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ASPECTOS GRAMATICAIS NA FORMAÇÃO DE TERMOS REDUZIDOS

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Academic year: 2021

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ASPECTOS GRAMATICAIS NA FORMAÇÃO DE TERMOS REDUZIDOS Sabrina Abreu UFRGS/PPG-Letras ciclone@portoweb.com.br

1. Introdução

No texto intitulado Processos de formação de termos: um breve exercício analítico - comparativamente ao quadro geral dos processos de formação de palavras - apresentamos um conjunto de fatos que parecem corroborar a ideia de que o quadro geral de formação de termos divide-se em dois grandes grupos: i) processos gerais; e ii) processos motivados por variação terminológica. O grupo i) compreende os termos formados por derivação ou por composição, incluindo neste último subtipo os formados por justaposição e por composição sintagmática. O grupo ii), por sua vez, engloba a formação de termos motivada por variação terminológica, decorrentes exclusivamente da composição sintagmática1. As formações do segundo grupo resultam da aplicação de uma espécie de princípio formativo de redução de formas manifesto através do apagamento total de certos formativos das composições sintagmáticas (elipse) ou da redução propriamente dita (reduções dos formativos presentes em uma composição sintagmática, geralmente denominadas acronímia e acrossemia). Assim, para as reflexões que faremos nesta apresentação, partiremos da ideia de que, para que formativos de um termo possam sofrer redução por acronímia ou por acrossemia, um termo sintagmático deve ter sido criado, o que torna este tipo de redução decorrente da variação terminológica. Nesta perspectiva, entendemos, em consonância com diversos estudiosos da área, que o termo é uma entidade lexical típica das línguas de especialidade que, como uma unidade do discurso, pode assumir diferentes formas de acordo com os contextos de uso. Com o objetivo de dar continuidade aos estudos que estamos desenvolvendo acerca do universo formativo de termos, trataremos nesta apresentação de termos resultantes de combinatórias lexicais que originam termos reduzidos. Em particular, pretendemos verificar a natureza categorial dos formativos envolvidos na constituição de composições sintagmáticas e as respectivas combinatórias léxicas resultantes das reduções que essas composições apresentam em sua forma variante.

2. Mecanismos de redução

Com relação às descrições dos processos de composição sintagmática por redução, diz-se, em linhas gerais, que há dois mecanismos através dos quais seus formativos se reduzem: a acrossemia e a acronímia.

Grosso modo, entende-se por acronímia o mecanismo através do qual a combinação sintagmática se reduz à letras/fonemas iniciais dos elementos de uma composição sucessivamente, por exemplo, o acrônimo UFRGS é a redução às letras iniciais dos componentes da composição sintagmática Universidade Federal do Rio Grande do Sul. De acordo com Rocha, apesar de serem grafados com letras maiúsculas, os acrônimos funcionam como palavras da língua, já que podem gerar outras formações (p.ex., petista de PT) ou se adaptarem aos mecanismos de flexão (p.ex., ONG’s) (ROCHA, 1998, p.176). A acrossemia, por sua vez, é um mecanismo que “consiste na combinação de sílabas ou fonemas extraídos dos elementos de um nome composto ou de uma expressão” (MONTEIRO, 2002, p.175). Monteiro cita como exemplo deste tipo de redução o caso de UNIFOR (Universidade de Fortaleza) ou MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização), entre outros. Para o autor,

1 Nesse tipo de composição, os elementos formativos “encontram-se numa íntima relação sintática, tanto

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2 geralmente as siglas inserem-se neste tipo de redução, mas “quando a sequência de fonemas não se organizar em padrões silábicos próprios da articulação das palavras portuguesas, não se tem um vocábulo autônomo” (MONTEIRO, 2002, p.176).

Abaixo, pode-se verificar a diferença entre os processos de redução acima descritos.

