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INE EAD INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO APRENDIZAGEM, AUTISMO E TÉCNICAS APRENDIZAGEM, AUTISMO E TÉCNICAS

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APRENDIZAGEM,

AUTISMO E TÉCNICAS

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SUMÁRIO

O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS AUTISTAS ... 3

CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DO AUTISMO ... 4

COMO ACONTECE O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS AUTISTAS? ... 8

APRENDIZAGEM E AUTISMO ... 15

EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM AUTISMO ... 34

Estratégias de ensino ... 40

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O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS AUTISTAS

http://entendendoautismo.com.br/artigo/como-e-o-comportamento-da-crianca-autista/

Há mais de seis décadas o autismo infantil vem sendo estudado cientificamente. Já existiram muitos questionamentos e hipóteses sobre a origem do autismo, uma delas era a de que os pais poderiam ser culpados pelo extremo isolamento da criança, mas um artigo publicado em 1943, pelo psiquiatra Leo Kanner absorve publicamente os pais de serem a causa do desenvolvimento da Síndrome Autística em seus filhos. Ele continuou a ocupar-se de crianças com autismo por muito tempo, por isso voltou a sua primeira hipótese de que o autismo é um distúrbio do desenvolvimento.

Grande parte da população brasileira ainda o desconhece, apesar de estar sendo bem mais divulgado pela mídia. No Brasil, não há nenhum estudo sobre o número de autistas e o diagnóstico quase sempre é demorado, pois percorre um longo caminho: da família ao pediatra, do pediatra ao fonoaudiólogo ou fisioterapeuta, depois passa para o neurologista ou psiquiatra, psicoterapeuta etc., quando há diagnóstico, pois é muito complexo, devido às várias características que o autismo possui.

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As condutas auto-estimulatórias e auto-agressivas externadas por crianças autistas atraem a atenção das pessoas, despertando temor e desconfiança. É um grande desafio para pais, professores e sociedade conviver com as diferenças e buscar encontrar maneiras de intervir eficazmente na aprendizagem de tais crianças. A participação da família é de fundamental importância e grande parte do sucesso no processo de aprendizagem depende disso.

Os procedimentos utilizados para a aprendizagem das crianças autistas devem ser conhecidos e compartilhados pelos pais, para que estes possam orientar e ajudar seus filhos no processo educativo.

CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DO AUTISMO

Autismo é um conceito novo. Por ainda não ter uma causa específica definida, é chamado de Síndrome (conjunto de sintomas) e como em qualquer síndrome o grau de comprometimento pode variar do mais severo ao mais brando e atinge todas as classes sociais, em todo o mundo. Em 1943, o psiquiatra Leo Kanner, publicou um artigo no qual descrevia uma síndrome “rara” caracterizada por uma série de sintomas, a qual chamou autismo. Nessa época o diagnóstico se baseava no que até hoje consideramos os três pilares do autismo: deficiência no desenvolvimento da linguagem, interação social pobre e interesses e movimentos repetitivos. (NOGUEIRA, 2007).

Em 1944, Hans Asperger, um médico também austríaco escreve outro artigo com o título Psicopatologia Autística da Infância, descrevendo crianças bastante semelhantes descritas por Kanner. Atribui-se tanto a Kanner como a Asperger a identificação do autismo, sendo que por vezes encontramos seus estudos associados

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a distúrbios ligeiramente diferentes.

Autismo é uma síndrome definida por alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos três anos de idade, e que se caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da imaginação. (MELLO, 2007, p. 16).

Para Suplino (2005), o autismo é um problema neurobiológico que se manifesta normalmente em crianças antes dos dois anos e meio de idade e quanto à prevalência é mais comum em meninos que em meninas. As crianças se mostram aparentemente indiferentes ou, até mesmo, avessas a demonstrações de afeto e ao contato físico, embora às vezes surja mais tarde uma ligação mais estreita com pais ou certos adultos. O desenvolvimento da fala nessas crianças é lento e anormal, senão ausente, caracterizando-se pela repetição daquilo que é dito por terceiros ou pela substituição das palavras por sons.

O autismo é um transtorno invasivo do desenvolvimento (TID), diagnóstico totalmente diferenciado de um quadro psicótico, passou a classificar esta condição com uma síndrome e referir se à mesma como Autismo Infantil Precoce, ela apresenta as principais dificuldades de contato com pessoa, desejo obsessivo de manter as situações sem alterações, ligação especial com objetos. (SUPLINO, 2005, p.16).

De acordo com Nogueira (2007), a maioria dos autistas tem a aparência física de uma criança normal, porém o comportamento é diferente. Reconhecer o autismo é difícil até para médicos, pois ele não é uma doença. A psiquiatria moderna o define como um distúrbio do desenvolvimento.

Em seu livro, Melo apresenta alguns sintomas que são fundamentais para identificar uma criança com autismo: Usa as pessoas como ferramenta, resiste à

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mudança de rotina, não se mistura com outras crianças, não mantém contato visual, age como se fosse surdo, resiste ao aprendizado, apresenta apego não apropriado a objetos, não demonstra medo de perigos, gira objetos de maneira bizarra e peculiar, apresenta risos e movimentos não apropriados, resiste ao contato físico, acentuada hiperatividade física, ás vezes é agressivo e destrutivo, apresenta modo e comportamento indiferente e arredio. (MELO, 2007, p.72).

Atualmente o autismo vem sendo bem mais divulgado, o número de casos diagnosticados vem crescendo e acontecendo em idades cada vez mais precoces, porém ele ainda surpreende, devido à diversidade de sintomas que pode apresentar. A criança apresenta falta de reação a sons e dor, incapacidade de reconhecer situação de perigo, dificuldade de se relacionar, problemas de linguagem e alterações de comportamento. Geralmente a criança autista apresenta aparência normal e ao mesmo tempo um perfil de desenvolvimento irregular.

O autismo, intriga e angustia as famílias nas quais se impõe, pois a pessoa portadora de autismo, geralmente, tem uma aparência harmoniosa e ao mesmo tempo um perfil irregular de desenvolvimento, com bom funcionamento em algumas áreas enquanto outras se encontram bastante comprometidas. (MELLO, 2007, p. 12).

Os autistas têm dificuldades de comunicação e interação social, normalmente são agitados, não gostam de sair da rotina. Não conseguem olhar nos olhos de outras pessoas e demoram a começar a falar, isso quando falam. Segundo o neurologista José Salomão Shchwartzman, mais de 70% dos casos não são diagnosticados, pois os pediatras não sabem diagnosticar.

Quando o diagnóstico chega, algumas famílias não querem aceitar que o filho tem um sério comprometimento individual, e procuram ajuda em diversos lugares, outras preferem não querer enxergar que o filho é autista. Existem alguns passos

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indicados pela AMA – Associação de Amigos do Autista, que os pais ao receberem o diagnóstico de autismo devem seguir para lidar da melhor maneira possível com esse transtorno.

A experiência da AMA que é uma experiência de pais e de educadores de pessoas com autismo, constatou a importância de três caminhos a serem conscientemente buscados pelas famílias que se deparam com a questão do autismo em suas vidas: Conhecer a questão do autismo. Admitir a questão do autismo. Buscar apoio de um grupo de pessoas que estejam envolvidas com a mesma questão e que procuram conviver com ela da melhor maneira possível. (MELLO, 2007, p. 14).

