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IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DO SEXO FETAL EM PEQUENOS RUMINANTES ATRAVÉS DA ULTRA-SONOGRAFIA

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Academic year: 2021

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IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DO SEXO FETAL EM PEQUENOS RUMINANTES ATRAVÉS DA ULTRA-SONOGRAFIA

Santos, M.H.B.1; Moraes, E.P.B.X.1; Moura, R.T.D.1; Lima, P.F.1; Reichenbach, H-D.2;

Oliveira, M.A.L.1

1Programa de Pós-Graduação em Ciência Veterinária/UFRPE. 2Bayerische

Landesanstalt für Landwirtschaft/Alemanha

Histórico e Características do Ultra-Som

A utilização da ultra-sonografia na medicina humana data de 1940 e na medicina veterinária a partir de 1950, entretanto, somente no final da década de 70 é que a qualidade desta tecnologia sofreu grande impulso com a possibilidade da obtenção de imagens em tempo real (Christopher & Merrit, 1998).

O sistema de ultra-som em tempo-real emite ondas sonoras de alta freqüência que refletem as interfaces dos tecidos, caracterizadas por impedâncias acústicas diferentes, sendo exibidas no monitor com várias tonalidades da cor cinza. As imagens ultra-sonográficas são classificadas em anecóicas (escuras e oriundas de líquido que não reflete as ondas sonoras), hiperecóicas (brancas e provenientes de tecidos com grande capacidade refletora) e hipoecóicas (variam em diferentes tonalidades da cor cinza) (Christopher & Merrit, 1998).

O desenvolvimento de equipamentos de ultra-som do tipo Scan-B com maior resolução de imagem e o aperfeiçoamento dos transdutores, nos últimos anos, determinaram maior acurácia e rapidez no diagnóstico de gestação, na quantificação e sexagem fetal em caprinos e ovinos (Nan et al., 2001; Bicudo, 2003). Para o diagnóstico de gestação, geralmente são utilizados equipamentos simples e economicamente mais acessíveis, todavia, para a identificação do sexo fetal são necessárias imagens com maior detalhamento das estruturas do feto, aspectos que são melhores obtidos através de equipamentos mais sofisticados, fato que determina maiores investimentos do criador ou do profissional liberal (Bürstel et al., 2002).

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A data da primeira visualização das diferentes características do concepto é variável e os fatores mais importantes que determinam esta variação são a freqüência do transdutor e a via de acesso (Buckrell, 1988; Kähn, 1994).

As principais imagens ultra-sonográficas que caracterizam uma gestação são a presença de líquido intra-uterino, visualização da vesícula embrionária, detecção de pelo menos um embrião, visualização dos batimentos cardíacos, identificação da membrana amniótica, visualização dos placentomas, diferenciação da cabeça e tronco, identificação do botão germinativo dos membros, movimentos do concepto, delimitação do cordão umbilical e visualização do globo ocular (Ishwar, 1995; Chalhoub & Ribeiro Filho, 2002).

A identificação do sexo fetal através da ultra-sonografia baseia-se na localização e diferenciação da genitália externa (Müller & Wittkowsky, 1986), sendo a estrutura anatômica do feto que possibilita este diagnóstico denominada de tubérculo genital -TG (Curran et al., 1989; Coughbrough & Castell, 1998). Em eqüinos, o diagnóstico pode ser efetuado entre o 55º e o 75º dia de gestação (Merkt & Moura, 2000) e nos bovinos a partir do 50º dia (Curran, 1992; Stroud, 1996), apesar do exame realizado no 60º dia conferir maior precisão (Barros & Visintin, 2001). A acurácia desta técnica é próxima de 100% tanto em bovinos (Gregory et al, 1995; Viana et al, 2000) quanto em eqüinos (Merkt & Moura, 2000).

Em pequenos ruminantes, a referida identificação pode contribuir para o diagnóstico do sexo de fetos após a inseminação artificial com sêmen sexado (Cran et al., 1997; Johnson, 2000; Garner, 2001), depois da transferência de embriões com sexo pré-determinado (Gutierrez-Adan et al., 1997) ou de embriões produzidos in vitro pela técnica da injeção intracitoplasmática de espermatozóide (Cat et al., 1996). Dentre as aplicações práticas desta biotécnica, pode-se destacar sua importância para a produção animal por permitir um melhor planejamento tanto para adquirir quanto para comercializar animais do próprio rebanho (Haibel, 1990), podendo racionalizar produção e lucratividade (Santos et al., 2004).

Este melhor planejamento implica numa maior concentração de fêmeas nos rebanhos leiteiros e de machos nos de carne. A determinação do sexo ocorre no momento da fecundação e influencia o desenvolvimento da gônada indiferenciada. Acredita-se que o fator de diferenciação testicular (TDF), gene localizado no cromossomo Y, conhecido como SRY, corresponde à região determinante do sexo do cromossomo Y.

