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Funcionalidade da CEASA Cariri em Barbalha, CE

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Academic year: 2021

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Funcionalidade da CEASA Cariri em Barbalha, CE

Cláudia Araújo Marco1; Edna Sales Santos¹; Maria Denise Rodrigues dos Santos¹; Samara Alves Macedo¹; Lívio Diego Duarte Brandão¹

1NUPEH – Núcleo de Pesquisa e Extensão em Horticultura da UFC – Universidade Federal do Ceará, campus Cariri, sede Crato. Rua vereador Sebastião Maciel Lopes, S/N; São José; Crato-CE. clmarko@ufc.br,

edna_ufc.cariri@hotmail.com, mdrodrigues2010@hotmail.com, samaramacedo18@hotmail.com,

ldd.brandao@gmail.com

RESUMO

As CEASA's - Centrais Estaduais de Abastecimento Sociedade Anônima, também conhecidas como mercados e/ou entrepostos atacadistas podem ser caracterizadas em postos de venda atacadista ou varejista ou então atacadista e varejista ao mesmo tempo. Podendo ser de responsabilidade federal, estadual ou municipal. A CEASA Cariri é um dos novos entrepostos atacadistas do estado do Ceará, que vem para auxiliar no escoamento de produtos hortigranjeiros do estado, assim como para facilitar a comercialização dos produtos oriundos de outros estados, principalmente dos que não são produzidos aqui no Ceará. Para caracterizar a CEASA Cariri quanto a sua funcionalidade, o levantamento dos dados deste trabalho foi adquirido com a aplicação de questionários quantitativos distribuídos aleatoriamente e entrevistas qualitativas ao gestor do referido entreposto e aos feirantes. A CEASA Cariri não está funcionando ainda em sua plenitude, mesmo com todos os boxes já vendidos e os módulos quase todos ocupados. Há necessidade de expansão da CEASA para absorver o setor de frios e cereais. A área de convivência não está ainda em funcionamento e há pouca divulgação do entreposto recém-inaugurado. Os feirantes residem em sua maioria na zona urbana, possuindo apenas o ensino fundamental completo e, enquadrados em uma faixa etária que oscila entre 26 e 58 anos de idade. Os principais hortifrutigranjeiros comercializados são: macaxeira, batata doce, feijão verde, pimentão, cebola, jerimum, alface, cebolinha, coentro,uva, maçã, abacate, laranja, banana, tomate, mamão etc. O principal desafio da CEASA é a comercialização ainda deficiente ocorrendo pela presença de outro mercado de frutas, verdura e legumes na região, que ainda funciona em sistema atacadista dificultando a migração dos comerciantes para o novo entreposto.

PALAVRAS-CHAVE: CEASA; hortigranjeiros; diagnóstico. ABSTRACT

Functionality CEASA Cariri in Barbalha, CE

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As hortaliças, popularmente conhecidas como verduras e legumes, têm papel importante na mesa do brasileiro por serem fontes de fibras, vitaminas e minerais (Lemos et al., 2011; apud ARAÚJO et al., 2007).

A baixa eficiência na distribuição de hortaliças é considerada um dos maiores entraves para o bom desempenho competitivo de toda a cadeia. A alta perecibilidade, que é uma característica inerente a esses produtos, exige um arranjo de canal de distribuição que permita sua comercialização eficiente, o que está, muitas vezes, fora do alcance dos produtores.

Dessa forma foram criados espaços onde fosse mais fácil fazer com que esses produtos chegassem à mesa do consumidor - as CEASA's - Centrais Estaduais de Abastecimento Sociedade Anônima, também conhecidas como mercados e/ou entrepostos atacadistas. Estas podem ser caracterizadas em postos de venda atacadista ou varejista ou então atacadista e varejista ao mesmo tempo. Podendo ser de responsabilidade federal, estadual ou municipal. Desde a década de 60, a maior parte da comercialização de hortaliças no Brasil tem ocorrido por meio das CEASA's (Lourenzani, 2004).

Os mercados ou entrepostos atacadistas de hortigranjeiros são espaços econômicos e sociais diversificados que reúnem vendedores e compradores, produtores e comerciantes, consumidores e prestadores de serviço, agentes públicos e informais em uma intensa relação comercial e social realizada em curto espaço de tempo (CONAB, 2009). São definidos como espaços de comercialização atacadista de alimentos, realizada por agentes privados, submetidos a regras operacionais específicas e que permitem acesso irrestrito de vendedores e compradores.

