maneira dos trunfos num jogo, são os poderes que defi nem as probabilidades de ganho num campo determinado (...)”. Bourdieu defi ne a posição de um determinado agente no espaço social “pela posição que ele ocupa nos dife- rentes campos, quer dizer, na distribuição de poderes que atuam em cada um deles, seja, sobretudo, o capital econômico - nas suas diferentes espécies -, o capital cul- tural e o capital social e também o capital simbólico, geralmente chamado prestígio, reputação, fama (...)”.

Coleman (1990, p.

302) “Aquelas características da organização social, tais como confi ança, normas e redes que podem melhorar a efi ciência da sociedade, por facilitarem ações coordenadas”.

Putnam (2002, p.

117)

“(...) capital social diz respeito a características da organização social como confi an- ça, normas e sistemas, que contribuem para aumentar a efi ciência da sociedade, facilitando ações coordenadas”.

Portes (1998, p. 7) “O capital econômico está nas contas bancárias das pessoas, o capital humano está dentro de suas cabeças, o capital social está nos seus relacionamentos”.

Nahapiet e Ghoshal

(1998, p. 243) “Capital social é a soma dos recursos reais e potenciais envolvidos, avaliados e deri- vados das redes de relacionamento tidas por um indivíduo ou unidade social”.

Durston (1999) – CEPAL Comissão Econômica para América Latina e

Caribe

Conteúdo de certas relações sociais, que combinam atitudes de confi ança, com con- dutas de reciprocidade e cooperação, que proporciona maiores benefícios para aque- les que o possuem, do que se poderia obter sem este ativo.

Onyx e Bullen

(2000) Capital social é uma força de poder do povo e, portanto, igualmente acessível a to- dos. É matéria bruta da sociedade civil.

Fukuyama (2000,

p. 209) “(...) normas ou valores, além dos necessários às transações habituais de mercado”.

Araujo (2003, p.

10) “Capital social é a argamassa que mantém as instituições em contato entre si e as vincula ao cidadão, visando à produção do bem comum.

World Bank (2011) As instituições, relações e normas, que confi rmam a qualidade e a quantidade das interações sociais de uma sociedade.

OECD (2011) Redes em conjunto com normas, valores e entendimentos, que facilitem a coopera- ção dentro ou entre os grupos.

(5)

capital social: (i) dimensão estrutural: refere-se ao padrão de conexão entre os atores e inclui as conexões e confi gurações de rede que descrevem o padrão de ligações em termos de mensuração, tais como densidade, conectividade, hierarquia e adequação organizacional; (ii) dimensão relacional: se refere aos ativos que são criados e alavan- cados por meio do relacionamento e incluem atributos como identifi cação, confi ança, normas, sanções, obrigações e expectativas; (iii) dimensão cognitiva: refere-se às visões compartilhadas, interpretações e sistemas de signifi cações, como a linguagem, códigos e narrativas.

Essas dimensões não são passíveis de análise fracionada, uma vez que se apresentam altamente relacionadas. Elas foram criadas, apenas, para facilitar o en- tendimento da constituição desse recurso estratégico e a análise dos benefícios para as organizações.

Dada a necessidade de se entender os diferentes desempenhos apresentados pelas organizações, quando todas as entidades tinham acesso aos mesmos tipos de recur- sos, Putnam (2002) realizou uma pesquisa e acabou por valorizar, sobretudo, a cultura cívica, o civismo, a cultura política e as tradições republicanas da sociedade, ou seja, fatores importantes para a existência de capital social, os quais geram poder coletivo.

Para Callois e Aubert (2007), essa ideia é convincente, por três razões:

i. o capital social implica muitos laços ou interconexões que podem transmitir informações (COLEMAN, 1988, HAEZEWINDT, 2003), e as informações re- levantes são muitas vezes custosas; assim, aqueles que têm acesso mais fácil terão vantagens decisivas;

ii. a prevalência de confi ança e fi delidade permite diminuição dos custos de transação (MORGAN, 2000; SKIDMORE, 2001; FUKUYAMA, 1996; HAE- ZEWINDT, 2003);

iii. as relações sociais facilitam a ação coletiva e podem envolver a fabricação de bens públicos, que permitem aumentar a produção (KEMPER et al., 2011) e a inovação (MORGAN, 2000; SKIDMORE, 2001).

Então, capital social é mesmo capital? Narayan e Pritchett (1997, p. 3) defi nem

“capital” como “algo acumulado e que contribui para um rendimento mais elevado ou melhores resultados”. Mesmo destacados os diferenciais econômicos trazidos pela existência de capital social, alguns cientistas sociais têm argumentado que capital so- cial não dispõe das propriedades do capital econômico e deverá ser chamado de outra coisa que não capital. Em um Workshop patrocinado pelo Banco Mundial sobre capital social, em 1999, alguns economistas alegaram que o termo capital não deveria ser utilizado para determinar esse recurso, pois a sua obtenção não implicava sacrifícios de aquisição, tampouco custos de oportunidade (ROBISON et al., 2002). A pesquisa de Robison et al. (2002) compara o capital social a outras formas de capital, evidenciando que ele possui as mesmas propriedades dos bens de capital físico, dentre elas: tem capacidade de transformação, capacidade de criar outra forma de capital (NAHAPIET;

GHOSHAL, 1998), possibilita novos investimentos e pode, também, depreciar.