As famílias ao receberem o diagnóstico de autismo, devem primeiramente fazer pesquisas, com o intuito de conhecer e entender esse transtorno. Na maioria dos casos as pessoas ao descobrirem que seu familiar é autista não aceitam essa condição, porém é importante que a família admita a questão do autismo e procure ajuda através pessoas que passam pela mesma situação. Dessa forma elas poderão se sentir mais capazes e preparadas para enfrentar e conviver com o autismo.

É importante ressaltar que estes distúrbios estão freqüentemente associados a várias outras condições. Os atrasos do desenvolvimento são comuns nas áreas de habilidades intelectuais e na maioria dos casos há uma associação à deficiência mental. (SUPLINO, 2005, p.17)

As crianças autistas na maioria dos casos têm uma síndrome associada. Elas podem apresentar epilepsia, síndrome de down, cegueira, surdez, esquizofrenia e até mesmo retardo mental, porém praticamente todas conseguem aprender atividades básicas do cotidiano.

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COMO ACONTECE O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS AUTISTAS?

Com base em Carothers e Taylor (2004), o objetivo da educação de uma criança autista é o de aumentar sua independência, a fim de proporcionar mais segurança ao executar tarefas do cotidiano, além de melhorar a qualidade de vida da criança e de seus familiares.

Os dois ambientes fundamentais onde acontece o aprendizado são na escola e em casa. É melhor ensinar as habilidades para o dia a dia no ambiente natural, porém isso nem sempre é possível. Fazer tarefas simples do dia a dia, como comer sozinho, usar o banheiro, escovar os dentes, para eles fazem muita diferença na qualidade de vida.

É importante que os pais trabalhem pela independência de seu filho. É preciso que incentive a criança a se vestir sozinha, se servir, comer, beber e assim por diante. Com esses estímulos a criança sente a necessidade de falar desenvolvendo sua oralidade. Isto deve ser feito com calma, levando em consideração que o desenvolvimento da criança com autismo é lento, lembrando sempre de elogiar cada avanço alcançado.

A participação dos pais é muito importante no processo de aprendizagem da criança e são eles responsáveis por grande parte da aprendizagem do filho, bem como do incentivo ao convívio social. Os pais devem fazer passeios com seus filhos, preferencialmente em lugares públicos, onde as crianças possam brincar livremente, caminhar e ter contato com outras crianças. É importante que toda atividade seja planejada anteriormente, e que os pais estejam certos de que terão a situação sob controle para não serem surpreendidos por imprevistos.

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A criança autista tende a fixar rotinas, isso pode ser utilizado em favor dela mesma. Podem-se organizar rotinas com horários pré-fixados para várias tarefas do dia, porém isso deve acontecer de forma natural. Ao mesmo tempo em que a rotina é importante, é necessário também levar em consideração que o autista deve aprender a aceitar mudanças. Por isso é preciso que os pais e os professores façam pequenas mudanças na vida diária da criança, inicialmente uma de cada vez, como por exemplo, mudar o caminho de ir á escola ou tentar mudar a carteira onde a criança senta na escola. As rotinas não são imutáveis, e isso deve ser mostrado desde cedo para a criança.

De acordo com Carothers e Taylor (2004), existem algumas técnicas que têm certa eficácia para a aprendizagem de crianças autistas. São as técnicas de aprendizagem que se utilizadas de maneira adequada podem fazer muita diferença na vida dessas crianças.

Modelagem através de gravação de vídeo - Um aluno que já adquiriu uma

habilidade é gravado executando-a e assim o vídeo pode ser repetido várias vezes para o aluno que ainda não adquiriu a habilidade em questão. Essa técnica pode ser usada para ensinar crianças com autismo a fazerem compras no mercado, por exemplo.

Rotina de atividades pictográficas - Ilustrações como fotos, desenhos, etc.,

compõe estágios de uma tarefa, para que o aluno siga as instruções e complete a tarefa independentemente. Com essa técnica é possível ensinar como fazer tarefas domésticas, de escritório e lavanderia.

Participação e Orientação de Colegas - Outras crianças normotípicas são

usadas como modelos para o ensino de habilidades funcionais na comunidade para alunos com autismo. Foi possível através do uso dessa técnica que crianças com

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autismo aprendessem a pegar livros da biblioteca, comprar itens em um bazar e atravessar a rua.

Técnicas como estas são aplicadas na escola e além de continuar a aplicação de tais técnicas em casa, é interessante a colaboração de parentes ou vizinhos para modelar um comportamento, uma habilidade, uma tarefa, como por exemplo, gravar o irmão de uma criança com autismo mostrando como decidir o que vestir para ir à escola, ou também uma atividade como arrumar a cama, em que todos os passos sejam fotografados e com legenda. Outra estratégia interessante é que parentes ou vizinhos (da idade da criança com autismo) criem uma situação do dia a dia de como fazer compras no mercado, em casa, e depois a acompanhem para uma situação real em estabelecimentos públicos.

Segundo Mello (2007), existem técnicas desenvolvidas para o tratamento de crianças autistas em casa e/ ou em clínicas de tratamento, que se aplicadas de maneira correta e consciente podem ser eficientes na reabilitação destas crianças, principalmente as que começam o tratamento cedo. Abaixo serão descritas algumas delas.

Comunicação facilitada – Foi desenvolvida na Austrália como meio facilitador

da comunicação. Ela é feita através do uso de um teclado que pode ser de máquina de escrever ou computador, onde o autista transmite seus pensamentos com ajuda do facilitador que lhe oferece o necessário suporte físico. No início essa técnica teve bastante aceitação pelos pais e profissionais, pois com esse novo recurso os autistas passariam a manifestar a transmitir seus reais pensamentos. Com o tempo a seriedade desta técnica passou a ser questionada, devido a denúncias feitas por autistas.

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Integração Auditiva – Desenvolvida nos anos 60 pelo otorrinolaringologista

francês Guy Berard. Nessa técnica a criança ou adulto ouve música, através de fones com algumas freqüências de som eliminadas através de filtros. De acordo com Berard esse tratamento ajudaria a criança a adaptar-se a sons intensos. Depoimentos de alguns pais afirmam ter obtido sucesso com este tratamento, porém a maioria diz não ter obtido nada através deste tratamento. Existem muitas divergências de opiniões referentes a esta técnica.

Integração Social – Semelhante à integração auditiva. Ela é feita através de

toques, massagens e outros equipamentos como balanços, bolas terapêuticas etc. Ela visa integrar informações que chegam ao corpo da criança como brincadeiras que envolvem movimentos, equilíbrio e sensações.

Movimentos Sherborne – “Relation Play” – Método idealizado pela professora

de educação física Veronica Sherborne, que visa desenvolver o autoconhecimento através da consciência de seu corpo e do espaço que a cerca, pelo ensino do movimento consciente. Essa técnica nem sempre é eficaz, mas a utilização dela possibilita interação entre os pais e familiares com as crianças autistas, algo que não é fácil.

As técnicas desenvolvidas no tratamento de crianças autistas são de grande relevância, porém existem alguns aspectos que se levados em consideração podem aumentar a eficácia do tratamento e elevar a possibilidade do autista alcançar a tão buscada independência no que diz respeito às atividades diárias.

