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A COMERCIALIZAÇÃO DA FARINHA DE MANDIOCANAS FEIRAS DA CIDADE DE CARAUARI-AM

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A COMERCIALIZAÇÃO DA FARINHA DE MANDIOCANAS FEIRAS DA CIDADE DE CARAUARI-AM

Ana Cláudia Narbaes de Carvalho

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia- INPA Laboratório de Estudos Sociais–LAES claudianarbaes@hotmail.com

Reinaldo Corrêa Costa – INPA/LAES rei@inpa.gov.br

INTRODUÇÃO

Quando se fala em comercialização, um dos lugares mais requisitadossão as feiras livres, pela mercadoria oferecida, localização e estrutura da feira. “Nesse sentido a feira apresenta-se, ela mesma, como um produto a ser consumido” (ALMEIDA, 2009 p. 15).Entretanto vale destacar que um dos itens determinantes para tal preferência, são os valores das mercadorias disponíveis e a facilidade de acesso.As feiras contribuem de forma significativa para a economia da cidade, até mesmo por haverconsumos de outros produtos comercializados nas feiras. Nas feiras campo e cidade se completam, assim como diferentes sujeitos urbanos e rurais.O principal produto comercializado nas feiras do município é a farinha de mandioca, embora haja outros de relevância, como por exemplo, o peixe e o açaí.

ÁREA DE ESTUDO

Reserva Extrativista do Médio Juruá

A Reserva Extrativista do Médio Juruá foi criado por um decreto de 04 de março de 1997. Está localizado às margens do Rio Juruá no município de Carauari, Amazonas, e está circundada por outras áreas protegidas como a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari e a Terra Indígena do Rio Biá. A unidade de conservação ocupa uma área de 253.226,5 hectares e tem um perímetro de 348.029,65 metros. A unidade dista 1.676,0 km da capital do estado (Manaus) por via fluvial.

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OBJETIVOS

Este trabalho estudou a mandioca, como recurso natural de uso comum e economicamente útil, bem c

consumo deste recurso ad instituições.

METODOLOGIAS

Foram feitos trabalhos de campo em 2013. Na qual se realizaram

estrutura da comercialização de campoe de fotografias

experiências cotidianas vividas pelos feirantes.

objetivos da pesquisa.E para dar prosseguimento a esta pesquisa que ainda está em

andamento, foram entrevistad O município de

vermelho na área localizada, na margem esquerda do FONTE:

Este trabalho estudou a mandioca, como recurso natural de uso comum e economicamente útil, bem como formas de uso e gestão, comercialização, distribuição e recurso adotado pela comunidade e a participação de algumas

Foram feitos trabalhos de campo em algumas feiras durante o mês de outu

2013. Na qual se realizaram observações na feira para identificar a organização e comercialização.Houve também a realização de anotações em um caderno de campoe de fotografias, seguidos de entrevistas semiestruturadas, ouvindo experiências cotidianas vividas pelos feirantes.Os entrevistados foram informados dos E para dar prosseguimento a esta pesquisa que ainda está em entrevistados alguns agentes institucionais, como

O município de Carauari está representado pelo círculo em vermelho na área localizada, na margem esquerda do Rio Juruá.

FONTE: Plano de Manejo da Resex, 2011.

Este trabalho estudou a mandioca, como recurso natural de uso comum e omo formas de uso e gestão, comercialização, distribuição e pela comunidade e a participação de algumas

algumas feiras durante o mês de outubro de a organização e também a realização de anotações em um caderno estruturadas, ouvindo Os entrevistados foram informados dos E para dar prosseguimento a esta pesquisa que ainda está em agentes institucionais, comocooperativas

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eassociações, como a ASPROC (Associação dos Produtores Rurais de Carauari), a AMARU (Associação dos Moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari), IDAM (Instituto de Desenvolvimento Agropecuário Florestal Sustentável do Amazonas) e o ICMBio(Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).Para a realização deste estudo apoiou-se num referencial teórico-metodológico cujos são de analise da localização e do valor ligados a agricultura camponesa.

RESULTADOS PRELIMINARES

Atuação da Associação dos Produtores Rurais de Carauari-ASPROC.

A Associação dos Produtores Rurais de Carauari - ASPROC, foi criada em 1994 pelos moradores que após resistirem a um longo período de exploração ligada a borracha, se uniram com o objetivo de organizar e comercializar sua própria produção, de modo a garantir renda familiar e conservar os recursos naturais como matéria-prima. A ASPROC tem como missão organizar e representar os associados na luta pela garantia de direitos ligados principalmente a economicidade, viabilizando processos de organização e comercialização da produção, para a geração de renda e melhoria da qualidade de vida com a conservação dos recursos ambientais. (ASPROC, 2011). A atuação da ASPROC, na comunidade Nova Esperança se limita ao transporte, ao transportar toda a produção até a sede da Asproc em Carauari, comercialização, ao comprar a farinha produzida dos agricultores, e venda, para comercializar na sede da Asproc na cidade e com escalaaté a cidade de Manaus.