Portanto, esse conjunto de recursos sociais é, então, capital. Desta forma, re- presenta recurso estratégico das organizações. Paldam e Svendsen (1999) cogitam até a futura inclusão do capital social diretamente como um fator na função de produção.

Em termos gerais, ter-se-ia a função com os fatores de produção capital físico (K), trabalho (L), capital humano (H) e o capital social (Q): Y = f (K, L, H, Q). Portanto, assim como outras formas de capital, o capital social é, também, produtivo (PUTNAM, 2002), podendo facilitar as ações coordenadas e colaborativas que incrementarão os resultados econômicos. O capital social gera “externalidades positivas” (SAGUARO GROUP, 2008), à medida que possibilita a realização de certos objetivos que sem ele seriam inatingíveis e limitariam as oportunidades (CALLOIS; AUBERT, 2007; SKIDMORE, 2001; KEMPER et al., 2011; CHRITOFOROU, 2011), ou seja, contribui para resultados melhores. O capital social atua positivamente e sua ausência representa obstáculo intransponível ao desempenho organizacional (PUTNAM, 2002).

(6)

Método de Pesquisa

O conceito de capital social, embora já consagrado na academia, ainda suscita dúvidas metodológicas e há uma grande preocupação na criação de instrumentos válidos para sua medição (PUTNAM, 2002; NAHAPIET; GHOSHAL, 1998; ONYX; BUL- LEN, 2000). A principal difi culdade está no fato de que o capital social é, em grande parte, defi nido por suas funções e resultados, o que faz com que o conceito precise ser avaliado a partir da presença de elementos, como confi ança, cooperação, normas sociais, sistemas de participação e regras de reciprocidade. Desta forma, o presente trabalho pretende trazer importante contribuição metodológica para a academia envol- vida em sanar a difi culdade de mensuração do capital social em redes colaborativas.

A fi m de avaliar o capital social em redes colaborativas, realizou-se uma extensa investigação teórica na literatura dos estudos mais importantes sobre o capital social e redes de colaboração. O grupo de pesquisa TSO realizou uma meta-análise e, a partir desta, construíram-se variáveis que poderiam fazer parte de um levantamento de capital social, no contexto de rede.

A versão fi nal do instrumento aplicado continha 45 variáveis divididas em dois blocos: (i) variáveis de capital social; e (ii) variáveis de controle (número de empre- gados, o tempo dedicado às atividades de rede, motivação para participar na rede, a receita da empresa, tempo de associação, sexo, idade e nível educacional). Todos os itens foram medidos, usando escala de Likert com cinco pontos (1 = discordo fortemente, a 5 = concordo totalmente). Antes da aplicação do questionário, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, com três especialistas em redes colaborativas e teoria do capital social, para validar os itens da escala usada. Também, aplicamos um pré-teste com dez entrevistados.

A versão fi nal do questionário foi aplicada nas empresas do cluster vitiviníco- la da Serra Gaúcha (foram entrevistados todos os diretores das redes APROVALE e APROBELO). Os dados foram submetidos à análise fatorial e correlações bivariadas.

Fatores Explicativos do Capital Social nas Redes APROVALE e APROBELO

Objetivando avaliar a composição do capital social e demonstrar que existe uma associação entre essas variáveis e os fatores explicativos do capital social (dimensões), nas redes APROVALE e APROBELO, a análise estatística produziu três dimensões laten- tes (fatores) que resumem ou explicam o conjunto original das variáveis observadas.

Juntos, os três fatores explicam 67,365% da variância total, o que, para um estudo exploratório, é um bom resultado.

As respostas da amostra foram submetidas à análise fatorial do tipo PCA (Principal Component Analysis), com rotação varimax e tratamento pairwise (consi- deradas todas as observações válidas de cada variável), para os dados omissos. O índice de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) de adequação da amostra foi de 0,848 e o teste de esfericidade de Bartlett – Bartlett’s Test of Sphericity – signifi cativo indicaram a fatorabilidade dos dados.

Após a exploração dos dados, a solução fi nalmente adotada utilizou 21 dos 28 itens originais. Esta exploração foi feita com base interativa e adotou alguns critérios.

Os itens excluídos da solução fi nal apresentavam pouca relação com os fatores encontrados. Em geral, tais itens corresponderam a uma das seguintes categorias: (i) questões relacionadas ao governo ou à ação das políticas do governo ou de institui- ções governamentais, por exemplo, a variável “7 – As atitudes tomadas pelo governo poderiam afetar minha empresa”. Provavelmente, não fi cou claro para o respondente se a questão está se referindo aos efeitos positivos ou negativos das ações tomadas pelo poder público. Também, já se apresentou no decorrer do texto que faltam políticas governamentais para o setor, bem como ações fi scais para redução da carga tributária, que é de 42%; (ii) questões relacionadas com a confi ança e a troca de informações confi denciais, como, “9 – A maioria das pessoas da rede é confi ável”; e “17 – Dentro

(7)

da rede é necessário estar atento para que ninguém tire vantagem da situação”; e, ainda a variável “20 – Troco informações confi denciais com os parceiros da rede”.