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Mesmo considerando que o tratamento é realizado com auxilio de programas individuais em função da evolução de cada criança, os seguintes aspectos podem ser fundamentais como alvos preferenciais de tratamento em um programa de intervenção precoce com indivíduos com Síndrome de Aspeger. Devemos procurar o antes possível desenvolver: a autonomia e a independência; a comunicação não-verbal; os aspectos sociais como imitação, aprender a esperar a vez e jogos em equipe; a flexibilização das tendências repetitivas; as habilidades cognitivas e acadêmicas; ao mesmo tempo é importante: trabalhar na redução dos problemas de comportamento; utilizar tratamento farmacológico se necessário; que a família receba orientação e informação; que os professores recebam assessoria e apoio necessários. (MELLO, 2007, p.28).

As escolas devem estar preparadas para que os alunos com autismo ou com alguma necessidade educativa especial se desenvolvam como cidadãos capazes de pensar, aprender, construir e tomar decisões. As crianças autistas podem freqüentar escola regular, porém nelas ainda existem carências, surgindo assim à necessidade de se procurar outra instituição que ofereça ensino especial.

Os professores reconhecem o aluno que é diferente, que possui alguma necessidade, mas não conseguem identificar o problema, as crianças autistas conseguem ler sem saber do que se trata, conseguem resolver problemas matemáticos sem entender o enunciado. É necessária a preparação dos profissionais, da comunidade educativa que fazem parte da vida da criança autista para que dessa forma os alunos aprendam e sejam inseridos na sociedade.

De acordo com Mello (2007), é possível que nas escolas existam casos não diagnosticados de crianças com autismo, que devido as suas dificuldades e diferenças são rotuladas de indisciplinadas, desorganizadas, sem limites, lentas etc.

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O professor deve estar atento ao comportamento dos alunos, caso note algo diferente deve levar a situação até a coordenação da escola para que com os pais encaminhe a criança para um especialista. A escola tem um importante papel na investigação diagnóstica, pois é o primeiro lugar fora de seu ambiente familiar que a criança freqüenta.

O currículo educacional deve ser elaborado levando em consideração o contexto no qual a criança está inserida, bem como a forma como outras crianças realizam algumas tarefas e o ambiente onde essas tarefas são feitas. A escola deve ser um lugar de interação e socialização da criança, é onde ela descobre as regras a serem seguidas. A criança autista sente certa dificuldade em se expressar corretamente, mas a partir do momento que começa a treinar a linguagem oral aos poucos aparecem mudanças na linguagem, na socialização e na sua expressão oral, corporal e no desenvolvimento de sua aprendizagem.

Segundo Nunes (2008, p.4): As crianças com autismo, regra geral, apresentam dificuldades em aprender a utilizar corretamente as palavras, mas se obtiverem um programa intenso de aulas haverá mudanças positivas nas habilidades de linguagem, motoras, interação social e aprendizagem é um trabalho árduo precisa muita dedicação e paciência da família e também dos professores. É vital que pessoas afetadas pelo autismo tenham acesso a informação confiável sobre os métodos educacionais que possam resolver suas necessidades individuais.

Para a autora, a escola e o professor têm um importante papel na educação da criança autista. Deve-se criar dentro da escola estratégias para que essas crianças consigam desenvolver suas capacidades e interagir com as outras crianças. O trabalho da escola deve estar associado ao da família que por sua vez deve dispensar o máximo de atenção, acompanhando as atividades, encorajando e criando situações

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para que a criança se comunique.

O professor deve desenvolver metodologias de aprendizagens para que o aluno autista consiga se comunicar e se desenvolver. O conteúdo do programa de uma criança autista deve estar de acordo com seu desenvolvimento e potencial, de acordo com sua idade e de acordo com o seu interesse, o ensino é o principal objetivo a ser alcançado e sua continuidade é muito importante, para que elas se tornem independentes, quando a criança autista não mostrar interesse nas atividades propostas pelo professor deve-se envolvê-los nas atividades, mesmo que ela não esteja entendendo o que lhe é ensinado o professor deve ter paciência, sentar ao lado dela e tentar ajudá-la da melhor maneira possível a fazer o que lhe foi pedido, mesmo que isso leve tempo. Quando a criança conseguir realizar alguma tarefa com êxito ou se expressar através de palavras deve-se parabenizá-la através de elogios, assim ela se sentirá estimulada cada vez mais a aprender novas coisas.

Nunes (2008, p.4), afirma ainda que “na realidade, os problemas encontrados na definição de autismo, refletem-se na dificuldade para a construção de instrumentos precisos e adequados para um processo de avaliação e condutas”.

Entende-se que para avaliação pedagógica da criança autista é preciso levar em consideração e respeitar sua condição limitada, sua forma de se expressar de forma que não agrida sua vida escolar, não se deve somente buscar conhecimento sobre a patologia, mas também ser sensível para preservar a integridade e o autoconhecimento da criança observando suas necessidades.

De acordo com Camargos Jr. (2002), dentro da escola a intervenção pedagógica parte do estudo de análise e relatórios psiquiátricos, psicológico, neurológico, pedagógico e social. É necessário disponibilidade de tempo e compreensão para lidar com situações inesperadas que possam acontecer, devendo

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transigir metodologias e habilidades. O tratamento baseia-se no diagnóstico das anomalias explorando na educação suas potencialidades, desenvolvendo atividades significativas, determinando o equilíbrio físico e emocional.

As dificuldades enfrentadas pelas crianças autistas podem ser superadas, desde que haja acompanhamento especializado, bem como a utilização de técnicas que devem ser aplicadas de acordo com a necessidade individual de cada criança. Essas técnicas ajudam a desenvolver habilidades cognitivas e capacidades de interagir socialmente em seu dia a dia. A aprendizagem deve ser estimulada pelos professores, e principalmente pelos pais que têm um papel fundamental, pois são eles que convivem diariamente com essas crianças.

APRENDIZAGEM E AUTISMO

Segundo Rotta (2006, apud BLEURER, 1911), Bleurer usou pela primeira vez a palavra “autismo” para determinar a perda de contato com a realidade, e grande dificuldade ou impossibilidade na comunicação. Em 1943, Kanner descreveu onze crianças que tinham comportamentos originais, que correspondiam adequadamente ao conceito de autismo. Percebeu nessas crianças uma dificuldade inata em estabelecer contato afetivo e interpessoal.

Asperger mais tarde descreveu outros casos de crianças com algumas descrições parecidas com o autismo, que também demonstravam dificuldades na comunicação social. Mas apresentavam uma inteligência mais preservada. Atualmente, sabe-se que o autismo não é um transtorno único, mas sim uma síndrome de desenvolvimento complexo, que é definido por meio de um ponto de vista comportamental, que demonstra etiologia múltipla e se caracteriza por graus variados

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de gravidade.

Nas manifestações clínicas dos diferentes quadros, observa-se a influência de fatores associados que não, necessariamente, fazem parte das manifestações principais do autismo. Podemos verificar entre elas a habilidade cognitiva que é de grande importância.

Como já foi descrito, as manifestações que definem o autismo incluem déficits qualitativos na interação social e na comunicação, comportamentos repetitivos e estereotipados e um repertório de interesses restritos.

