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Profa. Marcia Ernesto

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Academic year: 2021

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Tópicos de Geofísica

Tópicos de Geofísica

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Parte I - Magnetismo

A Terra produz um campo magnético da mesma forma como uma corrente elétrica passando por um anel de fio condutor produz campo magnético. Este campo produzido é do tipo dipolar porque terá dois pólos magnéticos associados. O mesmo tipo de campo magnético é produzido por uma barra de material permanentemente magnético (um ímã de barra), então, por analogia dizemos que a Terra possui um grande ímã de barra em seu interior, o que faz com que na sua superfície apareçam regiões próximas dos pólos geográficos capazes de atrair a ponta imantada da agulha de uma bússola: são os pólos magnéticos da Terra.

Mas essa idéia de um ímã dentro da Terra é apenas uma simplificação do problema. Embora a Terra tenha em sua composição materiais permanentemente magnetizados, por exemplo um tipo de mineral chamado magnetita (que é um óxido de ferro – Fe3O4), esses materiais não existem em quantidades suficientes para produzir o

magnetismo da Terra na intensidade em que ele é observado. O que acontece é que no interior da Terra, no chamado núcleo externo, o material condutor que forma essa região (ferro e níquel, principalmente), está a altas temperaturas, acima do ponto de fusão desses elementos para a pressão que lá existe. Devido aos movimentos da Terra esse material estabelece um movimento de convecção que faz com que o material condutor

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simule espiras circulares de corrente elétrica, gerando por sua vez, um campo magnético dipolar que é observado na superfície da Terra.

Da mesma forma como a Física nos ensina, se a corrente elétrica variar de intensidade, o campo magnético associado também vai variar; se o movimento circular variar de direção no espaço, a direção do campo magnético também vai variar e os pólos associados mudam de posição. Se existir mais de uma espira de corrente elétrica, o campo magnético resultante será a soma vetorial dos campos individuais; e se todos os campos individuais variarem diferentemente, o campo observado irá variar de intensidade, orientação e até mesmo de sentido.

Como conseqüência o campo da Terra é muito variável, e os pólos da Terra variam continuamente de posição. Eles tendem a circular em volta do pólo geográfico, através de uma trajetória irregular e muito lenta. Uma volta completa ao redor do eixo da Terra leva da ordem de 2 a 4 mil anos e ela acontece sempre com o pólo indo na direção oeste.

Raramente os pólos magnéticos da Terra vão estar sobre os pólos geográficos da Terra, por isso quando usamos a bússola magnética para nos orientar, temos que lembrar que a agulha magnetizada da bússola está sendo atraída por um pólo magnético que não corresponde ao norte geográfico verdadeiro. Existe um desvio que vai depender da nossa posição na superfície da Terra. Por exemplo, na cidade de São Paulo o desvio é de aproximadamente 18 graus para oeste, para o ano de 2002. Em outras regiões da Terra o desvio poderá ser maior ou menor, como também para leste.

Normalmente os pólos da Terra não se afastam mais do que aproximadamente 20° dos pólos geográficos, mas de tempos em tempos, aqueles se afastam muito mais, podendo os pólos norte e sul trocar de posição um com o outro. Este processo é chamado de inversão de polaridade ou reversão geomagnética.

Não existe um intervalo de tempo pré-determinado para ocorrer uma inversão. Elas são aleatórias, mas muitas inversões ocorreram durante a história da Terra. A última aconteceu a cerca de 700 mil anos atrás. A configuração dos pólos que se observa atualmente é chamada de polaridade normal, e a situação oposta é chamada de polaridade inversa.

Alguns óxidos de ferro (magnetita, hematita, por exemplo) que compõem as rochas da crosta terrestre podem se comportar como ímãs permanentes. Quando eles se

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formam, são magnetizados pelo campo magnético da Terra e podem guardar essa magnetização por muitos milhões de anos. Mesmo que o campo mude de orientação ou de polaridade, a direção de magnetização daqueles minerais permanece a mesma. Assim podemos estudar o campo geomagnético do passado através desse magnetismo “fóssil” das rochas. Como veremos mais adiante, esse tipo de estudo é chamado de Paleomagnetismo (paleo = antigo). Por outro lado, a intensidade de magnetização que a rocha adquiriu é proporcional ao campo magnetizante, através de uma propriedade física que depende apenas do material (no caso, a rocha ou mineral) e que é chamada suscetibilidade magnética.

