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art. 36 da Lei Federal n.º 9.504/97 veda a propaganda anterior a 6 de julho de 2008.

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JUSTIÇA ELEITORAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

JUÍZO DA 1ª ZONA ELEITORAL DE SÃO PAULO

Av. Brigadeiro Luís Antônio, 453 – Bela Vista - CEP 01317-000 Tel.: 3106-5397 – FAX: 3105-8768

SÃO PAULO – CAPITAL

REPRESENTAÇÃO N.º 138/2008

(PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA)

Vistos.

Trata-se de representação ofertada pelo Ministério Público Eleitoral (fls. 2-4), com fundamento no art. 36, § 3.º, da Lei Federal n.º 9.504/97, em face do pré-candidato ANÍBAL DE FREITAS FILHO, ex-Subprefeito do Jaçanã/Tremembé, filiado ao Partido da Social Democracia Brasileira e, bem assim, da REVISTA SP1 EDITORA LTDA., na pessoa de seus representantes qualificados a fls. 2, versando acerca da possível prática de propaganda eleitoral antecipada.

Aduz o Representante, em síntese, que no exemplar da Revista ZN, de abril de 2008, editada pela Representada SP1 Editora, Aníbal de Freitas Filho, que também integra o pólo passivo, concedeu entrevista a configurar propaganda eleitoral antecipada, precisamente a fls. 39, ao responder perguntas e tecer comentários acerca de seu passado ligado à zona norte da cidade de São Paulo. Para o insigne parquet, o Representado, de modo claro, traz a lume a pretensão de ser vereador da Capital (fls. 3), expondo sua plataforma política e especificando o que fará caso seja eleito. Para além disso, segundo sustenta, transmite a idéia de que é o mais indicado à defesa dos interesses da zona norte e de seu eleitorado, tentando influenciar inequivocamente no ânimo daquele, visando à captação antecipada de votos, e o

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art. 36 da Lei Federal n.º 9.504/97 veda a propaganda anterior a 6 de julho de 2008.

No que toca à Representada SPl Editora, entende o Ministério Público também ser transgressora do mencionado dispositivo legal, ao promover Aníbal de Freitas por meio da entrevista, em especial quando põe epígrafe aos termos inaugurais da matéria veiculada, in verbis:

Conheça um pouco do (...) Aníbal de Freitas Filho (...) suas idéias e propostas e saiba o que ele quer realizar para melhorar a vida dos moradores da zona norte de São Paulo.

Ademais, prossegue, a entrevista teria estimulado o Representado a expor suas idéias político-programáticas, terminando por enaltecê-lo, refugindo à matéria estritamente jornalística, em evidente propaganda eleitoral.

Ao final, requer seja julgada procedente a presente Representação, condenando os representados ao pagamento da multa prevista no art. 36 da Lei Federal n.º 9.504/97.

Devidamente notificados (fls. 57-61), vieram as manifestações tempestivas acostadas a fls. 63, 64 e 66. Aníbal de Freitas Filho aduz não procederem os argumentos trazidos pelo Ministério Público Eleitoral. Que, quando da entrevista concedida, apenas esboçou sua experiência de anos junto ao serviço público, que poderia ser repassada a parlamentares e empresários de grande e pequeno porte, não havendo propósito político, até porque ela se deu em um ambiente apolítico e não ocorreram ainda as convenções partidárias, tampouco a escolha de candidatos, não sendo correto pensar em propaganda eleitoral sem tal indicação. A entrevista teria como fim

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precípuo a divulgação de fatos e não promoção pessoal, sem indução do eleitorado, tratando apenas de matéria jornalística sem pedido de votos ou apoio dos munícipes, até porque foi veiculada gratuitamente. Requer, ao final, a improcedência da Representação, com o seu conseqüente arquivamento.

A Editora SP1 Ltda., apresentando defesa encartada a fls. 66, alega que em momento algum teve a intenção de promover o primeiro Representado, mesmo porque desconhece sua pré-candidatura. Que a matéria jornalística somente faz alusão ao trabalho que o entrevistado realizou na zona norte quando Subprefeito, mormente por saber da proibição de se promover candidatos a cargos políticos, não sendo a hipótese ventilada. Aduz, outrossim, que se trata de entrevista rotineira, informativa e sem qualquer interesse ou conotação eleitoral, o que se dá, inclusive, em relação a outras pessoas, protestando, ao final, pela improcedência da Representação.

É o breve relatório.

FUNDAMENTO E DECIDO.

