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- Na desapropriação chamada indireta, os juros compensatórios devem ser contados a partir da posse do expropriante.

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Academic year: 2021

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VOTO

o

Sr. Ministro Oswaldo Trigueiro (Re-lator): A decisão recorrida encontra apoio em precedente do Supremo Tribunal -o RE n9 74.581, julgado pela Primeira Turma, em 17 de maio do corrente ano. Decidimos, naquele caso, que a con-duta do expropriante, retardando a paga-mento da indenização por mais de 10 anos, configurava ato ilícito, causador de prejuízo, que devia ser indenizado.

Assim, entendo que, quanto ao princi-pal, não há o que corrigir no acórdão im-pugnado. Quando aos acessórios, porém, parece-me de todo procedente a restrição feita no parecer da Procuradoria-Geral.

É que, não se tratando, no caso dos autos, de ação de desapropriação, não há como mandar pagar a correção monetária sobre o valor da indenização. Do mesmo modo que não sabe acrescentar, a esse valor, os juros compensatórios previstos na

Súmu-la 164.

No RE n9 74.581, o voto vencedor do eminente Ministro Rodrigues Alckmim sa-lientou que a indenização deve correspon-der ao valor do imóvel, na data em que é paga a indenização, menos a importân-cia posta à disposição do expropriado. Assim sendo, haverá completo

ressarci-mento do dano sofrido, não se justificando o pagamento, a mais, da correção mone-tária e dos juros compensatórios, relativos ao período do anterior retrdamento.

Reportando-me às razões do parecer, que adoto quanto ao mais, conheço do re-curso e lhe dou provimento, em parte, para excluir da condenação a correção monetária e os juros compensatórios.

EXTRATO DA ATA

RE n9 71.049 - MG - Rel., Minis-tro Oswaldo Trigueiro. Recte., Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (Adv., An-tonio Martins Vilas Boas e AnAn-tonio Vilas Boas Teixeira de Carvalho). Recdos., José Fernandes Garcia e outros (Advs., Helcio Linhares e Alberto Lourenço e Lima).

Decisão: Conhecido e provido, em par-te, unanimemente. Falaram: pelo recor-rente, o Dr. Antonio Vilas Boas Teixeira de Carvalho, e pelos recorridos, o Dr. José Guilhermes Villela.

Presidência do Sr. Ministro Oswaldo Trigueiro. Presentes à sessão os Srs. Mi-nistros Allomar Baleeiro, Djaci Falcão. Rodrigues Alckmim, e o Doutor Oscar Corrêa Pina, Procurador-Geral de Repú-blica, substituto. Ausente, licenciado, o Sr. Ministro Luiz Gallotti, Presidente.

DESAPROPRIAÇÃO -

JUROS COMPENSATORIOS

-

Na desapropriação chamada indireta, os juros

compensató-rios devem ser contados a partir da posse do expropriante.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Agostinho Cristofolo e outros versus Departamento de Estradas de Rodagem Embargos no recurso extraordinário n9 63.351 - Relator: Sr Ministro

ANToNIO NEDER

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos de ERB n9 63.351, de São Paulo, em que são

em-bargantes Agostinho Cristofolo e outros e embargado o Departamento de Estradas de Rodagem, decide o Supremo Tribunal

(2)

Federal, em Sessão Plena, conhecer e re-ceber, unanimemente, os embargos, de acordo com as notas juntas.

Brasília, 19 de setembro de 1973. Eloy da Rocha, Presidente. Antonio Neder, Re-tato,.

RELATÓRIO

o

Sr. Ministro Antonio Neder: Ao jul-gar o RE n9 63.351, de São Paulo, a ego Primeira Turma editou acórdão que foi re-digido pelo eminente Senhor Ministro Djaci Falcão, seu relator, com esta emen-ta (fls. 134):

"Desapropriação indireta. Juros compen-satórios a contar da perícia, consoante a Súmula 345.

Recurso conhecido e provido." Inconformados com essa decisão Agos-tinho Cristofolo e outros lhe opuseram os presentes embargos de divergência, assim deduzidos no ponto capital (fls. 140):

23. Formou-se corrente jurisprudencial nesta ego Casa entendendo, contraria-mente a ela, deverem os juros compensa-tórios na hipótese da "desapropriação in-direta" ser contados da ocupação do ter-reno.

