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USO DA COGERAÇÃO NA INDUSTRIA CERVEJEIRA Análise térmica e econômica de propostas

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USO DA COGERAÇÃO NA INDUSTRIA CERVEJEIRA

Análise térmica e econômica de propostas

Antônio Garrido Gallego

Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP - email: agallego@unimep.br Rod. Sta. Bárbara d'Oeste/Iracemápolis, km 01 - Santa Bárbara d'Oeste - SP

Gilberto Martins

Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP - email: gmartins@unimep.br Rod. Sta. Bárbara d'Oeste/Iracemápolis, km 01 - Santa Bárbara d'Oeste - SP

Abstract: The present work analyzes some proposals of generation heat and power through the cogeneration aprroach in a company which produces beer. Havind as a reference the perspective of using natural gas from Bolivia, three conceptions of the combination of generation in comparison to the traditional technology that has been use are analyzed. The technical and economical aspects of these proposals for the sector mentioned are discussed based on the balance of mass and energy, simulations of the consumption of energy involving electrical, steam and refrigeration, and operational equipament cost analyzes.

Área: Gestão da Tecnologia

Key words: Cogeneration, Beer, Energy

1- INTRODUÇÃO

No atual cenário energético mundial, onde a escassez dos recursos se soma aos graves problemas ambientais oriundos da geração de energia e extração de produtos naturais, observa-se uma crescente preocupação com a busca de uma maior racionalidade no uso da energia, além da busca de processos menos influentes do ponto de vista ambiental. No Brasil, como em todo o mundo, o setor energético vem sofrendo profundas transformações motivadas não apenas por questões de ordem técnica e econômica, mas também por pressões da sociedade.

Dentro da matriz energética brasileira a energia elétrica representa por volta de 39 % do consumo final de energéticos. A capacidade instalada de geração no país é de pouco mais de 60 GW sendo que deste total, cerca de 87 % é de origem hidráulica, enquanto o restante de origem térmica. Com o aumento crescente da demanda de energia elétrica (da ordem de 5% ao ano) e a necessidade da garantia da qualidade de fornecimento, existe a necessidade do aumento do parque gerador. O esgotamento do potencial hídrico na região Sudeste, aliado aos altos custos, longos prazos de instalação e os problemas ambientais quanto ao aproveitamento do potencial hídrico da Amazônia, são alguns dos motivos que indicam a mudança do perfil do sistema elétrico brasileiro. Conforme previsão no Plano Decenal de Expansão 1997 - 2006, a composição da geração de energia elétrica em 2006 será de 83% hidroelétrica e 17% de termoelétricas.

Nestas condições, as adições ao parque gerador serão plantas térmicas, cujos rendimentos são menores que os das hidroelétricas e ainda causam problemas ambientais

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devido as emissões gasosas.

A Cogeração, que combina a produção seqüencial de potência e calor a partir de um único combustível, é uma forma de geração de energia descentralizada, que possui grande possibilidade expansão já que oferece rendimento térmico maior que uma termoelétrica comum. O uso da cogeração, que para o caso brasileiro pode ser praticada principalmente por alguns setores industriais, beneficiaria também os setores residencial e de serviços, já que aumenta a garantia do fornecimento de energia elétrica individual além da possibilidade da venda de energia excedente quando existente, e que pode ser utilizada por outros seguimentos ligados na rede de distribuição.

Completam o panorama para a instalação de plantas térmicas e sistemas de cogeração, a efetivação do projeto do gasoduto Brasil-Bolívia que beneficia as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, além do crescimento da produção interna de gás natural.

A escolha do sistema de cogeração mais adequado necessita da determinação da relação entre a demanda de energia elétrica e térmica, e sua oscilação ao longo do ano. Para demonstrar a metodologia de escolha e análise de um sistema de cogeração, foi escolhido um setor industrial que atendia os indicadores para a implantação de um sistema de cogeração, sendo feita uma análise comparativa de várias propostas de cogeração com relação ao sistema tradicional de geração do ponto de vista energético-ambiental, econômico e estratégico.