A cadeia de comercialização em geral constitui-se de três agentes: produtor, atacadista e varejista. A forma de comercialização por atacado é caracterizada pelas centrais de abastecimento, que se constituem em concentrações do espaço físico, onde diferentes produtos são comercializados (Andreuccetti, 2005). Dessa forma as CEASA's tornam-se parte da cadeia de comercialização dos hortigranjeiros no país, desempenhando um papel muito importante.

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MATERIAL E MÉTODOS

A coleta de dados foi realizada no mês de abril de 2012 sendo organizada em duas etapas. Na primeira etapa foi feita uma entrevista com o dirigente da CEASA Cariri, com o propósito de avaliar a infraestrutura da CEASA, principais dificuldades e desafios. Na segunda etapa foi feita a aplicação de um formulário distribuído aleatoriamente aos feirantes da CEASA Cariri. E que servirá de base para caracterizar alguns aspectos da situação socioeconômica dos feirantes, como faixa etária, grau de escolaridade, principais hortaliças comercializadas na feira, renda, uso de defensivo agrícola, utilização do excedente da feira, grau de satisfação com o estabelecimento, etc. A pesquisa foi do tipo amostral, com amostras definidas aleatoriamente (amostra aleatória simples).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Infraestrutura da CEASA Cariri

A CEASA Cariri está localizada no município de Barbalha, Avenida Leão Sampaio S/N, bairro Bulandeira, na rodovia CE 060, em direção à cidade Barbalha, Ceará. Foi inaugurada no dia 23 de fevereiro de 2012, e atualmente possui um quadro de 28 funcionários. O horário de funcionamento é de domingo a domingo sendo que o dia da feira ocorre da madrugada da terça para a quarta e os horários para abastecimento e comercialização ainda não estão definidos.

Apresenta uma área total de 8,64 hectares (ha), sendo 2,6 ha destinadas para projeto de expansão. Da área total, ha 8.815m² construído, onde 7.500m² são utilizados para quatro galpões, dois permanentes e dois não permanentes (Figura 1). O primeiro galpão é composto por 32 boxes de 30m², o segundo com 18 boxes de 60m² e os dois últimos com dois boxes de 120m², totalizando 52 boxes já vendidos, porém nem todos estão em funcionamento. Os boxes são divididos em módulos de tamanhos variados entre os permissionários e os agricultores familiares em sistema de aluguel. A CEASA Cariri apresenta também uma área de 1.315m² destinada para lojas de atípicos, banco, lanchonete e banheiros. Ainda faz parte da infraestrutura uma caixa d'água subterrânea com capacidade de 50 mil litros e uma suspensa de 52 mil litros e um poço profundo com vazão de 50 mil litros/hora.

Na área do estacionamento há 192 vagas para caminhões, 321 para veículos pequenos, 172 para motos e 210 para bicicletas.

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O gestor identifica como principal desafio da CEASA é o fato de que um mercado (Pirajá) no município vizinho, Juazeiro do Norte, antiga CEASA, ainda vender no atacado, causando concorrência ao novo entreposto atacadista.

Perfil socioeconômico dos feirantes

Os feirantes são compostos por agricultores familiares e permissionários sendo que estes possuem em média três e nove módulos, respectivamente. A participação da agricultura familiar na feira, é importante para a consolidação econômica e social da agricultura familiar (Ricotto, 2002) já que é sabido que o Nordeste detém a metade dos estabelecimentos de agricultura familiar do País (2.187.295) e 35,3% da área total deles (28,3 milhões de hectares), segundo a Lei da Agricultura Familiar (Coêlho, 2010). Porém, através da análise dos formulários pode ser obervado que os feirantes residem em sua maioria na zona urbana, possuindo apenas o ensino fundamental completo e, enquadrados em uma faixa etária que oscila entre 26 e 58 anos de idade, tendo uma maior concentração na faixa entre 41 a 50 anos (Figura 2). Rocha et al. (2010) analisando a idade dos feirantes da feira dos produtores de Passo Fundo, RS observou uma faixa etária intermediária a este trabalho, pois os feirantes consultados em sua entrevista tinham idade média correspondente a 47 anos.

Em relação ao financiamento da instalação dos módulos utilizados pelos feirantes observou-se que 100% da fonte de financiamento dos permissionários eram próprias, enquanto que os feirantes oriundos da agricultura familiar não compram os módulos que utilizam, são cadastrados pela CEASA para terem acesso ao espaço reservado para os mesmos. Os feirantes não possuem módulos em outra feira e o lucro que os mesmos conseguem atingir por mês varia de um a dois salários mínimos.

Em relação aos custos de manutenção do espaço foi verificado que os permissionários pagam o condomínio a CEASA que custa, hoje, R$ 30,00/módulo/mês sendo que, para os comerciantes da agricultura familiar é cobrado apenas um aluguel de R$ 11,00 por feira que participam.