24. Confirme-se, verbi gralia, nesse sentido, o acórdão prolatado em 7.3.63 pela ego Segunda Turma no RE n9 53.430 (publicado in R.T.J., 41/142 e encontrado ainda, por cópia de inteiro teor, às fls. 102-8 dos presentes autos).

25. Ainda, do ego Plenário, embargos do desapossado no RE n9 47.934, conhe-cidos e recebidos, unanimemente, em ses-ssão de 27.3.69, rezando a ementa do julgado:

"Desapropriação indireta.

Embargos de divergência recebidos. Não há confundir o problema relativo ao justo valor de indenização, assegurado pela Lei Maior, e o atinente a juros, que são com-pensatórios.

Juros a serem contados desde a ocupa-ção do imóvel" (in DJ. de 30.5.69).

26. O mesmo ego Plenário reafirmou esse entendimento em 20.8.69, julgando embargos ao RE n9 52.441, quando reviu expressamente o enunciado da Súmula 345, admitindo os juros sub oculis desde o desapossamento.

27. Na conformidade de tais decisões, têm julgado as ego Turmas. Verifique-se,

com efeito: "RE 09 67.096

Desapropriação indireta. Juros compen-satórios. Comprometido e enunciado da Súmula 345 (ERE n9 52.441, Sessão Ple-nária, 20. 8 . 69), não merecem corrigidos os que o julgado recorrido mandou pagar a contar da citação. Recurso conhecido, mas não provido" (Segunda Turma, acór-dão in D.J. de 26.9.69).

"RE n9 67.539

Desapropriação indireta. Juros compen-satórios contados da efetiva ocupação do imóvel. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. Recurso extraordinário provido" (Primeira Turma, acórdão in DJ. de ... 3.10.69).

28. Colide, assim, o V. aresto embarga-do com toda esta jurisprudência desabona-dora da que o informou, pelo que também no ponto cabíveis os presentes embargos, que merecem ser recebidos, pelas razões mesmas que lastreiam o mais recente en-tendimento desta ego Casa, bem, expostas,

V. g., pelo digno Ministro Aliomar Bale-eiro no julgado, referido no RE n9 53.430" (fls. 105-7 dos presentes autos).

O Departamento de Estradas de Roda-gem de São Paulo impugnou os embargos para sustentar o acórdão embargado, e o fez nestes termos. ... (L2).

A ilustrada procuradoria-GeraI da Repú-blica invocou o verbete 345 da Súmula de jurisprudência desta Corte e opinou pela rejeição dos embargos.

(3)

varo

o

Sr. Ministro Antonio Neder (Rela-tor): O respeitável acórdão embargado julgou a controvérsia mediante aplicação do verbete 345 da Súmula de jurisprudên-cia desta Alta Corte, cujo texto expressa que na chamada expropriação indireta os juros compensatórios são devidos a partir da perícia.

Dito julgado é de 3.6.69, mas anterior-mente, a 27.3.69, o Plenário do S.T.F. decidira que tais juros devem ser contados a partir da posse que, sine jure, o expro-priante concretizou.

A seguir, e no mesmo sentido, vários acórdãos foram aqui proferidos, e são eles tantos, que se pode afirmar que constituem nova orientação jurisprudencial revogadora do verbete 345 da Súmula.

Além dos que foram citados pelos em-bargos como paradigmas da divergência, faço a indicação destes outros precedentes: RE nQ 58.232 (R.T.J., 55/88); RE nQ 69.732 (R.T.l., 59/19); RE nQ 70.277 (R.T.J. 55/464); RE nQ 70.622 (R.T.l., 59/79); nQ 70.795 (R.TJ., 59/91); e RE nQ 71.562 (R.T.l., 58/555). No supracitado RE nQ 70.622, a ego Segunda Turma proferiu acórdão que se acha redigido com esta ementa (R.T.l., 59/79) ;

"I . O expropriante deve indenizar o expropriado mediante justa indenização, o que traduz a idéia de que a obrigação de o primeiro pagar ao segundo é obrigação de valor, e não de dinheiro ou moeda; qualidade substantiva esta que se comu-nica aos juros compensatórios, os quais, por constituírem obrigação acessória, con-têm a mesma substantividade da principal, e não uma substantividade própria.