2- METODOLOGIA DE ESCOLHA DO SETOR DE ESTUDO

A partir do Balanço Energético Nacional (MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA, 1997), verificou-se a relação entre os consumos de energia elétrica e óleo combustível de sub-setores que apresentassem valores favoráveis à implementação de sistemas de cogeração. A partir dessa análise, verificou-se que durante o período de 1986 a 1996 o sub-setor de alimentos e bebidas representou 27,2 % do consumo de energia elétrica e 6,7 % de óleo combustível do setor industrial, sendo que, o setor cervejeiro contribuiu com aproximadamente 10% desse consumo (dados estimados a partir de levantamento do setor).

Para escolha do sistema de cogeração, RICE (1987), caracteriza seis etapas a serem consideradas para a avaliação de uma proposta de instalação de um sistema: (1) custos de operação do ciclo, (2) relação entre demanda de potência e demanda de vapor, (3) custo de capital, (4) custos de operação, (5) custos de manutenção, e (6) requerimentos governamentais. DORGAN (1995), apresenta alguns critérios que podem ser usados como indicadores iniciais para determinação da viabilidade de um sistema de cogeração, como custo do combustível (menor que 3,00 R$/Mbtu), custo da eletricidade maior que 0,05 R$/kWh, regime de trabalho anual maior que 6000 horas, fator de carga maior que 70% e demanda elétrica superior a 1.000 kW, necessidade de vapor maior que 2900 kW, entre outros.

Em levantamento realizado em algumas empresas, constatou-se que as industrias do setor de bebidas e refrigerantes, em particular a cervejeira, possui potencial para a cogeração devido à necessidade de energia elétrica e vapor combinadas, além da necessidade de refrigeração para o processo. Esse tipo de empresa possui um regime de trabalho de mais de 6.000 horas anuais, seu custo médio de energia elétrica é maior que 0,05 R$/kWh, um fator de carga médio superior a 70%, demanda elétrica média superior a 7 MW, demanda térmica superior a 3 MW.

Conforme expectativas do Sindicato Cervejeiro, o aumento no consumo, e portanto da produção de cerveja para os próximos anos deverá ser da ordem de 6,5 a 7% ao ano, consequentemente isso implicará no aumento da demanda de energia elétrica desse ramo de atividade. Pelo indicativos apresentados, optou-se por fazer um estudo de caso tendo como

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referência uma empresa do setor cervejeiro, que além de fazer parte da região que será beneficiada com o projeto do gasoduto Brasil-Bolívia, pertence a o grupo que detém a segunda maior produção de cerveja do país, o que caracteriza uma boa representatividade do setor.

No processo clássico da produção de cerveja, desde a transformação da cevada em malte, passando pela produção do mosto, fermentação e maturação, alvejamento, pasteurização até o envase, identifica-se a necessidade de suprimento de energia elétrica confiável para acionamento dos batedores, bombas de solução, esteiras transportadoras de garrafas e mesmo os compressores de refrigeração (responsáveis por cerca de 15% do consumo de energia elétrica do processo), vapor para os processos de cozimento, pasteurização, entre outros, e a refrigeração em dois níveis de temperatura de evaporação (-3 e -10ºC).

3- LEVANTAMENTO DE CONSUMOS DA EMPRESA

A planta analisada que produz cerveja e refrigerante, está localizada na região a ser beneficiada pelo projeto do gás natural. Os dados levantados de produção de cerveja, consumo e demanda de energia elétrica, consumo de combustível e regime de trabalho das máquinas refrigeração, referentes ao ano de 1996 são apresentados na tabela 1.