De acordo com Rueda (1995) e Franco (2007), a mandioca (Manihot esculenta

Crantz), transformada em farinha, tornou-se a principal fonte de renda das famílias

residentes da Reserva Extrativista do Médio Juruá. Boa parte dos grupos sociaisda Nova esperança já se autodenomina como agricultores de mandioca, a banana está em segundo lugar em produção. Também há outros plantios como abacate, pupunha, ingá, laranja e entre outros, entretanto a que se destaca, até mesmo do ponto de vista econômico é a mandioca, um bem econômico, entende-se que é uma mercadoria que se expande através das necessidades dos consumidores e estruturas econômicas. “Não

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existe um recurso em si, independentemente da necessidade dos homens e das estruturas econômicas. Os recursos se definem pela relação com bens e de seus fins, variáveis segundo a sociedade.” (LAMARLIÉRE e STASZAK, 2000, p. 85).

Abordando a primeira etapa da cadeia produtiva da farinha, seria no caso a produção. A mandioca é plantada nos quintais, em áreas de roças, ou e áreas de capoeiras (vegetação secundária), o plantio normalmente realiza-se nos meses de agosto e setembro.Após o processo de plantio e colheita, a farinha é produzida na casa de farinha comunitária implantada pela Asproc, localizada na comunidade.A maioria das famílias possui suas próprias casas de farinha, geralmente são construídas próximas às roças, visto que para chegar em algumas áreas de plantio é necessário 1h de caminhada distante da comunidade. Segundo (OLIVEIRA, A. U., 1991, P.61) “é pois, terra de trabalho [...], não é fundamentalmente instrumento de exploração”;a ênfase é a identificação da força de trabalho camponesa, e no caso da atividade com a mandioca é de fundamental importância a primeira etapa de produção:descascamento, lavagem,

trituração, prensagem, esfarelamento, torração, peneiramento, resfriamento e ensacamento.

Após todo este processo, é a fase da distribuição. Há três canais de distribuição dessa mercadoria, os regatões, a venda direta na cidade através dos camponeses e a ASPROC. Enquanto os regatões pagavam pela farinha com preços mais baixos, de R$ 180,00 a R$ 200 reais, dependendo do tipo de farinha e o local de venda, e revendem na cidade de Carauari por preços mais altos, tal processo segundo MARTINS (2000), “é a circulação da mercadoria que diz quanto ela vale e não apenas nem fundamentalmente a sua produção, porque é na circulação que o valor nela contido se revela, (p.30)”.Poucos produtores têm canoa com o motor eficiente, alguns mesmos nem chegam a ter um desses equipamentos, quando não tem, a transferência ocorre através do barco da ASPROC quetransporta aproximadamente 500 sacas (50 kg) de farinha e atende aos comunitários três vezes por semana.

Quando não, é transportada pelos próprios produtores, eles fazem o transporte até a cidade de Carauari, por meio derabetas (geralmente motor 15 hp), levando de 7 horas aproximadamente, até chegar ao porto, ponto de desembarque e comercialização entre

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os produtores e os feirantes.Para comercialização direta na cidade as comunidadestêm apresentado dificuldade em organizar o transporte e realizar as vendas. E com isso, a ASPROC começou comprar a produção e estabelecer um preço mínimo para comprar a farinha.

Comercialização da farinha por meio da ASPROC e das feiras livres.

Quando a comercialização não é realizada nas feiras livres, ocorrem nas cantinas existentes na comunidade, com a criação do projeto comercio ribeirinho da cidadania e solidário, o qual é existente na comunidade estudada, é de grande utilidade para esses camponeses, pois é um ponto de venda da farinha produzida pelos mesmos. A Asproc também comercializa a farinha na sede da associação e Manaus, compra do produtor por R$ 4,20 (1 kg) e vende por R$ 4,50 na cidade (farinha comum), Farinha ova compra por R$ 4,80 (1 kg) e vende por R$ 5,00 e a comercialização para Manaus é realizado através de recreios e é comercializado em alguns pequenos comércios da cidade.

Com relação as feiras livres de Carauari ocorrem de domingo a domingo, das 05hs da manhã as 18h da tarde. Foram estudadas as feiras mais frequentadas do município, sendo estas: Feira do bairro do Centro; Feira do bairro de Nova República; Feira do bairro de Fátima e Feira do bairro do Samuel Amaral. Dentro das feiras também havia outros tipos de comercializações, em geral, todos alimentícios, porem de diferentes tipos, a farinha era seguida de outros produtos agrícolas, frutas e vegetais, como por exemplo, o ingá-cipó, cupuaçu, jenipapo, pupunha e tucumã. Isso se dá porque segundo Marx (1995), “a mercadoria é, antes de mais nada, um objeto externo, uma coisa que, por suas propriedades, satisfaz necessidades humanas, seja qual a natureza, a origem delas, provenham do estomago ou da fantasia, (p. 53)”.

