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Cobertura do solo e a variabilidade da temperatura e da umidade relativa do ar em Porto Velho (RO) entre

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Academic year: 2021

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Cobertura do solo e a variabilidade da temperatura e da umidade relativa

do ar em Porto Velho (RO) entre 1971-2005

Marcelo José Gama da Silva1 Rafael Rodrigues da Franca2 Julio Sancho Teixeira Militão3 Fabio Adrianao Monteiro Saraiva4

Ene Glória da Silveira5

1

Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental – SEDAM. Estrada do Santo Antônio

2

Universidade Federal de Rondônia

3

Universidade Federal de Rondônia

4

Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental – SEDAM. Estrada do Santo Antônio

5

Universidade Federal de Rondônia

ABSTRACT: The climate changes in the Amazon region have been an important study topic

of several science fields. Many studies for assessing of land use and land occupation processes in Amazon and Rondônia have already been conducted, but yet there are great scientific gaps, particularly those related to the relationship between land use and local climate changes. Temporal series of meteorological variables were used, which included: air temperature (maximum and minimum averages) and relative air humidity in the Porto Velho municipality between 1971 and 2005. This study results showed that the deforestation increase was lower within the study area than the deforestation increase observed for the entire Amazon and the state of Rondônia. The mean air temperature showed a higher increasing trend for the period. However, an increasing trend of the maximum mean air temperature and a decreasing trend of the minimum air temperature were observed in the period, which evidenced a greater temperature variation. The relative air humidity showed a decreasing trend in the period of analysis, especially in the 1990s.

Key-words: Cobertura do solo, precipitação, temperatura do ar, variabilidade climática 1 – INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a Amazônia tem sido foco de discussões no mundo inteiro a respeito de sua importância no equilíbrio do ecossistema terrestre e do impacto que a alteração do uso e cobertura da terra teria sobre o ecossistema local, no clima regional e global (ALVES et al., 1999). A conversão das florestas tropicais para o plantio de pastagens e práticas agrícolas tornou-se um problema sócio-ambiental e uma importante fonte de gases que contribuem para a elevação das temperaturas do Planeta, com grande influência na hidrologia, clima e ciclos biogeoquímicos globais (HOUGHTON, 1991; NOBRE et al., 1991; PEDLOWSKI et al., 1999). Atualmente o desmatamento representa cerca de 75% das emissões de CO2 brasileiras (HOUGHTON et al., 2000).

A floresta tropical amazônica é reconhecida, amplamente, como uma importante fonte de energia e umidade para os processos que ocorrem na atmosfera tropical (GALVÃO & FISCH, 2000), mas durante as últimas décadas grande parte desta floresta tropical vem sendo transformada, através da extração de madeira ou geração de áreas de pastagens para as atividades agropecuárias e, isso tende a alterar esta característica da região.

São crescentes as especulações de como as atividades humanas, econômicas e ambientais, tanto em nível global como regional, influenciam o clima de uma determinada região. Estudos como NOBRE et al. (1991), FISCH et al, (1997), ALVES et al (1999) e

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CORREIA et al (2007) indicam que interferências antrópicas nos ecossistemas amazônicos podem provocar impactos na circulação atmosférica, no transporte de umidade para/e da região e, conseqüentemente, no ciclo hidrológico, com a redução regional das chuvas (SILVA DIAS et al., 2002) e suas teleconexões climáticas. Os resultados encontrados pelos autores mostram um aumento de 0,6 a 2,0 °C na temperatura do ar e uma redução na evapotranspiração e na precipitação de 20 a 30%, com uma estação seca mais prolongada após o desmatamento. Para GALVÃO & FISCH, (2000), se grandes extensões são desmatadas, pode-se esperar mudanças que afetarão os sistemas atmosféricos causadores da formação do tempo e do clima.

A importância da cobertura vegetal no clima e no ciclo hidrológico vem sendo ponto de apoio para as discussões sobre mudanças climáticas. Neste sentido, tem sido crescente o interesse científico em avaliar como a alteração da cobertura vegetal da Amazônia pode provocar mudanças no clima local, regional e global.

Nas ultimas décadas, Rondônia, a exemplo de todos os estados da Amazônia brasileira, tem sofrido um intenso processo de ocupação territorial, com um grande incremento populacional e o desenvolvimento de determinadas atividades devastadoras dos recursos florestais. A implantação da BR 364, na década de 80, ligando a região Centro Oeste do País a Porto Velho, capital do estado de Rondônia, foi um marco para a ocupação agrícola, associada à pecuária e a exploração de madeira, e o reflexo desta ocupação sobre o ambiente natural foi a substituição de áreas de floresta tropical aberta e densa por cultivos agrícolas para produção de grãos, e por gramíneas para formação de pastagens (BARTHOLO & BURSZTYN, 1999). Este processo causou efeitos danosos à vegetação nativa da região, implicando em um aumento significativo do desmatamento, cuja dinâmica desde a década de 70 não foi homogênea (Figura 01).