A Lei 9.504/97, em seu art. 36, prescreve que a propaganda eleitoral somente será permitida após 5 de julho do ano da eleição. A Propaganda eleitoral extemporânea, também denominada antecipada, é aquela realizada, por via de conseqüência, antes do dia 6 de julho do ano eleitoral, onde se tem em mira a divulgação de um determinado candidato a cargo a ser disputado em eleição de fato.

De se notar, entretanto, que, nada obstante a lei 9.504/97 referir-se a candidatos, partidos e coligações, sujeitando-os às sanções previstas no § 3.º do art. 36, é pacífico o entendimento dos tribunais que a pré-candidatura, como cá ocorre, também se sujeita às limitações preceituadas nesse diploma legal, não havendo falar-se em necessária indicação em convenção partidária, tampouco em efetivo registro da candidatura junto ao Juiz Eleitoral para que se imponham as regras ali prescritas, à guisa do disposto no Acórdão TSE n.º 5.703, de 27.9.2005, relatado pelo Ministro Gilmar

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Mendes e, bem assim, no Acórdão TSE n.º 4.900, de 7 de dezembro de 2004, relatado pelo Ministro Gilmar Mendes.

Com efeito, as limitações impostas à veiculação de propaganda eleitoral não afetam o direito à informação e à livre manifestação do pensamento, constitucionalmente garantidos, até porque não estabelecem qualquer controle prévio sobre a matéria a ser veiculada nos mais variados veículos de comunicação, como se vê no caso sob exame. Não caracteriza violação ao art. 36 da Lei n.º 9.504/97, com é consabido, o fato de órgão de imprensa, antes do período oficial de propaganda eleitoral, veicular entrevista com pretenso candidato. O direito de informar é garantia da transparência dos fenômenos políticos e dos elementos formadores do regime democrático. Todavia, a publicação da revista SP1 EDITORA LTDA., na qual o pré-candidato Aníbal de Freitas Filho assina editorial contendo matéria elogiosa à sua pessoa, com exaltação das suas qualidades pessoais e profissionais, inclusive com fotos destacando-o ao lado de grande expoente da política brasileira, caso do ex-Governador de São Paulo, Geraldo Alckmim, representa apelo subliminar não autorizado pela lei, tampouco pela Carta Magna.

Deveras, o art. 220 da Constituição Federal preceitua que a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição. Por outro lado, como bem apontou o Ministro do Tribunal Superior Eleitoral Marco Aurélio de Mello, no Acórdão 5.702/2005, nem por isso se pode levar às últimas conseqüências a garantia constitucional da liberdade de expressão. Tratando-se de tema eleitoral, sobrepõe-se a busca do equilíbrio na disputa entre os atores protagonistas do pleito, fazendo-se mister repelirem-se condutas que vão de encontro a esse propósito.

Com razão o Douto representante do Ministério Público. Não estamos diante de mera entrevista jornalística. Vê-se a fls. 67 do publicado que, ao responder perguntas e tecer comentários acerca de seu passado ligado à zona norte da cidade de São Paulo, Aníbal de Freitas Filho traz

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à tona, ainda que de modo subliminar, a busca da vereança paulistana, expondo sua plataforma política e especificando o que fará caso seja eleito, em clamor pelos votos dos eleitores destinatários de uma expressiva tiragem da revista em questão, num total de 30.000 (trinta mil) exemplares (fls. 6). Ademais, sustenta e transmite idéia de que é o mais indicado à defesa dos interesses da zona norte e de seu eleitorado, influenciando inequivocamente no ânimo dos leitores.

Entende-se como ato de propaganda eleitoral aquele que leva ao conhecimento geral, ainda que de forma dissimulada, a candidatura, mesmo que apenas postulada, e a ação política que se pretende desenvolver ou as razões que induzam a concluir que o beneficiário é o mais apto ao exercício de função pública (Acórdão TSE 7.652, de 28 de novembro de 2006), na exatidão da inteligência prescrita na matéria impugnada.

Vejamos.

A matéria veiculada (fls. 39 dos autos) traz destaque inicial ao Partido da Social Democracia Brasileira, vindo em seguida os apelos do Representado no sentido de acreditar poder somar sua experiência à dos “demais parlamentares”, denotando claramente sua pretensão à Câmara Municipal. Tal evidência mostra-se ainda mais patente quando, respondendo à pergunta de número três, põe-se a lançar pacto dirigido a seu público, nos termos seguintes:

Eu não posso falar que vou construir hospitais ou escolas porque isso é papel do executivo. Mas a gente pode (sic), sim, fazer pressão, podemos orientar, dar idéias específicas. O vereador também é um fiscal do prefeito, ele representa uma população. (...)