Tabela 1- Levantamento de consumo de energia e produção de cerveja

Os dados de consumo de energia elétrica e de horas de operação do sistema de refrigeração são referentes somente à produção de cerveja, já o combustível é utilizado nas caldeiras para a produção de vapor consumido tanto no processo de fabricação da cerveja quanto de refrigerante. A partir de informações do setor de utilidades da empresa constatou-se que a produção de cerveja consome em média 60,5% do vapor gerado cabendo ao setor de refrigerantes os outros 39,5%. As caldeiras produzem em média 14,5 quilos de vapor por quilo de combustível (óleo 1A ) consumido. A carga térmica de refrigeração foi determinada a partir do número de horas de operação da máquinas de refrigeração, e do coeficiente de performance (C.O.P.) médio das referidas máquinas.

4- CONFIGURAÇÃO ATUAL DE GERAÇÃO E PROPOSTAS DE COGERAÇÃO

Na apresentação da Configuração atual de geração e das Propostas de Cogeração, os equipamentos foram dimensionados para atender à demanda de produção de energia elétrica, vapor e refrigeração necessários para atender às necessidades da produção de

Meses Produção Consumo de Refrigeração Energia Elétrica

litros de Combustível Número de Consumo Demanda Consumo Demanda cerveja por (Ponta) (Fora de Ponta)

mês (kg/mês) horas (kWh/mês) kW (kWh/mês) kW Janeiro 28.592.100 838.320 2.052 427.794 7.433 3.895.983 7.907 Fevereiro 30.167.100 796.080 1.764 380.574 6.808 3.443.070 7.187 Março 17.017.300 586.520 1.417 327.882 7.073 3.046.362 7.414 Abril 18.106.200 698.120 1.376 310.984 6.451 2.710.700 7.308 Maio 14.946.200 545.990 976 270.139 5.524 2.361.798 7.140 Junho 12.878.800 602.050 1.207 301.509 5.913 2.379.711 7.123 Julho 21.913.400 764.350 912 359.280 6.484 2.922.000 7.039 Agosto 23.898.200 720.080 1.306 373.896 6.398 2.815.314 7.509 Setembro 30.350.400 929.120 1.716 405.291 7.913 3.448.796 8.081 Outubro 36.571.500 1.089.320 2.056 446.380 7.829 3.777.307 8.282 Novembro 40.567.300 1.083.120 2.265 455.511 7.812 4.017.409 8.450 Dezembro 39.009.800 1.035.540 2.014 424.023 7.762 4.128.856 8.198 Média 26.168.192 807.384 1.588 373.605 6.950 3.245.609 7.637

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cerveja. Todos os demais equipamentos que estiverem fora dos limites do setor de utilidades, por exemplo, bombas, torres de resfriamento, equipamentos de processo, são mantidos iguais para todas as configurações.

A Configuração Atual de Geração, é composta de dois transformadores de alta tensão que rebaixam a tensão da rede de distribuição para a tensão de trabalho da empresa, sendo aproximadamente 85% dessa energia utilizada diretamente no processo, o restante é consumida no sistema de refrigeração com compressão de amônia, que esta divido em dois níveis de temperatura de evaporação (-3 e - 10ºC). São utilizadas duas caldeiras do tipo fogo tubular para a produção de vapor no estado saturado (pressão de 900 kPa e temperatura de 179,91ºC), utilizando óleo combustível 1A.

A Proposta de Cogeração 1, consiste de duas turbinas a gás em paralelo, sendo que, cada uma possui uma caldeira de recuperação (equipamento de transferência de calor que aproveita a energia contida nos gases de escape da turbina a gás para a produção de vapor) com as mesmas condições de pressão e temperatura necessários para o processo apresentada na Condição Atual. Para atender à demanda de refrigeração foi adotado o mesmo sistema de compressão apresentado da Condição atual

A Proposta de Cogeração 2, contempla a instalação de duas turbinas a gás em paralelo, similares as da Proposta 1. Cada turbina tem uma caldeira de recuperação com um sistema de queimadores suplementares de pós queima (duct-burn) que usam gás natural como combustível. A queima suplementar é necessária devido ao aumento da demanda de vapor proveniente das máquinas de refrigeração por absorção de amônia-água. Nesta proposta são utilizadas máquinas de refrigeração de absorção de amônia-água, que necessitam de energia térmica (vapor) como fonte motriz, o que reduz o consumo de energia elétrica da planta, aumentando o consumo de vapor.