O desmatamento em Rondônia vem sendo mapeado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE e pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental – SEDAM, desde 1988, através da utilização de ferramentas de sensoriamento remoto e imagens de satélite Landsat TM.

O presente artigo avalia a influência da alteração da cobertura vegetal sobre a temperatura do ar e a umidade relativa do ar na região de Porto Velho, Rondônia, entre os anos de 1971 e 2005.

2 - MATERIAL E MÉTODOS

Neste artigo foram utilizados dados de temperatura média do ar (máxima e mínima) e umidade relativa do ar do município de Porto Velho, referentes ao período de 1971 a 2005 obtidos junto a estação meteorológica de superfície da rede de observações meteorológica do INMET (latitude: 08º 47’ 35 e longitude: 63º 50’ 48” W), localizada na EMBRAPA / CPAF – RO. Para o preenchimento dos dados faltosos das séries temporais analisadas, foi utilizado o procedimento adotado por Qureshi & Khan (1994) citado em Shepherd (2006), que consiste em utilizar a média dos três valores anteriores e posteriores ao valor faltoso da série temporal.

A avaliação da mudança do uso do solo foi realizada a partir dos arquivos no formato “vetorial” fornecido pelo INPE, disponível em < http://www.obt.inpe.br/prodes/ > acesso em 22/05/2008. Com utilização do software Arc View 3.2, gerou-se um “buffer” de raio igual a 75 Km com centro nas coordenadas da estação meteorológica do INMET, localizada na EMBRAPA/CPAF-RO, representando assim a área de cobertura das estações meteorológicas.

A definição da área de estudo para um raio de 75 Km a partir da estação meteorológica do INMET foi definido em razão das normas estabelecidas pelo manual WMO n.º 544, vol. 1, da Organização Meteorológica Mundial (OMM), onde preconiza que o espaçamento entre estações meteorológica de superfície deve obedecer aos seguintes critérios: a) espaçamento máximo de 150 km entre estações e em regiões onde seja totalmente impossível de manter

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esse distanciamento não deve ultrapassar 500 km; b) a distribuição das estações deve ser representativa dos diferentes climas regionais, assim como das variações de relevo e vegetação (INMET, 1992).

Para a avaliação do desflorestamento foram consideradas as cenas de imagens Landsat-5 TM 232/66, 232/67, 233/66 e 233/67, representativas da região de estudo, sendo quantificada a evolução do desmatamento ano a ano a partir de 1998 e calculado a soma dos acumulados nos período de: 1998 a 2000; 2001 a 2003 e 2004 a 2006, os quais foram adicionados aos dados de até 1997, que representam o desmatamento até o ano de 1997.

A partir dos dados diários da série histórica de 1971 a 2005, da estação meteorológica do INMET, localizada na EMBRAPA / CPAF – RO foram calculadas as médias mensais, anuais e climatológicas das variáveis temperatura máxima e mínima do ar e umidade relativa do ar.

A média da umidade relativa do ar foi calculada pela fórmula da média compensada adotada pelo INMET (1992), dada por:

URmed = (UR12h + URmáx + URmín + 2.UR00h) / 5

onde UR12h e UR00h são, respectivamente, as umidades relativa do ar às 12 e 00 TMG, URmáx

e URmín são as umidade relativa máxima e mínima do dia, respectivamente. 3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

O desmatamento na área de estudo avançou substancialmente durante o período de análise (1997 a 2006), representando mais 24 % do total da área (Figura 02). Em 1997 as florestas nativas ocupavam mais de 84% da área de estudo e o desflorestamento representava pouco mais de 15 %. No decorrer dos 10 anos de análise, o desflorestamento aumentou para aproximadamente 25% da área e a cobertura foi reduzida em um adicional de aproximadamente 10% (Tabela 01), resultando em um remanescente na área de estudo de 75% de sua cobertura original.

DESFLORESTAMENTO NA AREA DE ESTUDO (ha)

UF Até 1997 2000 2003 2006 AMAZONAS 22.571,9 29.077,8 37.821,3 53.928,5 RONDÔNIA 241.158,9 281.138,9 324233,5 377.050,3 AM + RO 263.730,8 310.216,7 362054,8 430.978,8 % de desflorestamento 15,2 17,9 20,9 24,9 Incremento (ha) - 46.485,9 51.838,1 68.924,0

Tabela 01 – Desflorestamento na área de estudo no período de 1997 a 2006.

A temperatura do ar apresentou média de 25,4º C e desvio padrão de 0,33º C no período de 1971 a 2005. O ano de 1975 foi o mais frio, com média de 24,8º C e 1998 o mais quente (26,3 º C). Os dados permitem observar uma tendência de elevação da variável na localidade, sobretudo a partir de meados da década de 90 do século XX, quando ocorreu uma maior ação antrópica na região. O incremento total da temperatura no período correspondeu a 0,8º C.