Quanto à comercialização dos produtos agrícolas os principais são a mandioca, seguida pela banana. A farinha amarela 2 litros custam R$ 4,00; a farinha amarela a saca de 50 kg varia de R$ 240,00 a R$270,00 reais.Segundo os feirantes durante o ano todo, a farinha é comercializada, e a venda se eleva em Janeiro devido o forte consumo do açaí.

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As mercadorias que são comercializadas nas feiras de Carauari, nem sempre são produzidas pelos próprios feirantes. Convém ressaltar que, em sua maioria, as mercadorias apesar de serem de natureza vegetal (hortaliças, legumes e frutas) não são produzidas na cidade de Carauari, mas sim no P.A (Projeto de Assentamento) Riozinho, que fica a 8 km de distância da cidade e nas comunidades em torno da cidade, como por exemplo, comunidades, São Raimundo, Nova esperança, Goiabal, Roque e entre outras.

Figura 01- Feira coberta do município de Carauari, esta encontra-se desativada até o momento. Figura 02- Feira do centro. Ambas localizadas no bairro centro da cidade.FONTE : SILVA,M.B. (Outubro de 2013).

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E para melhor compreensão da cadeia produtiva da farinha, tem-se este diagrama:

CAMPONÊS Mandioca

ATRAVESSADOR Compra os produtos na propriedade

camponesa. ASPROC Comercializa no pólo sede em Carauari. FEIRAS Comercializa em algumas feiras em Carauari, AM. Figura 01- Saca de farinha de 50 kg. Figura 02- 2 litros empacotado. FONTE:SILVA,M.B. (Outubro de 2013). CONSUMIDOR FINAL 01. COMÉRCIO RIBEIRINHO DA CIDADANIA E SOLIDARIO É distribuído nas comunidades pólo/cantina. 02.

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Diagrama 01- Espacialidade da farinha de mandioca.

O Diagrama 01 é uma esquematização da cadeia produtiva da farinha. Antes do produto final chegar ao consumidor final, executa-se todo um processo da cadeia produtiva, no qual inicia-se pelo camponês, que conforme SANTOS (1978) este é “personificação da forma de produção simples de mercadorias, (p. 69) ”, ou seja mercadoria (M-D-M), que é o contrário da produção capitalista, o que não exclui evidentemente a extração da renda de terra, no processo de comercialização, e a reprodução do campesinato faz parte dessa cadeia produtiva que dá significado e mesmo esperanças de emancipação da exploração.

CONSIDERAÇOES FINAIS

Neste estudo identificou-se que existem algumas instituições na comercialização, dentre eles a ASPROC como agente polarizador e irradiador. Em Carauari existem feiras livres, fazendo com que os consumidores tenham acesso a uma variedade de produtos, que ao ir a feiras podem comprar não somente a farinha de mandioca, mas também frutas, legumes entre outras. E Com isto, são identificados os sujeitos sociais destes processos as (associações, os consumidores, os feirantes e os camponeses). A farinha de mandioca revela a existência de processos de comercialização com agentes múltiplos, mas que apresenta diferentes formas de expressão do capital no campo.

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Shirley Patrícia N. C. 2009. Fazendoa feira: Estudo das artes de dizer,

nutrir e fazer etnomatemático de feirantes e fregueses da Feira Livre do Bairro Major Prates em Montes Claros – MG. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento

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FRANCO, F. C. Estratégia de uso de Recursos Naturais dos Moradores da Reserva

Extrativista do Médio Juruá: Farinha e Extrativismo. 2007. Dissertação de

Mestrado. INPA. Manaus, AM.

GUIMARÃES, Camila Audi. 2010. A Feira Livre na Celebração da Cultura

Popular. Gestão Cultural e Organização de Eventos. USP - São Paulo. Disponível

em:http://www.usp.br/celacc/ojs/índex.php/blacc/article/view/140

LAMARLIÈRE, Isabelle Géneau; STASZAK, Jean-François. Principes de

GéographieÉconomique. Bréal: Ed. Bréal, 2000;

MARTINS, José de Souza. A batalha do conhecimento e o fundamentalismo

popularista. In: Reforma Agrária: o impossível diálogo. São Paulo: EDUSP, 2000; MARX, Karl. A Mercadoria: os fundamentos da produção da sociedade e do seu

conhecimento. Editorial: Estampa, 1978.

OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Modo Capitalista de Produção e Agricultura. São Paulo: Ática, 1990;

RUEDA, R. P. Estudo sócio-econômico - área proposta para a Reserva Extrativista

do Médio Juruá - relatório do CNPT/Ibama. 1995. Carauari. 59 p. (documento não

publicado).

Referências

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