Provavelmente, as situações apontadas acima foram excluídas da análise porque es- tão relacionadas à baixa relação com a existência de capital social. Logo, descobertos os níveis de capital social apresentados na sequência do estudo, percebe-se que tais variáveis não condizem com a realidade das redes estudadas; e (iii) questões relacio- nadas à estruturação da rede como, por exemplo, “23 – A rede possui uma estrutura hierárquica (presidente, diretoria, associados ou cargos diferenciados...)”. Esta questão também está relacionada com baixos estoques de capital social, determinando que as relações da rede são mais verticalizadas e apresentam estrutura hierárquica rígida. Na visão de Coleman (1988) e de seus seguidores, o capital social se desenvolve a partir de laços horizontais, e não verticais (hierárquicas), o que corrobora com a exclusão da variável, anteriormente citada, da análise.

Assim, após as alterações citadas, obtiveram-se os resultados fi nais da análise fatorial, como se verifi ca na Tabela 1. Com o intuito de verifi car a consistência das variáveis em cada fator, foram calculados os valores para o Alfa de Cronbach e das cargas fatoriais que representam a correlação de cada variável com o fator. Assim, o Alpha de Cronbach do Instrumento para o construto de Capital Social foi de 0,928, o que refl ete uma excelente intensidade de associação (HAIR; JOSEPH, 2005, p. 200).

Conclui-se, então, que os itens selecionados para compor as dimensões do capital social podem ser combinados para mensurar o capital social de redes colaborativas de forma coerente.

Tabela 1 – Dimensões de Capital Social

Dimensão Variável Carga Média

Relacional 0,919*

8- Mesmo minha opinião sendo contrária à da maioria dos outros mem-

bros da rede, eu me sinto confortável para debater. 0,801 3,65 18- Nas atividades formais da rede, sinto que faço parte de um grupo. 0,801 3,63 12- As diferenças existentes entre as empresas do grupo não prejudicam a rede. 0,790 3,32 15- Dentro da rede, os integrantes pensam e agem de acordo com os

interesses de todos. 0,697 3,31

14- Quando necessito de ajuda, posso contar com os outros integrantes da rede. 0,642 3,23 21- Dentro da rede, existem várias oportunidades para a troca de informações. 0,621 3,13 6- As semelhanças (gostos, crenças, cargos...) entre os participantes fa-

cilitam a dinâmica da rede. 0,567 3,26

11- Eu me identifi co com os membros da rede. 0,532 3,65

10- Os integrantes da rede buscam sempre colaborar entre si, através de

ideias, recursos, informações etc. 0,487 3,51

Estrutural 0,923*

13- Problemas de pessoal e de formação da minha empresa são frequen-

temente discutidos em reuniões da rede. 0,806 2,40

26- Tenho contato com os integrantes da rede ao menos uma vez por semana. 0,784 2,86 22- Considero os integrantes da rede como meus amigos. 0,705 3,71 24- Se necessito de uma informação para uma tomada de decisão, eu sei

aonde encontrá-la na rede. 0,656 3,18

2- Os integrantes da rede sempre dividem as informações com os demais. 0,638 3,38 27- A rede organiza atividades coletivas com nossos parceiros: treina-

mentos, feiras e eventos, em geral na sociedade local. 0,612 3,26 5- Não há obstáculos à comunicação entre minha empresa e os parceiros

da rede na troca de conhecimentos profi ssionais. 0,588 3,48 25- A rede se relaciona com outras entidades, com outras associações de

empresas, sindicatos, órgãos governamentais, universidades, entre outros. 0,584 3,74 4- Participo da rede porque concordo com o objetivo pelo qual a mesma

foi criada. 0,561 3,93

– Continua –

(8)

Fonte: elaborada pelos autores com base no estudo aqui retratado.

O capital social das redes é ilustrado, principalmente, pela dimensão relacional do capital social, a qual explica 25,604% da variância total. Esta é seguida pela di- mensão estrutural, que explica 25,279% da variância total. E, com o menor valor das principais dimensões que explicam a confi guração do capital social no cluster, está a dimensão cognitiva, que esclarece 16,482% da variância total. O total da variância explicada pelo construto foi de 67,365%. Isso signifi ca que, para o modelo construído, os dois primeiros fatores são responsáveis por representar mais da metade do estoque de capital social encontrado nas redes estudadas.

Os resultados chamam a atenção, em especial, para o fato de que as médias das variáveis que compõem os fatores são muito próximas, sendo a menor 2,40 e a maior, 3,74. Calculando-se a média das médias de cada dimensão, esta proximidade fi ca clara, visto que, para a dimensão cognitiva, tem-se 3,37, para a estrutural, 3,33 e para a relacional, chega a 3,41. Portanto, de acordo com as médias apresentadas pelo construto, conclui-se que há índices de capital social de valor signifi cativo no cluster vitivinícola e um equilíbrio geral entre as dimensões encontradas. Para Nahapiet e Ghoshal (1998), existem quatro condições principais que levam ao desenvolvimento das três dimensões de capital social, a saber – tempo, interação, interdependência e fechamento – as quais, ao estarem todas presentes, conduzem a níveis elevados de capital social, como evidencia o estudo aqui retratado.

Mesmo após terem criado o modelo teórico das dimensões para a análise do capital social, Nahapiet e Ghoshal (1998) enfatizam a difi culdade de promover a análise fracionada das dimensões, tendo elas apenas sido criadas para facilitar o entendimento da constituição desse recurso estratégico. Mesmo cientes de tal preceito, a seguir, serão discutidos os resultados referentes a cada uma das dimensões subjacentes, para facilitar a compreensão dos dados.