A Proposta Cogeração 3, é composta de duas turbinas a gás em paralelo, caldeiras de recuperação com sistemas de queimadores suplementares de pós queima similares aos da proposta 2. O sistema de refrigeração é composto da combinação de sistema de compressão de amônia em paralelo com sistema absorção nos dois níveis de temperatura de evaporação (-3 e -10 C). Este tipo de configuração torna-se mais flexível que os anteriores, devido à possibilidade da utilização de energia térmica ou energia elétrica para a refrigeração, o que permite um melhor ajustamento quando ocorrerem variações de consumo de vapor ou energia elétrica no processo, tornando a operação das turbinas mais uniforme e eficiente.

Na tabela 4 são apresentados os custos totais das propostas, onde estão inseridos os custos de aquisição e instalação dos equipamentos, que foram obtidos a partir de contatos com fabricantes e referências bibliográficas especializadas. Os custos operacionais (consumo de combustível, água de resfriamento do sistema de refrigeração, manutenção, etc), para a Condição Atual de Operação foram determinados a partir dos dados fornecidos pela empresa e de indicadores apresentados nas tabelas 2 e 3. Os custos operacionais das Propostas de Cogeração foram obtidos a partir de simulações de operação das turbinas, caldeiras de recuperação e sistemas de refrigeração por compressão e de absorção, para atender às demandas de energia elétrica, vapor e refrigeração, além de usar também os indicadores apresentados nas tabelas 2 e 3.

Tarifa Demanda de Ponta (R$/kW) Demanda fora de Ponta (R$/kW) Consumo de Ponta Período Seco (R$/kW) Consumo de fora Ponta – Período Seco (R$/kW) Consumo de ponta Período Úmido (R$/kW) Consumo de fora ponta Período Úmido (R$/kW) AZUL 9,13 2,49 43,25 29,79 38,79 25,73

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CUSTOS

Gás natural (previsão) 3,38 R$/MBtu (0,1241 R$/kg)

Óleo combustível 1A 0,1248 R$/kg

Água de resfriamento para refrigeração 0,0208 R$/m3 água circulada Contrato de Reserva de Demanda Suplementar de energia 30,52 R$/ kW ano

Tarifa de consumo de emergência 169,85 R$/MWh

Taxa de retorno de investimento (ROI) médio - setor cervejeiro 19,13 % Taxa de retorno de investimento (ROI) médio – empresa 13,42 % Custo estimado da tarifa paga pela concessionária para autogerador 40 R$/MWh Paridade média dolar / real referente ao ano de 1996 0,998 US$ /R$ Tabela 3 – Índices e custos utilizados nas propostas

5- MODELAGEM DOS EQUIPAMENTOS DA PROPOSTAS

Para realizar a simulação, foram realizados: balanços de massa, de energia e exergia. As principais hipótese utilizadas para o modelamento são: 1-) As configurações propostas serão tratadas como Volumes de Controle, sendo que tanto energia como a massa cruzam a fronteira; 2-) Considera-se operação em regime permanente; 3-) Os modelos adotados são os de gás perfeito para os gases de combustão, o uso de equações e tabelas de vapor (WYLEN(1995)) para determinação das propriedades da água e as equações para misturas de soluções água e amônia (FIGUEIREDO(1980)); 4-) No balanço de exergia não será considerada a variação de exergia química e de transferência de calor.