As principais hortícolas comercializadas atualmente são: macaxeira, batata doce, feijão verde, pimentão, cebola, jerimum, alface, cebolinha, chuchu, batata inglesa, cenoura, beterraba, repolho, pepino, berinjela e coentro, pera, uva, maçã, abacate, laranja, banana, tomate, mamão, melancia, manga, melão, abacaxi, goiaba, tangerina, maracujá e morango.

Do total de entrevistados, 14% afirmaram não utilizar nenhum defensivo agrícola, e os demais reconhecem que os mesmos são utilizados nos produtos que comercializam embora não saibam informar os tipos que são aplicados.

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Cariri ainda é muito fraco, por injúrias nos produtos, provenientes do modo e tempo de transporte o que altera a vida útil dos mesmos. Santos et al. (2010) avaliando as principais causas de desperdícios dos produtos hortifrutigranjeiros durante a feira de Jardim, CE, observaram que a principal causa (91,42%) está ligada diretamente ao comércio “deficiente” que dificulta a comercialização da quase totalidade dos produtos expostos.

Quanto ao excedente da feira, os comerciantes informaram que é vendido no mercado do Pirajá em Juazeiro do Norte, Ceará em sistema de varejo. Quando o excedente é em quantidade reduzida, este é doado ao Projeto Mesa Brasil do SESC e os restos de frutas e verduras são destinados para alimentação animal ou vai para o lixo.

Quanto ao grau de satisfação dos comerciantes da CEASA Cariri, os mesmos estão muito satisfeitos em relação à estrutura que a CEASA oferece, garantindo segurança e comodidade aos feirantes e uma maior preservação da qualidade dos produtos. Porém foi observado insatisfação em relação ao aquecimento da venda dos hortigranjeiros. Os feirantes justificam que essa situação pode estar relacionada ainda a instalação da CEASA Cariri que é muito recente e todo processo de mudança traz consigo um período de resistência além do fato que o mercado (Pirajá) destes produtos em Juazeiro do Norte já está a muito tempo estabelecido.

Através dos dados e informações coletadas, concluí-se que a CEASA Cariri não está funcionando ainda em sua plenitude, mesmo com todos os boxes já vendidos e os módulos quase todos ocupados, apesar de ocorrer pouca divulgação do entreposto recém-inaugurado. O principal desafio da CEASA é a falta de comércio, identificada pelos feirantes como “falta de feira”, tendo em vista que a mesma só ocorre em um dia da semana devido a pouca demanda em função da concorrência com o mercado (Pirajá) em Juazeiro do Norte, CE. Vale ressaltar que a CEASA Cariri funciona a pouco tempo o que contribui para um certo receio por parte dos usuários do mercado Pirajá a se transferirem para a mesma. Percebe-se a necessidade de uma maior divulgação do centro de abastecimento, demandando ações integradas de políticas públicas voltadas para a consolidação e expansão deste centro de abastecimento.

REFERÊNCIAS

ANDREUCCETTI C et al. 2005. Caracterização da comercialização de tomate de mesa na CEAGESP: perfil dos atacadistas. Horticultura Brasileira 23: 324-328.

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CONAB – COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Diagnóstico dos mercados

atacadistas de hortigranjeiros. Brasília: CONAB, 2009. 38 p. PROHORT - Programa

Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro.

LEMOS AG; BOTELHO RBA; AKUTSU RCCA. 2011. Determinação do fator de correção das hortaliças folhosas comercializadas em Brasília. Horticultura Brasileira 29: 231-236.

LOURENZANI AEB; SILVA AL da. 2004. Um estudo da competitividade dos diferentes canais de distribuição de hortaliças. Gestão & Produção 11: 385-398.

RICOTTO AJ. 2002. Uma rede de produção e comercialização alternativa para a Agricultura

Familiar: o caso das feiras livres de Misiones, Argentina. Rio Grande do Sul: UFRGS. 152p

(Tese Mestrado).

ROCHA HC et al. 2010. Perfil socioeconômico dos feirantes e consumidores da Feira do Produtor de Passo Fundo, RS. Ciência Rural 40: 2593-2597.

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Figura 1. Imagens do espaço físico dos galpões não permanentes da CEASA Cariri (Images of the physical spaces of the non-permanent sheds CEASA Cariri). Lívio Diego, NUPEH, 2012.

20-30 31-40 41-50 Mais que 51 0 1 2 3 4 Fundamental

incompleto Fundamental completo Médio incompleto Médio completo Superior

incompleto Idade Q u a n tid a d e d e fe ir a n te s

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