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Parte II - Ondas Elásticas

Quando as rochas quebram ou se movimentam ao longo de uma falha, produzem vibrações ao seu redor, que se propagam em todas as direções, podendo atravessar o interior da Terra. Essas vibrações correspondem aos terremotos e resultam da liberação da energia no ato da ruptura.

Como acontece com outras formas de energia, a energia dos terremotos ou energia sísmica, é transmitida de um ponto a outro na forma de ondas. Exemplo clássico de propagação de ondas e que pode ser visualizado, é o da energia de uma pedra quando atinge a superfície de um lago. A energia da pedra é transmitida à água na forma de ondas que partem em todas as direções desenhando círculos concêntricos em sua superfície que vão acabar morrendo ou se desfazendo a uma certa distância ou poderão atingir as margens. Ondas sonoras produzidas pelas cordas vocais de uma pessoa que está falando também chegam aos ouvidos de outra pessoa através de ondas que atravessam o ar.

Muito do que se conhece a respeito do interior da Terra deve-se à interpretação das informações trazidas pelas ondas elásticas depois de atravessarem toda a Terra. A área da Geofísica que se ocupa de analisar e interpretar as ondas sísmicas é a Sismologia.

As ondas elásticas formadas por ocasião de um sismo ou terremoto (ondas sísmicas) podem ser de dois tipos: as longitudinais e as transversais.

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Nas ondas longitudinais, as vibrações são paralelas à direção de propagação e correspondem a sucessivas compressões e dilatações do meio. À passagem de uma onda longitudinal, as rochas são comprimidas, diminuindo de volume e depois são expandidas aumentando de volume e comprimindo as rochas vizinhas, num movimento como de uma mola. São as ondas mais rápidas, passando pela crosta da Terra à velocidade de 6 a 7 km por segundo e portanto sendo as primeiras a serem registradas em estações sismográficas. São denominadas de ondas primárias ou, simplesmente ondas P. As ondas P são idênticas à propagação do som no ar.

Nas ondas transversais as vibrações são perpendiculares à direção de propagação. As velocidades de propagação correspondem a cerca da metade das velocidades das ondas P, cerca de 3,5 km/s na crosta e, portanto são chamadas de ondas secundárias (ondas S), pois chegam depois às estações sismográficas. O movimento produzido por essas ondas é similar ao de uma corda fixa em uma de suas extremidades e sendo chacoalhada para cima e para baixo na sua outra extremidade. Este movimento não produz alteração de volume, mas produz deformação das rochas, podendo provocar rupturas. Desta forma verificamos que as ondas S não podem se propagar no meio líquido, ao contrário das ondas P que se propagam em qualquer meio, sólido, líquido ou gasoso.

As ondas P e S atravessam o interior da Terra e são denominadas de ondas de volume . As velocidades de propagação das ondas P e S dependem do tipo de rocha e da pressão a que estão submetidas. Geralmente quanto mais densa a rocha, maiores as velocidades de propagação das ondas sísmicas. Por exemplo rochas sedimentares na

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superfície da Terra têm velocidade P da ordem de 2 a 3 km/s, rochas vulcânicas na parte inferior da crosta têm velocidade por volta de 7 km/s. Na parte inferior do manto terrestre a velocidade P chega a 13 km/s. O tempo que uma onda P leva para atravessar diametralmente a Terra é de aproximadamente 20 minutos.