A partir dos valores médios mensais de demanda de energia elétrica, vapor e refrigeração, foram feitas simulações de operação dos equipamentos das propostas em um programa elaborado em FORTRAN. Para cada uma das propostas foram realizadas dois tipos de simulações, na primeira foi previsto que todos os equipamentos operavam para atender somente às demandas da empresa, na segunda simulação, a turbina trabalhava em plena carga atendendo à demanda de energia elétrica da empresa, e caso houvesse excedente, este seria vendido para a concessionária de energia elétrica, os demais equipamentos continuavam trabalhando de forma a atender somente às demandas da empresa. Uma descrição mais detalhada das simulações realizadas é apresentada por GALLEGO(1998).

Nas simulações foram obtidos o consumo de combustível (gás natural), consumo de água de resfriamento dos sistemas de refrigeração, quantidade de energia disponível para venda à concessionária, temperatura de saída dos gases de combustão na caldeira de recuperação e a relação ar-combustível. Com esses dados foram determinados os custos operacionais de cada uma das propostas e a avaliação dos impactos ambientais.

6- AVALIAÇÃO DOS DADOS PARA AS PROPOSTAS

Para a análise das propostas, levou-se em consideração, os aspectos energéticos, econômicos e ambientais.

6.1- Aspectos energéticos

Como o processo de fabricação de cerveja demanda energéticos de qualidades diferentes (eletricidade, calor e refrigeração), foi utilizado o método exergético como parâmetro de avaliação. Exergia é uma propriedade termodinâmica que expressa a máxima capacidade de produção de trabalho teórico que pode ser obtido a partir de uma substância que não se encontra em equilíbrio com o ambiente de referência. A partir desta propriedade é possível comparar sistemas que utilizam fontes energéticas de qualidades diferentes. O rendimento exergético relaciona a quantidade de exergia gasta (consumo) para a produção

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da exergia desejada (demanda). Na figura 1 são apresentados os rendimentos exergéticos mensais de cada uma das propostas. Para calcular o rendimento exergético da Condição Atual, foi adotada a composição atual do sistema de geração de energia elétrica, sendo 87% de hidroelétrica com rendimento de 85% e 13 % termoelétrica com rendimento de 27%. Rendimento Exergético 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Meses R e n d im e n to ( % )

Cond. Atual Proposta 1 Proposta 2 Proposta 3 Prop1 c/ Venda Prop2 c/ Venda Prop3 c/ Venda

Figura 1 - Rendimento exergético da Condição Atual de operação e das Propostas de Cogeração

Observa-se que, os valores obtidos na Condição Atual são maiores que os das Propostas de Cogeração, esse fato é atribuído devido à composição atual de geração de energia elétrica (87 % hídrica). Ao ser feita análise com a composição proposta pelo plano descenal para 2006, o rendimento da Condição Atual de Operação diminui e tornando-se menor que algumas das propostas. Se imaginarmos que, o próximo megawatt instalado será proveniente de uma termoelétrica, o rendimento da Condição Atual deverá ser menor que qualquer das Propostas de Cogeração.

Ao dividirmos o valor do custo operacional (combustível, manutenção, água de resfriamento, contrato para autogerador) de cada uma das propostas, pela exergia demanda pelo processo (elétrica, vapor e refrigeração), obtemos o custo exergético de cada uma das propostas, que é apresentado na figura 2.

Custo Exergético 25 30 35 40 45 50 55 60 65

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

Me se s R $ / k W

Cond. Atual Proposta 1 Proposta 2 Proposta 3 Prop 1 c/ Vend Prop 2 c/ Vend Prop 3 c/ Vend

Figura 2 - Custo exergético da Condição Atual de Operação e das Propostas de Cogeração

Percebe-se nesta figura que, devido ao fato da Condição Atual comprar energia elétrica, que é exergia pura (100% de trabalho disponível), o seu custo operacional torna-se mais alto que qualquer uma das propostas, mesmo embutindo nos custos operacionais das Propostas de Cogeração o custo do contrato de reserva de demanda suplementar (direito de

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usar energia da concessionária em caso de parada de uma das turbinas.