ACRONÍMIA ACROSSEMIA

UFRGS – Universidade Federal do Rio

Grande do Sul

DETRAN – Departamento Estadual de Trânsito

3. Seleção e organização dos dados

Considerando que este trabalho se insere nas pesquisas desenvolvidas no Projeto Construção de um Banco de Dados da Língua Geral (BDLG)2, serão analisadas composições sintagmáticas que sofreram redução oriundas de dois léxicos especializados, quais sejam: o do Comércio Exterior3 e o da Hemodinâmica4. Serão considerados na análise dois processos de formação de termos por redução: a acronímia e a acrossemia, conforme descritos anteriormente. Quantitativamente, estarão em análise 41 termos, assim distribuídos:

Domínio termos formas reduzidas

(língua portuguesa) formas reduzidas (língua inglesa) Total de formas reduzidas Hemodinâmica 240 10 - 10 Comércio Exterior 200 31 31 62 Total 440 41 31 72

Figura 1 - Distribuição das formas reduzidas no universo de 440 termos

Domínio termos formas reduzidas

(língua portuguesa)

acronímia acrossemia

Hemodinâmica 240 10 10 0

Comércio Exterior 200 31 26 5

Total 440 41 36 5

Figura 2 – Distribuição das formas reduzidas (língua portuguesa) e os respectivos processos de redução

2 Construção de um Banco de Dados da Língua Geral – desenvolvido no Instituto de Letras da UFRGS.

3 Cruz (2007) realizou um estudo acerca dos termos reduzidos do léxico do Comércio Exterior provenientes,

total ou parcialmente, da língua inglesa. A autora constatou que, no universo de 200 termos, 31 são formados por algum tipo de processo de redução. Neste trabalho, analisarei as formas reduzidas encontradas no léxico do Comércio Exterior provindas integralmente do vernáculo, a fim de compará-los com as formas reduzidas do léxico da Hemodinâmica.

4 No resumo inicial deste trabalho, estavam previstas as análises dos léxicos dos domínios da Análise Sensorial

Enológica (ASE) e da Biologia Molecular (BM); no entanto, as composições sintagmáticas reduzidas não se mostraram produtivas nesses domínios. Dos 78 termos do léxico da ASE, apenas 03 apresentaram variantes resultantes de algum tipo de redução. Com relação ao léxico da BM, dos 160 termos, apenas 16 apresentaram formas reduzidas. Neste último léxico, as reduções acontecem particularmente em certos formativos da composição sintagmática, como ilustram os termos tarifa ULD, C-terminal, impressão digital de DNA,

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Gráfico 1 – Ocorrências de formas reduzidas nos léxicos examinados

4. Síntese das combinatórias resultantes de redução de termos nos domínios examinados Basicamente, os dados a serem discutidos serão os seguintes.

ACRONÍMIA

Domínio: Hemodinâmica

Mecanismo: redução às letras iniciais

Combinatória léxica padrão - [N [PP]A]

Combinatória léxica padrão - [N A]

Combinatória léxica padrão - [N A A]

Combinatória léxica padrão - [N [PP]]

Combinatória léxica padrão - [N [PP (A N)]]

termo variante combinatória resultante da redução

persistência do canal arterial PCA [N [ ø A] PP A]

índice de volume sistólico IVS [N [ ø A] PP A]

termo variante combinatória resultante da redução

débito cardíaco DC [N A]

índice cardíaco IC [N A]

termo variante combinatória resultante da redução

resistência vascular pulmonar RVP [N A A]

resistência vascular sistêmica RVS [N A A]

volume diastólico final VDF [N A A]

volume sistólico final VSF [N A A]

aterectomia coronária direcional ACD [N A A]

termo variante combinatória resultante da redução

fração de ejeção FE [N ([ ø N ] PP]

termo variante combinatória resultante

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4 ACRONÍMIA

Domínio: Comércio Exterior Mecanismo: redução às letras iniciais

Combinatória léxica padrão - [N [PP [PP]]]

Combinatória léxica padrão - [N A]

Combinatória léxica padrão - [N A A]

Combinatória léxica padrão - [N PP [A]]

Combinatória léxica padrão - [N A PP]

Combinatória léxica padrão - [N [PP]]

Combinatória léxica padrão - [N [PP] conetivo [N A]]

termo variante combinatória resultante da redução

Adiantamento sobre contratos de câmbio

ACC [N [ ø N] PP [( ø N) PP ]]

