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O ESTADO E A MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA EM GOIÁS: 1970-1990

Antônio José Porto Bandeira1

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo investigar sobre a relevância do planejamento e da coordenação governamental para a modernização agrícola de Goiás, nas décadas de 1970 e 1980. Nesse período destacam-se as ações das Superintendências Regionais de Desenvolvimento e dos diversos programas ligados aos Planos Nacionais de Desenvolvimento. O método utilizado foi o da pesquisa bibliográfica. Partiu-se da hipótese de que o planejamento e a ação governamental foram decisivas para a implementação da modernização agrícola, no estado de Goiás, no período analisado.

PALAVRAS CHAVES:

Planejamento Governamental, Política Agrícola, Goiás, Modernização Agrícola.

As décadas de 1970 e 1980 foram extremamente importantes para as transformações ocorridas no estado de Goiás, em especial no tocante à agricultura, favorecida por ações do governo federal, notadamente, e estadual, secundariamente.

Vale ressaltar que o crescimento econômico alcançado foi, em grande parte, nesse período, coordenado e executado por governos federais e estaduais centralizadores, perversos e excludentes. Privilegiaram parcelas diminutas de médios e grandes produtores, em detrimento de um contingente excepcional de

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Acadêmico do Curso de Especialização em Teoria Econômica, PUC Goiás. Graduado em Economia, PUC Goiás. Especialista em Planejamento Social, Universidade Federal de Goiás. Mestre em Planejamento Urbano e Regional, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor do curso de Ciências Econômicas, PUC Goiás.

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pequenos produtores, que tinham pouco acesso às linhas de crédito, assim agravando, ainda mais, as desigualdades e a miséria no campo, já magnificadas pela motomecanização das lavouras.

Segundo o economista Estevam, o crédito rural subsidiado foi, indubitavelmente, o mais importante instrumento da modernização agrícola, sendo que os recursos do governo federal destinados a custeio, comercialização e investimento na agropecuária foram volumosos, principalmente entre 1975 e 1983. O crédito financiava desde o desmatamento, fertilização e conservação dos solos, construção de estradas, açudes, benfeitorias diversas, eletrificação, drenagem, irrigação, aquisição de máquinas e equipamentos agrícolas, regularização fundiária até projetos de investimentos agropecuários.

Além disso, somam-se o financiamento da produção pelos órgãos estatais, como a Companhia de Armazéns e Silos do Estado de Goiás ( CASEGO),a Companhia de Desenvolvimento do Estado de Goiás( CODEG) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural(EMATER-GO), os investimentos diretos em infraestrutura,em pesquisa e em assistência técnica aos empreendedores privados, instalados ou aptos a se instalarem nessa região.

Em Goiás, assim como em todo Centro-Oeste, o desenvolvimento econômico verificado, no período em destaque, passa pela definição de programas especiais para as áreas de abrangência da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), criada em 1966, e da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste ( SUDECO),criada em 1967. Esses órgãos, criados no final da década de 1960, cumpriram papel importante no que tange ao fomento, planejamento e coordenação em nível macrorregional, ao lado de instituições financeiras de igual abrangência e de medidas adotadas no período do chamado milagre econômico (1968 – 1973).

Percebe-se, com isso, que o planejamento no Brasil e nas economias periféricas, sublinhando-se os estados localizados no Centro-Oeste, ganha força no projeto desenvolvimentista em curso.

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Na área da SUDAM onde se incluía a parte de Goiás2, previa-se o estímulo aos investimentos privados, por meio de incentivos fiscais (por exemplo,até 1982, as empresas privadas poderiam receber isenção de até 100% do Imposto de Renda, isso vigiu até 1982, ao se instalarem nessa região; empresas poderiam beneficiar-se de impostos de exportação pela produção de artigos regionais) e de infra-estrutura de apoio, particularmente no setor de transportes, com o objetivo de favorecer a agropecuária e a indústria. Isso foi feito a partir da definição de “pólos de desenvolvimento”, como aqueles definidos pela Superintendência de Desenvolvimento de Nordeste (SUDENE) para o nordeste brasileiro. Nesta área facilitava-se a produção com o crédito rural subsidiado.

