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DESENVOLVIMENTO DO ECOTURISMO NO ARQUIPÉLAGO DE FERNANDO DE NORONHA - PERNAMBUCO

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Academic year: 2021

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DESENVOLVIMENTO DO ECOTURISMO NO ARQUIPÉLAGO DE

FERNANDO DE NORONHA - PERNAMBUCO

Maria do Carmo Sobral(1)

Engenheira Civil (UFPE). Especialização em Planejamento Urbano e Regional (Univ. de Dortmund, Alemanha). Mestre em Saneamento (Univ. Waterloo, Canadá), PhD em Proteção Ambiental (Univ. Técn. de Berlim, Alemanha). Assessora Especial da SECTMA (1995-1998). Profa. Adjunta do Depto. de Eng. Civil – UFPE.

Aloysio Gonçalves da Costa Júnior

Engenheiro Florestal (UFRPE). Coordenador Regional do Projeto Mata Atlântica na Região Nordeste (Ceará a Alagoas). Diretor de Meio Ambiente da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de

Pernambuco (SECTMA) desde 1995. Coordenador Estadual do dos Projetos de Execução Descentralizada do MMA / PNMA em Pernambuco.

Normando Carvalho

Engenheiro Civil (UNICAP) da Companhia Pernambucana de Meio Ambiente (CPRH) desde Janeiro 1981. Gerente de Proteção Ambiental da Diretoria de Meio Ambiente da SECTMA e Coordenador Executivo dos Projetos de Execução Descentralizada do MMA / PNMA em Pernambuco.

Lourdinha Florencio

Engenheira Civil (UFPE). Mestre em Hidráulica e Saneamento (EESC-USP). Ph.D em Tecnologia Ambiental (Universidade Agrícola de Wageningen LUW, Holanda). Profa. Adjunto do Depto. de Eng. Civil - UFPE. Autora de vários artigos científicos publicados em anais de congressos bem como em periódicos especializados nacionais e estrangeiros.

Endereço(1): Grupo de Saneamento Ambiental - Depto. de Engenharia Civil - Centro de

Tecnologia e Geociências - Universidade Federal de Pernambuco - Av. Acadêmico Hélio Ramos, s/no. - Recife - PE - CEP: 50740-530 - Brasil - Tel: (081) 271-8228 / 8220 - Fax: (081) 271-8205 / 8219 - e-mail: msobral@npd.ufpe.br

RESUMO

Este trabalho aborda uma estratégia de descentralização das atividades de proteção ambiental, visando promover o ecoturismo como uma atividade para o desenvolvimento sócio-econômico do arquipélago de Fernando de Noronha, tendo como objetivo principal minimizar os impactos ambientais da área, através da recuperação de áreas degradadas, do estímulo às atividades geradoras de emprego e renda ligadas ao turismo, bem como a capacitação de pessoal. Este projeto contou com o suporte técnico e financeiro do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal - MMA, envolvendo diversas instituições a nível governamental e não-governamental.

PALAVRAS-CHAVE: Fernando de Noronha, Turismo Ecológico, Descentralização,

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INTRODUÇÃO

O Arquipélago de Fernando de Noronha ocupa uma área de apenas 26 km2 e está

localizado no Oceano Atlântico, distante 350 km da cidade de Natal e 545 km de Recife. É formado pela ilha principal que adota o nome do arquipélago, com cerca de 17 km2 de extensão e por 21 ilhas menores. Este arquipélago é de origem vulcânica e possui um clima tropical, com ausência de recursos hídricos perenes. Algumas bacias alimentam o açude do Xaréu, responsável pelo abastecimento d’água da população.

Desde sua descoberta, este arquipélago vem sendo explorado em suas riquezas naturais. A ilha era procurada pelos navegadores como ponto de reabastecimento de água, ovos e aves marinhas, tartarugas e peixes. Em 1938 tornou-se presídio político, território federal com uma base americana avançada durante a 2ª Guerra Mundial e foi administrado pelos militares e pelo Ministério do Interior até 1988, quando foi reintegrado ao Estado de Pernambuco, através da Constituição Federal. As atividades lá desenvolvidas contribuíram para que praticamente toda a vegetação arbórea tenha sido dizimada. Posteriormente, a área foi usada para quarentena veterinária e destino de diversas espécies exóticas à região, sendo introduzido assim uma série de pragas. Exemplos disso são o teju, uma espécie de réptil e o mocó, uma espécie de rato, que se transformaram em problemas ambientais da ilha. O primeiro por se alimentar de ovos e filhotes de aves e o segundo por derrubar árvores.