Dimensão relacional

O Alpha de Cronbach da dimensão de Capital Social Relacional demonstrou uma excelente intensidade de associação entre os fatores, que é 0,919. Os dados apontam que a maior média (3,71) entre as dimensões exploradas é a relacional, que está profundamente ligada ao relacionamento e aos laços da rede.

Essa dimensão envolve os relacionamentos desenvolvidos através de um histórico de interações (GRANOVETTER, 1973), bem como as normas, as obrigações, as expec- tativas e a identifi cação social do grupo. Cabe destacar que todos esses fatores são constituídos, segundo Putnam (2002) e Fukuyama (1996), a partir das raízes históricas.

No que tange a raízes históricas, o contexto em que estão inseridos os dois casos estudados tem ligação com a chegada dos primeiros imigrantes italianos. A religião católica foi um dos fatores que favoreceu a formação de tais comunidades pelos italianos (CAPRARA; LUCHESE, 2005).

Assim, partindo-se desse histórico de interações pautado na colaboração e na ajuda mútua, pode-se afi rmar, com alguma margem de segurança, que há homo- geneidade sociológica nos grupos estudados, associada principalmente às tradições vitivinícolas. Cabe destacar que os moradores do local ainda hoje compartilham difi - culdades e anseios, dado que a fabricação de um produto praticamente homogêneo (vinho) foi criando no seu entorno outras atividades, como o turismo e a gastronomia.

Seguindo-se na avaliação dos dados, despontou, na análise fatorial com maior média na dimensão (3,65), a variável “11 – Eu me identifi co com os membros da rede”. Acredita-se, que no cluster vitivinícola da Serra Gaúcha a dimensão relacional do capital social está bastante ligada à ideia de pertença e/ou de identifi cação social,

Cognitiva 0,705*

1- A maioria dos integrantes conhece e concorda com o objetivo da rede. 0,557 3,74 3- O objetivo da rede é claro, também, para quem não participa da mesma. 0,217 2,85 16- A maioria dos membros da rede participa dos eventos propostos pela

mesma (reuniões, feiras, palestras, seminários, viagens etc.). 0,026 3,53

(9)

já que há interação entre os membros da rede, antes mesmo da sua fundação, e de devoção à organização, o que poderia se chamar de fi delidade à rede, visto que exis- tem expectativas compartilhadas de que a rede possa vir a melhorar os resultados econômico-fi nanceiros de suas empresas.

Essas expectativas que são compartilhadas pelos atores da rede, provavelmente, determinam as ações conjuntas, como manifesta a variável “15 – Dentro da rede os integrantes pensam e agem de acordo com os interesses de todos”, reforçando a ideia de que a dimensão relacional do capital social, neste estudo, refl ete as características dos sistemas de participação cívica, o que permite a criação de um modelo de cola- boração. Este modelo elaborado a partir de todos os êxitos alcançados no processo de colaboração e que constituem fatores de continuidade do processo de mudança social (PUTNAM, 2002). Neste sentido, podem-se avaliar, também, as obrigações e expectativas desencadeadas na fundação da rede, uma vez que, para as duas redes, tal expectativa representou a motivação para a colaboração.

A APROVALE uniu-se, com vistas à conquista da indicação geográfi ca. As Indi- cações Geográfi cas se referem a produtos ou serviços que tenham uma origem geo- gráfi ca específi ca. Seu registro reconhece reputação, qualidades e características que estão vinculadas ao local. Como resultado, elas comunicam ao mundo que certa região se especializou e tem capacidade de produzir um artigo diferenciado e de excelência (APROVALE, 2011). Já a APROBELO foi fundada objetivando o reconhecimento da agre- gação de valor e a qualifi cação do produto que, até então, era artesanal (APROBELO, 2011). Nesta, provavelmente, as obrigações tenham estado ligadas à industrialização e às expectativas, possivelmente, associadas à qualidade do produto e à aceitação do mesmo pelo mercado. As obrigações e expectativas de uma organização postulam que a participação em uma comunidade cívica pressupõe mais espírito público do que individual e que seja mais voltada para vantagens partilhadas, as quais são caracte- rísticas da dimensão relacional do capital social.

Seguindo na análise, dentre as variáveis de maiores médias está a “8 – Mesmo minha opinião sendo contrária à da maioria dos outros membros da rede, eu me sinto confortável para debater”. Tomando como fonte de análise essa variável, parece provável afi rmar a existência de virtuosidade entre aqueles que participam da rede, o que, logi- camente, vem determinando o civismo coletivo e o fortalecimento do espírito público.

Para Putnam (2002), os cidadãos virtuosos são prestativos, respeitosos e con- fi antes uns nos outros, mesmo quando divergem em relação a assuntos importantes, confi rmando, portanto, os resultados da pesquisa. O referencial de Putnam (2002) serve, pois, para ajudar a explicar o que foi encontrado neste estudo. Conforme a variável “14 – Quando necessito de ajuda, posso contar com os outros integrantes da rede”, observa-se que existe sentimento de prestatividade ou prestimosidade entre seus membros ou, ainda, que os membros estão sempre dispostos a servir uns aos outros.

Nesta mesma perspectiva de análise, está a variável “12 – As diferenças exis- tentes entre as empresas do grupo não prejudicam a rede”. Esta parece indicar que há sentimentos de que todas as empresas participantes da rede se tratam com grande atenção, profunda deferência e consideração. Tais características aludem à ideia de que há respeito mútuo nas redes estudadas.