A SUDECO não teve o mesmo êxito que a SUDAM e a SUDENE porque não contava com a atribuição complementar de gerir recursos financeiros para a região centro-sul do Estado de Goiás. Porém, através de programas especiais, de localização privilegiada e do crédito rural, alcançou índices econômicos relevantes no cenário regional. Sua proximidade dos centros desenvolvidos do Sudeste brasileiro foi decisiva para as transformações que vinham ocorrendo.

A experiência de planejamento no Centro-Oeste consolida-se na adoção de programas especiais constantes no I, II e III Planos Nacionais de Desenvolvimento(PND), implementados respectivamente entre 1972 e 1974; 1975 e 1979 e o III PND, implementado entre 1980 e 1985. O I e o II Plano foram os mais eficientes. O III PND esteve fortemente influenciado pela crise da década de 1980; porém, apesar disso, o Estado avança rumo ao desenvolvimento.

No I PND destacam-se o Programa de Redistribuição de Terras e Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste (PROTERRA) e o Programa de Desenvolvimento do Centro-Oeste (PRODOESTE).

O primeiro programa, abrangendo a área da Amazônia Legal(estados do Norte do país; mais parte de Goiás, acima do Paralelo 13; de Mato Grosso, acima do Paralelo 16e do Maranhão, a oeste do Meridiano 44),procurava “promover o mais

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fácil acesso do homem à terra, criar melhores condições de emprego de mão-de-obra e fomentar a agroindústria nas regiões compreendidas nas áreas de atuação da SUDAM e da SUDENE” (Redwood, Barreto, 1984, p. 400-401), por meio de empréstimos fundiários a pequenos e médios produtores rurais, bem como do estabelecimento de uma agricultura produtiva e estável em áreas novas de colonização, facilitando a compra de insumos modernos, a aquisição de máquinas e implementos agrícolas, e a implantação e a pavimentação de estradas, com destaque para a rodovia Belém-Brasília.

O PRODOESTE, implementado nos Estados do Mato Grosso, Goiás (regiões centro e sul do estado) e Distrito Federal, procurava promover o desenvolvimento econômico desta região, como o objetivo de construir uma rodoviária básica conjugada a um sistema de estradas vicinais e a uma rede de silos, armazéns, usinas de beneficiamento e frigoríficos, bem como a realização de obras de saneamento geral. Para isto, seriam alocados recursos do Ministério dos Transportes, do financiamento do Banco do Brasil, da Companhia Brasileira de Armazéns( CIBRAZEM) e da CASEGO, além de recursos do Ministério do Interior. O governo estadual, através da CASEGO e da Secretaria da Agricultura, faz-se presente de forma mais expressiva nessa região, devido às condições favoráveis que ela proporciona para a arrancada rumo ao desenvolvimento.

Além desses programas, no I PND foi elaborado,entre os anos de 1973 e 1974, o Plano de Desenvolvimento Econômico e Social do Centro-Oeste(PLADESCO). Seus objetivos eram integrar, ainda mais, os Estados dessa região com o País, compatibilizar as migrações internas com os interesses nacionais de povoamento e instalar corredores de exportação para os produtos agrícolas. Além desses objetivos, cabe destacar a incorporação de novas áreas à produção nacional, a tecnificação da agropecuária e a industrialização da produção agrícola. Para fomentar o desenvolvimento, o governo definiu áreas-programas.