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Sendo assim, no caso dos cromossomos sexuais XY, o Y induz a formação dos testículos, determinando o sexo gonádico masculino. No caso das células primordiais possuírem apenas cromossomos sexuais XX, as gônadas indiferenciadas desenvolvem-se em ovários e estabelecem o desenvolvem-sexo gonádico feminino (Wilkens, 1982).

No embrião macho, sob influência hormonal, o TG sofre um acentuado crescimento e assume a forma cilíndrica que origina o pênis. Na fêmea, devido à ausência de andrógenos testiculares e a provável ação de esteróides maternos, placentários e ovarianos fetais, o TG desenvolve-se pouco e forma o clitóris (Wilkens, 1982; Schnorr, 1989); o seio urogenital permanece curto e ao se dilatar origina o vestíbulo vaginal (Michel, 1986). As pregas urogenitais permanecem separadas para originar os lábios vulvares, cobrindo o TG situado no vestíbulo. Com o alongamento do tronco, as eminências genitais situam-se cranialmente ao TG (Noden & De Lahunta, 1990). Nos machos e nas fêmeas, as duas saliências ao redor das pregas uretrais, denominadas de labioescrotais, irão participar na formação do escroto e da vulva (Wilkens, 1982; Schnorr, 1989).

Morfologicamente, segundo Bürstel (2002), o concepto ovino e caprino entre o 35º e o 40º dia de gestação é, do ponto de vista anatômico, sexualmente indefinido e ambivalente, apesar de embriões ovinos aos 25 dias de gestação já apresentarem, de acordo com Schnorr (1989), uma discreta elevação entre os brotos dos membros posteriores, indicando a formação do TG. Entre o 28º e o 30º dia, o TG está mais proeminente e no 34º dia já é possível identificar o sexo do embrião. Com o desenvolvimento do corpo do embrião e a migração do TG em direção ao umbigo nos machos e à cauda nas fêmeas, têmse, respectivamente, a diferenciação deste órgão em pênis e clitóris. Portanto, a partir deste período, a distância compreendida entre o ânus e o TG, será maior no macho do que na fêmea.

Ultra-sonograficamente, o TG na espécie bovina pode ser identificado como uma estrutura constituída de dois lóbulos alongados, com aparência semelhante a duas barras paralelas ovais que refletem de forma intensiva as ondas ultra-sônicas que lhes são dirigidas (Curran et al., 1989).

Nos pequenos ruminantes, a sexagem fetal pela ultra-sonografia já é possível por volta do 40º dia. Todavia, é recomendável entre o 50º e o 58º dia, podendo ser também efetuada até o 64º dia, mas com uma precisão diagnóstica inferior (Bürstel, 2002). Em experimentos realizados pela equipe do Laboratório de Biotecnologia do Departamento de Medicina Veterinária da UFRPE foi possível identificar o início da migração do TG

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aos 37 dias de gestação num único feto macho da raça Santa Inês e ao término do 46° dia, todos os fetos quantificados já haviam sido sexados. Em caprinos da raça Alpina

Americana, o início da migração do TG ocorreu no 42º e somente no 55° dia é que todos os fetos foram devidamente sexados. Considerando que a migração do TG nos ovinos parece ocorrer de forma mais precoce do que nos caprinos, recomenda-se sexar fetos ovinos a partir do 50º dia e caprinos após o 55º dia, alertando que não deve ser efetuado depois do 70º dia de gestação em decorrência do tamanho do feto dificultar a visualização das estruturas anatômicas responsáveis pela identificação do sexo fetal. Os principais fatores que impedem ou dificultam a sexagem são movimentos e posicionamento desfavorável do feto, membros cruzados ou cordão umbilical posicionado entre os membros.

Particularmente nas fêmeas, o posicionamento da cauda pode interferir na visualização do TG (Nan et al., 2001). Para o diagnóstico de machos, pode-se também tomar como base, a presença do prepúcio imediatamente caudal ao cordão umbilical e/ou a presença da bolsa escrotal, geralmente de aparência triangular, entre os membros posteriores (Bürstell, 2002).

Ainda é importante comentar que gestação múltipla é um fator limitante da eficiência da sexagem em conseqüência de ser normalmente impossível identificar o sexo de todos os fetos quantificados num único exame. Este fato compromete a viabilidade econômica da atividade ultra-sonográfica em conseqüência da necessidade de repetir exames sem a devida segurança de que no próximo, o feto estará adequadamente posicionado para permitir a sexagem (Reichenbach et al., 2004).

Considerações Finais

É interessante ressaltar que além da espécie e do período de gestação, outros fatores como raça, idade e condição corporal da fêmea, qualidade do equipamento, capacidade e habilidade do operador podem determinar variações significativas na acurácia do diagnóstico ultra-sonográfico. Apesar do exposto, a difusão desta tecnologia, sobretudo em condições de campo, ainda depende de uma maior eficiência no diagnóstico para que o custo/benefício permita a manutenção da atividade. Além disso, novos estudos sobre o assunto são necessários para definir, com maior exatidão, o período de migração do TG nos pequenos ruminantes na tentativa de antecipar a sexagem fetal nas referidas espécies.

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Referências Bibliográficas

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