Ainda, os conteúdos das variáveis “18 – Nas atividades formais da rede, sinto que faço parte de um grupo” e “10 – Os integrantes da rede buscam sempre colaborar entre si” expressam os sentimentos de aliança e coalizão colaborativa. O s u c e s s o econômico visível da região do Vale dos Vinhedos e da APROVALE e a rapidez com que está se desenvolvendo o município de Monte Belo do Sul, onde esta associação está situada, justifi cam-se, em parte, pela existência de ações de participação cívica e espírito público evidenciadas pelas variáveis consideradas no estudo.

Além disso, a variável “21 – Dentro da rede existem várias oportunidades para a troca de informações” apoia a ideia de que a dimensão relacional do capital social, aqui estudada, refl ete as características dos sistemas de participação cívica, visto que permitem a melhoria dos fl uxos de informação e comunicação que, para Putnam (2002, p. 183), está entre os principais efeitos da existência de respeito, prestativi- dade, confi ança e virtuosidade.

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No presente estudo, dada a direção apontada pelos resultados ligados à variável

“6 – As semelhanças (gostos, crenças, cargos...) entre os participantes facilitam a dinâmica da rede” (média de 3,26), acredita-se que é baixa a tolerância à diversidade.

Tal constatação pode indicar que as redes em estudo possuem alto nível de capital social de conexão ou união (bonding social capital), que é muito útil no apoio mútuo.

Círculos familiares, de amizade ou de comunidades fechadas são propícios à criação de laços fortes, porque as pessoas têm origem na mesma comunidade geográ- fi ca e têm características idênticas de formação demográfi ca e cultural. Para Sequeira e Rasheed (2006), os imigrantes se estabeleceram, historicamente, em comunidades caracterizadas por fortes laços de aproximação.

Partindo-se desta explanação, procurou-se comparar este estudo a outros dois puramente teóricos, o estudo de Nahapiet e Ghoshal (1998) e o de Vallejos et al.

(2008). Assim, percebeu-se que os três estudos apresentam relações semelhantes.

Desponta, neste estudo, a contribuição de que o histórico de interações que deter- minam a dimensão relacional do capital social no cluster vitivinícola da Serra Gaúcha está vinculado, principalmente, à existência de uma fi delização e participação fl uída dos associados às redes. Parece, então, possível destacar que a manutenção dos laços entre os associados se dá, principalmente, pela sociabilidade e aceitação, conforme destacado no quadro abaixo:

Quadro 1 – Contribuições do Estudo para Capital Social Relacional

Nahapiet e Ghoshal (1998) Vallejos et al (2008) Elementos Vinculados à Dimensão Relacional no Presente Estudo Confi ança

Normas

Obrigações e expectativas Identifi cação social

Confi ança

Normas de reciprocidade Participação

Obrigações

Tolerância a diversidade

Civismo/Espírito público/Fidelidade Respeito

Prestatividade Identifi cação Social/Expectativas Colaboração Fonte: elaborado pelos autores com base no estudo retratado.

Dimensão estrutural

A dimensão estrutural explica um percentual de variância muito próximo do da relacional. O Alpha de Cronbach da dimensão de Capital Social Estrutural demons- tra uma excelente intensidade de associação entre os fatores, sendo de 0,923. Esta dimensão está intimamente ligada à estruturação da rede, em que se identifi cam, principalmente, as conexões e a intencionalidade da rede.

A associação das variáveis dessa dimensão aponta para uma elevada relação com a combinação de informações e a troca de conhecimentos, verifi cada na variável

“24 – Se necessito de uma informação para uma tomada de decisão, eu sei aonde encontrá-la na rede, e na “5 – Não há obstáculos à comunicação entre minha empresa e os parceiros da rede, na troca de conhecimentos profi ssionais”.

A combinação de informações e a troca de conhecimentos constituem o principal benefício da confi guração da rede. Visto que a confi guração da rede é que determina os principais canais de informação (NAHAPIET e GHOSHAL, 1998), nota-se que, nas variáveis referidas no parágrafo anterior, o cerne da questão é, efetivamente, a tro- ca de conhecimentos ou a discussão de problemas, evidenciando-se dois benefícios principais: o acesso à informação relevante em curto período de tempo e a agilidade na tomada de decisão empresarial.

Dentro da rede, as reuniões têm um papel fundamental, pois promovem a troca de experiências, o compartilhamento de informações e a integração dos envolvidos (VALLEJOS, 2008). Essas características são destacadas, por exemplo, pela variável

“5 – Não há obstáculos à comunicação entre minha empresa e os parceiros na troca de conhecimentos profi ssionais”. Já a existência da segurança de que as trocas têm, efetivamente, proporcionado valor para a rede é checada pela variável “4 – Participo da rede, porque concordo com o objetivo pela qual a mesma foi criada”.

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Ficam, também, claros a motivação e o engajamento dos participantes da rede via participação em eventos, o que proporciona a troca de informações e conhecimen- tos, principalmente, pela variável “27 – A rede organiza atividades coletivas: treina- mentos, feiras e eventos em geral na sociedade local”. Por meio da variável “24 – Se necessito de uma informação para uma tomada de decisão, eu sei onde encontrá-la na rede”, os membros da rede têm reconhecido igualmente o valor das informações trocadas e sabido assimilar as mesmas para utilização cabível em sua organização.