Quando as ondas de corpo caminham em direção à superfície da Terra, produzem vibrações na parte superior da crosta (poucos quilômetros de espessura) e que correspondem a um outro tipo de ondas sísmicas: são as chamadas ondas superficiais que correspondem a uma combinação das ondas P e S que se propagam horizontalmente ao longo da superfície da Terra. Estas ondas produzem dois tipos de movimentos: um deles é semelhante ao movimento das ondas do mar e o outro é um movimento lateral de vai-e-vem, como o deslocamento de uma cobra. Os deslocamentos produzidos pelas ondas superficiais é que são responsáveis pela maior parte dos danos em estruturas rígidas durante os terremotos.

direção

da

onda

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Parte III - Gravidade

A gravidade é uma força universal que governa o Universo. É ela que mantém unidos cem bilhões de estrelas de nossa Via Láctea. É ela que faz com que a Terra se movimente ao redor do Sol e a Lua ao redor da Terra. É esta força também que faz com que qualquer corpo, de qualquer massa, seja atraído para a superfície da Terra.

Devemos a Galileu Galilei (1564-1642) a constatação de que corpos de diferentes massas em queda livre, sofrem a mesma aceleração e chegam à superfície ao mesmo tempo. Posteriormente Isaac Newton em 1687, publicou a Lei da Gravitação Universal, onde demonstrou matematicamente que dois corpos quaisquer atraem-se mutuamente com uma força proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que os separa.

Simbolicamente escreve-se

F = G.M

1

.M

2

/r

2

onde M1 e M2 são as massas de dois corpos pontuais, r é a distância entre eles, e

G é a constante da gravitação universal. A constante da gravitação universal vale 6,67x10- 8cm3g-1s-2 (sistema CGS) e 6,67x10-11m3kg-1s-2 (sistema SI).

Na equação acima, a força F age sobre cada um dos dois corpos M1 e M2.

Suponha-se que M1 esteja preso e M2 esteja liberado para mover-se. Sob a ação da força

F, M2 irá se deslocar em direção a M1, com uma aceleração g que é igual a F/ M2.

Então podemos escrever que

g = F/ M

2

= G.M

1

/r

2

Como se vê, a aceleração g experimentada por M2 depende apenas de sua

posição em relação a M1 e do valor de M1.

No sistema de unidades SI, a força gravitacional é expressa em Newton, e a aceleração é expressa em m/s2; no sistema CGS, as unidades são dina e cm/s2. Em Geofísica adota-se tradicionalmente o sistema CGS, e a unidade de aceleração (1 cm/s2) é chamada de Gal em homenagem a Galileu. É muito freqüente o emprego dos submúltiplos mGal (10-3 Gal) e ìGal (10-6 Gal).

Como visto ac ima, a força gravitacional depende da distância entre os corpos, mas não da direção, ou seja, a atração é isotrópica. Esta é a razão porque o Sol, os planetas, e em geral qualquer corpo que se forma por aglomeração gravitacional tende a assumir a forma esférica. Outra característica da equação da aceleração vista acima, é que o campo gravitacional depende tanto da massa como da distância. Por essa razão é possível que um corpo de pequena massa produza um campo mais intenso que outro de massa maior, porém situado mais longe. É o caso da Lua e do Sol. O Sol, apesar de possuir cerca de 27 milhões de vezes a massa da Lua, encontra-se tão mais longe da Terra que o efeito gravitacional do mesmo sobre a Terra é cerca de metade do efeito da Lua.

A gravitação é uma propriedade fundamental da matéria, que se manifesta em qualquer escala, desde a escala atômica, onde ela é sobrepujada por outras forças (forças elétricas, magnéticas, etc) até a escala cósmica, onde conjuntos de corpos como o sistema Terra-Lua, o Sistema Solar, a Galáxia com seus milhões de estrelas, para citar alguns, são mantidos em coesão por efeito gravitacional.

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No que diz respeito à Geofísica, a gravidade terrestre fornece informações em várias escalas. Com o estudo global do campo da gravidade, obtém-se informação acerca das dimensões, forma e massa da Terra. Esta é a base da chamada Geodésia Física. Em um enfoque mais amplo ainda, o estudo da ação gravitacional da Lua e do Sol sobre nosso planeta permite determinar não só o modo como a massa se distribui no interior terrestre, como também permite tirar conclusões acerca do estado de agregação de vastas regiões do interior do planeta. Ou seja, o bom conhecimento do campo gravitacional terrestre permite tirar conclusões sobre a estrutura interna da Terra.