As alterações na interação social em crianças autistas podem manifestar-se como isolamento ou atitudes sociais impróprias, pobre contato visual, dificuldade em participar em atividades e grupos, indiferença afetiva ou manifestação inapropriada de afeto, assim como falta de empatia social ou emocional.

Algumas manifestações podem com o tempo amenizar, mas outras podem aparecer devido à fase que a criança está passando, como a adolescência. Os adolescentes podem ter interpretações equivocadas a respeito de como são percebidos pelos outros, e o adulto autista mesmo com capacidade cognitiva tende a se isolar, por ter grandes dificuldades em estabelecer relacionamentos afetivos.

A comunicação pode apresentar diferentes graus de dificuldades, tanto na habilidadeverbal como na não verbal. Algumas crianças podem não desenvolver essa capacidade de comunicação social e outras podem desenvolver, mas de maneira precária, com imaturidade (pode ser uma fala caracterizada por jargões, ecolalia, reversão de pronomes, prosódia anormal, etc.). Outras podem apresentar grande dificuldade em iniciar e manter uma conversa apropriada. Esses déficits de linguagem e comunicação permanecem na vida adulta e uma grande quantidade de autistas permanece não verbal.

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Alguns adquirem habilidades verbais, mas apresentam déficits persistentes em estabelecer conversação por falha na reciprocidade. Uma das características é a dificuldade que eles apresentam em compreender o aspecto abstrato da comunicação, como piadas, sutilezas nas conversas, abstrações, ditados populares, assim como perceber e interpretar a linguagem não verbal, como a linguagem corporal e expressões faciais.

O autista, por apresentar seus comportamentos estereotipados e repetitivos, tem resistência a mudanças, insistência em determinadas rotinas, apego excessivo a determinadas rotinas e encantamento com o movimento de determinadas peças, principalmente com movimentos de rotação. Muitas crianças, às vezes, se mostram muito interessadas em determinado brinquedo, mas esse encantamento ou interesse é somente em manuseá-lo ou alinhar de maneira estereotipada e não usá-lo para sua finalidade simbólica.

Embora exista a importância dos fatores biológicos na gênese do autismo, ainda não existe um marcador específico para esse transtorno. Assim, o diagnóstico do transtorno autista e o conhecimento de seus limites continuam sendo uma decisão clínica e tem que se tomar cuidado para não se tornar arbitrária.

Se forem usados os critérios aceitos para definir o autismo, esse não será com certeza um transtorno raro. Dependendo dos critérios de inclusão, a prevalência do quadro autístico tem variado de 40 a 130 por 100 mil, ocupando assim o terceiro lugar entre os transtornos do desenvolvimento, estando na frente das malformações congênitas e da síndrome de Down. Se considerarmos os transtornos globais do desenvolvimento, a prevalência é de dois a cinco casos por mil. Não está muito claro se a prevalência dos transtornos gerais do desenvolvimento tem aumentado. O mais aceitável ou provável é que o aumento do diagnóstico se deve a um maior preparo

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dos profissionais da área de saúde em identificar o transtorno. E houve um aumento também do diagnóstico em crianças não tão graves. Além também das mudanças dos critérios diagnósticos do DSM-III e do DSM-IV-R.

Os critérios que são utilizados para o diagnóstico do autismo podem ser encontrados no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de psiquiatria, o DSM- IV. Assim como em outras bibliografias como CID-10 etc.

Segundo o DSM-IV (1994), pelo menos seis dos doze critérios abaixo devem estar presentes, sendo dois de (1) e pelo menos um de (2) e (3) como:

1-Déficits qualitativos na interação social, manifestados por:

1.1 Dificuldades marcadas no uso de comunicação não verbal;

1.2 Falhas no desenvolvimento de relações interpessoais apropriadas no nível de desenvolvimento;

1.3 Dificuldade em procurar, espontaneamente compartilhar interesses ou tarefas prazerosas com outras pessoas;

1.4 Falta de reciprocidade social ou emocional.

2- Déficits qualitativos de comunicação, manifestados por:

2.1 Falta ou atraso no desenvolvimento da linguagem,

2.2 Dificuldade marcada na habilidade de iniciar ou manter conversação, em sujeitos com linguagem adequada;

2.3 Uso estereotipado, repetitivo da linguagem;

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de formas múltiplas ou espontâneas para o seu nível de desenvolvimento.

3- Padrões de comportamento, atividades e interesses restritos e estereotipados:

3.1 Preocupação excessiva, com interesses restritos e estereotipados; 3.2 Aderência inflexível a rotinas ou rituais;

3.3 Maneirismos motores repetitivos e estereotipados; 3.3 Preocupações persistentes com partes de objetos.

Atraso ou função anormal em pelo menos uma das áreas acima presentes antes dos três anos de idade. Deve-se enfatizar que a principal intenção dos critérios propostos para diagnosticar autismo e distúrbios relacionados refere-se à importância de reduzir as controvérsias entre pesquisadores e clínicos a respeito da delimitação desses transtornos. Essa delimitação se prende a aspectos de nível comportamental, que constitui a etiologia.

Dentro dos aspectos Neurobiológicos sabe-se que atualmente há um substrato orgânico para o autismo infantil, diferenciando-se das explicações mais antigas, que apontavam para uma etiologia exclusivamente psicogênica. As pesquisas nas áreas de neurofisiologia, neuroimagem, neuropatologia, neuroquímica e neurogenética têm demonstrado cada vez mais componentes neurobiológicos na gênese dos transtornos globais do desenvolvimento.

Considerando os aspectos anatômicos do sistema nervoso central (SNC), tanto no cerebelo quanto no sistema límbico, têm sido encontradas alterações estruturais que se devem a situações precoces, ao redor da trigésima semana de gestação, e que poderiam ter algum vínculo com os achados clínicos ou comportamentais. Ainda

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estudos mais recentes mostram que os autistas demonstram organização minicolunar cerebral anormal.

Quanto ao cerebelo, em estudos de neuroimagem tem-se observado de forma mais frequente a hipoplasia dos lóbulos VI e VII do VERMIS cerebelar, o que, em um estudo de metanálise foi apresentado em mais de 80% dos autistas que demonstram alguma alteração anatômica cerebelar.

FIGURA – SISTEMA LÍMBICO: CIRCUITO DA EMOÇÃO

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FIGURA– ZONAS CEREBELARES

FONTE: Oliveira Maria A. D.: Neuropsicologia Básica, 2005.

FIGURA – ANATOMIA MACROSCÓPICA DO CEREBELO EM UMA VISÃO

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FONTE: Kandel E. R. et aL: Fundamentos da Neurociência e do Comportamento, 1997.

FIGURA 13 – CEREBELO: HEMISFÉRIOS, LOBOS E VERMIS

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FIGURA – VISÃO DO CEREBELO EM CORTE TRANSVERSAL, MOSTRANDO OS DIFERENTES LOBOS

FONTE: Oliveira Maria A. D.: Neuropsicologia Básica, 2005

Uma observação interessante é a de que a Neurociência relacionou ultimamente o cerebelo com o autismo. Nos pacientes com esta patologia, o cerebelo é menor e, em razão disto, não desempenha suas funções adequadamente. Parece estranho que um órgão nervoso que, por observações e experiências, demonstra estar diretamente relacionado à motricidade e às suas correções, esteja envolvido com uma alteração nervosa que demonstra ter tantos componentes emocionais e comportamentais. Entretanto, se pensarmos que o cerebelo corrige, ajusta e adéqua os estímulos externos com os internos, e que o autista demonstra não estabelecer relações entre o seu mundo interior com o mundo exterior, já não nos parece estranha esta relação. Acreditamos que muito ainda tem a ser descoberto sobre este órgão até

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pouco tempo ainda muito “desconhecido” (OLIVEIRA, 2005, p. 100-101).