Face aos resultados encontrados, parece seguro afi rmar que a estrutura das redes colaborativas vitivinícolas APROVALE e APROBELO contribui para a combinação ou troca de recursos informacionais, constituindo, portanto, o principal elemento da dimensão estrutural do capital social neste contexto.

Além das combinações de informações e troca de conhecimentos, estão, também, vinculadas a essa dimensão as relações continuadas que “frequentemente se reves- tem de um signifi cado social, com fortes expectativas de confi abilidade e abstenção de oportunismo” (PUTNAM, 2002, p. 182), facilitando a alavancagem de resultados.

Uma relação continuada fortemente presente no cluster é a amizade entre os atores, conforme se pode observar na variável ‘’22 – Considero os integrantes da rede como meus amigos”. A amizade implica reciprocidade generalizada, tornando-se essencial para a manutenção dos estoques de capital social (PUTNAM, 2002).

Em seguida, podemos destacar a oportunidade para a realização de trocas com base no relacionamento da rede com outras entidades. Essas ações conjuntas, também, oportunizam a realização do processo de troca. Tais relacionamentos são evidenciados pela variável “25 – A rede se relaciona com outras entidades, com outras associações de empresas, sindicatos, órgãos governamentais, universidades, entre outros”, sendo esta a variável que apresentou a maior média da dimensão estrutural (3,74).

No estudo conduzido por Fensterseifer (2003), os resultados revelam, global- mente, que as relações de cooperação do cluster vitivinícola com atores locais estão aumentando. As interações existentes são resultantes de um contexto cultural que vai além das relações contratuais de mercado, revelando, portanto, um incremento do capital social do cluster. As constatações de Fensterseifer (2003) vêm ao encontro da expressividade dessa variável para a dimensão estrutural do capital social no cluster vitivinícola da Serra Gaúcha, corroborando, por sua vez, as constatações do estudo aqui retratado. Para Lundvall (1992), as relações que se desenvolvem entre os agen- tes ao longo do tempo vão estabelecendo as regras do jogo e acabam se tornando um referencial em termos organizacionais. Isto tende a estimular a reciprocidade, constituindo, portanto, outro indicador do aumento do capital social.

À semelhança da análise feita com a dimensão relacional e em cotejo com o estudo de Nahapiet e Ghoshal (1998) e de Vallejos et al. (2008), o Quadro 2, a seguir, apresenta um resumo dos elementos vinculados à dimensão estrutural do capital social, de acordo com os resultados apurados na pesquisa. Observa-se que os três estudos apresentam relações muito claras, principalmente no que tange às conexões e aos fl uxos de troca de conhecimento.

Os dados parecem indicar que a dimensão estrutural do capital social no clus- ter determina que o propósito das redes esteja pautado, principalmente, na troca de informações. Conforme apontam as estatísticas descritivas, tais informações têm a ver, principalmente, com as informações de nível técnico, segundo constata o estudo qualitativo de Vallejos (2008) junto à rede VIRFEBRAS, e revela o artigo escrito por ele em conjunto com Macke et al. (2010). Parece, então, possível indicar, partindo- -se das variáveis agrupadas para formar a dimensão estrutural do cluster, que estão vinculados ao capital social, como fatores essenciais, a amizade, o engajamento e a conectividade.

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Quadro 2 – Contribuições do Estudo para Capital Social Estrutural

Nahapiet e Ghoshal (1998) Vallejos et al (2008) Elementos Vinculados à Dimensão Relacional no Presente Estudo Conexões de rede

Confi guração da rede Adequação da organização

Laços Estabilidade

DensidadeConfi guração Conectividade

Combinação de informações Troca de conhecimentos Reciprocidade/amizade Engajamento

Conectividade Fonte: elaborado pelos autores com base no estudo retratado.

Dimensão cognitiva

Da dimensão cognitiva do capital social, provêm as visões compartilhadas, os valores e a cultura. O Alpha de Cronbach dessa dimensão foi de 0,705, representando uma boa intensidade de associação entre as variáveis.

A dimensão cognitiva do capital social surge com a geração do contexto e linguagem compartilhados pela comunidade. Há, em tal dimensão, um conjunto de valores comuns, signifi cados e visão compartilhados que facilitam as ações que podem benefi ciar a organização por inteira e encorajar o desenvolvimento de relacionamentos confi áveis.

A essa dimensão está vinculado o compartilhamento de objetivos, representado pela variável “1 – A maioria dos integrantes conhece e concorda com o objetivo da rede”. Nessa perspectiva, parece seguro afi rmar que os membros das redes APROVALE e APROBELO possuem uma visão compartilhada (objetivos comuns), aumentando, assim, as probabilidades de se tornarem parceiros que compartilham ou permutam seus recursos, podendo confi ar uns nos outros, mantendo expectativas de que todos trabalhem para o atingimento de objetivos coletivos, sem o uso de comportamento oportunista ou individualista.

Além dos objetivos compartilhados, a análise fatorial identifi cou outro elemento vinculado à dimensão cognitiva, presente no cluster, a saber, as experiências compar- tilhadas que são propiciadoras de socialização. A variável 16 “A maioria dos membros da rede participa dos eventos propostos pela mesma (reuniões, feiras, palestras, seminários, viagens etc.)” refere-se à questão da visão compartilhada. Torna-se claro que todos concordam com o objetivo de criação da rede e por este motivo é que participam. Isso quer dizer, em outras palavras, que os objetivos compartilhados nesse contexto remetem, também, ao compartilhamento de experiências em feiras, palestras, eventos e seminários.