A média das máximas para o período foi igual a 32,3º C com desvio padrão de 1,4º C, sendo os anos de 2005 e 1998 os mais quentes, com médias máximas de 35,5 e 35,2 ºC, respectivamente, apresentando uma ligeira tendência positiva de 0,02 °C ano-1, correspondendo a um acréscimo de 1,2 °C ao longo do período de estudo. Tal como a

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temp déca de 19 respe perío déca 01). peratura mé da de 90.

édia do ar, a média ddas máximaas apresentoou maior inncremento a partir daa Já a média 999 e 2005 ectivamente odo (-0,06 ° da de 90 se a das mínim os que apr e. Foi obser °C ano-1),o destaca com

mas foi igua resentaram v rvada uma que corresp mo aquela e al a 20,5º C valores mai ligeira tend ponde a um em que esse com desvio is discrepan dência de r decréscimo e comportam o padrão de ntes com m redução da o total de 1, mento ficou 1,17ºC, sen édias de 18 variável ao ,9 °C. Mais u mais evide ndo os anos 8,1 e 19 °C, o longo do uma vez, a ente (Figura s , o a a 1971 variá Nova 4 – C e da recen a tem Figura 0 As análise 1 e 2005 e d ável, da ord amente, tal Figura 02 CONCLUS As análise umidade re ntes – sobre mperatura m 01 – Variabi es sobre a u desvio padr em de 0,31 comportam - Variabilida SÕES es sobre a v elativa do a etudo a part máxima ap ilidade intera umidade rela rão de 3,78 % ano-1, co mento ganha ade interanua variabilidad ar em Porto tir dos anos presentou a anual da temp ativa do ar %. Foi ob orresponden notabilidad al da umidade de interanua Velho (RO 90 – no com aumento (1, peratura do a indicam mé bservada um ndo a uma r de na décad e relativa mé al da temper O) no períod mportamen ,2º C), por ar no período édia de 85 % ma nítida ten redução tota a de 90 (Fig édia do ar no ratura (méd do 1971-20 nto das variá

r outro, em o de 1971 a 20 % para o pe ndência de al de 10 % n gura 02). 005 eríodo entre redução da no período. e a . período de 19971 a 2005 dia, máxima 05 indicam áveis. Se, po m trajetória a e mínima) m tendências or um lado, inversa, a ) s , a

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temperatura mínima do ar teve redução de 1,9º C ao longo do período, o que sugere um aumento da amplitude térmica anual, e neste mesmo período a umidade relativa do ar sofreu reduçã

terações climáticas gnificativas na região, o que poderá ser elucidado em trabalhos futuros.

5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

estudo de Caso em Rondônia (RO), Brasil. ACTA AMAZÔNICA 29(3): 395-409, 1999.

tável: uma estratégia de desenvolvimento para Rondônia 2020. Brasília, IBAMA, 1999.

a sensibilidade às mudanças na cobertura vegetal. Cienc. Cult., 59 (3). São Paulo. 2007.

azônia: Estudo de Um Caso em Rondônia. Revista

Brasileira de Meteorologia, 1997.

azônia. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa Maria-RS, V.8, n. 1, p. 1 – 110, 2000.

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Change, 19:p 99-118, 1991.

INMET. Manual de Observações Meteorológicas (1961-1990). Brasília, 84 p. 1992.

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restation and Regional Climate Change, jornal of Climate, Boston, V4, p. 957-988, 1991.

de Conservação Ambiental em Rondônia. Ambiete & Sociedade –

Ano II, N.º 5, 1999.

iability in arid climateregimes, Journal of Arid Environments, n.° 67 , p. 607–628, 2006.

o (10%).

Tal comportamento pode estar relacionado à evolução do desmatamento na região e a redução dos níveis de umidade, porém as informações disponíveis e os testes estatísticos aplicados não foram suficientes para afirmar que ocorreram al

si

ALVES, F.S.M.; FISCH, G.; VENDRAME, J.F. Modificações do Microclima e Regime

Hidrológico devido ao Desmatamento na Amazônia. Um

BARTHOLO JR., R. S. e BURSZTYN, M. Amazônia susten

CORREIA, F.W.S.; MANZI, A.O.; CÂNDIDO, L.A.; SANTOS, R.M.N.; PAULIQUEVIS, T. Balanço de umidade na Amazônia e su

FISCH, G.; LEAN, J.; WRIGHI, J. R.; NOBRE, C. A. Simulação Climática do Efeito do

Desmatamento na Região Am

GALVÃO, J. A. da C. & FISCH, G.Balanço de radiação em áreas pastagem da Am

HOUGHTON, R.A. Tropic

HOUGHTON, R. A. et al. “Annual Fluxes of Carbon from Deforestation and Regrow

NOBRE, C.A; SELLERS. P.J.; SHUKLA, J. Amazonian Desflo

PEDLOWSKI, M.; DALE, V.; MATRICARDI E. A criação de Áreas Protegidas e os

Limites da Unidade

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