Alguns estudos apresentam que, nas crianças com hipoplasia cerebelar e autismo, o grau de hipoplasia pode ser relacionado com respostas de atenção mais lentas a estímulos visuais quando se utiliza um aspecto espacial de atenção, isso corrobora com a literatura que descreve o cerebelo como tendo papel importante não somente no autismo, mas também em uma série de outros transtornos envolvendo funções cognitivas mais elevadas.

Mas há uma discrepância entre estudos de neuroimagem e neuropatológicos em autistas. Achados neuropatológicos nos poucos casos descritos demonstraram perda celular nos hemisférios cerebelares e que afeta o Vermis de forma uniforme.

Já análises morfométricas com ressonância magnética têm mostrado que a criança ao nascer não apresenta diferença de tamanho do perímetro cefálico (PC) entre recém-nascidos normais e autistas. Mas na fase de dois a quatro anos de idade, 90% dos autistas têm o PC maior do que a média de crianças normais da mesma idade e a macrocrania ocorre em 37% dos casos.

De acordo com os aspectos neuroquímicos existentes no autismo, o achado mais frequente é o aumento dos níveis de serotonina nas plaquetas de crianças autistas. Vários estudos relacionam serotonina, neurodesenvolvimento e autismo.

Os achados observados com vídeo EEG (eletroencefalograma) em autistas mostraram que em mais de 40% dos exames há alterações paroxísticas, mesmo daqueles indivíduos que nunca tiveram crises epilépticas.

A importância da amígdala hipocampal na gênese do autismo é confirmada pelo elevado grau de alterações epileptiformes que é observado na magnetoencefalografia. Em um estudo pode se observar que 82% dos casos com regressão e com suspeita de crises epilépticas tiveram exames com alteração.

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Estudos genéticos têm apresentado que há risco aumentado de recorrência de autismo em aproximadamente 3 a 8%, quando na família já existe uma criança ou indivíduo autista. A porcentagem de concordância para o diagnóstico de autismo em gêmeos monozigóticos é pelo menos 60%, se forem usados os critérios para autismo do DSM-IV, de 71% para transtorno global do desenvolvimento e de até 92% com distúrbios de linguagem e socialização. Hoje por meio de muito avanço sabe-se que o autismo é um transtorno genético complexo que ainda deve ser mais estudado e esclarecido.

Acredita-se que o diagnóstico de uma condição médica ou nerológica associada a um sujeito autista define os sintomas clínicos em um nível neurobiológico, mas não exclui o diagnóstico de autismo, que é definido em um nível clínico, comportamental. Uma pessoa que tenha características para o diagnóstico de autismo pode ter um exame cromossômico que dê o diagnóstico de X frágil. Nestes casos, os sintomas comportamentais seriam característicos com um diagnóstico de autismo com todas as dificuldades que isso possa ter em termos de acompanhamento, manejo e prognóstico, e a causa biológica para essa síndrome comportamental seria a síndrome do X frágil, com as consequências em termos genéticos e de prognóstico.

As diversas patologias associadas com os transtornos globais do desenvolvimento suportam a hipótese de que manifestações comportamentais no autismo podem ser secundárias a uma grande variedade de problemas ao cérebro. A heterogeneidade desses transtornos pode ser decorrente de etiologias distintas ou uma extensão de fatores, como etiologia, predisposição genética e aspectos ambientais. A manifestação entre autismo e esclerose tuberosa é intrigante. A incidência de esclerose tuberosa em autistas é de 1 a 4% significativamente maior do que a prevalência de X frágil e autismo, pois 25% de pacientes com esclerose

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tuberosa são autistas e 40 a 50% apresentam critérios para os transtornos globais do desenvolvimento.

A avaliação e investigação de sujeitos autistas necessitam de uma equipe multidisciplinar e o uso de escalas objetivas. Técnicas estruturadas devem ser utilizadas para a investigação do comportamento social das crianças, como também investigar a sua capacidade de imitação. Uma das Escalas de avaliação mais utilizadas é a Childhood Autism Rating Scale (CARS), que consiste de entrevista estruturada de 15 itens, que pode ser aplicada em torno de 30 a 45 minutos com os pais, ou cuidadores de uma criança que tenha suspeita de um quadro autista, maior de dois anos de idade. A cada um dos itens utiliza-se uma escala de sete pontos, o que permite classificar formas leves, moderadas ou graves do transtorno autista.

Outra escala que também costuma ser utilizada é a Escala de Comportamento Adaptativo de Vineland. Ela tem potencial para medir o desenvolvimento social em uma população normal e corroborar os dados com os de sujeitos autistas.

Já as baterias mais detalhadas de investigação psicológica usadas para o diagnóstico de autismo, e que são usadas principalmente em pesquisas, são a Escala Diagnóstica de Observação do Autismo, reconhecida pela sigla em inglês ADOS, e a Entrevista Diagnóstica de Autismo Revisada (ADI-R). Essas baterias juntas são bastante completas e têm um método para

Avaliar as capacidades sociais, de comunicação e os comportamentos de sujeitos autistas , que podem ser diferentes desde crianças sem linguagem até adultos que possuem a habilidade de se comunicar relativamente bem.

Um estudo recente identificou déficits específicos de comunicação social em crianças com transtornos globais do desenvolvimento utilizando a ADOS, e três fatores foram observados, atenção conjunta, reciprocidade afetiva e teoria da mente.

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Esses três aspectos da comunicação são importantes ao desenvolvimento social em crianças e quando esses aspectos não se desenvolvem de maneira esperada, são responsáveis por déficits básicos nos aspectos da comunicação social.

Alguns aspectos dos transtornos de linguagem em crianças autistas são a falta de habilidade de fazer a transição de um evento para o outro e de usar a linguagem para se relacionar socialmente. A fonoaudióloga deve estar bem atenta e ter o conhecimento dos transtornos de comunicação associados a esses transtornos globais do desenvolvimento.

A Escala de Comunicação e Comportamento Simbólico, em inglês CSDS, foi desenvolvida para avaliar crianças em sete áreas pragmáticas da linguagem, tais como: a capacidade que a criança tem de responder com emoção; capacidade de estabelecer contato visual; capacidade de utilizar a linguagem para regular o comportamento de outras pessoas; capacidade de interagir socialmente, e de estabelecer atenção conjunta. Investiga-se ainda o uso de gestos, sons, palavras e objetos. A capacidade da criança para entender o uso da palavra no contexto da sua utilização, no contexto da conversação, também é uma das características avaliadas. Entre os testes que avaliam a comunicação social da criança, observa-se o Teste de Linguagem Pragmática, em inglês TOPL, para crianças de cinco a 13 anos, o Protocolo Pragmático de Prutting e a Lista de Funções e Meios Comunicativos.