Declaração de unidade de carga DUC [N [[ ø N] PP [( ø N) PP ]]

termo variante combinatória resultante da redução

homem hora HH [N A]

termo variante combinatória resultante da redução

controlador lógico programável CLP [N A A]

depósito aduaneiro simplificado DAC [N A A]

termo variante combinatória resultante da redução

Adiantamento sobre cambiais

estrangeiras ACE [N ([ ø A] PP A)]

Baldeação de carga estrangeira BCE [N ([ ø N] PP A)]

Baldeação de carga nacional BCN [N ([ ø N] PP A)]

Câmara de comercio

internacional CCI [N ([ ø N] PP A)]

Certificado de depósito

interfinanceiro CBD [N ([ ø N] PP A)]

Declaração de trânsito

aduaneiro DTA [N ([ ø N] PP A)]

Imposto de produto industrial IPI [N ([ ø N] PP A)]

termo variante combinatória resultante da redução

Câmara brasileira de

contêineres

CBC – apagamento prep. [N A ([ ø N] PP)]

Corporação andina de fomento CAF [N A ([ ø N] PP)]

Depósito aduaneiro de

distribuição

DAD [N A ([ ø N] PP)]

Direito especial de saque DES [N A ([ ø N] PP)]

Declaração simplificada de importação

DSI [N A ([ ø N] PP)]

termo variante combinatória resultante da redução

Conhecimento de embarque CE [N ([ ø N] PP )]

Centro de distribuição CD [N ([ ø N] PP )]

Comprovante de importação CI [N ([ ø N] PP )]

Declaração de importação DI – c/recomposição [N ([ ø N] PP )]

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Combinatória léxica padrão - [N [PP [PP (det) N A]]

Combinatória léxica padrão - [N PP [det N] PP PP]

ACROSSEMIA

Domínio: Comércio Exterior

Grupo 2 - Processo de redução: acrossemia Mecanismo: redução a segmentos dos formativos

Combinatória léxica padrão - diversa

5. Considerações finais

Como dissemos na introdução, este trabalho objetiva mostrar como formativos lexicais se ordenam na cadeia de unidades terminológicas complexas em processos de redução. A síntese das combinatórias resultantes de redução aqui esboçada representa apenas nosso primeiro olhar sobre as ocorrências.

REFERÊNCIAS

ABREU, Sabrina Pereira de Abreu. Processos de formação de termos: um breve exercício analítico. In: ISQUIERDO, Aparecida Negri; FINATTO, Maria José Bocorny (Orgs.). As Ciências do Léxico – Lexicologia, Lexicografia e Terminologia. 1 ed. Campo Grande: Ed. UFMS, 2008, v.IV, p.605-624.

ALVES, Ieda Maria. Neologismo: criação lexical. São Paulo: Ática, 1990.

termo variante combinatória resultante da redução

Convenio de pagamentos e

créditos recíprocos CCR [N ([ ø] PP øconetivo [N A] ]

termo variante combinatória resultante da redução

Contribuição de intervenção

sobre o dominio econômico CIDE [N ([ ø N] PP )([ ø PP ø det [N A] PP] ]

Direitoria de fiscalização de

produtos controlados DFPC [N ([ ø N] PP )([ ø PP ø det [N A] PP] ]

termo variante combinatória resultante da redução

Adicional ao frete para a

renovação da marinha mercante AFRMM [N ([ ø øA] PP det N] PP [ ø PP ø det N ]([ ø N

Termo variante combinatória resultante da redução

Câmara de comercio exterior CAMEX [Nsi ([ øP ø N ]PP A si]

Comunidade andina CAN [Nli A si]

Identificador rádio

internacional IRIN [Nli Nli A si]

Regime especial de importação de bens destinados às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e gás

REPETRO [N [ ø] A [ ø ] PP [ ø ø] PP [ ø ø] PP

øconetivo [ ø ] PP [ ø Nsis] PP øconetivo ø det

N ]([ ø N A] PP

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6 CRUZ, Gabriela Fontana. Acronímia e acrossemia: processos de formação de palavras produtivos no léxico do comércio exterior. 2007. Iniciação Científica. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

MONTEIRO, José Lemos. Morfologia portuguesa. Campinas: Pontes, 4. Ed,, 2002

ROCHA, Luiz Carlos de Assis. Estruturas morfológicas do português. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.

Referências

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