No âmbito do II PND, a Região Centro-Oeste teve grande destaque, pois era considerada como grande produtora de alimentos, além de importante para o intuito da integração nacional na direção da região amazônica. No conjunto do

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sistema nacional foram estabelecidas três funções para a área (MPO/SEPRE/IICA, 1998, p. 109):

 Produzir alimentos e matérias-primas, notadamente de origem mineral, voltada para a exportação;

 Absorver e reorientar as correntes espaciais de mão-de-obra; e

 Servir de área alternativa para a descentralização industrial do país.

A intervenção na economia, em Goiás, nesse Plano, dá-se, praticamente, através de três programas especiais em áreas selecionadas: o Programa de Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia(POLOAMAZÔNIA), o Programa Especial de Desenvolvimento dos Cerrados(POLOCENTRO) e o Programa Especial de Desenvolvimento da Região Geoeconômica de Brasília(PERGEB).

No POLAMAZÔNIA definiram-se como principais objetivos aqueles relacionados à agricultura, desenvolvimento urbano e transportes. Para esse programa foram estabelecidos incentivos especiais para a Amazônia – incluída a parte de Goiás localizada acima do Paralelo 13 – baseados na redução de 50% do Imposto de Renda para empreendimentos de interesse econômico para a região.

O POLOCENTRO baseava-se na ocupação racional das áreas do cerrado (Centro-Oeste e oeste de Minas Gerais), através da promoção do desenvolvimento e da modernização agropecuária, da instalação de infraestrutura econômica e de apoio, em especial do crédito agropecuário e de incentivos fiscais. Nessa área, destacam-se os municípios de Rio Verde, Jataí, Itumbiara, Catalão, Goiânia e Anápolis.

O PERGEB tem como objetivo o desenvolvimento equilibrado do Distrito Federal e adjacências, notadamente no tocante às questões sociais,

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procurando, com isso, diminuir o fluxo migratório para Brasília, proporcionando à capital federal o papel de integradora nacional.

Os dois últimos programas tiveram êxito. Nessa área estavam concentrados os empresários de maiores posses, vindos das regiões sul e sudeste do país. Além disso, a infra-estrutura existente e sua localização espacial possibilitaram maior dinamismo da economia regional.

Na década de 1980, elaborou-se o III PND. O Plano não teve a mesma importância dos anteriores. Foram definidas como prioridades a agricultura e o abastecimento, o setor energético, o social e a infra-estrutura. Procurou-se, a despeito da crise econômica, dar ênfase à agropecuária e à agroindústria. Destacam-se, nesse período, a Política de Garantia de Preços Mínimos do Governo, o financiamento do custeio agrícola e o crédito rural. Somam-se a isso as políticas de incentivos estaduais, com destaque para o Fundo de Participação e Fomento à Industrialização do Estado de Goiás (FOMENTAR), criado pela Lei n° 9489, de 19/07/1984, que, na década em questão, cumpriu importante papel para os propósitos da agroindústria.

CONCLUSÃO

A modernização agrícola ocorrida em Goiás, nas décadas de 1970 e 1980, teve como principal instrumento o planejamento regional sob a responsabilidade do governo federal, complementado por ações dos governos estaduais e municipais . Para tanto, reitera-se, foram fundamentais os subsídios ao crédito rural – elemento central desse desenvolvimento – e ao financiamento, os investimentos em infra-estrutura, o apoio técnico além dos incentivos fiscais, definidos nos programas especiais dos Planos Nacionais de Desenvolvimento, notadamente no I e II PND.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ESTEVAM, L.A. O tempo da transformação: estrutura e dinâmica na formação

econômica de Goiás. Doutorado. 1997. IE/Unicamp.

GALINDO, O., MONTEIRO DOS SANTOS, V. Centro-oeste: evolução recente da

economia regional. In: AFFONSO, R. de B.A., SILVA, P.L.B. (Orgs.). Desigualdades regionais e desenvolvimento. São Paulo: Fundap, UNESP, 1995. Federalismo no Brasil.

MPO/SEPRE/IICA. Revisão das estratégias de desenvolvimento do Centro-oeste:

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