Para avaliar a percepção e a expressão da linguagem são utilizados, entre outros, a Lista de Desenvolvimento de Comunicação e Linguagem, dos seis aos vinte e quatro meses de idade; a Escala de linguagem do lactante aos três anos de idade; a Escala de Desenvolvimento de Linguagem de Reynell, de um a sete anos de idade; a Escala de linguagem do Pré-escolar, em inglês PLS-4, do recém-nascido aos sete anos de idade; a Escala de Linguagem Oral e Escrita, dos três aos vinte e um anos

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de idade; e o teste que avalia a capacidade de nomear a figura apresentada, com uma única palavra, conhecido pela sigla em inglês EOWPVT (ROTTA, 2006, p. 428).

As capacidades cognitivas não linguística s são observadas por meio do Escala de Brincadeiras Simbólicas. São observadas as atitudes em relação ao uso do objeto, do brinquedo, e se a criança tem a capacidade de brincar de maneira imaginativa, e se usa o brinquedo com sua função adequada ou se a brincadeira é repetitiva e estereotipada.

Mas é importante salientar que aqui no Brasil muitos desses Testes e Escalas não são utilizados, pois não há autorização para serem usados de maneira adequada. Isso porque para serem usados no Brasil é necessário ter uma padronização adequada para a realidade do Brasil. Então, muitos desses testes e escalas são utilizados somente em pesquisas com a devida autorização. Acabando o diagnóstico do autismo sendo realizado por meio da observação clínica do comportamento da criança e com a utilização de testes e escalas autorizadas e estruturadas.

O tratamento, assim como o diagnóstico, depende de uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar. O uso de medicamento é utilizado somente para minimizar os sintomas mais intensos. Uma das drogas mais utilizadas no tratamento do autismo, no tratamento de transtornos comportamentais em autistas são os neurolépticos, principalmente o Haloperidol. Porém a utilização dessas medicações tem sido restrita, pois o seu uso crônico produz efeitos colaterais. Mas se tem observado que o haloperidol diminui acentuadamente a agressividade, as estereotipias e os comportamentos automutilantes em indivíduos autistas.

Recentemente, usa-se como primeira escolha um antipsicótico atípico, a risperidona, nos casos de autismo clássico. Mas outras medicações usadas isoladas ou associadas com outras, também podem ser utilizadas para diferentes sintomas,

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tais com antidepressivos, inibidores seletivos da recaptação de serotonina, neuroestimulantes e drogas antiepilépticas.

INTERVENÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS

De acordo com Rotta (2006), as intervenções fonoaudiológicas incluem a utilização do brinquedo, da linguagem social, da produção da linguagem e de tecnologias capazes de aumentar a habilidade de comunicação.

Pode-se observar por meio de estudos com terapias alternativo-aumentativas, que não há evidências de que essas terapias atrasem a aquisição da linguagem oral. E sim, há evidências de que algumas crianças se beneficiaram com o uso da linguagem de sinais, pois o uso dessa linguagem foi capaz de aumentar a chance de essas crianças desenvolverem a fala.

Crianças com boa habilidade de imitação verbal conseguem melhor produção de linguagem oral do que aquelas que possuem habilidades imaginativas pobres. Essas crianças com boa capacidade de linguagem oral e capacidade imaginativa são as melhores candidatas para o uso dos sistemas alternativo-aumentativos no tratamento fonoaudiológico porque têm uma menor capacidade de apresentar progressos na aquisição da linguagem oral pelos métodos tradicionais.

Os sistemas simbólicos visuais (as figuras) também ajudam no tratamento porque o uso de sinais é útil, mas muitas vezes limitado.

A terapia com o Sistema de Comunicação por Troca de Figuras, em inglês PECS, é um programa estruturado que usa a troca de figuras para estabelecer a comunicação. A criança é estimulada a iniciar a relação na comunicação a partir do ato de trocar uma figura pelo objeto desejado. Inicia-se a terapia com o treinamento

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com o uso de palavras isoladas até chegar a construir frases com várias palavras.

INTERVENÇÕES EDUCACIONAIS E COMPORTAMENTAIS

Vários objetivos são alcançados na educação de crianças com autismo. Mas muitos comportamentos que crianças “normais” aprendem por conta própria por meio da interação com outras pessoas necessitam ser ensinados de maneira mais específica para crianças autistas.

Linguagem, responsabilidade social e capacidade adaptativa são alguns dos objetivos que frequentemente devem ser traçados e desenvolvidos com as crianças autistas e que não fazem parte de um programa de educação para crianças “normais”. A maioria dos programas educacionais para crianças autistas, podem até ser diferente em algumas áreas, mas normalmente dividem mais ou menos os mesmos objetivos, tais como: desenvolvimento social e cognitivo, comunicação verbal ou não verbal, capacidade de adaptação e resolução de comportamentos atípicos e indesejáveis. Muitas dessas áreas de interesse para serem trabalhadas com as crianças autistas se sobrepõem e os programas e objetivos educacionais variam à medida que a criança se desenvolve. Os problemas mentais são um agravante para o processo de aprendizagem, pois esses problemas estão presentes em muitos casos, em pelo menos dois terços das crianças autistas.

Déficits cognitivos, apesar de não serem características básicas no diagnóstico de autistas, possuem um papel muito importante em termos de prognóstico dessas crianças. Alguns estudos apresentam que testes de capacidade cognitiva, principalmente, o QI verbal, apresentam um fator preditivo em relação à possibilidade de vida independente na idade adulta. O QI não verbal ou de execução, assim como

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a presença de linguagem comunicativa é um importante fator prognóstico.

É de se esperar que funções que exigem mais habilidades verbais sejam mais gravemente afetadas, enquanto as habilidades não verbais, como exames de blocos e organização espacial, tenham um melhor desempenho, ou estejam menos comprometidos.

As intervenções comportamentais e educacionais são extremamente necessárias no manejo do sujeito autista. Um grande número de métodos tem sido descrito, mas apenas uma pequena parte desses métodos foram pesquisados e validados. Portanto, muitos deles têm sido usados mesmo sem grandes comprovações de sua eficácia, tendo poucos dados capazes de verificar cientificamente sua utilidade.

Porém o fato de que algumas dessas intervenções não tiveram seus dados confirmados por pesquisas não significa que sejam ineficientes, mas somente que sua possível eficácia não foi confirmada por métodos objetivos.

A maioria dos métodos de ensino e tratamento pode ser dividida em três grandes grupos: os que usam modelos de análise aplicada do comportamento; os que são embasados em teorias de desenvolvimento; e aqueles que são fundamentados em teorias de ensino estruturado.

A terapia de Análise Aplicada de Comportamento, conhecida pela sigla em inglês ABA, faz uso de princípios fundamentais de teoria da aprendizagem para beneficiar comportamentos em pessoas sem capacidades socialmente significativas. Um elemento essencial de análise experimental de comportamento foi apresentado por Skinner, em 1938, baseando-se em estudos e análise de comportamento animal e humano. Esses estudos levaram a conclusão de que o comportamento é uma função de suas consequências. A hipótese primária da ABA é de que se alguns dos

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elementos essenciais são alterados, uma mudança comportamental pode ser obtida. Tais mudanças podem originar alterações comportamentais tanto positivas quanto negativas.