6.2- Aspectos Econômico

Por não possuir a taxa de investimento da empresa avaliada, utilizou-se a Taxa de Retorno sobre Investimentos, obtidos a partir dos valores médio obtidos na revista EXAME (1997) do grupo e setor a qual a empresa pertence. Como o inverso da taxa de retorno do investimento representa o tempo de retorno, este indicador foi utilizado como parâmetro econômico de avaliação da viabilidade das propostas. Com uma análise econômica simplificada, foi realizada a diferença a diferença entre o custo total do investimento da Condição Atual com cada uma das propostas, o valor obtido foi dividido pela diferença entre o custo operacional da Condição Atual e das propostas, obtendo-se o tempo a partir do qual as propostas começam a dar retorno. Na tabela 4 são apresentados os custos de investimento e operação de cada uma das propostas, assim como o tempo de retorno do setor cervejeiro, da empresa avaliada e das propostas.

Análise das Propostas em relação a Condição Atual

Diferença Diferença Tempo de R.O.I.

(R$) Investimento Operacional Retorno (%)

(R$) (R$) Anos

Setor cervejeiro 5,23 19,13

Empresa Avaliada 7,45 13,42

Condição Atual (Investimento) 4.709.572,00 Condição atual (Custo operacional) 3.791.293,78

Condições sem venda de energia elétrica

Proposta 1 (Investimento) 12.348.052,42 7.638.480,42 6,79 14,73 Proposta 1 (Custo operacional) 2.666.327,91 -1.124.965,87

Proposta 2 (Investimento) 15.622.037,59 10.912.465,59 12,07 8,28 Proposta 2 (Custo operacional) 2.887.360,50 -903.933,29

Proposta 3 (Investimento) 14.215.040,26 9.505.468,26 8,41 11,89 Proposta 3 (Custo operacional) 2.661.564,55 -1.129.729,24

Condições com venda de energia elétrica

Proposta 1-(Investimento) 12.348.052,43 7.638.480,43 6,09 16,41 Proposta 1 (Custo operacional) 2.537.720,76 -1.253.573,02

Proposta 2 (Investimento) 15.622.037,59 10.912.465,59 8,17 12,24 Proposta 2 (Custo operacional) 2.456.113,88 -1.335.179,90

Proposta 3 (Investimento) 14.215.040,26 9.505.468,26 7,28 13,73 Proposta 3 (Custo operacional) 2.485.837,74 -1.305.456,04

Tabela 4 - Análise econômica simplificada entre a Condição Atual e as Propostas de Cogeração

Pode-se perceber que tanto a proposta 1 com ou sem venda de energia como a proposta 3, são viáveis do ponto de vista econômico para o grupo ao qual pertence a empresa avaliada. A proposta 2 mostrou-se inviável devido ao alto custo de alguns equipamentos (máquina de absorção e queimador) e também pelo maior consumo de gás natural atribuído ao aumento da demanda de vapor das máquinas de absorção.

6.3- Aspectos Ambientais

A avaliação ambiental realizada, foi voltada para os poluentes liberados nos processos de combustão. A liberação de dióxido de carbono (CO2) se caracteriza por suas influências globais (efeito estufa), enquanto os óxidos de enxofre (SOx), óxidos de nitrogênio (NOx) e os particulados se destacam nas influências locais e regionais.

Na tabela 5, são apresentadas as emissões da Condição atual de Operação e de cada uma das Propostas de Cogeração. Vale destacar que, a emissão de poluentes da condição atual só levou em conta as emissões da caldeira a vapor, não sendo contabilizadas as emissões para a geração de energia elétrica (fonte externa). As emissões de NOx apresentadas nas propostas podem ser reduzidas a valores menores que a Condição atual a partir da injeção de vapor na câmara de combustão da turbina, para isso seria necessária uma análise verificando o quanto esse aumento de produção de vapor aumentaria o

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consumo de combustível. Por último, com o gás natural as emissões do óxido de enxofre não se faz presente diminuindo a formação de chuvas ácidas.