Dessa maneira, os objetivos e as experiências compartilhadas permitem o de- senvolvimento da dimensão em foco, já que motivam a implementação de práticas, processos e estruturas que permitam, através de mecanismos de colaboração, o armazenamento e a recuperação de informações históricas geradas a partir das expe- riências dos membros da comunidade, facilitando, assim, a geração de conhecimento tácito (socialização).

Para Nonaka e Takeuchi (1995), a socialização é um processo de criação de conhecimento por intermédio do qual as experiências são compartilhadas e em que o conhecimento tácito e as habilidades são criados. Esse processo consiste no com- partilhamento do conhecimento tácito pela comunicação face a face ou por meio de experiências. Assim, partindo de um objetivo comum, os membros da rede podem organizar atividades conjuntas que permitem a eles realizar a socialização de conheci- mentos através da linguagem – um dos principais fatores dessa dimensão apontados por Nahapiet e Ghoshal (1998).

Na prática organizacional das redes estudadas, a socialização ocorre por meio de atividades como treinamentos, interações com clientes, sessões informais, entre outros. Parece possível concluir que a dinâmica de socialização nas redes não se caracteriza apenas por uma mera transferência de informações, já que está ligada a emoções e associada a contextos específi cos que permitem demonstrar a identidade, complexidade e autenticidade em rede, moldando, portanto, a cultura organizacional.

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Os postulados da teoria permitem inferir que a dimensão cognitiva é a “última”

ou aquela dimensão que “leva mais tempo” para se formar em uma comunidade. A troca intensiva de informações entre os indivíduos em uma rede, com o tempo, passa a constituir a cultura organizacional e o conhecimento tácito. Este é o conhecimento mais importante de uma organização. O conhecimento tácito é criado e compartilhado em torno das relações, das interações entre os humanos e o mundo a sua volta, sendo construído através de experiências práticas e trocas espontâneas entre as pessoas (FIGUEIREDO, 2005).

A inovação, geralmente, ocorre por meio da combinação de conhecimentos e experiências diversas. Assim, uma parte essencial dos processos de intercâmbio sociais requer a partilha de algum contexto passado. Neste caso, a linguagem e os valores fazem a combinação das capacidades, atuando como uma alavanca dos resultados da interação social (FIGUEIREDO, 2005).

A dimensão cognitiva depende, fortemente, da colaboração que provém do com- partilhamento de experiências (linguagem, lendas, provérbios, músicas, cultura...).

Além dos valores e da cultura, faz-se necessário realçar que na comunidade em que as redes do estudo se encontram há, também, linguagem e narrativas compartilhadas.

Entre as principais delas, pode-se citar o dialeto italiano, principalmente em algumas expressões e provérbios que foram utilizados, inclusive, nas reuniões da rede em que a pesquisadora esteve presente: (i) “Amicu ca non ti duna, parendi ca non ti mpresta, fuili comu la pesta” (ou seja, “Do amigo que não te dê, do parente que não te empreste, foge como de uma peste”; e (ii) “Chi dorme non piglia pesci” ou seja,

“Quem dorme não pega peixe”, ou “Deus ajuda a quem cedo madruga”. Partindo-se desse provérbio, é possível afi rmar a ligação cultural ao trabalho existente no local.

Sarate e Macke (2007) denominaram essa característica social de “culto ao trabalho”.

Dentre as lendas da região, encontra-se a da Capela das Almas, construída em 1880. Reza essa lenda que, em 1907, ali foi entronizada uma estátua de São Roque. A data foi comemorada com um baile, que nem todos concordavam em realizar. Quando o baile estava em andamento, ouviu-se, no salão, um forte latido de cachorro que espantou a todos. Ainda hoje acredita-se, na localidade, que o latido foi do cachorro de São Roque, signifi cando protesto contra o baile (CAPRARA; LUCHESE, 2005).

Músicas que encantam a todos os moradores da região são ensinadas nas es- colas. Suas letras declamam o histórico de uma cultura e os valores dos imigrantes que chegaram à região e conquistaram o progresso:

E alla Merica noi siamo arrivati / no’ abbiam trovato nè paglia e nè fi eno / Abbiam dor- mito sul nudo terreno / come le bestie andiam riposar/ Merica, Merica, Merica,/ cossa saràlo ‘sta Merica’ / Tradução livre: E na América chegamos / não encontramos palha nem feno / Temos dormido no terreno desnudo /como os animais vamos descansar / América, América, América, o que será esta América? / América, América, América, um belo ramalhete de fl ores / E a América é longa e grande / é rodeada por montes e planícies, e com a indústria dos nossos italianos formamos países e cidades.

Para Putnam (2002), características e fatos, como os citados, refl etem as tradi- ções existentes em uma comunidade. O mesmo histórico de interações já levantado na dimensão relacional do capital social torna-se, também, importante para a constituição da dimensão cognitiva, já que desse histórico de interações emerge a cultura da rede e o aprendizado tácito. É daí que emanam os conhecimentos que geram inovações e demais vantagens para a rede. A média dessa dimensão proporcionada pelas análi- ses estatísticas demonstra um excelente nível de capital social cognitivo, permitindo deduzir que no cluster vitivinícola há uma cultura arraigada e valores comuns que podem facilitar a socialização.