Para alguns, a hipótese de que o comportamento humano pode ser controlado ou alterado, assim como o comportamento animal pode parecer simplista. No entanto, as pesquisas confirmam a utilização de práticas de análise aplicada de comportamento no tratamento de crianças autistas.

Nessa terapia comportamental o objetivo principal é a conduta observada na criança, que nos permite entender como o sujeito aprende um padrão de comportamento que lhe propicia reforços e que leva a alguma forma de resposta. Crianças com autismo normalmente obtêm algum tipo de resposta ou reforço por meio de comportamentos inadequados, assim comportamentos mais socialmente apropriados podem ser aprendidos por meio de reforço. Esses devem ser oferecidos rápidos e frequentemente de tal modo que aumentem o valor de comportamentos novos e mais adaptados socialmente.

Diferentes das intervenções comportamentais tradicionais, os métodos focados mais no desenvolvimento enfatizam o processo fundamental de desenvolvimento, como referência social e autopredileção, e serviram e servem como base para um crescimento emocional, social e cognitivo.

Os métodos que usam as teorias do desenvolvimento são os chamados Floor Time e o de intervenções de Desenvolvimento de Relações são conhecidos pela sigla em inglês RDI.

Floor Time foi apresentado por Stanley Greenspan, usa o modelo no qual os pais ou terapeutas tentam fazer o que a criança está fazendo para, a partir daí, poder melhorar as capacidades sociais, de comunicação e emocionais das crianças autistas.

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Greenspan diz que crianças autistas teriam um déficit de processamento que interferiria com a conexão entre afeto e intenção e que comprometeria capacidades de planejamento motor, processamento auditivo e capacidade de comunicação. Capacidades básicas que são desenvolvidas incluem atenção e intensidade afetiva; comunicação gestual, comunicação social e resolução de problemas; uso de símbolos de ideias e o uso lógico e abstrato de ideias.

Os princípios de Ensino Estruturado foram estabelecidos por Schopler e colaboradores na divisão TEACCH, na Carolina do Norte. Combina estratégias cognitivas e comportamentais, com ênfase em procedimentos com base em reforço para modificação de comportamento e em propiciar intervenções para déficits de habilidades que possam estar subjacentes a comportamentos inapropriados. Esse programa parte do princípio de que crianças com autismo têm uma interação diferente de crianças típicas e que o entendimento dessas diferenças proporciona a criação de programas para melhorar o seu potencial de aprendizagem. O programa tenta enfocar as capacidades visoperceptivas de crianças com autismo e tem um papel importante no desenvolvimento de medidas diagnósticas que usam métodos de integração, bem como na proliferação dos sistemas visuais para essa população especial. Pelo menos um estudo demonstrou benefícios no desenvolvimento de pré- escolares que recebem instruções com base no método TEACCH em casa, quando comparados com um grupo-controle (ROTTA, 2006, p. 431).

Toda criança autista é capaz de aprender, cada uma a sua maneira, desde que cada uma receba o seu programa de tratamento individualizado e com ações intensivas. Esses programas têm que se repetir na escola, em casa e na sociedade.

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EDUCAÇÃO DE ALUNOS COM AUTISMO

Resultados de estudos epidemiológicos, genéticos, neurofisiológicos e neuropatológicos demonstraram a existência de alterações cerebrais físicas no autismo, que podem ser causadas por uma série de agentes etiológicos pré, Peri ou pós-natais, como infecções, anoxia, traumatismos ou anormalidades metabólicas ou genéticas.

Hoje, acredita-se que o padrão de atitudes do autismo clássico é resultante da combinação de perturbações num grupo de funções psicológicas.

Segundo Gauderer (1997), não se sabe ainda de tratamentos que curem o autismo, que consigam eliminar todas as dificuldades básicas e que recoloquem a criança no caminho de um desenvolvimento normal. A criação de um ambiente, o mais satisfatório possível, para a vida do dia a dia pode ajudar a reduzir a intensidade das dificuldades secundárias que aparecem quando a criança autista tem que enfrentar a realidade do cotidiano. O manejo do ambiente não muda os transtornos básicos, mas modificam as exigências impostas às crianças autistas.

A educação, usando técnicas de ensino baseadas em primeiro lugar na compreensão dos padrões dos transtornos e das capacidades da criança e depois nos conhecimentos do desenvolvimento normal da criança, pode ajudar a criança a desenvolver ao máximo suas habilidades que possam compensar suas deficiências. E assim a criança poderá levar uma vida mais normal.

A educação não poderá curar as dificuldades da criança autista, mas contribuirá para tornar a vida delas um pouco mais compreensível, dotando-as de habilidades úteis para melhorar suas capacidades de lidar com a vida e sentir também mais prazer pela mesma.

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Em relação ao ambiente, o objetivo mais amplo seria a redução da confusão vivenciada pela criança. Os pais ou cuidadores devem interagir com a criança com calma, confiança, sem pressa, de forma tranquila e afetuosa. O seu ambiente deve ser agradável e confortável, com equipamentos interessantes e atraentes, mas o ambiente não pode ficar confuso, nem hiperestimulante.

Algumas crianças autistas têm a necessidade de retirarem-se das atividades de grupo, parece que para aliviar o aumento de tensão que pode ocorrer, portanto deve-se ter um ambiente tranquilo para onde essa criança possa ir quando sentir necessidade de ficar sozinha.

As programações diárias devem ser estruturadas de maneira simples, que seja previsível, e as alterações devem ser introduzidas com cuidado e devagar.

Programas de ensino individualizado são necessários devido à ampla variação dos níveis de habilidades encontrados nas crianças autistas. Cada criança deve ser avaliada de forma que possa ver o nível de desenvolvimento individual. O ideal é que essa avaliação seja usada como ponto de partida para os programas de ensino. Os graves problemas em comunicação e linguagem exigem o uso de técnicas especiais. A maioria das crianças autistas responde melhor quando o material é apresentado de maneira visual em vez de auditiva. É importante estimular o desenvolvimento da compreensão e o uso da linguagem, mas devem-se utilizar recursos alternativos de comunicação, que podem ajudar crianças com a fala muito precária, ou sem fala.

O fato de as crianças com autismo muitas vezes focarem detalhes, ignorando o sentindo do todo é um constante problema na aprendizagem. É importante dividir a atividades em partes e devagar ir associando ao todo. É de grande valia aproveitar as tarefas do dia a dia, como cozinhar, andar de ônibus, fazer compras, etc. Sempre

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encorajando a criança a usar os conhecimentos aprendidos. Outra técnica que pode ser atraente é usar o interesse específico da criança como ponto de partida para o ensino.

Educação física para o desenvolvimento da coordenação motora tem que fazer parte do programa de aprendizagem, por exemplo, a maioria das crianças autistas gosta muito de música e isso pode ser utilizado para atrair a atenção da criança e facilitar a aprendizagem.

Já no manejo dos comportamentos difíceis, tanto os psicanalistas quanto os conhecedores das disfunções cerebrais físicas concordam que se deve usar um método que utilize a compreensão dos motivos do comportamento. O comportamento difícil deve ser evitado, de preferência eliminando as situações que precipitem esse comportamento indesejável. E comportamentos positivos e construtivos devem ser incentivados por meio de atenção e elogio, é importante também não deixar a criança com excesso de pressões ambientais.