mento que nasce a obrigação de indenizar o valor do bem; conseqüentemente, é a partir desse momento que nasce para o expropriamente a obrigação de pagar os juros compensatórios, pois, do contrário, a obrigação de pagar o valor da indeniza-ção a partir do desapossamento ficará des-cumprida no detalhe de ser justa, visto que, no período que se conta do desapos-samento à indenização, o patrimônio do expropriado fica desfalcado quanto ao preço do bem e quanto ao valor do bem." Subscrevendo a fundamentação da ementa acima transcrita, e atento aos de-mais precedentes, conheço dos embargos e os recebo.

PROPOSTA DE REVISÃO DE SÚMULA (345)

o

Sr. Ministro Aliomar Baleeiro: Se-nhor Presidente, havia uma comissão, na época em que eu era Presidente do Supre-mo Tribunal, destinada a dar parecer sobre os acórdãos que haviam sido enunciados, para o fim de elaborar-se uma nova série de verbetes. Creio que foram arrolados mais de 150. Se não me engano, o Sr. Mi-nistro Thompson Flores fazia parte dessa comissão. Ao menos em parte foi aprova-da a série.

Não seria mais prático, neste caso, con-vocar essa comissão, ou substituí-la, para dar andamento à resolução do problema e expedir-se logo uma série que contemple decisões do Supremo Tribunal nesse

perío-do de perío-dois ou três anos? Penso que a úl-tima série é de 10/69. Então, seria opor-tuno, creio eu, que V. Ex!!- tomasse uma providência nesse sentido.

VOTO

o

Sr. Ministro Eloy da Rocha (Presi-2. Ora, se o expropriado perde a posse dente): Diante da proposta do eminente do bem a partir do apossamento executa- Ministro Aliomar Baleeiro, apresentam-se do pelo expropriante, é a partir desse mo- duas soluções: a primeira, ampla, será a

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revisão, em geral, de enunciados da Sú-mula e elaboração de novos verbetes; a segunda, a revisão, especialmente, da Sú-mula 345, para o imediato julgamento do presente recurso.

Dispõe o art. 99 do Regimento Interno: "Qualquer dos Ministros poderá propor, em novos feitos, a revisão da jurisprudên-cia assentada em matéria constitucional

(art. 97) e da competência na Súmula (art. 98), procedendo-se ao sobrestamento do feito, se necessário" (arts. 12, 98, §

19, 178 e 181). A revisão da Súmula poderá exigir maior exame, e, nessa hip6-tese, o julgamento do feito será sobresta-do. Haverá possibilidade, no entanto, de proceder-se, logo, à revisão e, conseqüen-temente, ao imediato julgamento: "proce-dendo-se ao sobrestamento do feito, se necessário", preceitua o Regimento Inter-no.

No caso, não existe dúvida de que a ju-risprudência do Supremo Tribunal se afir-mou no sentido do voto do eminente Re-lator.

O Tribunal decidirá, preliminarmente, se deve sobrestar o julgamento dos embar-gos, para que se faça a revisão da Sú-mula, ou se realiza, desde já, o julga-mento, sem prejuízo do atendijulga-mento, opor-tunamente, da proposição do Sr. Ministro Aliomar Baleiro.

VOTO SOBRE A PROPOSTA DE REVISÃO 00 VERBETE 345 DA SÚMULA DO STF

o

Sr. Ministro Antonio Neder (Rela-tOI ): Estou em que o Tribunal deve pros-seguir no julgamento destes embargos e deixar para outra oportunidade a alteração do verbete 345 da Súmula.

É que nossa jurisprudência sobre o tema agora discutido já se acha firmada.

Além do mais, o juízo que externei em meu voto tem o apoio do verbete 164 da Súmula desta Corte, assim redigiJa:

"No processo de desapropriação, são de-vidos juros compensat6rios desde a ante-cipada imissão de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência."