Mas a utilização prática do campo da gravidade terrestre só é possível através da medição de uma grandeza física associada. Neste caso a grandeza é a aceleração da gravidade. A aceleração da gravidade é um vetor caracterizado por sua intensidade g, denominada simplesmente gravidade, e por sua direção, chamada de vertical local. A gravidade é medida por meio de gravímetros, ao passo que a direção da vertical local só é observável por métodos astronômicos, através dos quais ela é referida ao referencial celeste.

Se os materiais que formam o interior da Terra apresentam diferentes densidades, estes irão provocar diferentes valores de g medidos na superfície. A estas variações dá-se o nome de anomalias gravimétricas. Desta forma, a tarefa da interpretação de uma informação gravimétrica resume-se na determinação de uma distribuição de densidade interna que possa explicar as diferenças da gravidade medida, ou seja da anomalia observada. A massa de material geológico, ou seja o corpo geológico, que produz essa anomalia gravimétrica, será então modelado determinando-se suas características geométricas (tamanho, forma e profundidade). A área da Geofísica que se ocupa das observações e interpretações gravimétricas é chamada de Gravimetria e é através desse estudo que se obtém informações a respeito da constituição das camadas mais superficiais da Terra, crosta e manto superior, já que a gravidade varia de ponto para ponto, de acordo com a variação de densidade dos materiais geológicos.

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Parte IV - Radioatividade

Alguns núcleos de elementos químicos apresentam a propriedade de emitir espontaneamente parte das partículas que o constituem, ou parte de sua energia na forma de radiação eletromagnética. Núcleos que possuem essa propriedade são chamados núcleos radioativos. É importante frisar que a emissão de radiação é uma propriedade do núcleo e não do elemento químico. O elemento químico potássio, por exemplo, possui três isótopos diferentes: o potássio com número de massa 39 (39K), o isótopo com número de massa 40 (40K) e o isótopo com número de massa 41 (41K). Desses três isótopos, apenas o 40K é radioativo.

Quando um núcleo radioativo emite uma partícula diz-se que o núcleo sofreu um decaimento radioativo; isto quer dizer que houve uma modificação nesse núcleo. Existem vários processos pelos quais um núcleo pode decair e, um mesmo tipo de núcleo pode decair por mais de um processo radioativo. Entre os vários tipos de decaimento radioativo os mais importantes são: o decaimento por emissão de partícula α (dois prótons + dois α nêutrons, ou um núcleo de hélio), o decaimento por emissão de partícula ββ (um elétron do núcleo), e a captura eletrônica (um elétron da camada eletrônica mais interna é absorvido pelo núcleo). Quando um desses processos acontece, o número de partículas existente dentro de um dado núcleo se modifica, gerando um isótopo de um outro elemento. Por exemplo, um núcleo de sódio-22 (2 2Na) decai por emissão β produzindo um núcleo de neônio-22 (22Ne).

Um outro processo que modifica um núcleo é a emissão de energia na forma de radiação eletromagnética, ou radiação

ã

(gama). O processo de emissão ã apenas diminui a energia total do núcleo e acompanha alguns processos de decaimento com a finalidade de equilibrar a energia do núcleo.

Muitos minerais que constituem as rochas terrestres têm em sua estrutura elementos radioativos que, portanto, conferem ao mineral as características de um mineral radioativo.

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Parte V - Calor

As demonstrações que a Terra nos dá de que seu interior é quente, vêm através das erupções vulcânicas, que trazem à superfície grandes quantidades de rocha fundida, ou fontes de águas aquecidas. Quando as primeiras minas profundas foram cavadas, tornou-se evidente que a temperatura da Terra aumentava com a profundidade. Nas minas modernas, mais profundas, a temperatura é tão elevada que é necessário utilizar equipamento de ar condicionado para que os mineiros possam permanecer em seu interior. Em qualquer região da Terra a temperatura aumenta com a profundidade, a uma taxa de 20 a 40 oC a cada quilômetro (oC/km).