Devido à sua posição geográfica singular, ele serve de local de descanso para diversas aves migratórias da África e Ásia, além de concentrar um potencial genético com espécies endêmicas. O arquipélago foi designado como área de proteção ambiental em 1988, constituindo 65% desta área o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha – PARNARMAR.

O turismo explorado de forma não sustentável, expôs o arquipélago a diversos problemas ambientais, tais como, a destruição de corais, a erosão do solo, áreas abertas para trilhas e estradas sem o planejamento adequado, a contaminação do solo e da água, o aumento do número de residências e agressões à paisagem. Exemplos são a exploração de uma pedreira na praia do Sudeste e a implantação do açude Xaréu para abastecimento, que comprometeu o único mangue oceânico do Atlântico Sul.

O projeto aqui apresentado tem por objetivo promover o ecoturismo como uma atividade produtiva para o desenvolvimento sócio-econômico do Arquipélago de Fernando de Noronha, assegurando assim a conservação dos seus recursos naturais. A diretriz básica seguida foi a de descentralização das ações, envolvendo a administração local, bem como a participação efetiva dos diversos agentes envolvidos com o assunto, tanto a nível governamental, quanto não-governamental.

A coordenação geral do projeto ficou a cargo do Ministério de Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal – MMA, dentro das diretrizes do Programa Nacional dos Projetos de Execução Descentralizada – PED. O aporte financeiro para execução das atividades previstas foi de cerca de R$ 1.000.000,00, os quais 75% foram alocados pelo MMA. O projeto contou com a participação de diversas instituições, destacando-se o IBAMA, a SECTMA, Administração do Arquipélago de Fernando de Noronha, EMATER entre outros.

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METODOLOGIA ADOTADA

Este projeto foi desenvolvido adotando uma metodologia integrada, constando de um exercício de uma gestão participativa, através da criação da Associação Distrital de Desenvolvimento Sustentável do Arquipélago de Fernando de Noronha, representativa de todos os atores sociais envolvidos nas atividades de ecoturismo.

Como atividades principais se destacam: a definição da capacidade de carga biológica e social da ilha; a criação de uma central de reservas de serviços turísticos como instrumento de reordenação da atividade e de estruturação de ações cooperativas, entre os agentes de operacionalização do turismo; a demonstração da viabilidade técnica e econômica da pesca em base oceânica como atividade produtiva complementar e a revitalização das atividades artísticas e culturais para diversificação da base econômica. Um outro aspecto importante considerado foi a criação de mecanismos de mercado para a viabilização de novas fontes de divisas aplicáveis à preservação dos recursos naturais. Em conjunto com todos esses aspectos foram realizadas ações de educação ambiental.

RESULTADOS ALCANÇADOS

Após dezoito meses de execução do projeto, resultados significativos foram alcançados. Inicialmente podem ser destacados os resultados positivos na viabilidade de 90 postos de trabalho que beneficiaram 60 famílias diretamente, além da geração de impactos positivos concretos em termos do fortalecimento de entidades locais através da aquisição de novos equipamentos e dos treinamentos realizados. Adicionalmente, houve uma melhoria considerável dos serviços de saneamento básico, se destacando a melhoria da coleta do lixo, que adotou a coleta seletiva e reciclagem. O açude do Xaréu, responsável pelo abastecimento público, também foi beneficiado com a diminuição de áreas degradadas e melhoria de sua paisagem.

Foram realizados investimentos para fomento das atividades econômicas diretamente ligadas ao turismo e à pesca, melhorando assim, o nível de renda da população nativa. Em termos culturais, houve o resgate dos elementos culturais da ilha, tais como o patrimônio histórico e arqueológico existente, aumentando inclusive o intercâmbio cultural entre o continente e o arquipélago, captado através da Associação dos Artistas e artesões da área. Houve também a melhoria dos serviços turísticos que foram oferecidos de forma mais aprimorada com a realização de treinamentos específicos, aumentando assim, a capacidade gerencial do executor e dos co-executores do projeto.

AVALIAÇÃO DO PROJETO

A fim de avaliar os resultados obtidos pelo projeto, foi realizado no próprio arquipélago, um seminário de avaliação do projeto na fase final das atividades, o qual contou com a participação de 32 representantes das instituições, chegando-se às conclusões apresentadas a seguir.