A única diferença é a de que, na trans-crita ementa, se trata da imissão urgente dI! posse prevista na lei que regula a de-sapropriação, e no caso deste recurso o que se deu foi a chamada expropriação indireta, ou aquela que se efetiva sem o processo expropriat6rio; mas o princípio é o mesmo e se aplica aos dois casos.

O Sr. Ministro Thompson Flores: É

por isso que a Súmula 345, agora, está alterada.

O Sr. Ministro Antonio Neder (Rela-tor): Sem dúvida, assim é.

Portanto, Sr. Presidente, meu voto é por que se prossiga no julgamento destes em· bargos, e, tão logo seja oportuno, far-se-á a alteração do verbete 345 da Súmula, tanto mais justo este entendimento

quan-to é cerquan-to que a Comissão de Jurisprudên-cia já está trabalhando na matéria.

VOTO SOBRE PROPOSTA DE REVISÃo DA SÚMULA 345

O Sr. Ministro Thompson Flores: Se-nhor Presidente. De acordo com a revi-são da Súmula 345. Em verdade ela já está revista, como se nota da observação da Edição Oficial. Apenas, ao ensejo da última revisão, quando se fizeram, inclusi-ve, acréscimo a partir do verbete 473, não ficou explicitado.

De acordo, ainda, em dispensar seja so-brestado o julgamento. Ele s6 ocorre, se necessário, nos termos do art. 99 última parte, do Regimento Interno. Aqui, ino-corre esse requisito.

É o meu voto.

EXTRATO DA ATA

ERE n9 63.351 - SP - ReI., Minis-tro Antonio Neder. Embtes., Agostinho

(5)

Cristofolo e outros (Adv., Carlos Eduar-de Barros Barreto). Ebdo., Departamento de Estradas de Rodagem (Adv., Ralph Simões de Castro). Dec. embda., Primei-ra Turma, 3.6.69).

Decisão: Conhecidos e recebidos. Unâ-nime. Impedido, o Sr. Ministro Xavier de Albuquerque.

Presidê3cia do Sr. Ministro Eloy da Ro-cha. Presentes à sessão os Senhores Minis-tros Oswaldo Trigueiro, Aliomar Baleeiro, Djaci Falcão, Thompson Flores, Bilac Pinto, Antonio Neder, Xavier de Albuquer-que e Rodrigues Alckmim. Procurador-Geral da República, o Prof. José Carlos Moreira Alves. Ausente, justificadamente, o Ministro Barros Monteiro. Licenciado, o Ministro Luiz Gallotti.

RIOS POBLlCOS -

NAVEGABILIDADE -

MARGENS

São rios públicos os navegáveis em algum trecho.

As margens dos rios navegáveis são do domínio público.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Departamento de Águas e Energia Elétrica versus 19 ) Espólio de Carim Fraiha 29 ) Herdeiro de Gladston Nami Jafet Recurso extraordinário n9 76.273 - Relator: Sr. Ministro

XAVIER. DE ALBUQUERQUE

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da Segunda Turma do Su-premo Tribunal Federal, em conformi-dade com a ata de julgamentos e notas taquigráficas, à unanimidade de votos, co-nhecer do recurso e lhe dar provimento, nos termos do voto do Ministro Relator.

Brasília, 25 de setembro de 1973. Bar-ros Monteiro, Presidente. Xavier de Al-buquerque, Relator.

RELATÓRIO

o

Sr. Ministro Xavier de Albuquerque: O despacho de admissão do recurso extra-ordinário apresenta a controvérsia de mo-do claro e cabal, nestes termos (fls. 389-91) :

''Trata-se de desapropriação de área ne-cessária à formação de represa, situada entre o Rio Tietê e o seu afluente Rio Claro (fls. 60, complementando planta de fls. 8), julgada procedente com a conde-nação do expropriante ao pagamento do valor encontrado para toda a área.

o

expropriante havia pedido que na gleba indenizável não se incluísse a faixa à margem dos rios que a limitam, uma vez que se trata de rios navegáveis e cons-titui bem público a área reservada por lei dentro dessa faixa (fls 281 e segs.).

Desatendido nesse ponto pela sça e pelo acórdão de fls. 365, que enten-deram não serem 'navegáveis' os dois rios e não se aplicar à hipótese a legislação citada pelo expropriante, interpôs este o presente recurso extraordinário em que

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