Gases Temp. gases CO2 NOx NOx Consumo de Particulado SOx Propostas Combustão (saída Cald.) (s/ inj. Vap.) (c/ inj. Vap.) Vapor

(Ton/ano) (ºC) (Ton/ano) (Ton/ano) (Ton/ano) (Ton/ano) (kg/mês) (Ton/mês) Condição Atual (Média) 7.665 250 1.042 2,3 --- 156 245 Condição Atual (Soma) 91.984 --- 12.510 27,6 --- 1.877 2943

Prop. 1 - S.V.E.(Média) 85.606 247 3.931 3,2 2,1 3.574 349 ---Prop.1 - S.V.E. (Soma) 1.027.276 --- 47.166 38,0 25,7 42.883 4.193 ---Prop. 2 - S.V.E.(Média) 69.881 165 4.049 2,6 1,7 3.812 285 ---Prop. 2 - S.V.E. (Soma) 838.571 --- 48.586 31,0 21,0 45.749 3.423 ---Prop. 3 - S.V.E.(Média) 77.828 179 3.802 2,9 1,9 3.490 318 ---Prop. 3 - S.V.E. (Soma) 933.931 --- 45.628 34,6 23,3 41.874 3.812

---Prop. 1 - C.V.E.(Média) 90.042 362 5.225 3,3 2,3 4.917 368 ---Prop.1 - C.V.E. (Soma) 1.080.507 --- 62.700 40,0 27,0 58.999 4.410 ---Prop. 2 - C.V.E.(Média) 90.042 214 5.225 3,3 2,3 4.917 368 ---Prop. 2 - C.V.E. (Soma) 1.080.507 --- 62.700 40,0 27,0 58.999 4.410 ---Prop. 3 - C.V.E.(Média) 90.042 291 5.225 3,3 2,3 4.917 368 ---Prop. 3 - C.V.E. (Soma) 1.080.507 --- 62.700 40,0 27,0 58.999 4.410

---Tabela 5 - Emissões de poluentes da Propostas ( S.V.E - sem venda e C.V.E - com venda de energia)

7- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a cogeração, a empresa não fica sujeita às influências externas como o racionamento, cortes de energia elétrica, além de ter a possibilidade de vender a energia elétrica excedente. Vale destacar que, a sua implantação diminui os impactos ambientais em relação à implantação de termoelétricas comuns. Para a escolha de uma sistema cogeração, existe a necessidade de se conhecer as demandas de energia elétrica e térmica e o seu perfil de utilização, para que se possa atender integralmente as exigências do processo. Para a viabilização da cogeração, é necessário que sejam estabelecidas políticas energéticas de incentivo a esta tecnologia, através de preços de venda de energia mais atraentes, tarifas para autogerador menos elevadas, além do incentivo à importação ou até mesmo da fabricação de equipamentos (turbinas, caldeiras de recuperação) no Brasil.

Portanto, no sentido de viabilizar a implantação de novas modalidades tecnológicas, é tarefa da gerência de produção a análise e escolha das opções mais adequadas para a instalação industrial, tendo em vista: os parâmetros econômicos, o atendimento das demandas operacionais da indústria e suas estratégias, a qualidade das novas tecnologias, a satisfação do seu pessoal, a garantia de suprimento dos recursos necessários à produção e a sociedade (no caso a energia) e as influências sócio-ambientais. Diante do exposto, buscou-se contribuir para a proposição de metodologia para análibuscou-se de “novas” tecnologias de geração em setores com potencialidades para tal.

8- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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Universidade Estadual de Campinas, 1980. 151 p. Tese (Mestrado).

GALLEGO, A.G. Sistemas de refrigeração a partir da Cogeração - Análise e simulação de propostas para o caso de cervejarias utilizando gás natural. Santa Bárbara D´Oeste: Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), 1998, p. 116, Tese (Mestrado).

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Balanço Energético Nacional (BEN)– 1997

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