Por consequência, à semelhança das análises feitas nos casos das dimensões rela- cional e estrutural e em cotejo com o estudo de Nahapiet e Ghoshal (1998) e de Vallejos et al. (2008), o Quadro 3 apresenta um resumo dos elementos associados à dimensão cognitiva do capital social. Observa-se que os três estudos apresentam relações que se reportam, principalmente, às conexões e aos fl uxos de troca de conhecimentos, com base no compartilhamento de recursos. Os resultados apontam no sentido de que os principais elementos vinculados a essa dimensão, no contexto estudado, estão focados no compartilhamento de experiências com objetivos bem defi nidos.

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Quadro 3 – Contribuições do Estudo para o Capital Social Cognitivo

Nahapiet e Ghoshal (1998) Vallejos et al (2008) Elementos Vinculados à Dimensão Relacional no Presente Estudo Narrativas compartilhadas

Linguagem e códigos Compartilhados

Linguagem compartilhada Narrativas compartilhadas Cultura

Códigos Valores

Socialização

Experiências compartilhadas Objetivos compartilhados

Fonte: elaborado pelas autoras com base no estudo retratado.

Resumo dos fatores explicativos do capital social

O capital social relacional existente no cluster, fortemente representado pelas características da fi delidade dos associados a sua rede, parece indicar a geração de soluções coletivas para as redes estudadas, uma vez que parte dos problemas enfrentados por uma empresa pode ser superada pela geração e disponibilização de soluções a partir dos laços que ela possui em rede. Essa infraestrutura coletiva

“materializa o envolvimento das empresas, fortalecendo seus vínculos e ligando-as mais estreitamente à rede” (BALESTRIN; VERSCHOORE, 2008, p. 123). Por sua vez, o capital social estrutural, que aparece como o principal indicador de sinergia cole- tiva, parece poder auxiliar na redução de custos e riscos para os atores, porque a convivência em rede facilita o amadurecimento das relações que possibilitam acessar recursos inexistentes na empresa e, em alguns casos, também sua combinação com os recursos disponíveis na rede.

Já para o capital social cognitivo, os resultados apontam na direção de que ele exerça grande infl uência sobre a aprendizagem coletiva, porque seus elementos vinculados no contexto estudado remetem a uma interação presencial. Birkinshaw et al. (2002) enfatizam que, para facilitar o processo de socialização do conhecimento tácito, a estrutura organizacional deverá, entre outros fatores, promover uma intensa interação presencial entre os indivíduos e entre estes e seu contexto.

É possível dizer que, nas redes colaborativas do cluster vitivinícola, o grande sentimento de identifi cação social e espírito público fazem com que cada um dos atores tenha mais vontade de colaborar com os demais, trazendo novas informações e oportunizando novas experiências em que todos possam aprender coisas novas em conjunto. Logo, essa vivência gera conhecimento e aprendizagens organizacionais únicas, que lhes possibilitam alavancar oportunidades de negócios e vice-versa. Cria- -se, assim, um círculo virtuoso (PUTNAM, 2002) que comprova ser o capital social um recurso capaz de gerar vantagens competitivas empresariais.

Considerações Finais

Ao longo do desenvolvimento desta pesquisa, sustentou-se que o alto esto- que de capital social existente – pautado, principalmente, no elevado sentimento de pertença, respeito, colaboração, engajamento, conectividade e compartilhamento de objetivos e experiências – trouxe para as redes estudadas muitas oportunidades para alavancar a competitividade individual das empresas coligadas.

Assim sendo, dentre as principais contribuições deste trabalho, confi rmadas pela literatura pesquisada, sobressai o ideário de Putnam (2002), porquanto se comprovou que o capital social facilita a cooperação e a melhora a efi ciência. Desde Tocqueville, as associações voluntárias são consideradas a principal forma de manter uma comu- nidade cívica saudável (PUTNAM, 2002; ONYX; BULLEN, 2000; KEMPER et al., 2011).

O trabalho confi rmou, igualmente, a importância da troca de informações entre os atores, principalmente de informações técnicas. E ressaltou a importância da co- nectividade e da aproximação de oportunidades, da interação constante para a efetiva combinação, confi rmando, por sua vez, os resultados de Wu (2008), Su et al. (2005), Brata (2009) e Macke (2010), cujas pesquisas se orientaram pelo mesmo enfoque.

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Dada a grande preocupação com instrumentos válidos para a medição do capi- tal social, acreditamos que o presente trabalho signifi que, portanto, uma importante contribuição metodológica para a academia interessada em sanar a difi culdade da mensuração do capital social em redes colaborativas, na medida em que se efetuou a validação de um instrumento de avaliação.

Este estudo padece, no entanto, de algumas das limitações inerentes a todas as investigações quantitativas, já que as variáveis que representam as diferentes dimen- sões do capital social não são de modo algum exaustivas. Há que se destacar que a criação das dimensões do capital social e da competitividade podem não ter captado de forma integral as várias facetas de cada dimensão. Embora o estudo não tenha, porém, conseguido captar em grau sufi ciente a diversidade das diferentes dimensões do capital social, os resultados são um passo signifi cativo na ilustração de como o recurso pode ser uma variável mediadora, que contribui para explicar os resultados empíricos da relação entre capital social e desempenho em redes colaborativas.

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Artigo recebido em 20/10/2011.

Última versão recebida em 17/08/2012.

Artigo aprovado em 21/08/2012.

Referências

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