Sabe-se da experiência diária que o calor tende a fluir de uma região mais quente para a região mais fria. Entre as duas regiões existe uma variação gradativa de temperatura ou, em outras palavras, um gradiente térmico (∆T/∆Z). Quanto maior for a diferença de temperatura, maior será a quantidade de calor (Q) fluindo da região mais quente para a mais fria. Mas essa quantidade de calor dependerá também da capacidade da substância de conduzir o calor, ou seja, da sua condutividade térmica (λλ).

Tipo de rocha Condutividade térmica (cal/cm.s. oC) Argila 0.002-0.003 Areia seca 0.002-0.003 Areia com água 0.005-0.007 Arenito seco 0.002-0.003 Arenito com água 0.004-0.006 Calcário 0.005-0.008 Basalto 0.003-0.005 Granito 0.005-0.008

O calor emitido no interior da Terra move-se através das camadas superiores da crosta por condução. A perda desse calor através da superfície global é o fluxo térmico terrestre. Para determinar-se o fluxo térmico é necessário efetuar medidas do gradiente e da condutividade térmica.

As unidades nas quais o fluxo térmico é medido são pequenas com relação à experiência diária:

1 unidade de fluxo térmico (UFT) = 10

-6

cal/cm

2

.s

O valor médio para a crosta da Terra é cerca de 1,5 UFT e é aproximadamente o mesmo para as áreas continentais ou oceânicas. Calor fluindo a essa taxa levaria cerca de um ano para fundir uma camada de gelo de apenas seis milímetros de espessura. O calor recebido da radiação solar é 2000 a 3000 vezes maior. Contudo, o fluxo de calor da Terra é o processo geofísico mais impressionante em termos de energia (2,4 x 1020 cal/ano); grandes terremotos e atividades vulcânicas envolvem menores perdas de

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energia. O fluxo térmico causado pelo vulcanismo corresponde a apenas 1% do fluxo térmico total.

Não existe maneira direta de determinar a distribuição de temperatura dentro da Terra. Admitindo-se um gradiente médio de 14 oC/km para uma certa região, a temperatura a 300 km de profundidade seria de 4200 oC, muito maior que o ponto de fusão das rochas comuns que existem no interior da Terra, mesmo considerando as pressões que prevalecem nessas profundidades. Então a temperatura deve diminuir, isto é, o gradiente tem que diminuir mesmo a profundidades moderadas.

Nas camadas mais profundas da Terra é necessário recorrer a conjecturas porém submetidas a certas condições. A temperatura precisa permanecer abaixo do ponto de fusão dos silicatos no manto, abaixo do ponto de fusão do ferro no núcleo interno, elevar-se até o ponto de fusão do ferro no limite do núcleo externo e excedê-lo aí dentro. A melhor maneira de obter a temperatura dentro da Terra é calcular o aumento do ponto de fusão com o aumento da pressão. Chega-se dessa forma a temperaturas talvez de 3000 oC no limite do núcleo e perto de 4000 oC no centro da Terra. Estes valores entretanto estão afetados de erro de muitas centenas de graus.

Mas qual seria a origem dessa energia térmica no interior do nosso planeta? A primeira idéia que ocorre é que o calor interno é o resíduo do calor original gerado no processo de formaçãodos planetas do Sistema Solar. Contudo verifica-se que o fluxo de calor que se mede atualmente na superfície do planeta é maior do que admite aquela hipótese. Portanto, deve haver fontes de calor adicionais que se sobrepõem ao gradual resfriamento da Terra, devido às perdas de calor.

O calor solar, muito embora seja responsável por cerca de 5,64 x 1023 cal/ano, é quase que totalmente dissipado nas primeiras centenas de metros da superfície e re-irradiado. Na realidade, dada a enorme inércia da crosta, as variações periódicas de temperatura (diurnas e sazonais) são rapidamente amortecidas e de tal modo que uma variação superficial de 1 oC leva cerca de 12 a 24 horas para fazer-se sentir a 1 m de profundidade. O calor liberado pelas reações químicas que se processam nas rochas devido principalmente à oxidação dos sulfetos, é praticamente desprezível comparado com a quantidade de calor perdido pela Terra, e só tem significado apreciável localmente onde produz anomalias geotérmicas.