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A seguir, ainda na mesma indagação, coloca-se como aquele mais indicado a assumir o cargo pretendido, fazendo alusões ao seu perfil pessoal, in verbis:

(...) Assim, por exemplo, se há uma UBS (Unidade Básica de Saúde) que não está sendo eficiente, não está tratando as pessoas como elas deveriam ser tratadas, então nós temos, sim, esse papel junto a um secretário, a um diretor de unidade e podemos solicitar um melhor atendimento, providências. Eu me acho muito chato nesse aspecto porque acredito que as pessoas têm de ser bem tratadas, respeitadas.

Não se pode olvidar, outrossim, que o apelo eleitoral do pré-candidato, a partir da prova encartada nos autos, vem ainda mais pujante ao voltarmos os olhos para as imagens trazidas com o texto impugnado, notadamente quando prestigiado integrante do cenário político eleitoral contempla o Representado na matéria veiculada, figurando ao seu lado e transmitindo-lhe notoriedade, alusão que ora se faz a Geraldo Alckmin, ex-Governador de São Paulo e também virtual candidato ao pleito municipal. A propaganda subliminar com propósito eleitoral, nessas circunstâncias, não deve ser observada tão-somente em relação ao seu texto, mas também no que toca a imagens, fotografias, meios, número e alcance da divulgação (Acórdão TSE 19.905/RESP.- GO – Rel. Ministro Fernando Neves, de 25 de fevereiro de 2002).

Assim, configurada está a propaganda fora de época, ficando claramente demonstrado o liame entre a matéria veiculada e o pleito municipal que se avizinha. O art. 36 da Lei Federal n.º 9.504/97 veda a propaganda eleitoral antecipada, norma esta que se aplica no chamado período

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pré-eleitoral, ou seja, antes do dia 5 de julho do ano da eleição. A inexistência de convenção partidária não impede o exame da conduta frente ao comando normativo sobredito. A intenção de revelar ao eleitorado, ainda que de forma dissimulada, o cargo político almejado (Vereador), a ação que pretende o beneficiário desenvolver e os méritos que o habilitam ao exercício da função ficaram claramente demonstrados na inicial.

Acerca da segunda Representada, a despeito de poder louvar-se na liberdade de imprensa, o que bem se sabe não é absoluto em matéria eleitoral, parece-me acertado que também profligou a norma inscrita no art. 36 da Lei Federal n.º 9.504/97. A matéria veiculada, de modo flagrante, traz apelo claro à candidatura de Aníbal de Freitas Filho, notadamente quando estampa, em letras garrafais, a expressão “Aníbal de Freitas por uma Zona Norte

mais forte”, corroborando para o desequilíbrio da disputa. Embora parte da

matéria tenha conteúdo informativo relacionado à atividade precípua da Representada (veículo de abordagem dos aspectos gerais relacionados aos interesses sociais de determinada população), há evidente desvirtuamento de conteúdo a infligir-lhe co-responsabilidade. Vale dizer, ao se referir a Aníbal de Freitas Filho, no trecho introdutório do veiculado, com os dizeres - “conheça um

pouco sobre o engenheiro, ex-sub-prefeito da Subprefeitura Jaçanã/Tremembé, Aníbal de Freitas Filho, do PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira, suas idéias e propostas e saiba o que ele quer realizar para melhorar a vida dos morados da zona norte de São Paulo” – a reportagem apresentou, em verdade,

um nítido propósito de promover o Representado, configurando-se, assim, a propaganda extemporânea repelida pelo art. 36 da Lei Federal n.º 9.504/97. Nesse sentido, veja-se a inteligência contida no Acórdão 15.383 TSE/RESP – CE, relatado pelo Ministro Eduardo Ribeiro, em sessão de 22 de fevereiro de 2000.

Posto isso, julgo procedente a Representação ofertada pelo Ministério Público, impondo a cada um dos Representados, individualmente, multa no valor de R$ 21.282,00 (vinte e um mil e duzentos e oitenta e dois reais), correspondente ao patamar mínimo do permissivo legal

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residente no art. 36, § 3.º, da Lei Federal n.º 9.504/97, em face propaganda eleitoral verificada.

Ciência ao Ministério Público. Intime-se.

São Paulo, em 15 de maio de 2008, às 15:30 horas.

MARIA SILVIA GOMES STERMAN Juíza Eleitoral

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