Muitos exemplos positivos podem ser destacados: o fortalecimento das entidades locais, gerando capacitação de pessoal, incremento na atividade pesqueira, aumento na produção de trabalhos artesanais e de artes plásticas; o envolvimento da comunidade como

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condutores do visitantes e guias – mirins tem contribuído bastante para auxiliar na geração de renda complementar ou mesmo principal dos moradores da área; a ordenação e dinamização da pesca, das atividades artísticas e culturais têm favorecido a ampliação no leque de oportunidades de geração de emprego e renda, além de contribuir no restabelecimento das relações familiares.

A melhoria da consciência e da sensibilização da população local e dos turistas visitantes sobre as questões do meio ambiente foi atingida através da execução de atividades de educação ambiental. Com isso, difundiu-se uma melhor compreensão das práticas conservacionistas, da política ambiental e dos patrimônios ambientais que devem ser protegidos.

Ressalta-se ainda um incremento de qualidade dos serviços prestados aos turistas e visitantes, associado a uma maior divulgação dos produtos turísticos existentes no arquipélago. O apoio dado às empresas privadas foi fundamental para a pintura a iluminação de monumentos históricos e edificações viabilizadas pelo projeto.

Entre os aspectos negativos identificados, sobressai-se a localização geográfica do arquipélago, distante do continente e com transporte precário, o que trouxe dificuldades para implantação e coordenação do projeto. O fato da administração do Arquipélago ser dividida em dois setores, um escritório instalado no continente em Recife e outro na própria ilha, também dificultou a coordenação das ações.

Além disso, houve reações iniciais da população local, que não acreditava no projeto, criando dificuldades para participar na sua execução. A dependência da população junto à administração local, fruto do assistencialismo promovido no passado, enquanto distrito federal, ainda perdura na mentalidade dos ilhéus, dificultando o processo de negociação de propostas de desenvolvimento. No entanto, essas dificuldades iniciais foram solucionadas no decorrer da implantação do projeto.

A excessiva burocracia administrativa e financeira exigida pelos agentes financiadores do projeto foram responsáveis pela descontinuidade e atraso de algumas atividades. Além disso, o curto prazo disponível para a implantação do projeto de apenas dezoito meses dificultou a sua maturação.

CONCLUSÕES

O novo enfoque dado ao desenvolvimento das atividades turísticas no arquipélago contribuiu para viabilizar a atuação integrada de diversos segmentos envolvidos com a questão, gerando uma melhoria de renda da população local. O fortalecimento institucional das entidades não-governamentais, da representação dos segmentos da população local e de empresas envolvidas representaram um grande avanço para a proteção ambiental da região.

Os resultados positivos atingidos no decorrer da implantação deste projeto demonstram a viabilidade social, financeira e ambiental da atividade de ecoturismo como uma fonte substancial para o desenvolvimento sustentável do arquipélago. É importante que haja continuidade dessas ações, de modo que esta abordagem de exploração turística não predatória seja consolidada e fortalecida no arquipélago, garantindo assim o seu

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desenvolvimento sustentável. Em termos financeiros, a administração do projeto foi excelente, uma vez que foram utilizados cerca de 99% dos recursos viabilizados.

A maioria das atividades desenvolvidas terá continuidade e ficará sob a responsabilidade das respectivas entidades executoras, e que, dentro de suas limitações, cada entidade procurará desempenhar seu papel da melhor maneira. É fundamental que haja continuidade de apoio ao projeto por parte do governo estadual e federal no sentido de apoiar e articular novas formas de financiamento das etapas futuras previstas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. SECTMA – Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco. Desenvolvimento do Ecoturismo no Arquipélago de Fernando de Noronha Projeto submetido e aprovado pelo MMA, Brasília, 1995.

2. SECTMA – Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco. Conservação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável - Projetos de Execução Descentralizada – Relatório Técnico de Atividades, 1998.

3. SEPLAN – Secretaria de Planejamento, Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco. Plano de Ação Ambiental, 1993.

4. SEPLAN – Secretaria de Planejamento, Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco. Diagnóstico Ambiental de Pernambuco, 1992.

5. SEPLAN- Secretaria de Planejamento de Pernambuco. Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste - PRODETUR/PE, 1996.

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