O calor gerado pelo decaimento radioativo dos radioelementos parece ser a maior contribuição ao calor atual. Essa fonte de energia libera cerca de 2,0 x 1020 cal/ano e se concentra principalmente nas primeiras centenas de quilômetros de profundidade. A tabela abaixo fornece comparativamente a energia liberada por grama e por ano, para os principais elementos radioativos do planeta.

Além desses, existiram outros radioelementos, hoje extintos devido à curta meia-vida (tempo que uma certa quantidade de um elemento radioativo leva para decair até chegar à metade da quantidade inicial), que contribuíram substancialmente ao calor terrestre no passado. Radioisótopo Meia-vida (anos) Energia (cal/g/ano) 232 U 4,5 x 10 9 0,71 235 U 7,1 x 108 4,3

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232 Th 1,4 x 10 10 0,2 40 K 1,3 x 10 9 0,22 87 Rb 4,7 x 1010 1,3 x 10-3

Os principais elementos radioativos são encontrados em quantidades mensuráveis em todas as rochas, embora em concentrações diferentes. Como já mencionado, a maior contribuição ao calor radiogênico deve-se às camadas superficiais, como demonstra a tabela abaixo.

Entretanto, outras fontes de calor podem contribuir para o aquecimento da Terra. São fontes que podem ainda estar atuando ou que já atuaram no passado e que podem ser entendidas quando se analisa a história térmica da Terra.

Profundidade (km) Contribuição relativa ao calor radiogênico 0 - 100 50% 100 - 200 25% 200 - 300 15% 300 - 400 8% > 400 2%

Parte VI - Eletricidade

Correntes elétricas circulam por todas as regiões da Terra, desde o seu interior mais profundo, até as camadas mais altas da atmosfera (na ionosfera, por exemplo). A condição necessária para que haja circulação de eletricidade é que o meio seja condutor elétrico. Existem dois tipos mais comuns de condução elétrica: condução ôhmica, feita por elétrons livres e também chamada de condução metálica, porque é o tipo de condução nos metais tais como o cobre; condução iônica ou eletrolítica, quando os íons se deslocam transportando as cargas elétrica. Isto é o que acontece quando se quebram as moléculas da água no processo de eletrólise, ou quando outros íons estão dissolvidos num líquido.

A maioria dos materiais geológicos (rochas e solos) da superfície da Terra é mau condutora de eletricidade, mas quando esses materiais apresentam água circulando através de seus poros ou fraturas, tornam-se condutores. Como a água normalmente apresenta sais dissolvidos, é ela que favorecerá a condução elétrica e, portanto, esta será do tipo iônico. No manto, os materiais contêm silício em sua composição e, portanto, são do tipo semicondutores. Devido às altas temperaturas que lá existem, esses materiais tornam-se condutores elétricos.

A parte da atmosfera mais propícia para o transporte de cargas elétricas é, obviamente a ionosfera, porque é formada por íons. Quando a atividade solar aumenta, a produção de íons nessa camada e a sua condução elétrica aumentam. Devido a certos

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movimentos circulares da atmosfera, as correntes elétricas que aí circulam podem se fechar em espiras que, por sua vez, terão um campo magnético dipolar associado. Este campo magnético irá se somar ao campo gerado no interior da Terra, aumentando ou diminuindo o campo local, dependendo da soma vetorial desses dois campos.

Por ser um padrão de correntes altamente variável, as correntes ionosféricas produzem campos muito variáveis que vão afetar o campo médio terrestre de forma diferente durante o dia. Nas horas em que o Sol, através de seu fluxo de partículas ionizadas (vento solar), está intensificando a circulação de correntes elétricas, a influência no campo magnético será maior, atingindo cerca de 1/10 do campo total observado próximo do meio dia. Durante a noite, as variações são muito pequenas e mais constantes, a não ser quando o Sol está excessivamente ativo e a quantidade de partículas ionizadas torna-se tão grande que envolve toda a Terra, até mesmo do lado noite. Nesses casos ocorrem as chamadas tempestades magnéticas com variações do campo magnético muito acima do normal.

Referências

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