Quando surgem os comportamentos indesejáveis ou ataques de raiva, por exemplo, ignorar calmamente a criança ou retirá-la daquela situação pode ajudar. Segurar a criança para acalmá-la durante um ataque de raiva pode ser um bom método, mas isso não deve ser confundido com a terapia chamada de Terapia de Contenção na qual se provoca raiva na criança para depois contê-la. Às vezes, pode ser necessário usar medicamentos, mas uma atitude sensata é sempre recomendada como a melhor saída e tem maiores chances de dar certo.

A melhora nas relações sociais entre a criança autista e seus pais ou professores e nas relações sociais gerais pode se dar devido a uma compreensão bem elaborada das perturbações, em que se cria um ambiente mais satisfatório e se ensina a criança novas habilidades, inclusive formas de se lidar com situações sociais.

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As perturbações psicológicas das crianças autistas, como a pobreza de desenvolvimento da imaginação, do jogo simbólico, podem fazer da psicoterapia uma forma inadequada de tratamento. Mas em casos de adolescentes ou adultos autistas mais inteligentes ou adaptados, é possível conseguir alguma compreensão e insights para se beneficiarem de aconselhamentos psicológicos feitos por pessoas com experiência no autismo. No entanto, esse aconselhamento deve ser simples, prático, não utilizando nenhuma interpretação simbólica mais complexa que pode ser mal interpretada ou incompreendida pelos autistas.

Para se avaliar mudanças ou melhoras, como no desenvolvimento da linguagem, nível de brincadeira imaginativa ou QI geral, devem se realizar testes adequados antes e depois do tratamento.

O prognóstico pode se relacionar intimamente com a inteligência média na infância e não com o tratamento recebido. Mas as contribuições de um tratamento adequado são de fundamental importância na adaptação dessa criança à realidade que a cerca.

Por Terapia Comportamental damos o nome a qualquer técnica específica que usa princípios psicológicos, especialmente de aprendizado para adquirir, mudar ou transformar construtivamente o comportamento humano.

Os princípios são: busca de entendimento exaustivo de como é, como pensa, como age a criança e o adolescente autista; buscar objetivos específicos e bem definidos com relação à terapia; especificar os comportamentos que a criança pode ou não desempenhar, sem rótulos; elaboração de planos terapêuticos dirigidos aos comportamentos alvos com determinações das respostas; adaptação dos métodos de tratamento de acordo com os problemas da criança; atenção constante do que a criança realiza, do que ela faz, com registros imediatos; seleção cuidadosa de atitudes

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que sejam realmente relevantes; seleção cuidadosa de atitudes que respeitem e mantenham alguma semelhança com aquilo que a criança já possa saber; divisão dos comportamentos finais esperados e utilização de reforçadores e de estímulos.

Tendo como base esses princípios citados acima, acredita-se que o autismo é uma desordem do desenvolvimento, e que os indivíduos que tenham autismo sofrem de um déficit específico relacionado à compreensão do significado expresso na comunicação e na interação social. Sujeitos com autismo têm um estilo cognitivo diferente, o que implica em dificuldades específicas com a percepção, atenção, memória e pensamento.

Existe um método chamado TEACCH, é uma sigla que significa Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com deficiências relacionadas à comunicação. Com a intensa observação comportamental dessas pessoas viu-se que a falta de estrutura aumenta a falta de objetivo na ação e piora as atitudes estereotipadas, portanto, é de suma importância a interação pais/terapeutas a fim de determinar o que/onde/quando/como em que sequência os aprendizados devem ser desenvolvidos. Têm-se alguns pontos importantes, como espaço físico bem definido, tempo, duração e material.

Os indivíduos autistas possuem melhor acuidade visual que os outros indivíduos, portanto, o recurso visual deve ser sempre usado, tanto para autistas verbais quanto para autistas não verbais. A estrutura de uma sala de aula TEACCH deve ter: local para atividade individual com o terapeuta; local para atividade em grupo; local para lanche; e local livre, onde pode se selecionar tudo que a criança goste de fazer. Neste local, os terapeutas não devem interferir nas atitudes, para que a criança possa aprender a diferenciar momentos de atividades estruturadas e momentos de atividades livres.

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De acordo com a proposta de avaliação e programas terapêuticos, segundo os princípios do método TEACCH, deve-se ter uma escala de atividades funcionais, tais como: imitação; comportamento motor amplo; comportamento motor fino; coordenação olho/mão; desempenho cognitivo; percepção; percepção cognitiva verbal; atitudes de autocuidado. Esta escala é usada para a avaliação e também para viabilizar o tratamento.

Alguns itens como instruções, atenção, cooperação, agressividade e birra são observados o tempo todo, as áreas observadas são: afetividade, noção do eu; relação com o outro, relação com os objetos, sentidos, percepção; linguagem. Esse método ajuda a criança no sentido de autonomia e comunicação.

Apenas há algumas décadas é que se começou a tomar conhecimento do autismo e de como esse transtorno funciona, se desenvolve. Nos últimos tempos, a sua causa e cura têm chamado bastante atenção dos pesquisadores. Na verdade, isso é uma difícil tarefa, como entender o mundo autista, e o conhecimento amplo das necessidades e dificuldades específicas de cada indivíduo portador dessa síndrome.

Sujeitos sem todos os sinais do transtorno autista, mas com algumas características ou com um funcionamento semelhante ao comportamento autístico pode também se beneficiar desse método TEACCH.

As pesquisas que têm proporcionado o desenvolvimento do método TEACCH foram realizadas com muita observação de como o indivíduo autista se desenvolve, o que mais lhe chama a atenção e em que condições eles respondiam melhor. Assim, compreendeu-se que crianças autistas se desenvolvem melhor em condições estruturadas. O sucesso da terapia comportamental é devido à boa estruturação, principalmente nos estágios iniciais de aprendizagem e nas definições claras de condições prévias e consequências para introduzir novos comportamentos.

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É muito importante a utilização das ocorrências naturais, ou seja, as coisas que acontecem no dia a dia com suas consequências como maneira de intensificar o aprendizado da linguagem, e também ajudar na retirada da necessidade de ambiente tão estruturado.

Sendo assim, um programa individual de acordo com o método TEACCH usa como pontos-chaves de apoio: a estrutura física bem definida onde cada espaço é usado e para que função; a sequência de tarefas de forma que a criança saiba o que, quando, onde e como elas devem ser realizadas; e apoio visual para todos os atributos que estão sendo ensinados.

Portanto, a estrutura de uma sala de aula TEACCH deve possuir: programas individuais criados com a participação dos pais; espaço físico estruturado; e devem ser feitos esquemas de apoio visual para a rotina da criança, para facilitar o entendimento do aluno e podem ser usados fotos, desenhos ou palavras.

Estratégias de ensino

A arte de ensinar não é e nunca foi uma tarefa tão simples como muitos pensam.

Ao contrário, tal processo exige uma série de habilidades e competências para que o educador consiga diferenciar e articular fatores sociais, individuais, internos e externos, que influenciam o tempo todo no ensino.

Mas se ensinar crianças, adolescentes, jovens e adultos que estão inclusos dentro dos “padrões” já é tão complexo, o que dizer de ensinar crianças especiais com autismo?

Referências

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